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Reformation of the Deadbeat Noble – Capítulo 25

A Nova Mudança (1)
Uma proposta surpreendente.

Todos pensaram assim, e Judith não foi exceção. Como alguém que esteve mais próxima de Airen Farreira, ela tinha certeza de que Brett não ganharia nada com essa oferta.

“Brett… ele é um idiota, mas suas habilidades de esgrima são excelentes”, pensou Judith.

Por exemplo, não havia dúvida de que um aprendiz da classe A venceria um da classe B em um duelo. Mas isso não significava que o aprendiz da classe A era melhor em tudo. Se um aprendiz da classe A era superior em oito ou nove aspectos, era típico que o da classe B fosse bom em pelo menos um ou dois. Mas não era o caso entre Brett e Airen.

“Cem em cem, mil em mil, Brett venceria todas as vezes”, pensou Judith. Claro, Airen era bom em algumas coisas. O corte vertical que ele fez enquanto estava parado não ficava atrás das habilidades dos aprendizes de maior nível. Aquele movimento que ele mostrou antes do duelo com Brett foi tão impressionante que ela não conseguia esquecer.

Mas era só isso. Aquele foi o único momento em que Airen se destacou. Depois disso, nada do que ele fez impressionou Judith. Por isso, ela estava curiosa. O que aquele nobre arrogante de cabelo azul viu nele para fazer tal oferta?

Mas Judith não podia perguntar diretamente a Brett. Ela o odiava tanto que não queria falar com ele. Foi quando o Nobre Preguiçoso, que parecia atordoado, fez a pergunta que ela tinha em mente.

— Bem, é bom para mim… mas você tem certeza?

— O que quer dizer? — Brett perguntou de volta.

— Quero dizer… você é muito melhor na esgrima do que eu. E você é bom em tudo. Não consigo pensar em algo em que eu seja melhor e possa te ajudar, então… — Airen hesitou, mas isso já bastava para explicar o que queria dizer.

Todos os aprendizes que ouviam a conversa assentiram. Airen estava certo. Ele deveria recusar a oferta, se soubesse seu lugar. Até Judith assentiu.

Mas Brett, que fez a oferta, não se sentia da mesma forma.

— Vou te dar um conselho, Airen Farreira — disse Brett, franzindo a testa.

— Hã?

— Não se rebaixe mais.

— O que você quer dizer com me rebaixar…

— Quero dizer o que disse. Você deve ser orgulhoso e confiante, como um nobre, e agir de acordo — disse Brett, com uma voz carregada de frustração e raiva.

Airen não entendia por que o garoto estava dizendo aquilo, e o herdeiro da família Lloyd também não sabia ao certo.

— Você é um nobre que carrega o sangue dos Farreira, com a responsabilidade de liderar pessoas. Desde que chegou à academia, demonstrou uma resiliência como nenhuma outra, provando no exame intermediário que tem a habilidade e determinação para cumprir seu dever e responsabilidade como nobre.

— …

— Se você fosse um idiota que nasceu com sangue nobre por sorte… quero dizer, se tivesse continuado preguiçoso enquanto aproveitava seus privilégios sem cumprir suas obrigações, como dizem os rumores sobre seus últimos dez anos, poderia fazer isso. Poderia abaixar a cabeça para plebeus, escravos ou qualquer um. Mas… — Brett fez uma pausa, depois continuou com firmeza. — Eu vejo que você tem a habilidade e a ação que condizem com um nobre. Então, seja orgulhoso de si mesmo, como eu sou.

Airen não conseguiu responder por um tempo. As pessoas o ridicularizavam como o Nobre Preguiçoso durante toda a sua vida. Outros nobres, pessoas de seu domínio, e até mesmo os servos de sua família riam dele pelas costas. E, mesmo sabendo disso, ele não conseguia retrucar, pois achava que merecia. Por essa razão, o elogio arrogante, mas direto e honesto de Brett, deixou uma impressão profunda.

— Certo, certo. Vocês, mestres nobres todo-poderosos, podem parar de se bajular agora?

Claro, nem todos ficaram tocados pelas palavras de Brett. Como plebeia, Judith fez uma expressão de nojo para ele.

— Vamos direto ao ponto. O que você está tramando? — ela perguntou.

— O que você quer dizer?

— Você acha que Airen é melhor do que você, pelo menos em alguma coisa. O que é isso? Fala logo.

— Tola. Você não sabe, mesmo tendo estado ao lado dele por tanto tempo?

— O quê? Seu desgraçado…

— E-espera! Judith! — gritou Airen, impedindo a garota de cabelo vermelho, que parecia prestes a começar uma briga. Felizmente, ela parou, mas continuou olhando para o nobre de cabelo azul com olhos ameaçadores, como se fosse matá-lo.

Brett bufou, mas não parou de falar. Ele se virou novamente para Airen com uma expressão séria.

— Foco — disse Brett.

— Foco…? — Airen perguntou com um olhar confuso.

— Sim, foco.

Brett ergueu sua espada de madeira e se preparou. Sua postura era boa o suficiente para chamar a atenção de todos. Judith franziu a testa, pensando que, apesar do quanto o odiava, ele era definitivamente um nobre.

Swish! Brett balançou a espada. Foi um corte vertical limpo. Então, enquanto continuava a executar mais movimentos sem hesitar, ele falou:

— Eu tive esse dilema após o exame intermediário.

Swish!

— Eu sabia que havia treinado tanto quanto você. Então por que, por que havia uma diferença tão grande no resultado?

Swish!

— Eu não conseguia entender. Quer dizer, você foi um pouco mais diligente do que eu… Mas eu tinha certeza de que não havia uma grande diferença nas horas totais que treinamos. Por isso, achei estranho.

Alguns dos aprendizes assentiram. Eles também acharam estranho. Todos sabiam que Airen era o aprendiz mais diligente, mas ele também não estava livre do limite de vinte e quatro horas diárias. Não havia como treinar por trinta ou cinquenta horas em um dia. Por essa razão, sua diligência extraordinária não se destacava tanto, já que todos agora estavam se esforçando ao máximo.

Mas Brett pensava de forma diferente.

— Na verdade, não era estranho. Era óbvio. Você manteve seu foco durante todo o treinamento — disse ele.

Swish!

— Mas eu perdi esse foco. Às vezes, não fiquei satisfeito com minha concentração durante o dia inteiro.

Swish!

— Às vezes, não estava no clima, o tempo estava quente, ou eu treinava demais nas aulas e ficava cansado. Ou simplesmente me sentia preguiçoso.

Swish!

— Eu não conseguia manter meu foco sempre, mas achava que estava tudo bem, já que treinei por horas. Reafirmei para mim mesmo que já havia feito o suficiente.

A espada de Brett então mudou sua trajetória. Ficou mais medíocre. A precisão inicial desapareceu, e agora parecia cambalear em direção ao alvo. Parecia que ele havia perdido o foco e mal segurava a espada.

— E eu não deveria ter feito isso.

E, com isso, Brett guardou a espada. O salão de treinamento ficou em silêncio absoluto, com quase todos os aprendizes refletindo sobre si mesmos. O primogênito dos Lloyd então olhou ao redor e se voltou para o primogênito dos Farreira.

— Então — disse Brett para o silencioso Airen — como você consegue manter o foco o dia inteiro?

— Hmm…

Toda a atenção se voltou para Airen diante da pergunta. Ele se sentiu frustrado. Era o sonho que o permitia trabalhar duro e se concentrar. Essa era a única razão, mas ele não podia dizer isso em voz alta, nem ajudaria Brett de qualquer forma.

Então, só havia uma coisa que ele podia dizer.

— Eu… não tenho certeza.

— Bem… eu imaginava que você diria algo do tipo. Dizem que todo gênio fala assim. ‘Simplesmente funcionou, não sei,’ ou algo assim — disse Brett.

— N-não, eu não sou um gênio. O que você está…

— Você é. Um gênio do foco — afirmou Brett com confiança. Airen ficou em silêncio enquanto ele continuava — Você acha que uma pessoa comum consegue manter o foco durante dez horas de treinamento intenso todos os dias? Não.

Brett suspirou, balançou a cabeça e, então, pegou a espada de novo para demonstrar um movimento. Desta vez, era um movimento de esgrima de Krono, diferente do que havia mostrado antes. Airen percebeu que era o movimento com o qual ele estava tendo dificuldades.

— Você sempre perde o equilíbrio aqui. Tem que abaixar o centro de gravidade para avançar. E aqui, suas mãos se movem rápido demais. Você precisa coordenar as mãos com o corpo e os pés, para que não se desordenem. E não fique muito tenso enquanto faz isso.

— Hã? Er… Valeu. De verdade. Obrigado.

Brett imediatamente mostrou alguns movimentos para Airen com uma explicação fácil de entender. Airen agradeceu por isso, mas sentiu um pouco de culpa.

— Mas ainda assim, eu não tenho nada para te ensinar… — murmurou Airen.

— Tudo bem. Considere isso um investimento para o futuro — respondeu Brett.

— Um investimento?

— Sim. O jeito de aumentar seu foco, ou… aquele movimento estranho de espada que você mostrou antes. Ou qualquer outra coisa. Me devolva quando puder me ensinar algo disso. Certo?

— Certo. Farei isso — respondeu Airen, mas Brett já havia se virado sem ouvir sua resposta. Ele não voltou para seus seguidores; em vez disso, caminhou até Judith, que parecia irritada.

— Quero interagir com você também — disse Brett.

— Hah! Comigo? Está brincando? — Judith disse, franzindo a testa.

— Não estou brincando.

— Diz o Sr. Nobre.

Judith riu com desdém. Ela odiava nobres, e odiava Brett ainda mais, pois ele não hesitava em expressar seu orgulho nobre. Ela não tinha intenção de interagir ou treinar com alguém como ele. Foi então que Brett disse algo inesperado novamente.

— Você é criativa.

— O quê…

— Você é muito mais flexível em situações inesperadas do que eu, já que só conheço a esgrima da minha própria família. E você tende a tentar movimentos de ataque não ortodoxos com frequência. Isso é algo que me falta no momento.

— Que… que tipo de besteira é essa?

Judith ficou visivelmente abalada. Brett, embora sua voz fosse séria, estava elogiando-a. Ela se sentia muito desconfortável com essa situação, já que ela e Brett se consideravam inimigos jurados. Mas o nobre de cabelo azul parecia acreditar que isso era coisa do passado, dado seu olhar inexpressivo.

— Tenho certeza de que você aprenderia tanto comigo quanto eu aprenderia com você. O que me diz? Por que não nos tornamos um pouco mais próximos daqui em diante? — disse Brett.

— Não… vai se ferrar.

— Tudo bem. Imaginei que você diria isso também. Por enquanto.

Brett se afastou. Todos que os observavam também voltaram ao treinamento, com apenas Judith permanecendo parada, irritada, enquanto chutava o chão. Quanto a Airen, ele apenas ficou ali, refletindo sobre o que Brett havia dito. E havia outra pessoa que os observava de longe.

— Hmph.

Ian, o diretor, que secretamente assistia a tudo, sorriu feliz ao sair do Grande Salão de Treinamento.


— Ufa.

Era uma noite tardia. Airen Farreira suspirou enquanto se deitava na cama. Continuava pensando sobre o que Brett havia dito.

“Foco… Preciso mesmo pensar nisso.”

Ele não podia mais aumentar a quantidade de seu esforço, pois já estava no limite. E não podia despertar algum talento desconhecido que não possuía. Se isso fosse possível, o mundo estaria cheio de gênios. Por outro lado, aumentar o foco parecia mais viável. Se conseguisse intensificar a concentração e a pureza de seu treinamento, poderia alcançar um crescimento mais rápido.

— Hunf — suspirou Airen novamente.

Mesmo que parecesse possível, isso não tornava a tarefa mais fácil. Além disso, o foco extraordinário que ele já possuía só era possível por causa do sonho. Ele não estava fazendo isso por conta própria.

“Como posso aumentar meu foco?”

Seus pensamentos deixaram Airen confuso por um curto período antes de ele adormecer. Assim como os outros aprendizes, a academia aplicava magia de recuperação nele todos os dias. Mas seu cronograma era tão intenso que era impossível ficar pensando por muito tempo sem cair no sono.

E logo, o garoto percebeu que o sonho que tinha todos os dias havia mudado.

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