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Reformation of the Deadbeat Noble – Capítulo 149

Novo Grupo (1)
— Espera… O quê…

Airen ergueu-se até ficar meio sentado, balançou a cabeça e então olhou ao redor do quarto. Diversos objetos estavam espalhados pelo chão, como se uma tempestade tivesse passado por ali, e havia gatos espalhados por todos os cantos, observando-o.

“O quê? Eu não acordei com tantos gatos entrando no meu quarto?”

Airen geralmente não despertava facilmente por causa do sonho, mas nunca imaginou que dormiria de forma tão vulnerável. Ele estremeceu com um pensamento repentino e virou-se para Lulu com uma expressão preocupada.

— Eu dormi por muito tempo…?

— Três dias — respondeu Lulu.

— Três?

— Sim.

— Só três?

— Foi o que eu disse.

— Ufa… — Airen suspirou aliviado.

O sonho foi muito mais especial do que qualquer outro, então ele ficou preocupado assim que acordou. Temia ter sido levado para o mundo da feitiçaria novamente, como aconteceu na casa de sua família. Ele também se preocupava com a possibilidade de ter passado muito tempo adormecido.

Mas isso não aconteceu. Três dias era bastante tempo, mas era melhor do que acordar após anos. Lulu concordou com os pensamentos de Airen.

— Eu também estava preocupada! Senti uma energia muito poderosa, quase como quando você entrou no mundo da feitiçaria.

— Você sentiu?

— Sim! Foi um pouco diferente, mas era tão intensa… Fiquei apavorada, sabia?! — disse a gata preta, enquanto dezenas de outros gatos miavam baixo em concordância.

Airen olhou para eles com curiosidade, e Lulu bateu palmas, como se tivesse se esquecido de explicar.

— Ah, eles são meus amigos. Fiz muitos nos últimos quatro meses.

— Amigos?

— Sim. Eles estavam preocupados comigo, então me seguiram até aqui… Mas já posso deixá-los ir. Pessoal, está tudo bem agora! Podem voltar! Vou arrumar algo gostoso para vocês mais tarde!

Os gatos assentiram com compreensão e pularam pela janela aberta. Isso assustou Airen, já que eles estavam no segundo andar, e ele correu rapidamente até a janela. No entanto, nada aconteceu, pois Lulu havia lançado um feitiço sobre eles, fazendo-os aterrissar suavemente no chão, como se houvesse uma almofada invisível. Em seguida, desapareceram rapidamente.

— Então, aconteceu algo? O sonho mudou de novo? — perguntou Lulu.

— Ah… Sim.

Airen ficou sério e explicou seu sonho a Lulu. Não precisou se alongar muito, já que, mesmo após três dias, tudo o que fez no sonho foi lutar com o velho. Mas…

“É uma sensação difícil de descrever.”

Especialmente a última parte. O velho disse que torceria por Airen e depois partiu, com uma expressão de que nunca mais voltaria. E isso se confirmou. Após mais quatro dias, Khubaru e os outros pararam de se preocupar, mas Airen nunca mais teve um sonho com o homem.

Isso o deixou extremamente desconfortável, mas não havia nada que pudesse fazer. Como poderia ir atrás de alguém que só aparecia em seus sonhos? Não sabia nada sobre ele. Até perguntou a Brett, que era muito conhecedor de história, mas não conseguiu aprender nada.

“E nem sei se ele é do passado ou não…”

Então, tudo o que Airen podia fazer era deixar as perguntas de lado e focar em sua esgrima.

O mais importante era se concentrar na Aura da Espada. Era a personificação dos seis passos de utilização da aura, a habilidade mais forte que simbolizava um mestre espadachim. Airen se esforçava ao máximo para tornar essa técnica completamente sua. Ele a havia criado com facilidade durante a luta pelo título e no sonho, mas nenhuma Aura da Espada era igual.

O tempo necessário para criá-la, sua estabilidade e o quão maior e mais poderosa ela era determinavam o nível de habilidade entre os mestres espadachins, então Airen não podia perder tempo.

Além disso, seria tolice focar apenas na Aura da Espada só porque estava no nível de mestre. A Aura da Espada era impressionante, claro, capaz de cortar qualquer coisa e defender-se de qualquer ataque, quase como uma arma lendária. Mas, mesmo que a arma fosse poderosa, de nada adiantava se fosse empunhada por uma criança de sete anos.

“Então, nada havia mudado.”

A habilidade em esgrima ainda era importante, assim como as técnicas de movimentação. As técnicas aprendidas com John Drew também eram essenciais, e, claro, a utilização da aura não era exceção. Isso significava que Airen precisava avançar em todos os aspectos que vinha treinando, além de praticar o uso da Aura da Espada.

Depois de decidir isso, ele começou a treinar esgrima intensamente, como se não tivesse se tornado campeão. Khubaru e John balançavam a cabeça em choque ao vê-lo, enquanto Judith ficava irritada e intensificava seu próprio treinamento. Brett apenas observava Judith em silêncio.

Assim, mais um dia estava prestes a terminar.

— Mestre Drew. Temos uma visitante.

— Hã? Uma visitante?

— Sim, senhor. Mas não é para o senhor… é para o senhor Airen Farreira. É a senhorita Illia Lindsay.

Uma semana após Airen visitar a mansão de Illia, ela finalmente veio encontrá-lo.


— Como você tem estado? — perguntou Airen.

— Bem. E você? — respondeu Illia.

— Também…

— Ah, certo.

— Sim…

Os dois espadachins mais fortes da Terra da Prova pareciam não saber o que dizer. Airen e Illia estavam desconfortáveis. Não conseguiam nem se olhar, nem trazer um assunto à tona, e assim caminharam silenciosamente pelo enorme jardim de John Drew.

Após cinco minutos de silêncio, Airen percebeu que aquilo não poderia continuar. Ele havia sido o responsável pela briga e queria se redimir. Mesmo assim, Illia viera até ele. Portanto, era correto que ele conduzisse a conversa a partir dali. Contudo, ao contrário da confiança que tivera ao visitar a mansão dela antes, agora não conseguia pensar em nada para dizer.

“Devo pedir para voltarmos a ser bons amigos? Devo perguntar diretamente sobre o que aconteceu? Ou será errado falar sobre o irmão dela…? O que eu devo dizer?!”

Enquanto sua mente se embaralhava, Illia, felizmente, quebrou o silêncio antes que ele pudesse encontrar palavras.

— Seu presente… — murmurou ela.

— Hã?

— Você me disse para vir buscá-lo.

— Ah…

Sim, ele de fato havia dito isso. Esquecera devido à situação constrangedora, mas isso não significava que não tinha o presente. Ele o guardava em sua mochila mágica, pronto para entregá-lo quando ela viesse. Mas não tinha certeza se ela gostaria. Ele a convidou para tirá-la de casa, mas, agora que precisava dar os presentes, estava nervoso, como no dia da luta pelo título.

“Tudo bem. Preparei mais de um presente, só para garantir.”

Airen respirou fundo e exalou lentamente. Illia olhou para ele com curiosidade, o que o deixou ainda mais nervoso. Mas ele precisava entregar. Engolindo em seco, pegou os presentes com cuidado, e os olhos de Illia brilharam ao vê-los. O primeiro presente, uma pulseira, tinha um símbolo familiar.

— É Adonis — disse Illia.

— Ah, sim. Na verdade… Eu não sabia o que você poderia gostar, então… Eu pensei que o antigo já não serviria mais, então… Quer dizer, eu pensei que você gostava dele naquela época, então achei que poderia dar um novo para você…

— M-Mas eu também preparei outras coisas caso você não goste porque é o mesmo presente.

Airen tentou explicar freneticamente sobre os outros presentes. Ele pediu desculpas se ela não gostava de acessórios luxuosos ao mencionar o colar de safira azul, que ele achava que combinaria com ela. Em seguida, contou que pediu a uma amiga para criar um ursinho de pelúcia que tocava música calmante. Também mostrou outras coisas, mas Illia não conseguia parar de rir antes mesmo de ouvir o final de sua explicação. Para ela, ele ainda era o mesmo.

“Não importa qual seja o presente”, pensou ela.

Não era importante se ela gostava do presente, se era caro ou valioso. Nada disso importava. O que importava era que Airen, quem lhe deu os presentes, realmente se importava com ela, preocupava-se com ela e a apoiava.

— Hã…? Você não gostou? — perguntou Airen, preocupado.

— Gostei. É ótimo.

— Sério?

— Sim. Eu gostei de todos. Agora me dá.

Illia abraçou os diversos presentes, que eram suficientes para encher uma cesta, e sentou-se em um banco próximo. Depois, observou cada um deles enquanto os colocava de volta em sua bolsa mágica. Airen suspirou aliviado e se sentou ao lado dela. E, após um tempo de silêncio, Illia começou a falar.

— O que eu devo fazer agora?

— Eu não sei o que fazer daqui para frente.

Ela falou em um tom casual, com uma expressão impassível. Parecia a Illia de sempre, mas Airen sabia imediatamente como sua mente estava vazia. Illia continuou.

— Fiquei com raiva, irritada, e não queria te ouvir quando você me disse da outra vez… Então eu não queria perder, treinei mais e mais… Mas, como você sabe, nada disso importou. Foi tão tolo agir com base no que os outros pensavam de mim…

— Mas agora, depois de perceber isso, não consigo pensar em nada. Eu… não sei o que fazer.

Era irônico. Para criar uma versão melhor de si mesma, ela precisava perceber que o caminho que havia trilhado no passado estava errado. E isso deu certo, graças ao seu amigo precioso, Airen. Mas, agora que reconhecia seus erros, ela perdeu a motivação para seguir em frente. Mesmo estando no caminho errado, antes ela tinha um destino a alcançar, mas agora, sentia-se como se estivesse à deriva em um vasto oceano, sem ideia de para onde ir.

— Você disse que eu brilhava no passado. Mas eu não lembro disso. Não lembro daquela época. O que… devo fazer agora? Pelo que devo viver?

Illia continuou falando com uma voz ligeiramente trêmula. Mas a turbulência em seu coração era ainda mais forte. Por fora, parecia a mesma, mas Airen sabia que ela se sentia tão frágil como se fosse começar a chorar a qualquer momento, lutando para não explodir em uma onda de emoções. Felizmente, desta vez ele sabia o que dizer.

— Eu já estive na mesma situação.

— Lembra que te contei antes que passei por muitas coisas para chegar até aqui?

— Você passou…?

— Sim. Passei. Vou contar de novo.

Airen lançou um olhar para Illia, depois voltou sua atenção para a frente. Então, começou a explicar sua história lentamente, como se estivesse conversando com os pássaros voando no céu. Ele contou sobre como descobriu quem realmente era após a conversa com o diretor Ian, como encontrou sua esgrima graças à sua professora de feitiçaria, Lulu, como superou as dificuldades que enfrentou e iniciou sua jornada seguindo o conselho de Khubaru. Também falou sobre as memórias de Judith, Brett e Illia, que o apoiaram.

— Na verdade, sou igual a você. Ainda não sei para onde estou indo e ainda estou procurando uma resposta. Talvez demore mais do que eu pensava — disse Airen.

— Mas consigo seguir em frente porque há pessoas que confiam em mim… E tenho certeza de que o mesmo vale para você.

Airen então virou-se novamente para Illia. Ela também o olhou. Podia sentir a sinceridade nos profundos olhos azuis dele.

— Eu cheguei até aqui porque você confiou em mim naquela época — disse ele.

— Agora sou eu quem confia em você. Então…

“Você também pode, ou melhor, nós podemos fazer isso juntos.”

Ao ouvir isso, Illia sentiu suas emoções explodirem. Não estremeceu nem fez barulho, mas lágrimas silenciosamente escorreram por seu rosto.

E Airen apenas segurou as mãos de sua amiga em silêncio.

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