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Paragon of Destruction – Capítulo 121

Tesouros Problemáticos

Embora Arran tenha se sentado em silêncio, o Mestre Xu manteve um olhar desconfiado sobre ele e a bolsa. Pelo olhar em seu rosto, era como se ele temesse que Arran pudesse pegar a bolsa e fugir a qualquer momento.

E se era isso que o homem gordo de fato temia, ele tinha razão em estar preocupado. A ideia de fugir já havia se passado na cabeça de Arran várias vezes desde a chegada do homem, mas a única coisa que o impedia de fazer isso era a certeza de que seria pego.

Ele pensou que não poderia ser tão ruim como ele temia. Ainda que a bolsa tivesse uma quantidade de tesouro impressionante para a maioria das pessoas, para alguém tão rico quanto o Lorde Sevaril, a quantia não deveria ser ultrajante.

Arran entendeu que a afeição de Lorde Sevaril por Snow Cloud não se estendia a ele. Caso o homem queira ficar com os tesouros de Arran, seria fácil fazer com que ele desaparecesse.

O tempo passava lentamente para Arran, entre a esperança e a preocupação, mas a verdade é que ele ainda não conhecia bem o Lorde Sevaril para entender completamente a situação. Agora o que importava era o caráter do homem, e disso ele não sabia nada.

Finalmente, depois de meia hora, a porta se abriu novamente e o Lorde Sevaril entrou um momento depois.

“Vá”, disse ele ao Mestre Xu. “E não fale uma palavra sobre isso para ninguém.”

O Mestre Xu imediatamente obedeceu à ordem e, ao fechar a porta atrás de si, Lorde Sevaril se voltou para Arran.

“Você parece ter uma grande fortuna. Por que não me procurou diretamente?”

“Eu vim”, apontou Arran.”Suponho que sim, de certa forma”, respondeu Lorde Sevaril conforme seus olhos se moviam para a bolsa sobre a mesa. “Suponho que devo ver por mim mesmo o motivo de todo esse alvoroço.”

Ele pegou a bolsa que, logo depois, arregalou os olhos de surpresa.

“Onde você conseguiu a comida?”, ele perguntou, olhando bruscamente para Arran. Ao falar, havia algo em seus olhos que deixou Arran desconfortável – um indício de ganância mal disfarçada.

“A comida?” Arran franziu a testa com a pergunta, com o olhar ansioso do homem aumentando ainda mais sua confusão. De todos os seus bens, a comida parecia ser o menos notável. Mesmo tendo uma verdadeira montanha de comida, a essência natural que ela continha era fraca demais para ser de grande utilidade para os magos.

“Você tem os recursos para criar um exército inteiro”, disse Lorde Sevaril, dando a Arran um olhar atento. “Onde você conseguiu isso?

De repente, Arran entendeu a situação e quase quis dar um tapa em si mesmo por não ter percebido antes.

Ele havia descartado a comida como quase sem valor, já que a concentração de Essência Natural nela era muito baixa para ser útil para ele. Mas para os plebeus, seria diferente.

Usando uma técnica simples de refinamento corporal e com alguns meses de ingestão da comida do Panurge, os soldados comuns poderiam dar os primeiros passos para se tornar um refinador corporal. Logo depois, uma ou duas garrafas de vinho iriam permitir que eles dessem mais um passo à frente.

Embora ainda estivessem indefesos contra qualquer mago de verdade, eles ficariam ainda mais fortes do que soldados ou bandidos comuns. E com a quantidade ridícula de comida e vinho na bolsa, teria o suficiente para formar um exército de milhares de pessoas.

Agora Arran percebeu que as coisas que Panurge havia dado a ele eram suficientes para formar um exército ou até mesmo um clã. Ele não teve tempo de pensar nas intenções por trás do presente – Lorde Sevaril aguardava uma resposta e a centelha de ganância em seus olhos só havia aumentado.

“Um amigo próximo me deu”, respondeu Arran, fazendo o possível para manter a expressão confiante. “Parte de um pequeno presente para ajudar meu progresso.”

Ele percebeu que foram os dons de Panurge que atraíram o interesse de Lorde Sevaril, e não havia dúvida que o homem era capaz de tomar tudo o que ele tinha à força. Mas se ele acreditasse que Arran tem apoiadores poderosos, talvez relutasse em arriscar irritá-los.

Felizmente, seu estratagema parecia estar funcionando, já que a expressão de Lorde Sevaril se tornou pensativa diante de suas palavras.

“Parece que eu o julguei mal”, disse o homem de cabelos brancos com uma voz pensativa. “Eu acreditava que a Snow Cloud o acolheu como um ato de caridade, mas agora parece que eu posso ter entendido errado.”

Arran deu de ombros, como se achasse o assunto indigno de discussão. “Então, você está interessado ou não?”

“Estou interessado”, respondeu Lorde Sevaril. “Muito interessado. O que você oferece é valioso e oportuno. Mas temo que não posso oferecer um preço justo por seus produtos – o número de cristais de essência em minha mão é limitado.”

Novamente Arran viu um brilho de ganância nos olhos de Lorde Sevaril e percebeu que o homem não tinha intenção alguma de deixar esse preço escapar, quer ele pudesse pagar ou não.

“Tenho certeza que podemos chegar a um acordo”, Arran disse rapidamente, com medo de que se ele tirasse a bolsa da mesa, Lorde Sevaril pôde correr o risco de irritar os aliados que ele acreditava que Arran poderia ter.

E isso não era uma perda total – mesmo se Arran conseguisse algumas dúzias de Cristais de Essência ao invés das poucas centenas que ele esperava, ainda assim ele se manteria abastecido pelos próximos meses.

“Fico feliz que esteja disposto a ser razoável”, afirmou o homem dando um sorriso oleoso que causou um arrepio na espinha de Arran. “Eu posso oferecer mil e oitocentos Cristais de Essência de alta qualidade, e um item de sua escolha do meu tesouro pessoal para compensar a diferença.”

Por um momento, Arran se surpreendeu e precisou de toda a força de vontade para manter a compostura. Essa oferta foi muito além de tudo o que ele poderia esperar, foi o suficiente para que ele se mantivesse abastecido com Cristais de Essência por anos.

Entretanto, ele sabia que precisava esconder seu choque. Se Lorde Sevaril percebesse a fachada e se desse conta de que Arran só tinha seu próprio poder para protegê-lo, a ideia de economizar quase dois mil Cristais de Essência ainda seria tentadora demais para ser deixada de lado.

Ao fingir que estava pensando no assunto por alguns segundos, ele concordou lentamente com o Senhor Sevaril. “Essa oferta parece razoável. No momento, não tenho muito uso para essas mercadorias, mas preciso muito de cristais de essência.”

A expressão alegre no rosto de Lorde Sevaril deixava claro que a oferta não era nada razoável, mas Arran sabia que não estava em posição de barganhar. E mesmo que o homem tivesse a melhor parte do acordo, ainda assim Arran ganharia muito mais do que esperava – sem falar que escaparia com vida.

“Então temos um acordo”, disse Lorde Sevaril. Sorrindo, ele acrescentou: “E eu lhe devo um favor”.

“Não há necessidade de favores entre amigos”, respondeu Arran, sorrindo para o homem de forma tão calorosa quanto insincera.

Lorde Sevaril afirmou com a cabeça, obviamente satisfeito pelo resultado da negociação. “Eu sugiro que retornamos à fortaleza. Levará algum tempo para meus homens descarregarem o conteúdo da bolsa e, durante esse tempo, você pode escolher algo do meu tesouro. Há vários itens que podem despertar seu interesse.”

Conforme voltavam para a fortaleza na carruagem de Lorde Sevaril, Arran se perguntou quais eram as intenções de Panurge com os presentes. Ele pretendia que Arran formasse seu próprio exército? E se sim, com que objetivo?

Seja qual for o motivo, Arran teve certeza que havia algo por trás disso além do que ele entendia no momento e teve uma sensação desconfortável de que os eventos do dia teriam consequências de longo alcance.

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