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Paragon of Destruction – Capítulo 124

Escolhendo Tesouros

Enquanto Lorde Sevaril mostrava a Arran o restante de seus tesouros, o humor do homem pareceu melhorar e em pouco tempo ele já estava se gabando mais uma vez dos itens do tesouro. Mesmo que estivesse chocado com as revelações de Arran, parece que se gabar de suas riquezas trazia a ele pelo menos algum conforto.

Por outro lado, Arran não se impressionou com a maior parte dos tesouros. Mesmo havendo muitos deles, apenas alguns pareciam ter algum poder útil.

Existia um bastão o qual podia criar Escudos de Força com a Essência do usuário, mas os escudos não eram tão fortes quanto os que Arran poderia produzir. Também havia um pequeno cajado verde que podia curar ferimentos, mas quando o Lorde Sevaril se gabou de que podia curar um osso quebrado em dias, Arran percebeu que suas próprias técnicas de refinamento corporal eram mais potentes.

Sempre que ele acreditava ter encontrado algo realmente útil, logo surgia uma desvantagem inevitável que anulava grande parte do valor do item.

Aparentemente, a maioria dos itens tornava todos os tipos de Essência em um único tipo específico para ser utilizado na formação de um feitiço sem que o usuário precisasse lançá-lo. Assim, os magos poderiam lançar feitiços desconhecidos, com tipos de Essência que não possuíam.

No entanto, por mais impressionante que isso parecesse, a força dos itens era decepcionante, na melhor das hipóteses. Todos os efeitos pareciam ser uma versão inferior dos feitiços reais, e Arran passou a suspeitar que grande parte da Essência era perdida quando os itens a convertiam.

No final, apenas dois itens chamaram a atenção de Arran.

O primeiro era um casaco preto blindado que, segundo Lorde Sevaril, era capaz de resistir a todos os ataques físicos e mágicos, exceto os mais fortes.

Por mais que Arran suspeitasse que se tratava de um exagero – já que o homem não conseguia parar de se gabar -, ele também suspeitou que não era um exagero. Havia algo no casaco que emitia uma aura poderosa, por mais que ele não conseguisse perceber nada fora do comum nele.

O segundo item era algo que o Lorde Sevaril conhecia como Manto do Crepúsculo – um manto que deixava o usuário invisível se Essência for direcionada a ele.

Arran suspeitou que ele criava uma versão do feitiço Manto das Sombras, mas com um efeito previsivelmente fraco – enquanto Arran havia testemunhado o uso do feitiço Manto das Sombras por um mago enquanto se movia, para usar o Manto do Crepúsculo o usuário precisava ficar no lugar.

Mesmo assim, tendo pensado um pouco, Arran resolveu escolher o Manto da Penumbra1. Ainda que o efeito seja limitado, é o tipo de coisa que certamente seria útil nas suas viagens – algo que poderia salvar a sua vida se ele fosse perseguido por adversários mais poderosos.

Mais importante, ao testar o manto, ele percebeu que conseguia sentir vagamente a Essência das Sombras usada para formar o feitiço. Mesmo sendo impossível sentir a essência das sombras de outros magos, parece que a Essência usada pelo Manto continuava vinculada a ele mesmo depois de ter sido transformado.

Se as suas suspeitas estiverem corretas, e o Manto do Crepúsculo esteja criando uma versão do feitiço Manto das Sombras, considerar os padrões da essência seria uma maneira perfeita de aprender o feitiço – muito melhor do que usar um pergaminho ou um professor.

“Eu fico com o Manto do Crepúsculo”, disse Arran, já decidido.

“É uma boa escolha,” Lorde Sevaril respondeu. “Embora eu tenha reparado que também estavas interessado na armadura.

“Estava”, disse Arran. “Mas prefiro o manto”.

“Deixe-me oferecer a armadura como sinal da minha amizade”, disse Lord Sevaril. Com um sorriso obsequioso no rosto, era óbvio que ele esperava algum tipo de favor.

“Em trocar de que?” Arran perguntou sem cerimônia, procurando passar as palavras com o tipo de confiança orgulhosa adequada a um aprendiz de um mago extremamente poderoso.

Esta pergunta direta deixou o Senhor Sevaril visivelmente assustado, mas depois de um momento, ele recuperou a compostura. “Há pouco, eu pedi para que arranjasses um encontro entre mim e o teu mestre”, disse ele. “Mas em um conflito tão grande, eu receio que minhas contribuições sejam de pouco valor para ele.”

As palavras utilizadas pelo homem foram escolhidas cuidadosamente para evitar ofender o mestre de Arran, mas estava claro que ele se arrependeu do pedido anterior. Ao que parece, ele desejava profundamente que nunca conheceria o mestre de Arran – o que seria uma escolha sábia, se Arran fosse realmente o aprendiz de Panurge.

“Não quer ganhar o favor do meu mestre?” Arran deu a Lorde Sevaril um olhar severo, como se a própria ideia o ofendesse.

“Não é isso”, respondeu o Senhor Sevaril rapidamente. “Eu só me questiono se sou digno disso. Meu poder é limitado, e eu tenho pouco a contribuir. Pedir ao seu mestre para se encontrar com alguém tão fraco quanto eu… eu temo que seria um insulto ao seu poder.”

Arran mal pôde conter um sorriso. A preocupação de Lorde Sevaril era, obviamente, que num conflito entre o Caos e a Academia, ele seria esmagado como um inseto. Era um medo aceitável, pensou Arran, e que ele próprio partilhava com o homem.

“Eu compreendo a sua preocupação,” Arran respondeu. “Onde os touros lutam, as formigas são pisoteadas.”

Lorde Sevaril concordou com um pequeno aceno de cabeça em resposta, deixando para trás o fingimento já que Arran tinha visto através dele.

Arran fingiu refletir um pouco sobre o assunto antes de falar. “Muito bem”, disse ele finalmente. “Não vou informar o meu mestre do nosso encontro.”

O Lorde Sevaril deixou escapar um profundo suspiro. “Obrigado pela vossa compreensão, jovem mestre”.

“Não penses nisso”, respondeu Arran. “Não seria justo eu retribuir a sua generosidade forçando-o a se juntar à nossa causa.” Após um momento de pausa, ele acrescentou em tom severo: “Eu acho que seria bom repensar sobre a sua posição. Em conflitos com esta dimensão, não podemos permanecer neutros para sempre.”

Lorde Sevaril estremeceu um pouco ao ouvir estas últimas palavras, mas ainda assim foi capaz de fazer um sorriso forçado aparecer no seu rosto. “Estou em dívida com você.”

Arran fez um leve aceno de cabeça. “Acredito que o negócio aqui está concluído. Suponho que os Cristais de Essência serão entregues no meu quarto imediatamente”.

O Senhor Sevaril garantiu rapidamente a Arran que os Cristais de Essência e o saco vazio de Arran chegariam até ele o mais rápido possível, o alívio era visível no seu rosto quando Arran finalmente partiu.

Arran, por outro lado, se forçou para se manter calmo ao descer as escadas e seguir seu caminho pela fortaleza. Somente quando voltou ao seu quarto é que se atreveu a soltar um profundo suspiro de alívio.


Nota:

[1] é a região de sombra parcial que é formada quando um objeto bloqueia parte da luz.

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