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Paragon of Destruction – Capítulo 128

Lesões

“Depois falamos sobre os Cristais de Essência”, disse Arran. “Primeiro, tenho que ver esse ferimento”.

A Snow Cloud concordou com a cabeça, estremecendo enquanto olhava para a seta espetada na perna.

Enquanto Arran olhava para a ferida, percebeu que, ainda que a ponta da flecha tivesse sido cravada profundamente na coxa de Snow Cloud, não parecia ter atingido o osso.

“Vou tirar a seta”, disse Arran. “Estás pronta?”

“Faça-o”, disse ela, apertando o maxilar.

Com cuidado, Arran segurou a flecha firmemente em sua mão. Então, com um único movimento rápido, ele a tirou da perna de Snow Cloud.

Ela gritou de dor por um momento, arquejando quando a ponta da flecha afiada rasgou sua carne mais uma vez no caminho para fora.

“Está feito,” disse Arran. Em seguida, retirou uma garrafa de água da sua bolsa vazia e limpou a ferida de forma cuidadosa. Agora que a flecha tinha saído, a ferida não parecia ser tão ruim – ainda que fosse profunda e escorresse sangue, o corte parecia limpo e deveria cicatrizar bem.

“Eu cuido do resto a partir daqui,” disse Snow Cloud, pegando num pequeno frasco do qual despejou um líquido espesso sobre o ferimento. Ela gemeu ao esfregar o líquido na ferida, mas o líquido, seja qual for, estancou a hemorragia.

Ao mesmo tempo que a Snow Cloud fazia a ligadura na perna, Arran agarrou no ombro e verificou as lesões que tinha sofrido. Para sua surpresa, apenas encontrou um corte superficial no ombro, e o corte no braço parecia já estar curado.Isto fê-lo hesitar.

Mesmo que os seus ferimentos tenham sido menos graves do que os de SnowCloud, certamente foram piores do que agora. Mesmo que os anos de Refinamento Corporal tivessem feito com que seu corpo se curasse rapidamente, ele não havia se recuperado tão rápido quanto isso.

Por um instante, ele cogitou a possibilidade de que os Cristais de Essência pudessem ter algo a ver com isso, mas logo rejeitou o pensamento. Embora fossem poderosos, não havia razão para pensar que eles teriam tal efeito.

Foi então que se deu conta de uma situação desconfortável, ao se lembrar do seu encontro com a criatura sem olhos.

Depois do ocorrido na fortaleza, a queimadura em seu rosto se curou muito mais rápido do que deveria. Ele não pensou muito sobre isso na época, mas agora, ele suspeitava de que a criatura tivesse feito algo que alterou seu corpo de forma duradoura.

Mesmo que o poder fosse bem-vindo, a sua origem deixava-o preocupado. Pelo que ele havia visto da criatura, não acreditava que qualquer coisa que ela pudesse transmitir fosse benigna. Se ela tivesse lhe dado um novo poder, ele duvidava que fosse sem um custo.

“Ei!” A voz da Snow Cloud interrompeu os seus pensamentos.

“O que foi?” Arran perguntou, voltando com os seus pensamentos ao presente.

“Perguntei se tinha algum ferimento”, disse ela, segurando o pequeno frasco que tinha usado para tratar os seus próprios ferimentos.

“Nada que vale a pena mencionar”, disse Arran. “Deixe-me só pegar os saques, e nós podemos seguir nosso caminho. Quando sairmos daqui, eu falo sobre os Cristais de Essência”.

Snow Cloud observou com um olhar de desaprovação enquanto saqueava os corpos, mas Arran ignorou sua expressão. Ainda que ela preferisse abandonar os itens do que roubar os mortos, para ele não havia problema. Tesouro era um tesouro, e os mortos não precisavam dele – muito menos os inimigos dos mortos.

Ele ficou desapontado ao descobrir que nenhum dos magos parecia ter nada de valor. Há alguns Cristais de Essência de baixa qualidade e vários pergaminhos, fora isso, não encontra nada de interessante.

“Eu me pergunto por que eles nos atacaram”, disse Snow Cloud que olhava, com uma careta no rosto.

“Não é preciso perguntar”, respondeu Arran. “Um deles esteve na casa comercial onde eu comprei os meus Cristais de Essência. Ele deve ter informado aos outros que eu estava carregando um tesouro”.

Essa era a única explicação que fazia sentido. Tanto a Snow Cloud como Arran possuíam vários inimigos, mas nenhum deles teria a coragem de os atacar com tão pouca força.

“Quantos Cristais de Essência conseguiu comprar na cidade?” perguntou Snow Cloud, com um ar de curiosidade no rosto.

“Centenas”, respondeu Arran, sem dizer quantas centenas de cristais tinha de facto. Depois do que aconteceu com Lorde Sevaril, ele decidiu que não iria mais falar livremente sobre as suas posses – nem mesmo para amigos e aliados.

Ainda assim, os olhos da Snow Cloud se arregalaram de surpresa com a resposta dele, até que ela deu uma risadinha. Arran ficou satisfeito por ver que ela não ficou chateada, ainda que a sua falta de discrição tenha feito com que ela fosse ferida.

“Não é de se admirar que tenha chamado a atenção deles”, disse ela, balançando a cabeça. “E suponho que já utilizou a maior parte dos cristais?

“Já usei algumas centenas”, disse Arran, percebendo que não havia sentido em esconder isso. “Mas ainda tenho um número decente para treinar mais.

“Usá-los neste momento não vai servir para nada”, disse a Snow Cloud. “Eu tenho certeza de que você já descobriu que quanto mais cristais você absorve, o efeito deles fica mais fraco. E como você já os consumiu, o controlo não será mais o seu gargalo pelo menos nos próximos anos”.

“O meu gargalo?”

“Você já tinha um corpo forte e Reinos poderosos quando o conheci”, disse Snow Cloud. “E agora você tem o controle que faltava anteriormente. Só que o seu Sentido continua fraco, e a sua habilidade com a magia é bem fraca. Essas são as coisas que precisas de melhorar para te tornares mais forte”.

Essa explicação fazia sentido, e Arran concordou pensativo. “Então o que eu devo fazer?”

“Desenvolve o seu Sentido através da sua aplicação na purificação da Essência”, disse ela. “Mesmo que não necessite dos cristais, purificar a Essência será uma das melhores formas de treinar o seu Sentido. E quanto à sua habilidade… isso requer prática e treino, e muito treino”.

“Que tipo de treino?” Arran perguntou.

“Feitiçaria e treino”, respondeu Snow Cloud imediatamente. “Apenas usando magia se pode melhorar. É como tocar alaúde1 – um bom instrumento e dedos ágeis só o levarão até certo ponto. Até certo ponto, é preciso começar a trabalhar de verdade para progredir.

Arran suspirou com a resposta dela. Mesmo sabendo que ela tinha razão, ele preferia os atalhos em vez de ter que passar horas intermináveis a treinar. Mas parece que ele não tinha mais atalhos.

“Então, quando começamos?”, perguntou. Se trabalhar era a única opção, o melhor era começar o mais cedo possível.

“Quando estivermos a poucos dias da cidade”, disse SnowCloud. Depois, virando-se para a perna, acrescentou: “E quando isso estiver curado”.

Em seguida, prosseguiram o seu caminho, largando para trás os cadáveres dos seus supostos ladrões.

Snow Cloud mancava durante a caminhada, mas recusou a oferta de Arran em carregá-la, dando-lhe um olhar frio por ter sugerido isso. Arran encolheu os ombros – já que ela queria sofrer sem necessidade, isso era problema dela.

Quando finalmente anoiteceu, Gold Haven já havia desaparecido na distância. Mesmo assim, Arran ainda não se sentia totalmente seguro. O assalto fracassado fez com que ele se lembrasse de que mesmo pequenos erros podiam voltar para assombrá-lo, e não havia nenhuma falha e indiscrição em seu passado.


Nota:

[1] é um instrumento musical de corda palhetada ou dedilhada, com braço trastejado e com a sua característica caixa de ressonância em forma de meia pêra ou gota.

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