— Pavilhão Oculto da Lua
As três palavras mal haviam saído dos lábios de Konrad que doze figuras vestidas de armaduras de cristal preto aladas se ajoelharam ao lado dele e responderam ao seu chamado.
— Vossa Majestade!
— Infiltre-se no Palácio Real do Khanato do Norte e…
Konrad começou, mas antes que ele pudesse terminar suas palavras, a voz de Zamira ecoou.
— Mestre, por que não me permite lidar com isso? Tenho uma maneira de tornar isso mais…interessante.
Ela ofereceu com um leve sorriso.
— É? Muito bem. De qualquer forma, isso é metade para você. Faça o que quiser, vou permitir que você assuma o comando da minha guarda, mas quero resultados antes do final do dia. Enquanto isso, estarei visitando os pontos turísticos.
Konrad respondeu antes de puxar Else pela mão direita e Astarte pela esquerda para desaparecer dentro da multidão.
— Você que manda.
E em uma névoa branca, Zamira desapareceu para reaparecer diante do palácio real que atualmente estava cheio de fanfarronice.
…
Após a humilhação que sofreu diante da Pousada dos Sonhos Errantes, o príncipe consorte Xabur Dire arrastou seu corpo ferido em direção ao único que ele acreditava ser capaz de lhe fazer justiça:
Sua esposa, a princesa Helbin.
Mas quando ele chegou a seus aposentos, um quinteto de guardas o bloqueou na entrada.
— Qual é o significado disso?
Ele perguntou com indignação.
— A Princesa Helbin não antecipou sua visita. Você não pode entrar sem avisar.
Respondeu o guarda que estava no meio sem poupar Xabur de um olhar.
Claramente, aquele título de príncipe consorte não tinha peso nos olhos daquele guarda. E como poderia? Afinal, embora seu status fosse baixo, seu sobrenome ainda era…Serkar! Mesmo aquele Khan do Norte teve que dar-lhe cara, para não falar de um príncipe consorte trivial “de nome”.
Xabur podia ver naturalmente através dos pensamentos do guarda. No entanto, seja em termos de cultivo ou experiência, eles simplesmente não jogaram na mesma liga. Portanto, independentemente de quão injustiçado ele se sentisse, ele só poderia se conter.
Suprimindo a fúria, Xabur fez uma reverência educada para o capitão da guarda de Helbin.
— Sendo esse o caso, por favor, anuncie-me.
Xabur perguntou em um tom respeitoso. Porém…
— A princesa pediu para não ser incomodada nas próximas três horas. Por favor, espere até que ela termine de descansar.
O guarda declarou, então não prestou mais atenção em Xabur. Ao seu lado, seus subordinados zombaram, com alguns incapazes de suprimir uma risada. Todos eles provinham da casa principal e, embora seu status lá não valesse a pena mencionar, no mínimo, era a casa principal. Em termos de recursos e meio ambiente, como esse país trivial poderia se comparar?
Dizer que eles desfrutavam de sua posição atual no Khanato do Norte seria a decepção do século. Naturalmente, eles não se importariam de desabafar sua frustação naqueles “nobres” auto imbuídos.
De qualquer forma, não era como se nada de bom residisse no futuro daquele príncipe consorte. Quando a cerimônia de maioridade da princesa chegasse ao fim e os khans estrangeiros apresentassem seus presentes, seria hora de sua noite deflorada.
E o que Xabur não sabia era que, por um lado, ele seria apenas um dos muitos homens selecionados para servi-la e, por outro lado, todos os machos veriam seu cultivo ser colhido.
Depois, ele desapareceria nas sombras do harém de Helbin.
Que tipo de respeito tal “príncipe consorte” merecia?
Sem saber de seus pensamentos e fumegando em silêncio, Xabur sentou-se de pernas cruzadas diante dos aposentos de Helbin, aguardando o direito de intervir. E lembrando-se de quão próximos eles costumavam estar no passado, ele não pôde deixar de suspirar.
Onde estava a proximidade daqueles dias? Onde estava o “irmão mais velho Xabur?”
Agora, sem um compromisso, ele não podia nem ver sua silhueta. Como isso seria um casamento?
Mas, independentemente de seus pensamentos internos, Xabur só poderia suportar. Afinal, agarrar-se a Helbin era a única maneira de ele entrar na casa Serkar e obter mais benefícios.
Três horas se passaram antes que sua presença fosse anunciada, e Helbin o convidou para entrar. Assim que ele cruzou a porta, Xabur deu seu sorriso mais brilhante e correu em direção a Helbin, cuja figura estava escondida sob a cortina de seda de uma luxuosa cama de dossel.
— Helbin, eu…
Ele começou, mas antes que ele pudesse terminar suas palavras, uma voz altiva, mas melíflua, cortou.
— Não está ajoelhado?
Ouvindo isso, Xabur manteve um sorriso forçado e caiu de joelhos.
— Como eu não faria isso? Saudações, minha princesa.
Ele respondeu com uma reverência educada, suas palavras não provocaram nenhuma reação de Helbin, cuja bochecha descansava na palma da mão enquanto ela estava deitada em sua cama.
Não desanimado, Xabur rastejou em direção à cama, mas…
— Quem disse que você poderia se aproximar?
…foi novamente parado antes que ele pudesse fazer qualquer movimento significativo. Agora, ele realmente ficou surpreso. Embora nos últimos anos Helbin não o tratasse com o mesmo calor de antes, esse…nível de maus-tratos era sem precedentes e excessivo.
— Eu ofendi você?
Confuso com suas ações, ele não pôde deixar de perguntar. E ao ouvir isso, ela bufou.
— Me ofendeu? Você acha que eu não sei o que você fez? Como se atreve a trazer os resíduos que chama de amigos para causar problemas dentro da Pousada dos Sonhos Errantes? Sabe a quem pertence?
Xabur agora percebeu o cerne da questão. Claramente, após sua incursão, o Gerente da Pousada dos Sonhos Errantes não perdeu tempo antes de apresentar uma queixa contra ele. No entanto, ele ainda não conseguiu entender o motivo de uma reação tão forte do lado de Helbin.
— Se eu não adotasse uma postura forte, não seria um insulto para você? Afinal, quem não sabe por que eu fui lá? De qualquer forma, embora essa pessoa tenha o sobrenome Serkar, o status de proprietário de uma pousada trivial dentro da casa principal poderia ser comparável ao seu?
Ele retrucou, incapaz de se suprimir mais.
— Tolo confuso.
*PAH*
Antes que ele pudesse entender o que ocorreu, Xabur se viu deitado no chão com uma marca de tapa quente na bochecha direita.
— O dono da Pousada dos Sonhos Errantes é Hejin Serkar. O filho mais velho, pai do primeiro herdeiro e irmão favorito da Senhora Gulistan. Você realmente tem as bolas para enlouquecer dentro de sua propriedade? Está cansado de viver?
Helbin estalou, e suas palavras reverberaram nos ouvidos de Xabur como um trovão.
Ah, não. Ele se ferrou e mergulhou no caminho da condenação.
— Helbin, por favor, me salve!
Ele implorou enquanto se ajoelhava no chão. Embora ela só estivesse lá em várias ocasiões, o status de Helbin dentro da casa Serkar não podia ser subestimado. Seus recursos de cultivo do início ao agora foram organizados pela casa principal, e ela já era aceita por um ancião como um discípulo não oficial.
Neste momento, se alguém poderia salvá-lo, era ela.
— Posso salvá-lo, mas não posso salvar seus parentes. Alguém deve pagar por isso. Senão você, eles.
Helbin respondeu em um tom frio, quase frio.
Diante de sua morte ou da destruição iminente de sua casa, Xabur tremeu e seus olhos se arregalaram em descrença.
— Mas…eu fiz isso por você.
— Você o conhece melhor do que eu. Tem três respirações para fazer a sua escolha.
Com a descida do ultimato, Xabur não hesitou mais e, com os olhos enevoados, se curvou.
— Por favor, me salve!
Ao ouvir isso, debaixo de sua cortina, a decepção brilhou nos olhos de Helbin.
— Eu já sabia como você escolheria. O clã Dire já foi exterminado. As cabeças dos machos foram entregues ao portão do Culto Infernal, enquanto as fêmeas foram enviadas como escravas. Você pode ficar tranquilo.
Como se estivesse sobrecarregado por uma convulsão violenta, Xabur convulsionou com os olhos dilatados e desabou no chão.
— Acompanhe o príncipe consorte para fora.