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Paragon of Destruction – Capítulo 230

O Voto de Lâmina Brilhante 

“Está decidido então.” Havia um sorriso feliz no rosto da Lâmina Brilhante enquanto ela falava. “Durante o próximo ano, você passará dois dias por semana estudando as Formas. E quando se tornar-se um novato, vai procurar o campo de batalha onde o Ancião Nikias morreu e recuperar seus tesouros perdidos.”

Arran olhou para a professora com desconfiança. “Assim, sem mais nem menos?”

Ele estava feliz que ela concordou com seus planos, mas aquilo tudo me pareceu fácil demais. Ela tinha escutado atentamente quando ele contou sobre os eventos do dia, mas não tinha mostrado nem um pouco de surpresa. Era quase como se…

“Você sabia!” Arran exclamou, com os olhos arregalados de choque. “Esta coisa toda… Planeou tudo!”

“Eu não fiz nada disso – respondeu Lâmina Brilhante calmamente. “Eu posso até ter ouvido uma ou duas histórias sobre os métodos lendários do Ancião Nikias, mas eu não te encorajei a procurar aquela garota. O fato de você ter visitado a Casa das Chamas enquanto ela estava procurando por iniciados foi simplesmente uma questão de sorte – embora, verdade seja dita, ela é bastante previsível”.

Arran olhou-a perplexo. Era evidente que ela, de alguma forma, havia preparado tudo isso para que ele conhecesse Anthea. No entanto, agora, ela tentava fingir o contrário, embora sem muita convicção.

“Além disso,” Lâmina Brilhante continuou, “O fato de você querer que ela seja sua professora não é culpa minha. Sua escolha em ignorar meus avisos é infeliz, mas não tem nada que eu possa fazer sobre isso – você é um homem adulto, afinal de contas”.

“Avisos?” Arran franziu o sobrolho. Ela não lhe tinha dado quaisquer avisos. “Que avisos?”

Lâmina Brilhante encolheu os ombros. “Que você corre o risco de desperdiçar um ano de treinamento, que você vai aprender um método inútil, que você pode morrer enquanto tenta encontrar os escritos perdidos do Ancião – isso, e qualquer outra coisa que a Snow Cloud possa me culpar.”

Finalmente, Arran começou a entender a situação. “Ela sabe sobre as Formas?”

“Ela passou um ano estudando no Nono Vale”, disse Lâmina Brilhante. “Naturalmente, ela ouviu falar sobre suas lendas. E ela conhece você bem o suficiente para saber que você seria atraído por essa como uma mariposa por uma chama.” Ela fez uma carranca, e então acrescentou: “É por isso que ela me fez fazer um voto para impedir que você a persiga”.

“Então porque é que me encorajou?” Arran levantou uma sobrancelha em perplexidade.

“Não estou a encorajá-lo”, respondeu ela. “Mas se eu o fizesse, é porque ela está errada. A chance de sucesso, por menor que seja, supera facilmente os riscos. As Formas possuem um potencial tremendo, e não perseguir um prémio tão grande seria uma loucura.”

A estas palavras, Arran sentou-se com atenção. “Que tipo de potencial?”

Embora ele visse muito potencial nas Formas, ele dificilmente podia ser considerado um especialista em magia. A opinião da Lâmina Brilhante, por outro lado, refletia séculos de conhecimento. O que quer que ela visse, valeria a pena saber.

“A ideia de combinar percepções em feitiços não é nada nova”, ela começou. “Todo mago avançado o suficiente acaba tentando isso. Até eu passei vários anos a desenvolver um método semelhante”.

Para ilustrar o seu ponto de vista, ela criou um feitiço na sua mão – uma pequena espada de fogo, apenas do tamanho de um dedo da mão e feita de um fragmento insignificante de Essência. No entanto, quando a lançou no chão, deixou uma grande cicatriz negra na relva imaculada, com uma extensão de seis metros e vários metros de profundidade.

Arran olhava com admiração. Ele havia sentido que ela usou somente uma pequena porção de Essência – muito pouco para deixar uma marca na grama, se fosse ele que a estivesse empunhando. “Você fez isso usando percepções?”

Lâmina Brilhante acenou com a cabeça. “O problema, como você sem dúvida notou, que o método é muito lento e não pode ser útil em batalha.” Um brilho de excitação surgiu em seus olhos enquanto ela continuava, “No entanto, esse Ancião Nikias de alguma forma encontrou uma maneira de remediar isso”.

“O poder…” Arran viu a cicatriz profunda que o seu feitiço tinha deixado na relva. “Mal usou Essência, mas o feitiço já era tão forte”.

“Os feitiços feitos com visões são mais fortes do que aqueles sem elas”, confirmou a Lâmina Brilhante. “Você pode inserir feitiços normais com percepções também, é claro, mas isso é muito mais difícil, e os resultados não são nem de longe tão impressionantes.”

Arran franziu o sobrolho. Quando Anthea tinha mostrado as Formas, os feitiços que ela fez pareciam embaraçosamente fracos. Mas agora, ele percebia que as Formas criadas com os conhecimentos adequados poderiam ultrapassar os feitiços normais. E, ao contrário de Anthea, ele já tinha uma visão verdadeira.

“Tive outra ideia”, disse ele. “Pelo que Anthea me contou, os alunos do Ancião Nikias evoluíram muito mais rápido do que os outros. E se as Formas são construídas com base em percepções… pode ser que os métodos do Ancião Nikias também os tenham ajudado a desenvolver percepções?”

Lâmina Brilhante sorriu. “Essa é a minha suspeita – e a minha esperança. Se for verdade, você vai ajudar não só a si mesmo recuperando os escritos do Ancião, mas também a mim e a Snow Cloud. E com o tempo, pode ser que transformem toda a Shadow Flame Society”.

Com isto, a expressão de Arran ficou séria. “Então eu vou fazer tudo o que puder para ter sucesso.”

“Certamente você vai,” Lâmina Brilhante respondeu. “E o seu primeiro passo é fortalecer a sua resistência à magia. Para isso, você deve usar o amuleto do Patriarca todos os dias. Quando formos para a propriedade escondida, você vai poder usar aquele seu outro reino”.

Ela não mencionou diretamente o seu Reino da Destruição. Mesmo que tivesse protegido a mansão da Casa das Espadas de olhares ou ouvidos curiosos, era um segredo que ela ainda guardava com cautela.

“Vou trabalhar imediatamente, então.” Um ano parecia muito tempo, mas Arran teve poucas dúvidas que o campo de batalha iria testar os seus limites. Afinal de contas, se não fossem excecionalmente perigosos, os magos do Nono Vale já o teriam vasculhado há muito tempo.

Lâmina Brilhante acenou com a cabeça em aprovação. “Você deveria. Amanhã, você vai passar mais um dia na Casa das Chamas. Depois disso, vais ver as outras duas Casas – primeiro a Casa das Sombras, depois a Casa dos Selos. Tem o cuidado em estudar bem os seus ensinamentos. Os seus feitiços ofensivos não irão progredir muito este ano, por isso tudo o que puder aprender vai ser ainda mais importante”.

“Eu entendo”, disse Arran, retirando o amuleto do patriarca do seu anel do vazio. No entanto, antes que ele começasse a usá-lo, Lâmina Brilhante o interrompeu.

“Uma última coisa,” ela disse. “Pede à garota da Casa das Chamas para te ensinar o feitiço da Chama das Sombras. Não é bom ignorar completamente sua magia ofensiva, mesmo que o seu foco principal esteja em aprender essas Formas”.

Arran respondeu com um breve aceno de cabeça, depois começou a trabalhar com o amuleto do Patriarca, e passou várias horas a circular as suas violentas energias pelo seu corpo.

No dia seguinte, Anthea ficou entusiasmada com a notícia de que ele iria continuar os seus estudos com ela. Ainda que parecesse um pouco desapontada que ele só fosse estudar com ela dois dias por semana, a sua alegria por ter ganho um aluno superou-a facilmente.

No espaço de um dia, ele adquiriu uma dúzia de novas Formas – o objetivo não alcançado no dia anterior. Muitas delas pareciam com as que já conhecia, e a cada nova que aprendia, o seu avanço era um pouco mais rápido.

Desta vez, não houve combinação de Formas. Anthea insistia que o primeiro passo dele fosse aprender todas as Formas que ela conhecia, e havia bem mais de cem delas – o suficiente para o manter ocupado durante várias semanas, se não mais.

Arran não se queixou disso. Enquanto ele estava ansioso por ver as combinações que podia fazer, qualquer coisa que criasse iria ser embaraçosamente fraca e lenta. E ele sabe que isso não iria mudar até que recuperasse os escritos do Ancião Nikias.

Era fim de tarde quando acabaram o trabalho do dia nas Formas, e depois disso, Anthea dedicou mais algumas horas a ensinar a Arran os feitiços normais.

Arran rapidamente descobriu que o feitiço das Chamas das Sombras estava ainda muito para além do seu alcance, mas Anthea deu o seu melhor para lhe mostrar os seus fundamentos. A lição estendeu-se até uma hora depois do anoitecer, e a especialista insistiu que Arran também treinasse os seus outros feitiços.

Apesar de estar concentrada nas Formas, Anthea não parecia ter qualquer intenção de esquecer o resto da sua educação. Segundo ela, a melhoria das suas capacidades mágicas também o ajudaria a compreender as Formas.

Durante a aula, Arran rapidamente percebeu que a professora era excecionalmente hábil. Ele tinha acreditado que a obsessão dela com as Formas a teria prevenido de se equiparar a outros na magia convencional, mas o resultado foi o oposto. Ela era tão habilidosa como qualquer outro especialista que ele já tinha visto, se não mais.

Ele foi surpreendido ao descobrir isso, mas, ao mesmo tempo, isso deixou-o a pensar porque é que ela se importava tanto em tê-lo como aluno.

Ela não sabia do seu plano na recuperação dos escritos do Ancião Nikias e, para além disso, ele não podia imaginar que pudesse ajudá-la muito nos seus estudos. A distância que os separava era simplesmente demasiado grande para isso.

Por fim, já sem capacidade para conter a curiosidade, perguntou: “Com a sua habilidade em magia, que uso tem para mim? Pensei que fosses um mago normal, mas…”. Hesitou ao olhar para ela, depois continuou: “Com alguém assim trabalhando nas Formas, o que é que eu posso acrescentar?”

Anthea sorriu. “Dois pares de olhos vêem mais do que um. Mesmo que não sejas habilidoso ainda, ter outra pessoa para experimentar as Formas oferece uma outra perspetiva.” Ela olhou para o chão e, quando voltou a olhar para cima, o seu sorriso tinha desaparecido. “Claro que não é a única razão. Há outro assunto que eu tenho que considerar”.

“O que é?” Arran perguntou.

“Se algo me acontecer, as Formas vão desaparecer para sempre”, disse ela. “Com a morte do Ancião, a maior parte do seu conhecimento se perdeu. E quando minha professora desapareceu, grande parte do que ainda restava desapareceu com ela. Se eu morrer…”

Arran ouviu em silêncio. Enquanto a dedicação de Anthea na preservação deste conhecimento era estranha para ele – ele só se preocupava em manter-se a si próprio e aos seus amigos vivos – ele não conseguia deixar de sentir um novo respeito por ela.

Ela fechou a mandíbula, depois continuou: “Sou a última pessoa que vai impedir que as Formas desapareçam na história, e cabe a mim assegurar que isso não aconteça. Não podemos permitir que um conhecimento assim desapareça”.

Não era preciso que ela explicasse mais a situação. Arran agora compreendia a motivação dela – não somente em aceitá-lo como aluno, mas em continuar o estudo das Formas mesmo sem resultados.

Foi um grande sacrifício, ele percebeu. Se ela usasse seus esforços no estudo da magia normal, ela seria, sem dúvida, mais forte do que já era. Com seu talento, ela poderia provavelmente já ter se tornado uma Mestre.

Era tarde da noite quando Arran regressou à Casa das Espadas e, entusiasmado pela paixão de Anthea pelo estudo, passou grande parte do percurso praticando as Formas que tinha aprendido – embora, para não chamar a atenção, usasse Essência das Sombras em vez de qualquer outro tipo. Isso tornou as Formas invisíveis para os outros, ao mesmo tempo que o impedia de causar qualquer dano ao que o rodeava.

De volta à mansão, ele encontrou a Lâmina Brilhante sentada nos jardins, como de costume, segurando uma taça de vinho na mão e um livro antigo no colo.

“Presumo que tudo correu bem hoje?” perguntou ela quando viu Arran aproximar-se.

Ele acenou em resposta. “Anthea é mais hábil do que eu esperava – não só nas Formas, mas na magia em geral.

“Ela era um dos maiores talentos de sua geração – respondeu a Lâmina Brilhante. “Até ela começar a estudar as Formas, pelo menos. Mas chega de falar disso. Vamos passar algumas horas usando o amuleto do Patriarca e depois dormir um pouco.

Ela tirou um pequeno brasão e o jogou para Arran. “O seu treinamento com a Casa das Sombras vai começar amanhã.”

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