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Reformation of the Deadbeat Noble – Capítulo 116

Judith (3)
Um silêncio quase palpável tomou conta da sala, tão denso quanto a escuridão. Todos ficaram sombrios após ouvir o passado de Judith. Sua infância foi tão horrível que Brett e Airen sequer podiam imaginar. Eles não conseguiam encontrar palavras para confortá-la, sendo nobres que cresceram com vidas privilegiadas. Mesmo Glenn, o mordomo, que era um plebeu, permaneceu calado. Apenas trocaram olhares até que Zett Frost, observado atentamente por Judith, foi quem finalmente rompeu o silêncio que parecia eterno.

— Obrigado — disse ele.

Judith parecia confusa. Ela imaginava que ele pediria desculpas, e estava pronta para dizer que isso não era necessário, pois era apenas sua perspectiva. Não esperava um agradecimento. Mas Zett estava sendo sincero. Ele olhou seriamente nos olhos de Judith.

— Houve uma época, quando eu era mais jovem do que vocês, em que eu acreditava que havia apenas um caminho para alcançar o auge da esgrima. Eu tinha fé em movimentos rápidos. Pensava que, independentemente de ataques pesados ou imprevisíveis, poderia superá-los com velocidade. Eu realmente acreditava que a velocidade era o aspecto mais importante da esgrima — disse Zett para Judith e todos os presentes. — Mas agora não penso mais assim, é claro. Percebi que o que importa não é a arte em si, mas a pessoa que a usa. Não há uma resposta certa na esgrima. Você apenas escolhe um caminho e o percorre. Eu sabia disso, mas…

Zett riu de si mesmo antes de continuar.

— Cometi o mesmo erro de novo. E você me ensinou isso. É por isso que te agradeci.

Não havia um único caminho para a maestria na esgrima, seja para especialistas ou mestres. Cada um tinha seu jeito de superar seus próprios dilemas. Era correto pensar que o sofrimento causado pela competição era desnecessário e concentrar-se na esgrima em si, como Zett fazia. Se isso ajudasse alguém a encontrar seu próprio caminho, era a resposta certa. Mas isso não tornava o caminho de Judith errado. Ela conhecia a dor da competição, compreendia suas dificuldades e estava decidida a suportá-las. Mesmo que o fogo de sua extrema competitividade a consumisse, ainda seria a resposta certa, desde que não perdesse a si mesma no processo.

Zett percebeu, mais uma vez, que não havia uma única resposta para superar as dificuldades. Então, falou novamente.

— Não acho que meu caminho esteja errado. Mas o seu também está certo. Se você puder suportá-lo, esse pode ser o melhor caminho possível. Eu fui fraco demais para suportar e caí… mas acho que você pode passar por isso e se tornar ainda mais forte.

— Claro. Vivi assim a vida toda. Você já deve saber, mas eu não consigo me manter sã se não for para alcançar esses malucos aqui — disse Judith.

— Haha, acho que você está certa. Glenn, traga aquilo.

— Tem certeza, mestre…? — perguntou Glenn, chocado.

Zett assentiu, e o mordomo se levantou com uma expressão séria. Ele foi até uma prateleira de vidro no canto e trouxe uma garrafa e alguns copos. Era um licor, que fez Brett exclamar assim que Glenn o colocou na mesa.

— Louvre de trinta anos!

— O quê. Você sabe o que é isso? — perguntou Judith.

— Claro que sei. Fiquei pelo menos uma hora falando sobre esse uísque com Khubaru. Não achei que o veria aqui…

Brett murmurou empolgado, enquanto Judith e Airen pareciam apenas confusos. Mas Zett não. Ele apenas riu, abriu a garrafa e serviu cinco copos.

“Acho que ele colocou pelo menos metade a mais no dele…”, Brett pensou, mas não disse nada. Afinal, era o uísque de Zett. Na verdade, Brett estava mais interessado no copo de Judith, que tinha mais uísque do que os outros.

“Será que devo pedir para trocar com ela?” Brett pensou brevemente, mas decidiu não dizer nada, considerando o clima sério ao redor. Ele era sério quanto ao uísque, mas sabia que os outros não entenderiam.

Naturalmente, ninguém percebeu o dilema de Brett. Então Judith, Airen e Glenn apenas observaram Zett enquanto ele falava.

— Quero agradecer a todos vocês novamente. Obrigado por ampliar minha perspectiva e me dar uma nova motivação para sair da minha apatia… Foi graças a vocês. Especialmente você, Judith. Sou grato a você.

— Bem, se fui útil, fico feliz. Obrigada pelas boas lições. E obrigada antecipadamente pelos próximos dez dias — respondeu Judith.

— Certo. Minha visão limitada causou um pequeno contratempo… Mas vamos esquecer isso com as bebidas e terminar este dia com bons pensamentos. Agora, vamos brindar à noite!

Zett disse com energia. Ele tinha tomado apenas alguns copos de hidromel, mas seu rosto já estava vermelho. Era como se estivesse embriagado pela atmosfera. Glenn, que servia Zett há muitos anos, nunca o tinha visto tão animado. Ele também ergueu o copo com entusiasmo, seguido por Airen e Brett. Judith levantou o copo um pouco depois. Os cinco copos se tocaram, e todos beberam com expressões alegres.

Mas Judith estava com dúvidas.

“Tenho 100% de certeza de que isso é muito forte…”

Judith olhou para o copo nervosamente e então olhou ao redor. Zett, Glenn, Airen e até Brett, conhecido por ser um grande bebedor, franziram o rosto após um gole. Ela se lembrou de sua vergonha no dia em que conheceu Khubaru e Lulu. Mas precisava beber, pois o clima pedia isso.

“Acho que só um copo está bom. Não deve ser nada demais.”

Com essa decisão, Judith esvaziou o copo cheio do Louvre de trinta anos. Zett a observou com satisfação, enquanto Brett parecia um pouco desapontado. Ele achava que o Louvre de trinta anos era valioso demais para uma ‘anã’ que não sabia apreciá-lo.

“Bem, acho que é só um copo… Ela não vai querer mais quando se lembrar do que aconteceu da outra vez.”

Mas Brett não sabia que o Louvre de trinta anos, um licor extremamente forte, servido generosamente no copo de Judith, era suficiente para deixá-la bêbada de uma vez.

— Oh? É um pouco forte, mas é bom — disse Judith.

E ele também não sabia que uma Judith bêbada era um verdadeiro monstro que não segurava nada.

— Ei, você deveria parar… — disse Brett.

— Parar o quê! Posso beber mais? — perguntou Judith.

— Haha! Claro que pode. Tirei a garrafa para esvaziá-la hoje. Vá em frente, tome outro copo! — disse Zett.

— Hehehe, obrigada! Kaa… Isso é interessante. É forte, mas é bom. Brett, você também deveria tomar. Você adora beber, né?

Brett e Airen trocaram olhares. Queriam detê-la, mas não conseguiram. Assim como Judith não pôde recusar o primeiro copo por causa do clima, eles não conseguiram dizer para ela moderar naquele momento. Zett, Glenn e Judith estavam animados. Mas, claro, ela acabou destruindo a diversão cerca de uma hora depois.

— Droga… Vou matar vocês… matar todos vocês, seus desgraçados…

— Judith, você está bem? Parece bêbada…

— Oh, Airen! Você está preocupado com sua irmãzinha?! Heh, hehehe… Huh, por que você está balançando assim? O quê… Sr. Mordomo… Desde quando você é careca? Ugh, estou com sono…

Judith xingou um alvo desconhecido, riu como uma maníaca, falou coisas sem sentido e então desabou antes que alguém pudesse ficar bravo.

— Pelo menos ela não está chorando desta vez — disse Brett.

— Ela chora também? — perguntou Zett.

— Sim, da última vez aconteceu — respondeu Brett.

— Eu deveria ter dado menos para ela, então.

— Exatamente.

Zett balançou a cabeça, e Brett estalou a língua enquanto olhava para Judith desmaiada. Glenn, com um olhar pesaroso, a carregou para seu quarto. Em meio àquela confusão, Airen esboçou um leve sorriso.

Não foi um dia perfeito, mas ele acolheu momentos assim.


No dia seguinte à festa regada a bebidas, vergonhosa para alguns, cansativa para outros , os três espadachins e seu professor retomaram o treinamento como se nada tivesse acontecido. Na verdade, pareciam ainda mais determinados, intensificando os exercícios pesados.

Airen era um deles. Embora Zett e Judith tenham sido o foco do dia anterior, ele também aprendeu muito.

“O medo de perder e a capacidade de superá-lo…” Ele nunca tinha pensado muito sobre isso. Ter uma mentalidade competitiva significava desejar vencer e se inspirar a ficar mais forte. Por outro lado, também implicava temer o fracasso e ser deixado para trás. E ele já havia experimentado, através de Charlot e Victor, como alguém poderia se corromper se esses sentimentos o dominassem.

“Preciso me tornar uma pessoa que supera o medo da competição.”

Zett escolheu se libertar da competição e focar em sua esgrima, enquanto Judith treinava para superar qualquer competição. Airen ainda não sabia qual seria seu caminho, mas achava que poderia escolher outro. Ele ainda tinha tempo para descobrir, pois sua jornada estava apenas começando.

“Se eu passar por mais experiências, devo ser capaz de encontrar meu próprio estilo de esgrima”, pensou Airen. Ele deu o seu melhor pelos dez dias restantes e, no jantar de despedida, sentiu-se satisfeito com seu progresso.

Dessa vez, não havia bebidas alcoólicas. Em vez disso, serviram pratos deliciosos e bebidas não alcoólicas. Lulu, Khubaru e Hayram se juntaram ao jantar, tornando o momento ainda mais agradável. E, em meio à animação, Zett perguntou aos três espadachins:

— Vocês já decidiram para onde irão a seguir? Ah, vocês mencionaram o Túmulo do Diabo de Sangue Fresco, certo?

— Sim.

O Túmulo do Diabo de Sangue Fresco era um lugar lendário, onde um demônio havia aparecido há muito tempo, antes mesmo do Rei Dragão Demônio de 400 anos atrás, que foi morto por um herói esquecido. A lenda dizia que o corpo do demônio, cortado pelo herói, formou duas colinas, e o golpe que o matou criou um profundo desfiladeiro onde o sangue se tornou um rio com o tempo.

— Ouvi dizer que muitos espadachins aprenderam algo visitando esse lugar… Então não há motivo para não irmos. Além disso, fica a apenas uma semana daqui — disse Brett.

— Entendo. Mas não precisa ser agora, certo? — perguntou Zett.

— Acho que não… — respondeu Brett.

— Então recomendo que vocês visitem outro lugar primeiro. Já ouviram falar da Terra da Provação?

— Oh… — responderam os três ao mesmo tempo.

Claro que conheciam. A Terra da Provação era o famoso coliseu, orgulho do Reino de Caliard, um dos Cinco Reinos do Oeste. O grupo de Airen também planejava visitar o lugar, mas havia adiado por ser distante.

Havia, no entanto, um motivo para Zett sugerir que fossem até lá antes. Brett perguntou sobre isso, e Zett respondeu prontamente:

— É porque a pessoa que vocês estariam morrendo de vontade de encontrar está lá. Ouvi dizer que o nível do lugar aumentou muito desde que ela chegou. Todos os espadachins habilidosos da região se reuniram lá, esperando enfrentá-la.

Airen, Judith e Brett pensaram imediatamente em uma pessoa específica: aquela que os havia derrotado, mas que não permaneceu na academia, partindo para encontrar seu próprio caminho.

Zett falou o nome dela — Illia Lindsay… Ela é a atual campeã da Terra da Provação.

A notícia surpreendente era que o gênio da família Lindsay havia conquistado a Terra da Provação.

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