O homem com a cicatriz caiu no chão depois de receber o soco de Airen. Ele não apenas caiu no lugar onde estava, mas foi arremessado para trás, derrubando mesas e cadeiras. Todos os clientes que observavam ficaram em silêncio. Alguns até se levantaram de suas cadeiras, com expressões de choque.
Mas Airen não se importou. Ele apenas caminhou até o homem, ajoelhou-se e disse:
— Agora é a sua vez. Eu sei que você ainda não desmaiou. Levante-se.
— A-ah!
O homem com a cicatriz abriu os olhos ao ouvir a voz fria sussurrando em seu ouvido. Então ele viu o jovem loiro, inexpressivo. Não sabia o que dizer.
— Ah, ah, ah…
— Vai desistir, então? Nesse caso…
Airen estava prestes a perguntar: ‘Você vai me levar à residência de Illia Lindsay?’ quando ouviu cadeiras sendo empurradas. Pessoas estavam se levantando.
Airen também se levantou, observando os homens começarem a cercá-lo.
— Seu desgraçado! Sabe com quem está lidando?
— Como ousa tirar com a nossa cara… tá pedindo para morrer, não é?
— Um ninguém como você acha que pode fazer alguma coisa? Acha que este lugar é qualquer outro?
Eles lançavam xingamentos e ameaças, mas Airen apenas olhou ao redor da pousada com um olhar impassível. Seu mau pressentimento estava certo. Todos os clientes daquele lugar pertenciam ao mesmo grupo do homem com a cicatriz. Na verdade, aquela pousada parecia ser o ponto de encontro deles.
O motivo pelo qual Airen não evitou aquele lugar, mesmo sabendo disso, era porque ele estava com pressa. Não se importava se o local era perigoso, desde que conseguisse a informação que queria. Além disso, ele não achava que fosse perigoso de verdade.
— Airen, não ande por aí com esse olhar ingênuo, certo?
Ele se lembrou de algo que Kiril havia dito no passado. Ela temia que as pessoas arranjassem briga com ele por acharem que ele parecia ingênuo. Disse a ele para mostrar um pouco de sua força, só para deixar as pessoas cientes. Ele nunca concordou com essa ideia, mas decidiu seguir o conselho dela dessa vez, pois parecia ser a melhor solução para ambos os lados.
Assim, Airen se moveu. Alguns tentaram impedi-lo, mas não conseguiram sequer sair do lugar devido à presença intimidadora de Airen. O jovem loiro aproximou-se de um homem sentado em uma cadeira.
Era um homem enorme, com uma tatuagem de caveira no dorso da mão. Um breve silêncio caiu sobre o ambiente. Uma atmosfera estranha formou-se entre eles, e Airen falou:
— Quer apostar comigo?
— As mesmas regras, um soco por vez. O que acha? Quero a mesma coisa se eu ganhar, obviamente.
— Seu desgraçado… — o homem com a tatuagem de caveira resmungou. Era como se um animal estivesse rosnando. Todos os outros homens permaneceram em silêncio, pois aquele era o líder deles.
Airen, é claro, sabia disso. Ele podia sentir, e sua intuição dizia que aquele homem não seria páreo para ele.
Então Airen repetiu a proposta, liberando sua aura com mais intensidade:
— Não precisa aceitar se não quiser. Não quero lutar, se puder evitar. Se me disser as informações que quero, eu vou embora em silêncio e nunca mais volto. E eu pago por isso.
A atmosfera na pousada tornou-se sombria, mas não por causa do homem tatuado. A aura de Airen, que se espalhou com força, pressionava todos os presentes. Mesmo aqueles com sentidos mais fracos podiam sentir claramente. Todos sentiam o peso esmagador, como se uma enxurrada tivesse caído sobre eles, enquanto olhavam para o jovem loiro, suando frio. Foi quando alguém entrou pela porta da pousada.
Era um homem bonito, com orelhas pontudas.
— Huh? Uau, está tão quente aqui! É a lareira ou a paixão ardente entre os homens?
— Ah, acho que agora não é o momento para piadas. Me desculpem. Vou pedir desculpas.
O homem tirou o chapéu e fez uma reverência. Ele parecia até um pouco irritante, mas ninguém parecia hostil com ele, e o homem também agia como se isso fosse óbvio. Então ele caminhou alegremente até Airen e perguntou:
— Senhor, qual é o seu nome?
— É Airen Farreira.
— Airen Farreira… Farreira, Farreira… Imagino que você não seja do oeste. E esta é sua primeira vez em Aisenmarkt, suponho.
— Sim, está correto.
— Oh, desculpe, senhor. Não estou tentando provocar uma briga. Apenas estava passando e ouvi você fazer uma certa pergunta… Ah, se estiver se perguntando como ouvi sua voz lá fora…
O homem apontou para suas orelhas enquanto falava. As orelhas pontudas se moveram ligeiramente, e Airen percebeu que ele não era humano.
“Ele é um elfo!”
Elfo. Os elfos viviam no lado oriental do continente e eram conhecidos por sua beleza, orelhas pontudas com ótima audição e corpos esguios. Eles eram reclusos e interagiam muito pouco com humanos, ainda menos que anões ou orcs. Mas aquele homem certamente parecia um elfo.
— Bem, se você tiver alguma pergunta, deveria conversar comigo lá fora — disse o homem a Airen. — Você não vai conseguir nada aqui, seja lá o que for.
— Você sabe, então? — perguntou Airen.
Ele estava irritado com a atitude provocativa do elfo, mas confuso pela sinceridade em seus olhos. Talvez, para esconder sua confusão, sua voz tenha soado mais hostil do que o habitual.
Mas o elfo sorriu casualmente, como se nada tivesse acontecido, e tirou uma placa de identificação com seu retrato. Na verdade, não era um retrato; era uma fotografia tirada com um item mágico. Sob a imagem do elfo, que sorria brilhantemente, estavam seu nome, associação e título.
Heintz, Jornalista Sênior do Arena Semanal.
— Sou jornalista sênior do Arena Semanal. Meu nome é Heintz. Sei quase tudo o que acontece em Aisenmarkt, especialmente relacionado à arena de gladiadores. Acho que serei mais útil do que essas pessoas aqui…
Airen permaneceu em silêncio, ponderando sobre a ocupação do elfo. Um jornal e um jornalista. Ele nunca havia conhecido ou se familiarizado com jornalistas, mas conhecia o termo.
O jornal era um documento impresso entregue diariamente às pessoas para compartilhar notícias mundiais rapidamente. Jornalistas eram aqueles que escreviam os artigos.
Mas Airen nunca leu um jornal ou conheceu um jornalista. Ele apenas sabia que eles existiam. Também sabia que podia ser incômodo lidar com jornalistas. O único problema era que ele estava com tanta pressa que não se importava.
— Ah, só para você saber… Não estou fazendo isso porque espero algo em troca — disse Heintz. — Para ser honesto, tenho uma pequena intenção… Só espero que você se lembre do meu nome no dia em que quiser dar uma entrevista e mostrar seu nome ao mundo…
Heintz explicou despreocupadamente, tentando persuadi-lo. Curiosamente, embora ele falasse tanto, ninguém interrompeu. Não era por causa da aura de Airen, mas por ele ser um elfo tornava difícil interferir.
“Acho que ele realmente sabe muito, pelo menos.”
Airen suspirou. Ele não tinha interesse em fama ou entrevistas. Mas, se colaborar com aquele homem respondesse sua pergunta, ele achou que poderia pagar o preço.
Então Airen assentiu e encarou Heintz. O elfo sentiu-se estranhamente intimidado e estremeceu quando Airen perguntou:
— Você sabe onde Illia Lindsay mora?
— Perdão…?
— Estou perguntando onde devo ir para ver Illia Lindsay, a campeã da Terra da Provação e Mestre Espadachim.
Heintz, depois de ouvir, deu meio passo para trás. Ainda sorria, mas sua expressão tornou-se séria o suficiente para que olhos atentos percebessem. Porém, Airen perguntou novamente:
— Se sabe, me guie até lá. Até a residência de Illia Lindsay.
“Ugh, isso não era o que eu esperava.”
O jornalista Heintz olhou para o jovem misterioso, Airen Farreira, que o seguia, e suspirou. No início, estava bastante feliz em encontrar o jovem. As pessoas em Aisenmarkt eram, em sua maioria, viciadas em lutas e apostas e sempre recebiam novos desafiantes com entusiasmo. Então, a aparição de um jovem espadachim habilidoso que nem ele, com quinze anos de experiência como jornalista na cidade, conhecia, já era, por si só, um tópico interessante.
Ele planejava conhecer o jovem casualmente, trocar nomes e dar prioridade a entrevistá-lo mais tarde.
Mas não achava que ele fosse um lunático que tentaria enfrentar a campeã logo de cara.
É claro, Heintz sabia onde Illia Lindsay morava. Um jornalista, não, qualquer pessoa que vivesse aqui por mais de alguns meses sabia disso. Mas a honorável campeã desprezava ser exposta ao público. Alguns jornalistas tentaram entrevistá-la, mas acabaram apanhando dos cavaleiros guardiões dela, então Heintz desistira de encontrá-la há muito tempo. Não tinha planos de tentar algo com 0,01% de chance de sucesso.
“Ela até rejeitava o próprio Lorde de Aisenmarkt. Não havia como ela aceitá-lo.”
Heintz suspirou e pensou que deveria fugir assim que deixasse aquele lunático gentil na residência. Estava preocupado que acabar se envolvendo com o maluco pudesse lhe trazer problemas. Sabia que ser de uma raça diferente o tornava mais seguro do que a maioria…
“Mas não tem motivo para causar confusão.”
Ele ainda estava absorto nesses pensamentos quando os dois chegaram à mansão imponente. Aisenmarkt era cheia de prédios monótonos, mas aquela mansão era muito elegante. Um guarda estava de prontidão junto ao portão, então Heintz apontou na direção, de maneira chamativa.
— E ali está a mansão onde reside a campeã — disse Heintz.
— Entendi… Obrigado.
— Haha, foi um prazer ajudar. Bom, vou indo… Ah, a propósito! Sou Heintz, do Arena Semanal. Por favor, não se esqueça de mim. Até logo!
Airen inclinou-se em silêncio e caminhou em direção ao portão, enquanto Heintz imediatamente se virou. Como pensara antes, não havia necessidade de ficar mais tempo. Na verdade, ouvira boatos sobre um possível novo desafiador avistado na praça ao norte, e precisava explorar o lugar.
Mas seus pensamentos desapareceram assim que ouviu as palavras do jovem loiro.
— Aqui. Este é o brasão da família Lindsay. Estou solicitando um encontro com a senhorita Illia Lindsay como convidado da família Lindsay.
“O que você disse?!” pensou Heintz.
“O brasão da família Lindsay.” Após ouvir algo tão inesperado, Heintz virou-se com uma expressão de choque.