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Reformation of the Deadbeat Noble – Capítulo 128

Quanto Você Quer? (1)
Quantas vezes Airen havia visto o homem em seu sonho balançar a espada? Ele nem sequer conseguia contar os dias e as horas. Era por isso que sabia que as rugas ao redor dos olhos do homem haviam aumentado, e que seu cabelo estava ficando mais ralo. Outras evidências também apontavam para o envelhecimento do homem.

“O que isso significa? O que vai acontecer desta vez…?”

Airen começou a refletir ao despertar do sonho. Ele precisava. Sempre que o sonho mudava, ocorria algo em sua mente ou ao seu redor. Além disso…

“Não se trata apenas de ele estar envelhecendo.”

Os olhos do homem. O homem que carregava uma raiva fria enquanto treinava desde a expedição de caça aos demônios com as seis famílias do sul… agora tinha uma expressão diferente nos olhos. Parecia haver emoções adicionais além do ódio, mas era difícil identificar o que eram, mesmo para Airen, que estava mais próximo dele.

— Mas… eu sei o que preciso fazer.

Airen murmurou para si mesmo. Nada havia mudado. A menos que ele percebesse algo diferente, não havia como saber, então só podia focar na tarefa à sua frente. Era o mesmo que quando ele caçava demônios, mas desta vez havia algo distinto. No passado, ele era influenciado pelo sonho, permitindo que a vontade do homem controlasse seu corpo e sua mente. Mas agora…

“Isso não vai mais acontecer.”

Airen assumiu uma postura de meditação e fechou os olhos. Então, uma chama enorme, muito maior do que quando encontrou Ignet, irrompeu em sua mente. Era um calor poderoso, capaz de engolir uma enorme estaca de ferro inteira. Essa era sua vontade agora.

“Se ele me ajudar, aceitarei. Mas se ele atrapalhar, não importa o que seja, eu recusarei. Não deixarei isso me controlar. Vou seguir meu caminho com minha própria vontade…”

— E avançar — Airen sussurrou, continuando seu treinamento mental.

Ele martelou a estaca de ferro, aqueceu-a e a moldou no formato de uma espada. Sua velocidade havia aumentado consideravelmente em comparação com antes. Antes, ele não via resultado algum, mas agora parecia quase possível moldá-la em uma espada.

Depois de martelar por um longo tempo, Airen segurou a estaca de ferro.

Não, já não era mais uma estaca. Embora parecesse tão rombuda que só pudesse ser usada em treinamentos, era claramente uma espada. Ele se concentrou, segurou-a, respirou fundo e abriu os olhos enquanto a balançava.

Então viu a grande espada invocada em sua mão e parou antes que atingisse o chão da pousada. Seu movimento seguiu exatamente o que havia feito em sua mente.

“Agora consigo me preparar muito mais rápido do que antes.”

Era verdade. Airen fechou os olhos, alinhou sua mente e extraiu a espada em menos de dois segundos. Considerando que antes ele levava pelo menos um minuto para usar o ataque do homem, isso era um grande progresso.

Mas ainda não era suficiente. Seu oponente era um Mestre Espadachim, não um qualquer. Mesmo um segundo de tempo de preparação era longo demais para atacar um alvo assim. Contudo… Não está tão ruim. Ele havia reduzido o tempo drasticamente e também estava melhor em manter a energia sem liberá-la.

Airen assentiu. Antes, ele não conseguia segurar a energia que invocava e precisava liberá-la imediatamente, mas isso também havia mudado. Agora, ele conseguia pelo menos mantê-la por alguns segundos na espada. Talvez isso pudesse ser usado como estratégia. Ele estava imerso nesses pensamentos quando pegou um papel na mesa: uma carta de recomendação que Heintz, o jornalista élfico, lhe dera.

“Espero que essa pessoa seja de ajuda.”

Para enfrentar um Mestre Espadachim, era necessário manejar uma espada indestrutível contra uma Aura da Espada e ter uma técnica única como elemento surpresa. Mas, mais importante do que isso, era essencial não faltar habilidade na esgrima. E Airen estava seriamente carente nesse aspecto. Esse era o ponto em que ele precisava se concentrar nos pouco mais de cem dias restantes. Quando Heintz ouviu sobre esse dilema, apresentou Airen a uma pessoa.

John Drew, o instrutor ‘ARENA’.

Chamado de ‘Aclamado Representante e Especialista Nato de Aisenmarkt’, em resumo, ARENA, John Drew era conhecido como o melhor instrutor entre todos os populares de Aisenmarkt. Sua fama vinha de suas incríveis habilidades de ensino. Heintz disse que ele era responsável por muitos gladiadores que alcançaram o topo na Terra da Provação.

“A fama dele supera até a de Zett no ensino, pelo que parece…” pensou Airen.

Ele teria ido até Zett se pudesse, mas não tinha tempo suficiente para ir e voltar. De qualquer forma, a reputação de John Drew no ensino não ficava atrás da do 101º Espadachim. Conseguir que um homem assim o ensinasse não seria fácil, mas Airen tinha um plano.

— Lulu, Lulu!

— Hã… Hã?

Airen chamou Lulu, que dormia embaixo da cama, enquanto se preparava para sair. A gata preta colocou a cabeça para fora com uma expressão exausta.

— Vou ver o homem de quem falei. Você pode vir comigo? — perguntou Airen.

— Nngh… Era hoje? Estou tão cansada de praticar feitiçaria o dia inteiro… Mas vou com você, Airen… Só me coloque na sua bolsa para que eu possa dormir no caminho…

A feiticeira felina voltou a dormir depois disso.

Airen riu. Ele pegou a gata pelas axilas, colocando-o na mochila. Pensou que Lulu parecia um líquido, esticando-se como queijo ao ser levantada e enrolando-se dentro da mochila.

“Dorme tão bem aí. Não, na verdade, Lulu sempre dorme bem.”

Airen então saiu da pousada. Era inverno, mas não estava tão frio, já que o clima começava a esquentar. Ele sorriu sob a luz do sol e saiu para encontrar o homem que seria seu professor.


— Senhor John Drew! Por favor, aceite-me como seu aluno!

— Sr. Drew! Por favor! Só uma palavra de conselho para mim…!

— Tenho que subir no ranking desta vez! Pode pelo menos duelar comigo?!

— Por favor!

Quando Airen chegou à residência de John Drew, o instrutor ‘ARENA’ no lado leste de Aisenmarkt, ficou surpreso. Não era por causa dos inúmeros espadachins acampados na frente. Ele já sabia disso por Heintz e teria imaginado de qualquer forma, já que a mansão de Zett e a Academia de Esgrima de Krono enfrentavam problemas semelhantes, com espadachins desesperados para melhorar suas habilidades.

O que realmente surpreendeu Airen foi o tamanho da residência: uma enorme mansão, maior do que ele esperava.

“Isso… parece ainda maior que a sede regional de Krono onde treinei…”

Considerando o valor imobiliário de ambas as localidades, isso significava que John Drew era absurdamente rico.

Sim. Dinheiro. Esse era o aspecto mais importante para ser ensinado por John Drew.

— Vim com a recomendação do Sr. Heintz — disse Airen.

— Ah, estávamos esperando por você. Por favor, venha por aqui.

Felizmente, dinheiro não foi exigido para que Airen conhecesse John Drew. Ele usou a conexão de Heintz para entrar, enquanto os espadachins do lado de fora praguejavam com expressões devastadas. Airen olhou para trás, com um olhar apologético, mas o servo não se importou. O homem conduziu Airen a uma carruagem dentro da propriedade.

— Andar até a sala de estar é um pouco longe, então, por favor, entre.

Assim começou outra jornada para encontrar John Drew, o instrutor ‘ARENA’. Não demorou muito, mas foi um choque precisar de uma carruagem para se locomover dentro da propriedade. E a paisagem do lado de fora da janela da carruagem era surpreendente. Havia animais circulando, e o jardim parecia ter criado um ecossistema próprio, o que significava que havia muitos trabalhadores para mantê-lo, além de controles mágicos de temperatura.

Airen estava imerso nesses pensamentos quando o servo lhe perguntou:

— Parece que você está buscando os ensinamentos do mestre?

— Ah, sim. Isso mesmo.

— Entendi… Lamento dizer, mas você pode falhar.

— Há algum problema?

— Não, nenhum em particular… mas o mestre está satisfeito com sua vida.

O servo coçou a cabeça enquanto continuava. Explicou que John Drew havia ganhado fama sendo ensinado por muitos mestres quando jovem, o que o levou a usar essa fama para ensinar prodígios, alguns provenientes de famílias muito ricas. E, como muitos dos seus alunos haviam alcançado grandes feitos, seu mestre havia se tornado o homem mais rico de Aisenmarkt e agora vivia uma vida financeiramente livre.

— Bem, ele ainda gosta de dinheiro… Mas, digamos assim… ele não está mais tão desesperado quanto antes. Ele não se move por algumas moedas, pelo menos. Ah, e ultimamente ele tem se interessado por um esporte chamado golfe — explicou o servo.

— Oh… Você quer dizer o jogo onde se coloca uma bolinha em um buraco no chão? — perguntou Airen.

— Sim. De qualquer forma… só estou avisando, caso você fique desapontado.

O servo parecia bastante sincero. Airen havia conseguido uma recomendação de Heintz, alguém conhecido por ser difícil de lidar. Era fácil perceber o quanto o jovem estava determinado. Por isso, o servo quis prepará-lo para o pior. Mas a reação de Airen foi inesperada.

— Está tudo bem — disse Airen.

— Perdão?

— Se ele ainda se interessa por dinheiro, isso basta. Ah, aquele é o anexo para convidados?

— Sim? Ah, sim, isso mesmo.

O jovem respondeu sem demonstrar decepção ou frustração. O servo ficou surpreso. Não conseguia entender a reação de Airen mesmo enquanto o conduzia até o confortável sofá da sala de estar e ia chamar seu mestre.

Seja como for, Airen esperou pacientemente por John Drew. Ele aproveitou para observar os interiores luxuosos da sala e imaginar como seria o homem. Cerca de dez minutos depois, John Drew, o ‘ARENA’, apareceu.

— Yo, um jovem tão distinto! Achei que seria alguém mais velho, considerando que veio com a recomendação do Heintz.

— Prazer em conhecê-lo. Sou Airen Farreira. Estou aqui para pedir seus ensinamentos, Sr. Drew.

— Haha! Que tal um abraço para celebrar nosso encontro hoje?

— O quê? Ah, uh, claro.

John aproximou-se com os braços abertos, então Airen se levantou e o abraçou. Mas não parou por aí. O homem estendeu o punho para Airen, indicando que queria um toque de punhos, e Airen correspondeu. Depois, durante algum tempo, o homem o fez realizar movimentos de mãos peculiares.

— Oh, você é bom nisso, hein? Muitos só ficam parados me olhando fazer isso, mas você mandou bem. Gostei muito disso.

“Ele é… bem descontraído.”

Airen pensou consigo mesmo enquanto olhava para John. O homem aparentava ter uns cinquenta anos, não era particularmente bonito, mas usava acessórios extravagantes. Um colar de ouro, anéis em todos os dedos e braceletes. E não era só isso. Airen ficou chocado ao ver um objeto dourado em torno do pulso esquerdo dele.

— Isso é… — Airen murmurou.

— Ah, você sabe o que é? É um relógio de pulso. Não é qualquer coisa mágica comum. É feito por anões, um verdadeiro relógio de pulso! E, a propósito, tem uma técnica especial que faz com que a gravidade não afete…

John começou a tagarelar sobre o valor de seu relógio de pulso, e Airen se lembrou do que Heintz havia lhe dito.

— John Drew nunca estará satisfeito com as riquezas que tem. Ele só finge que não precisa de mais para conseguir mais dinheiro. Tem certeza de que conseguirá lidar com ele? Conheço outros instrutores que podem não ser tão bons quanto John Drew, mas exigem menos dinheiro…

“Então é por isso que ele estava tão preocupado”, pensou Airen.

Ele sabia que o homem exigiria uma boa quantia para mudar de ideia. Mas tudo bem. Airen não tinha dinheiro nem habilidades de comunicação, mas tinha alguém para resolver isso por ele.

Então, Airen falou com John.

— Serei direto. Preciso que você me ensine.

— Hmm?

— Preciso me tornar forte muito rápido. Pagarei o suficiente para satisfazê-lo, então, por favor, me aceite como aluno.

— Ah, entendi. Vejo que você é apaixonado pelo que quer. Mas não ensino alguém apenas por dinheiro…

Foi então que, enquanto John dizia suas mentiras habituais, o jovem loiro despejou sua mochila sobre a mesa. De dentro dela caiu uma gata preta. John, chocado, perguntou:

— O que está acontecendo?

— Mmm… Ahhh… Airen. Já chegamos?

— Sim. Oh, por favor, desculpe-me, Sr. Drew. Não sou bom com palavras, então trouxe alguém para falar por mim.

— Ah… Muahahaha!

A gata preta arqueou as costas como um camarão e esticou as patas da frente enquanto bocejava. Ainda parecia sonolenta, mas despertou o suficiente para começar a falar com John.

— Você gosta de dinheiro?

— Seja honesto. Quanto você quer?

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