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Paragon of Destruction – Capítulo 116

Gold Haven

“Quanto falta para chegar a essa sua cidade?” perguntou Arran, contendo um bocejo. Estavam no meio da manhã e eles haviam montado o acampamento ao amanhecer – somente algumas horas antes de Arran ir dormir depois de ter praticado sua magia até tarde da noite.

Mais de duas semanas se passaram desde que Snow Cloud anunciou que eles visitaram a cidade – Gold Haven, como ela disse que se chamava – mas, embora ela afirmasse que a viagem levaria apenas uma ou duas semanas, eles ainda não tinham visto nenhum sinal da cidade.

“Não sei”, respondeu Snow Cloud. “Só a vi em mapas, e é difícil conseguir mapas de qualidade. Devemos estar na direção certa, então chegaremos lá mais cedo ou mais tarde.”

Para falar a verdade, Arran não se preocupava muito com a duração da viagem. Entre o treinamento e a absorção de seus Cristais de Essência recém-adquiridos, ele se mantinha ocupado sempre que montavam acampamento, e os dias de viagem eram uma pausa bem-vinda do treinamento.

Assim que chegassem a Gold Haven, os dias de passeio pelo campo não existiriam mais. Isso significava que ele provavelmente passaria a maior parte do tempo em uma pousada, praticando sua magia até que Snow Cloud terminasse qualquer negócio que tivesse em Gold Haven.

“Você disse que eu poderia comprar cristais de essência em Gold Haven”, disse ele. “Quem é que vende?”

“Pelo que ouvi, praticamente todo mundo”, disse Snow Cloud. “ Novatos que estão precisando de ouro, membros da Shadowflame que vivem do outro lado da fronteira, bandidos e magos desonestos que prenderam novatos – os cristais de essência têm muito valor, e esse é um dos poucos lugares fora dos vales onde eles podem ser comercializados, por isso Gold Haven atrai comércio de toda a região.”

“Os bandidos vendem o saque que tiram dos novatos? E ninguém os mata por isso?” Arran olhou para Snow Cloud cheio de surpresa.

“O governante de Gold Haven não permite nenhuma violência aberta na cidade”, Snow Cloud respondeu. “E ele é conhecido por ser um mago muito poderoso, então são poucos os que se atrevem a violar suas leis. Mas é claro no momento em que as pessoas saem da cidade, as coisas são diferentes.”

“Mas a Shadow Flame Society simplesmente permite isso?” Arran perguntou, franzindo a testa. “Uma cidade em que os bandidos têm liberdade para vender as coisas que pegam dos novatos que matam?”

“Se a Sociedade destruir a cidade, haverá outra que simplesmente irá assumir seu lugar”, disse Snow Cloud com um suspiro. “E se o governante de Gold Haven não for um aliado da Sociedade, certamente não será um inimigo. Desse lado da fronteira, é tudo o que podemos pedir.”

Arran concordou com a cabeça, ainda que não pudesse deixar de ficar intrigado com a resposta dela. Com base no que ele sabia, a Shadow Flame Society era extremamente poderosa, mas Snow Cloud falava como se eles tivessem pouca influência nesta região.

Ao ver o olhar de dúvida no rosto de Arran, Snow Cloud continuou: “Você deve entender que não dominamos essas terras. Lutamos contra as ameaças ao Império, mas não podemos controlar tudo o que acontece aqui.”

“A Shadow Flame Society alguma vez já tentou dominar as Terras Limítrofes1 ?” perguntou Arran. “Digo, controlá-la?”

Snow Cloud riu. “É isso que a facção do Sol Nascente acredita que devemos fazer. Juntar nossas forças e tomar as terras fronteiriças à força, derrubando nossos inimigos antes que tenham a oportunidade de avançar sobre o Império.”

“Não é uma ideia ruim, é?” insistiu Arran. “A Shadow Flame Society deve ser forte o suficiente para conquistar e controlar pelo menos algumas centenas de quilômetros de terra além da fronteira.”

“Isso causaria décadas de guerra”, respondeu Snow Cloud. “Muitas das diferentes facções e grupos locais iriam se unir contra nós. E mesmo que nós vençamos, isso apenas moveria a fronteira mais para o oeste – e haveria outras ameaças além da nova fronteira.”

“Então você está contra a facção do Sol Nascente?”

“Eu não disse isso. Existe um risco enorme em fazer o que eles sugerem, mas também existe o risco de não fazer nada, visto que nossos inimigos se fortalecem a cada ano que passa.” Ela balançou a cabeça. “Não tenho uma solução aos problemas da sociedade. Na verdade, nem sei se existe uma.”

Arran pretendia perguntar qual era o tamanho dos problemas da Shadow Flame Society até que algo ao longe chamou sua atenção. Mesmo estando a quilômetros de distância, ele podia ver vagamente uma torre enorme se erguendo acima da linha das árvores, como uma árvore gigante erguendo-se acima de um campo de grama.

“Olhe para lá!”, disse ele apontando para a torre. “O que é aquilo?”

Snow Cloud olhou para a distância e seus lábios se curvaram em um sorriso quando ela viu a torre. “Deve ser Gold Haven”, disse ela. “Se eu não me engano, a torre faz parte do castelo do governante.”

Com o objetivo à vista, eles aumentaram o ritmo, avançando rapidamente em direção à torre à distância. Mas, à medida que avançavam, Snow Cloud parecia ficar nervosa a cada passo, até que parou de repente.

“Tenha cuidado”, disse ela em voz baixa. “Dizem que a área ao redor da cidade é perigosa. Assim que estivermos à vista das muralhas, ficaremos seguros, mas até lá esteja preparado para um ataque.”

Arran acenou com a cabeça, entendendo a situação. Como a cidade é habitada por novatos, bandidos e magos desonestos, os quais negociam cristais de essência, ouro e outros tesouros, a região ao redor da cidade certamente irá atrair aqueles que tentam tomar esses tesouros à força.

Mas não houve ataque e, cerca de meia hora depois, Snow Cloud suspirou com alívio ao ver as muralhas da cidade aparecendo ao longe. Parecia que eles tinham tido sorte hoje.

Arran ficou imediatamente impressionado com a visão da cidade – mais precisamente de suas muralhas, as quais eram tão altas que escondiam qualquer outra coisa que a cidade poderia conter. Essas muralhas têm no mínimo 30 metros de altura, ou até mais, com a torre sendo a única coisa que se eleva acima delas, a qual ele podia ver chegando a vários metros no céu.

O que ele podia ver era que a cidade era como uma fortaleza invencível, construída a fim de resistir aos cercos até mesmo dos maiores exércitos. Não importa o quão perigosas sejam as terras limítrofes, ele não conseguia imaginar ninguém representando a menor ameaça a essas defesas formidáveis.

“É incrível”, disse ele, com os olhos maravilhados ao ver as enormes construções.

“Tem que ser”, disse Snow Cloud com uma risada. ” Do contrário, ela não teria se mantido por séculos no meio das Terras Limítrofes¹.”

Quando se aproximaram da cidade, Arran pôde ver uma estrada a 800 metros à sua frente, a qual levava a um enorme portão dentro das muralhas da cidade. Existia algum tráfego na estrada – mercadores e comerciantes, pensou ele, se bem que cada um deles parecia estar sendo escoltado por um grupo de guardas bem armados – mas o tráfego parou no portão, no qual uma fila de pessoas aguardava pacientemente para entrar na cidade.

Arran e Snow Cloud foram para o final da fila. À frente deles havia um pequeno grupo dos que pareciam ser magos, ainda que não pareçam ser magos de Shadow Flame, novatos ou não. Devem ser magos desonestos, concluiu, e quando os viu, quase se sentiu tentado a atacar, apenas para ver os resultados de seu treinamento nos últimos meses.

A fila avançava lentamente, em pouco mais de meia hora, Arran e Snow Cloud enfim haviam chegado ao portão. Os magos que estavam à frente deles passaram direto, e quando chegou a vez deles entrarem, o guarda fez um sinal silencioso para que parassem, enquanto outro se apressou em passar pelo portão.

Eles ficaram em silêncio por vários minutos, mas Arran começava a se preocupar com a demora até que um homem bem vestido saiu do portão.

“Lady Snow Cloud?”, perguntou o homem.

Snow Cloud lhe lançou um olhar de choque ao ser reconhecida, o qual o homem levou como uma confirmação.

“Por favor, siga-me”, disse ele. “Lorde Sevaril solicitou sua presença.”


Nota:

[1] Localizado ou contido nos limites de um terreno, de uma área. Cujos limites são contíguos; fronteiriço: terrenos limítrofes; O Brasil e a Argentina são limítrofes.

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