Isso o levou a ingressar no mundo da esgrima, desenvolvendo suas habilidades a uma velocidade tremenda. Talvez fosse inevitável. A família Frost tinha muitos espadachins excelentes entre seus membros, e o talento de Zett era extraordinário, mesmo dentro de sua linhagem. Seus irmãos mais velhos, dois e quatro anos mais velhos, desistiram de treinar por causa dele, então não havia necessidade de mais explicações. Além disso, ele tinha paixão e interesse pela esgrima, ganhando fama rapidamente.
— Esse foi o momento mais feliz da minha vida — disse Zett com um sorriso amargo.
Após cinco anos de treinamento, as pessoas o elogiavam como o melhor de sua idade na região. Mas ele não se importava, apenas gostava de empunhar uma espada. Dez anos depois, era considerado o melhor do reino. Mesmo assim, isso não o preocupava; não foi por isso que começou a treinar.
Quinze anos depois, ele se tornou especialista em uma idade tão jovem. Também recebeu uma oferta para entrar na ordem de cavaleiros de um dos Cinco Reinos do Oeste. Foi então que a história de Zett Frost se espalhou pelo reino, por todo o oeste e pelo continente. Seu nome era mencionado quando falavam sobre a próxima geração de espadachins. Era o mesmo ao discutirem possíveis futuros mestres espadachins. Zett tinha apenas vinte e dois anos, mas já era tão famoso que o mundo inteiro falava sobre ele.
Foi aí que ele deixou de se concentrar exclusivamente em sua esgrima.
— Aos poucos… comecei a ficar atento aos rivais.
Ele era o melhor espadachim até os vinte e dois anos. Ninguém no reino era páreo para ele, e era até rude compará-lo a outros. Mas, ao se tornar especialista, seu palco mudou de um reino para o continente. Ele já não era o melhor. Era apenas um dos melhores, ou ligeiramente abaixo disso. Isso o abalou.
— Zett Frost? Um jovem promissor. Mas não é um pouco inferior às famílias renomadas de esgrima dos Cinco Reinos do Oeste?
— Eu diria que está nesse nível, mas certamente não é o melhor. Ouvi dizer que o jovem que se formou em primeiro lugar na Academia de Esgrima Krono este ano foi incrível…
As pessoas o subestimavam.
— Isso é absurdo! Zett Frost é incrível!
— Eu sei! Essas pessoas não sabem de nada e acham que ele é ruim só porque não vem dos Cinco Reinos.
— Eles vão se arrepender de dizer isso. Com esse talento, Zett Frost será mestre espadachim antes dos quarenta!
Outros o defendiam. Muitas palavras se misturaram, foram recontadas e acabaram chegando à família Frost. Essas palavras influenciaram cada membro, desde os mais baixos até os de maior hierarquia. Todos começaram a observar as ações e o progresso de Zett, o que, por sua vez, colocou um grande peso sobre seus ombros.
Ele conheceu rivais que não queria conhecer e soube de suas conquistas. Isso certamente o afetou negativamente. Ficava triste ou feliz com a esgrima dos outros. Com isso, Zett começou a treinar de forma diferente, e sua alegria em empunhar uma espada começou a desaparecer, como sementes de dente-de-leão sopradas pelo vento.
— Claro, essa estimulação não foi de todo ruim. Ajudou. Através dessa rivalidade, conquistei o título de 101º Espadachim aos trinta e cinco anos. Não posso negar isso. Mas esse foi o limite.
Ele não sentia mais alegria na esgrima, nem estava feliz. A motivação pela rivalidade não durava para sempre e, em vez disso, o consumia lentamente. Cinco anos se passaram desde que ele se tornou o mais forte dos especialistas sem progresso. Depois de dez anos sem se tornar mestre espadachim, percebeu que não conseguia mais aproveitar o treinamento.
No fim, Zett desistiu de se tornar mestre e decidiu viver como um eremita em Partizan.
— Comparar, competir, construir um espírito de luta… tudo isso é bom. Se você puder usar essa paixão com moderação, ela o ajudará a crescer tremendamente — disse Zett em um tom de arrependimento. Os outros permaneceram em silêncio enquanto ele continuava. — Mas o único problema é que não existe ‘moderação’ em uma competição. Sempre há alguém acima de você. Uma pessoa cativada pela competição deve continuar lutando até chegar ao topo. Mas isso gera ansiedade para progredir, exagerar e ultrapassar os próprios limites. E…
Zett ergueu a mão e apontou para Airen e Brett.
— A ansiedade fica pior quando se tem gênios como vocês por perto. Apenas disse a ela para tomar cuidado com isso. Pedi que parasse de comparar e competir, e focasse na mente que tinha quando começou a treinar esgrima. Focar na alegria de empunhar a espada é muito mais útil a longo prazo. Pelo menos é isso que eu queria dizer… mas funcionou ao contrário.
Zett suspirou e tomou o hidromel. Airen entendeu por que ele havia irritado Judith. Mesmo que as palavras não fossem diretas, inevitavelmente feriam o orgulho dela. Basicamente, Zett disse que Judith estava se esforçando demais para superar os mais talentosos Airen e Brett.
“Judith, claro, ficaria furiosa ao ouvir isso.”
Airen ficou pensativo. Nunca havia considerado Judith menos talentosa que ele, e ela provavelmente também não pensava assim. Mas, vindo de Zett, um homem tão habilidoso, era difícil ignorar, independentemente da intenção.
O silêncio tomou conta da sala. Brett, Airen e o mordomo permaneceram calados, assim como Zett, que terminava sua história. Todos olharam na direção de Judith, que havia voltado ao quarto em silêncio quando a história de Zett começou.
— Me desculpe — disse Judith, olhando calmamente para Zett. — Eu sabia que você não queria me ofender. E, bem, admito, mesmo me sentindo uma droga, sei que esses caras são melhores que eu. E estou me matando de treinar para alcançá-los. Mas sabe de uma coisa?
— Hm? — Brett olhou para Judith.
— Eu não comecei na esgrima porque gostava. Fiz isso para sobreviver. Para não morrer.
Então, Judith começou a contar sua história.
Ela perdeu ambos os pais ainda jovem. Como uma órfã de sete anos vivendo no gueto da cidade portuária de Pavarre, precisava fazer qualquer coisa para sobreviver. Não, só fazer não era suficiente. Ela tinha que fazer ‘melhor’ do que todos os outros.
— Seus bastardos! Dei abrigo, protegi vocês dos outros bandidos, e todo o dinheiro que conseguem pra mim é isso?! Não vou alimentar vocês se não atingirem a meta!
Ela tinha que entregar dinheiro suficiente ao chefe da gangue que a acolhera, ou não comeria. Precisava implorar nas ruas para atender às exigências. Pensava em como fazer as pessoas sentirem mais pena dela para ganhar seu pedaço de pão, enquanto outros órfãos morriam de fome.
Mas isso não foi suficiente. A ganância do chefe cresceu à medida que ela envelhecia, e mendigar já não bastava para atingir as metas. Então, ela começou a furtar. Pelo menos foi uma sorte que a jovem Judith fosse boa nisso. Suas mãos ágeis, impressionantes para sua idade, permitiam que ela roubasse o dinheiro das pessoas com facilidade. Ela ganhava muito mais do que quando mendigava. Ou pelo menos era isso que ela achava.
— O quê, sua pirralha! Estava escondendo dinheiro de mim? Eu te alimentei e abriguei, e você não entende, não é?
Depois de um mês ganhando mais dinheiro com furtos, ela perdeu tudo de novo. O chefe da gangue e seus capangas a espancaram, e Judith os encarou com ódio, mas em silêncio. Ela não queria viver dessa forma, muito menos deixar que saíssem impunes. Foi por isso que começou a treinar esgrima.
— Eu não tinha espada nem professor naquela época — disse Judith.
Claro, como uma garota sem-teto, vivendo dia após dia nos becos, poderia ter uma espada ou encontrar um professor? Ela pegou um galho reto para treinar, observando os bandidos nas ruas brigando de vez em quando para aprender com eles. E quando a sorte trazia um cavaleiro errante ou um espadachim de alguma academia para a cidade, brandindo suas espadas e se gabando de suas habilidades, ela reprimia seu coração invejoso e tentava copiar seus movimentos.
Ela prometeu a si mesma que se tornaria forte o suficiente para matar o chefe da gangue e seus capangas. Tornar-se-ia uma espadachim admirada até pelos cavaleiros errantes e tão poderosa que ninguém mais a subestimaria, mesmo sendo uma plebeia e órfã criada nos becos.
As crianças de sua idade, no bairro pobre, zombavam dela por isso, mas Judith não parou. Ela treinava arduamente enquanto os outros desperdiçavam suas vidas, e treinava quando os outros dormiam de cansaço. Era assim também quando o chefe roubava o dinheiro de outras crianças e se embebedava com ele. Judith trabalhava e treinava mais do que qualquer um de sua idade, mais do que o chefe e mais do que qualquer outro.
E, aos doze anos, Judith esmagou a cabeça do chefe com sua espada de madeira. Foi um choque para todo o bairro pobre.
— Eles poderiam ter me matado por isso… mas a sorte me manteve viva. Um espadachim — não, ele é meu senior aprendiz agora. Ele me acolheu e me salvou — disse Judith com um sorriso amargo. — Mas ainda não consigo esquecer aqueles dias.
Mesmo depois de ser salva por um espadachim de Krono e se tornar uma trainee preliminar, ela não conseguia esquecer o que havia passado. Era uma vida de inferno onde ela morria de fome se não trabalhasse duro ou era esmagada até a morte se não fosse forte o suficiente. Para ela, perder em uma competição significava morrer.
— Claro, agora eu amo a esgrima. Só um pouco de conhecimento novo já me deixa feliz, e um pouco de crescimento me faz sorrir. Acho que me tornei espadachim sem perceber — disse Judith. Então, ela olhou diretamente nos olhos de Zett e continuou — Mas, senhor, esse não foi o meu começo. Meu começo… foi a competição.
“E a competição, para mim, é sobrevivência.” Judith então fez uma breve pausa. Respirou profundamente, emocionada, enquanto todos esperavam em silêncio. E então continuou:
— Eu vou me esforçar ao máximo. Vou me sobrecarregar. Se isso me permitir superar aqueles que são melhores do que eu e avançar… posso suportar a dor no processo.
Ela soava firme, como se prometesse isso a si mesma. Zett viu uma paixão ardente, como um vulcão, em seus olhos.
Airen a observava em silêncio. Ele via o fogo de Judith, que queimava mais intensamente do que o dele.