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Reformation of the Deadbeat Noble – Capítulo 54

Empunhar a Espada (3)

Após uma profunda tempestade de realizações, Airen Farreira, com cuidado, observou seu corpo. Movia os braços e as pernas, saltava para cima e para baixo, e balançava sua espada. Também focou em seus olhos e ouvidos para perceber como seus sentidos haviam melhorado. Ele entendeu que seu corpo havia crescido tanto que era incomparável ao de antes.

“Isso me lembra quando estava na Academia de Esgrima Krono.”

Ele teve uma experiência parecida naquela época. Aquela experiência miraculosa, pouco antes do exame intermediário, o havia permitido subir do fundo para o topo da turma.

“Quão forte eu realmente me tornei?”

Airen cravou a espada no chão e cruzou os braços. Havia atingido o nível de Mestre? Não, de jeito nenhum. Mesmo tendo alcançado um grande crescimento, não havia como ter chegado ao nível dos cem melhores de todo o continente. Pensar que havia se tornado tão forte seria arrogância e excesso de confiança.

Mas ele se sentia forte o bastante para estar confiante e não se acovardar diante de ninguém. Queria mostrar isso a todos e se orgulhar de sua força. Era estranho pensar dessa forma, mas e daí? Era a verdade.

— Oh.

Então, lembrou-se de um jeito de fazer exatamente isso e bateu palmas. Em seguida, olhou para o ar. Sua forte vontade recriou parte do mundo da feitiçaria, fazendo uma mudança.

Illia Lindsay, Judith e Brett Lloyd apareceram como se tivessem sido desenhados em uma tela. Airen olhou para eles e então disse:

— Vamos lutar.

— Comigo? Ou com ele? Ou… — começou Judith.

— Não, não separadamente. Vou enfrentar todos vocês juntos — disse Airen.

— Hah!

Judith ficou boquiaberta e se virou para Illia.

— Você ouviu isso?

— Sim. Ele mudou — disse Illia.

— Sim. Ele costumava ser muito educado. Agora virou um babaca — disse Judith.

— Quem está chamando quem de babaca? — rebateu Brett.

— Cala a boca!

Judith franziu a testa para Brett e então se voltou para Airen. Mas ela não parecia ofendida. Na verdade, parecia acolher a mudança. Riu e empunhou sua espada, e os outros dois também se prepararam.

— Mas eu não gosto de você sendo um babaca — disse Judith.

— Obrigado por dizer isso — disse Airen.

— Cala a boca e se prepare. Já cansei de esperar — ela respondeu.

— Sim. Também estou ansioso para descobrir — disse Airen.

Ele já havia testado os movimentos com seu corpo, mas isso não era suficiente. Precisava de um oponente. Inspirou, segurou a espada e pensou.

“Isso não vai ser fácil.”

Os jovens à sua frente não estavam no mesmo nível de quando estavam na Academia de Esgrima Krono. Eles emanavam uma aura poderosa. Claro, isso era por causa de Airen. Seu desejo de enfrentar um oponente mais forte havia fortalecido os três. Mas…

“Acho que não vou perder.”

O olhar de Airen mudou. O ar ao redor dele ficou tão firme que nem uma agulha passaria. Era como se um gigante de ferro estivesse ali. Judith o observava com um olhar animado, enquanto Brett se preparava cuidadosamente. Illia também encarava seu oponente com determinação.

Então, avançando em direção a eles…

Swoosh!

Airen se moveu primeiro.

As espadas colidiram. Judith mal segurou o ataque com sua lâmina, enquanto os outros dois atacavam pelos lados. Um golpe lateral em perfeita combinação se aproximava ferozmente. Era tão intenso que não parecia uma simples luta de treino. Mas os três jovens sorriam, e Airen também.

Seu rosto era frio, mas havia excitação em seu coração. Havia esquecido há muito tempo, mas era isso que sentia no exame intermediário. Eram pensamentos mais positivos do que raiva, arrependimento ou auto aversão.

Airen sentiu levemente esse calor e balançou a espada instintivamente.

Então, após um tempo, o combate terminou.

— Ufa… isso é cansativo.

Depois de mal superar três oponentes poderosos, Airen rastejou até sua cama e caiu no sono.

Enquanto isso, uma porta de aço gigantesca, nunca antes vista, começou a aparecer no centro do mundo de feitiçaria.


— Essa é a saída?

Quando Airen saiu de casa após dormir, encontrou a porta de aço completamente revelada no meio do pátio.

Ele assentiu. Sabia que era hora de sair. Não podia dizer que estava perfeito, mas sentia-se confiante de que agora havia encontrado sua esgrima.

— Agora, como eu abro essa porta…?

A porta estava bem fechada, sem maçaneta, fechadura ou sequer uma abertura. Mas havia uma espada gigantesca e rústica cravada na frente. Não era a espada de treino que ele estava usando, mas parecia familiar. O jovem percebeu o que era e murmurou.

— A espada do homem no sonho…

Era irônico. Airen entrou nesse mundo estranho para encontrar sua própria esgrima, para que pudesse parar de seguir o caminho de outra pessoa. Com esse desejo, ele parou de sonhar com o homem antes de entrar nesse mundo.

Mas agora, a espada do homem estava diante dele. E não só isso, estava bloqueando seu caminho, como se fosse a ‘chave’ para o mundo exterior. Ironicamente, de fato.

“…ou pelo menos era o que eu teria pensado. Mas não mais.”

Airen assentiu. Certamente teria pensado assim antes. Mas agora sabia que não havia necessidade de evitar isso. Caminhou em direção à espada, segurou o punho e a puxou.

Swoosh!

— Ela se encaixa perfeitamente na minha mão. Será que é porque cresci?

Airen experimentou usar a espada com os movimentos que aprendeu na academia, e então lembrou-se do que Ian lhe dissera uma vez.

— Encontre sua fé, sua vontade e seu caminho. Depois, encontre sua esgrima.

Airen havia entendido essas palavras de forma equivocada. Pensou que não poderia permitir que influências externas se misturassem à sua esgrima e acreditava que precisava criar um estilo próprio do zero. Mas isso não era verdade.

Ele superou sua tristeza com o amor de sua família e superou suas dúvidas com a fé de seus amigos nele. Da mesma forma, ele precisava aceitar a espada do homem.

“Se eu não me deixar influenciar e continuar por minha própria vontade…”

Se Airen fosse quem empunhasse e usasse a espada do homem, então essa seria a sua espada. Ele murmurou para si mesmo, depois ergueu a espada no ar. Era a mesma postura que assumiu no exame final da academia. Mas, se antes ele estava apenas imitando a esgrima do homem, agora ele usava a esgrima do homem por sua própria vontade.

Assim, essa era agora a esgrima de Airen Farreira. Ele balançou a espada para baixo e golpeou a porta com uma força tremenda, produzindo um som explosivo, como se um trovão tivesse caído. A porta de ferro se abriu, esmagada. E então uma brisa diferente começou a soprar.

Era o ar do lado de fora. Não, não era o exterior. Era o ar do lugar onde ele costumava viver. Depois de tanto tempo sem senti-lo, o jovem caminhou em direção à saída. Era hora de mostrar ao mundo a conquista extraordinária que alcançara em meio a tanto sofrimento.

— Espere.

Antes de cruzar a porta, ele parou. Então, virou-se e voltou para o pátio. Depois de alguma hesitação e um momento de silêncio, murmurou para si mesmo.

— Illia, Judith, Brett.

Na verdade, ele não estava murmurando para si. Os três jovens apareceram novamente, e Judith parecia mais desconfortável enquanto falava.

— O quê? O que você quer agora?

— Simplesmente acho que não posso ir embora ainda — disse Airen.

— O quê? Como assim? Você perdeu a cabeça? — disse Judith.

— Sente saudade de nós? Sinto muito, mas eu não sou o verdadeiro Brett Lloyd. Sou apenas uma cópia de sua… — disse Brett.

— Não, não é isso.

Airen interrompeu Brett. Todos esperaram curiosos, e então ele falou com eles, com um sorriso meio desajeitado.

— Quero aprender a esgrima de vocês antes de partir.

Airen disse que queria aprender a esgrima deles, mas isso não significava que estava desistindo de sua própria esgrima. Era o oposto. Ele queria tomar emprestadas as habilidades deles para tornar sua esgrima e sua vontade muito mais fortes, da mesma forma que fizera ao aceitar a esgrima do homem.

— Hah!

Judith riu, e os outros também. Judith balançou a cabeça e se virou para Brett.

— Viu? Ele virou um babaca agora — disse Judith.

— É, eu percebi — respondeu Brett.

— Concordo — até mesmo Illia concordou.

Mas todos o ajudaram de coração. Afinal, aquele lugar existia para o crescimento de Airen. E depois de dez dias, a esgrima de Airen havia se tornado muito mais forte.

Ele agora manejava a esgrima poderosa e opressora de Judith, a esgrima profunda e acolhedora de Brett, e a bela espada borboleta com asas de ferro que ocultavam uma tempestade ameaçadora, a Espada do Céu de Illia.

Após adquirir todas essas habilidades, o jovem sorriu, satisfeito, e se dirigiu aos três amigos.

— Estou indo agora.

E ele atravessou a porta enquanto Illia Lindsay, Judith e Brett Lloyd também desapareciam junto com o mundo de feitiçaria. O jovem não olhou para trás. Ele os encontraria em breve, afinal. Mas, por ora, tinha que ver outras pessoas.

“Pai, mãe e Kiril.”

Lembrou-se do motivo pelo qual treinou sua esgrima e atravessou o túnel escuro. Ele havia crescido muito.

Airen deu cerca de cem passos até passar por um portal arredondado e brilhante, e finalmente estava de volta ao seu lar.

E ele havia se tornado um homem.


— Tudo continua igual.

O jovem pensou ao ver que seu quarto não havia mudado nada. O chão continuava limpo, e havia sinais de que o ambiente era mantido. Era como se ainda houvesse pessoas vivendo ali. Airen ficou com os olhos marejados.

“Eles cuidaram do quarto todo esse tempo.”

Não sabia ao certo quanto tempo havia passado, pois parara de contar após cem dias, mas tinha certeza de que pelo menos dois anos se passaram. Pensar em sua família cuidando dele por tanto tempo lhe trazia felicidade, mas também uma pontada de culpa.

“Preciso vê-los imediatamente!”

Estava prestes a sair pela porta quando ouviu um leve som de movimentação sob a cama. Agachou-se rapidamente, ouvindo com sua audição aguçada.

— Lulu?

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