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Paragon of Destruction – Capítulo 106

Lutando às Cegas

“Quem está aí?” Arran gritou.

Embora ele soubesse que o rosnado não vinha de um humano, talvez o som de sua voz assustasse a criatura que o estava perseguindo.

“Se você se aproximar, eu vou atacar!”, ele gritou, balançando a espada várias vezes para dar mais peso à ameaça.

Outro rosnado soou, desta vez do lado de Arran. Ele se virou rapidamente em direção à criatura, segurando a espada na frente dele enquanto se preparava para atacar.

Mas não houve nenhum ataque. Em vez disso, poucos minutos depois outro rosnado soou, porém estava ao seu lado. Ele se virou de novo, concluindo que a criatura o rodeava, possivelmente buscando uma oportunidade para atacar.

A constatação lhe causou certa preocupação, se a criatura estava testando suas defesas, não era uma fera simples. Ela pode até ser inteligente o suficiente para perceber que ele era cego.

Seus sentidos lhe diziam que havia apenas uma criatura, no entanto, não serviam para nada. Tudo o que ele podia detectar era apenas uma presença, mas não podia dizer onde ela estava, nem a qual distância estava dele.

Uma bola de fogo podia ter espantado a criatura, mas Arran tinha selado todos os seus reinos, com exceção de Sombra, quando ele começou a purificar a essência. Para remover os selos, ele precisava de um tempo que não tinha e, depois disso, demoraria minutos até que ele tivesse reunido a essência suficiente para realizar um ataque.

Outro rosnado soou e, mais uma vez, Arran se virou para ele, manejando a espada no que ele esperou ser uma maneira de ameaçá-lo. Ele não ousou se mover de onde estava, pois agora um simples deslize poderia lhe deixar totalmente exposto.

Arran esperou pelo próximo rosnado, mas não ouviu nenhum som e ficou cada vez mais nervoso. Ainda que esperasse que a criatura fosse embora, ele ainda podia sentir sua presença. E se ela ainda estava lá, certamente havia notado que Arran só respondia aos sons que ela fazia.

Seus temores foram confirmados um momento depois.

Um farfalhar repentino foi ouvido nas árvores atrás de Arran e sem pensar ele se abaixou para o outro lado – e não foi cedo demais, pois um momento depois a criatura atingiu seu ombro com uma força aterrorizante e ele sentiu as garras rasgarem sua carne.

Se ele não se abaixasse no último segundo, as garras teriam rasgado sua garganta em vez de seu ombro.

Ignorando a dor, ele se levantou e usou sua espada para atacar o local onde a criatura estava há pouco. Mas ele não acertou nada e sabia que a criatura já havia se retirado.

Sua respiração acelerou com o medo e a dor, e ele teve que lutar para não tremer as mãos. A criatura era sem dúvida mais forte e mais inteligente do que ele temia e, se ele não descobrisse uma maneira de se defender, morreria.

Com os nervos à flor da pele, ele atacou várias vezes quando pensou ter ouvido alguma coisa, mas todas as vezes sua espada não atingiu nada além do ar. Seja qual for a criatura, ela era extremamente inteligente.

Outro ataque veio logo em seguida, mas dessa vez Arran teve mais sorte. Ao ouvir um barulho repentino ao seu lado, ele se abaixou imediatamente e as garras da criatura não o acertaram. Em vez disso, ele foi atingido por uma grande massa peluda que ele confundiu com o ombro da criatura. O golpe o derrubou no chão, mas o deixou ileso.

Ele se levantou novamente e imediatamente balançou a espada para impedir que a criatura continuasse o ataque. A criatura parecia desconfiada da espada, e isso pelo menos deu a Arran um momento de descanso – pelo menos até que a criatura tivesse tempo de se mover para o seu lado ou para trás.

Ele sabia que, se a luta continuasse assim, não demoraria muito para que ele perdesse. Sem saber onde estava a criatura, ele não podia se defender de seus ataques e nem atacá-la ele mesmo.Talvez ele tivesse sorte e acertasse a criatura no momento em que ela o estivesse atacando, mas então ele não poderia se dar ao luxo de confiar na sorte.

Com Arran cego, era muito mais provável que a criatura acertasse um bom golpe antes que ele conseguisse se esquivar, e isso seria o fim – o ferimento no ombro de Arran era tudo o que ele precisava para saber que seu inimigo era forte o suficiente para eliminá-lo com um único golpe.

Incapaz de se defender apenas com sua força, seus pensamentos se voltaram para a essência.

A essência das sombras não seria capaz de prejudicar a criatura nem um pouco. Tudo o que ela poderia fazer era criar sombras, mas pequenas. Mas ele pensou em como atingir a criatura com uma grande descarga de Essência das Sombras poderia cegá-la por tempo suficiente para…

De repente, ele arfou de surpresa. Ele sabia o que fazer.

“Você quer me comer, seu bastardo peludo?” Arran disse, com um sorriso louco aparecendo em seu rosto. “Vamos ver quem será comido hoje.”

Ele reuniu o máximo de Essência das Sombras que pôde e depois a expeliu com força.

Era exatamente o oposto de como ele normalmente atacava. Em vez de focar na Essência das Sombras do mesmo modo que utilizava a Essência de seus outros reinos, ele agora a liberava em uma névoa fina que se espalhava ao seu redor.

Ele ainda não conseguia sentir adequadamente a essência natural, mas a essência de seus próprios reinos era outra questão. Ele podia senti-la com pouco esforço.

Isso por si só não o ajudaria, mas se ele podia sentir onde ela estava, também poderia sentir onde ela não estava – no chão, nas plantas e árvores e, o mais importante, no formato maciço que estava vindo em sua direção naquele exato momento.

Agora que podia saber onde a criatura estava, ele se esquivou facilmente do ataque e, em seguida, cortou profundamente a lateral da criatura quando ela passou por ele.

A criatura soltou um rugido de dor, depois parou cerca de doze passos de onde Arran se encontrava, à beira da névoa de Essência das Sombras de Arran.

Arran podia distinguir sua forma como uma lacuna na névoa da Essência das Sombras. Aparentemente, tratava-se de um urso, se bem que se tratava de um urso anormalmente grande, com pelo menos nove pés de altura no ombro.

Por um momento, a criatura ficou parada, como se estivesse hesitando sobre o que fazer. Em seguida, começou a se afastar lentamente – talvez percebendo que a situação havia mudado.

“Acho que não”, disse Arran em voz baixa.

Se ela se afastasse mais, ele não seria capaz de senti-la. E se ela o atacasse novamente mais tarde, ele poderia ser capaz de matá-lo antes que ele reagisse.

Arran sabia que só conseguiria manter a Névoa Sombria por alguns instantes, após os quais se tornaria vulnerável novamente – pelo menos até reabastecer sua Essência Sombria.

Porém, o mais importante é que a criatura o atacou e o feriu. E, por isso, ela pagaria com a própria vida.

Em seguida, Arran avançou o mais rápido que pôde em direção à criatura. Então, com toda a força que tinha, ele enfiou a espada no que acreditava ser a cabeça da criatura, cravando a lâmina até o punho.

Por vários segundos, nem Arran nem a criatura se moveram. Arran podia sentir o seu coração batendo no peito temendo que a criatura pudesse ter sobrevivido ao ataque.

Mas então a criatura caiu no chão, com a vida drenada de seu corpo pelos quatro pés 1 de aço que tinham perfurado seu cérebro.

Logo depois, Arran também caiu no chão, ofegante de exaustão e tremendo ao saber que havia escapado da morte por pouco.

Ele levou algum tempo para reunir seus pensamentos. Apesar de ter vencido a luta, foi uma experiência que ele não queria repetir – por mais breve que tenha sido a batalha, e mesmo que tenha escapado levemente ileso, ele sabia que havia escapado por pouco de um destino terrível.

Ao se recuperar, um pequeno sorriso surgiu em seu rosto. Ele havia encontrado uma maneira de ver sem enxergar.


Nota:

[1] Definiu o pé como sendo exatamente 0,3048 metros (304,8 mm), então multiplique o valor em ft por 0,3048. Logo, 4ft × 0,3048 = 12192, arredondando para 1,22m.

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