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Reformation of the Deadbeat Noble – Capítulo 50

Despertar (1)

O sol surgia no horizonte, mas ainda era cedo e a maioria das pessoas continuava no mundo dos sonhos. Mas o Nobre Preguiçoso, como sempre, estava acordado. Como de costume, levantou cedo e rapidamente terminou de se lavar e de tomar o café da manhã para ir ao salão de treino.

Até aquele ponto, tudo estava como sempre, mas agora as coisas seriam diferentes.

“Feitiçaria.”

Hoje, Airen Farreira se dedicaria a aprender o poder mais imprevisível, delicado e misterioso do mundo.

— Obrigado, Pai. Estou indo.

— Sim. Deixarei o lugar vazio.

Feitiçaria era uma prática misteriosa, então não poderia ser ensinada em público. Airen pediu ao pai que restringisse a entrada de pessoas no salão de treino, e Harun concordou. Ele achou que treinar em um ambiente fechado e isolado. Harun observou seu filho sair da sala. Marcus perguntou cuidadosamente:

— Ele ficará bem, meu senhor?

Suas palavras deixavam de lado muitos detalhes, mas o barão sabia o que ele queria dizer. O servo estava se referindo aos rumores sobre Lulu. O Barão Harun Farreira perguntou de volta.

— Você o viu?

— Meu senhor?

— Alguma vez viu meu filho desejar algo com tanta vontade… tão intensamente?

— Não… meu senhor.

Marcus não perguntou mais nada e observou o local onde o garoto havia partido, ao lado de seu mestre. Uma nova mudança estava chegando a Propriedade Farreira.


Era o fim de abril, e o cheiro da primavera podia ser sentido no ar. A manhã estava bem fria, mas Airen Farreira não sentia frio. Ele andava mais rápido do que o normal, com uma pressa evidente enquanto entrava no salão de treino e pegava a espada no suporte de armas.

Sim. Ele estava mesmo com pressa. Desejava conseguir algo o mais rápido possível, uma ânsia de tomar aquilo em suas mãos. O garoto assentiu.

*Então era isso o que ele queria dizer sobre minha mente se mover primeiro.*

Ele entendeu o que Lulu havia dito antes e olhou para o céu.

— Você chegou — disse Lulu, aparecendo do nada. — Agora sim sua mente parece preparada! Consigo sentir o fogo em você, diferente de antes. Espero que esse fogo dure o máximo possível. Ah, mas não se preocupe tanto. Vou ajudar ao máximo que puder.

— Onde você conseguiu esses óculos?

Airen perguntou, observando a gata feiticeira sentado no chão. Como ele disse, Lulu estava usando óculos. Também usava uma gravata borboleta vermelha e segurava um pequeno livro na cintura.

— Uma vestimenta é muito importante — disse Lulu.

— É mesmo?

— Pequenas coisas como essas te preparam. Pense nisso como meu esforço.

— É?

— É sim. Então me agradeça. Vamos lá.

— Er… Obrigado?

— Haha! Ótimo!

Lulu se animou e deu várias cambalhotas no ar. Depois de girar sete vezes, guardou o pequeno livro em seu bolso subespacial, dizendo que era desconfortável. Livre do incômodo, a gata preta falou:

— Enfim, como eu disse, a mente é essencial na feitiçaria.

— Sim.

— Você precisa priorizar o fortalecimento da sua mente. No seu caso, é o desejo de proteger sua família. E esse desejo te faz querer se aprimorar ainda mais na esgrima.

— Sim.

— Se é assim, o que você precisa para fortalecer esse desejo?

Airen olhou para Lulu. Claro, ele estava ali para ser ensinado e não sabia nada sobre feitiçaria. Felizmente, a feiticeira não o forçou a responder. Como a maioria dos professores faria, a gata começou a explicar.

O garoto ficou aliviado. Ele pensou que o método de ensino da gata seria único e errático, como sua personalidade, mas Lulu era muito séria quando se tratava de ensinar.

— Está prestando atenção? — Lulu estalou.

— Ah, desculpe. Pode explicar de novo?

— Preste atenção! Vou te acertar com isso se não ouvir sua professora!

A gata brandiu um bastão de madeira que puxou de seu subespaço, e o humano recuou com isso. Depois dessa cena fascinante, Lulu continuou a explicação.

— Um exemplo comum seria uma superstição.

— Uma superstição?

— Sim. É uma crença sem qualquer razão lógica ou prova. Mas ainda assim é uma crença. Isso é o mais importante no mundo da feitiçaria. O que importa é o quão seriamente você pode acreditar nisso. Não interessa se não faz sentido.

Havia superstições comuns, como empilhar pedras para realizar um desejo, ou superstições pessoais, como amarrar o sapato esquerdo para garantir que o dia fosse bom. Não importava o quão difundida ou insignificante fosse a superstição, mesmo que fosse infundada, as pessoas passavam a acreditar com o tempo. Lulu estava tentando falar sobre isso.

— Uma pessoa que seguiu uma superstição por anos preferiria acreditar que ela é verdadeira do que pensar que perdeu tempo com isso. Sua crença se tornaria mais forte ao longo dos anos.

— Umm…

Fazia sentido em alguns casos. Algumas pessoas até consideravam essas superstições como a verdade do mundo. Lulu também explicou outras maneiras de fortalecer a mente.

— Houve um rei antigo que dormia sobre espinhos até vingar sua derrota contra o rei inimigo.

Outro método era usar a dor e o sofrimento para manter a chama acesa.

— E as pessoas veneravam uma enorme pedra ou o sol como seu deus em tempos antigos e ofereciam um sacrifício por seu desejo. Isso também funciona. A religião é uma crença poderosa.

E havia o método de usar a religião, a mais forte de todas as crenças.

— Sacrificar-se também é muito eficaz.

O ‘sacrifício’ de algo precioso em troca de outra coisa também era eficaz. Mas a gata preta parecia cauteloso ao entrar nesse tema.

— Mas deve evitar o sacrifício, se possível. É mais provável chamar a atenção de um demônio… do que encontrar o poder da feitiçaria.

Airen assentiu. Havia histórias de incidentes onde pessoas se corromperam e firmaram contratos com seres do abismo em troca de almas ou vidas. Ele não tinha intenção de tentar isso.

Demônios queriam o que os humanos consideravam mais precioso. Isso significava que, se Airen tentasse, ele teria que dar sua família em troca de poder, o que ele não queria.

Então, o que ele precisava fazer? Lulu segurou o bastão como uma espada e o brandiu.

— Vamos treinar esgrima.


Swoosh! Swoosh!

Airen Farreira balançava uma espada pesada que um garoto comum não conseguiria levantar. Isso não era nada especial, já que era comum ver o jovem mestre treinando no salão de treino da família.

Mas os servos, incluindo o zelador do salão, tinham que se perguntar, já que fazia apenas duas horas que o jovem mestre havia deixado o castelo para aprender feitiçaria.

“Algo mudou?”

“Não. É apenas o treinamento comum de esgrima.”

“O que isso tem a ver com feitiçaria?”

Eles não conseguiam entender. Airen teve o mesmo pensamento na primeira vez em que Lulu lhe disse para fazer isso.

— Quer que eu treine minha esgrima como sempre fiz?

— Não é o mesmo. Vamos chamá-lo de uma promessa… Não, vamos usar um termo mais sério. Um contrato serve.

— Um contrato?

— Sim.

Balance mil vezes por dia com todo o coração, focando nos pensamentos de encontrar sua esgrima e avançando a cada golpe para ir acumulando.

— É como a superstição que te falei. Treinar esgrima todos os dias não te levará aonde quer em termos de força. Mas se repetir a mesma ação com todo o coração, desejo, crença e mente, então ficará mais forte quanto mais tempo dedicar a esse contrato. O que importa aqui é colocar todo o seu coração nisso. Apenas balançar sem pensar não serve. Entendeu?

— Ufa, isso é difícil.

Airen murmurou enquanto limpava o suor da testa. O treino em si não era tão difícil. Mil vezes? Honestamente, ele poderia fazer isso dez mil vezes, se quisesse. Ele balançou muito mais que isso, até nos dias mais preguiçosos na Academia de Esgrima Krono. Mas colocar ‘todo o seu coração’ nisso era algo muito difícil para ele.

“Tenho que balançar minha espada colocando meu coração para fortalecê-lo… Como faço isso?”

Swoosh!

“Tenho que balançar com toda a minha força?”

Swoosh!

“Ou colocar meu amor pela minha família? E pensar no meu passado tolo?”

Swoosh!

“Ou devo desejar aprender uma esgrima incrível para que ninguém olhe para minha família com desprezo?”

Essa era uma questão que ele teria que responder sozinho. Era um grande desafio, o primeiro em sua vida. Até agora, ele agia e pensava conforme ordens, e não por vontade própria. Por isso o garoto não conseguia encontrar o rumo que devia seguir.

Ele arfava a cada vez que balançava a espada. Já havia passado de mil golpes, mas ele mal conseguia colocar seu coração em cada dez balanços. O Nobre Preguiçoso ficou encharcado de suor.

A gata preta o observava com um sorriso orgulhoso.

“Já é bom o bastante que ele tenha começado a pensar.”

Airen nunca havia colocado ‘esforço’ em pensar por conta própria até agora. Em sua mente, ele ainda era o ‘Nobre Preguiçoso’. Mas não mais.

“Ele deve ser capaz de despertar a feitiçaria se se esforçar o suficiente”, pensou Lulu enquanto se agachava no galho de uma árvore no salão de treino.

Despertar a feitiçaria e fazer esforço não costumavam andar juntos. A maioria das pessoas, até mesmo os feiticeiros, considerava o poder como um dom dos céus. E, nesse ponto, não estavam errados.

“Mas para Airen, esse tipo de despertar parecia se encaixar.”

Despertar a feitiçaria acumulando esforço de uma maneira simples, que todos conheciam, mas poucos conseguiam seguir, era nada menos que um milagre. Porém, Lulu acreditava que era possível e observava o garoto balançar sua espada.

Dez dias depois, Lulu apareceu diante de Airen e perguntou.

— Airen.

Huff huff.

— Sim?

— Sabe o que esmaga a mente sólida como uma rocha e esfria um coração ardente?

— A dúvida. Duvidar de si mesmo — Lulu respondeu de imediato, sem hesitar.

Airen assentiu. Ele estava certo. Um pouco de dúvida bastava para criar uma rachadura na mente mais forte. Ninguém poderia negar isso. Mas saber disso não resolvia o problema. O mais importante era como resolver essa ‘dúvida’. Era isso que a maioria das pessoas queria descobrir enquanto buscava seu objetivo.

E, para isso também, a gata preta respondeu sem demora.

— Não existe resposta para isso.

— O quê…?

— Ah, desculpe! Eu queria dizer que você não consegue fazer isso sozinho. Mas…

Lulu hesitou por um momento e então acrescentou, balançando sua cauda.

— Você pode superar isso com os outros.

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