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Reformation of the Deadbeat Noble – Capítulo 55

Reunidos Após Cinco Anos (1)

Airen Farreira sentiu falta de sua família mais do que qualquer coisa enquanto treinava no mundo criado pela feitiçaria, e era evidente que ele havia começado a aprender esgrima e despertado sua feitiçaria por causa deles. Mas isso não significava que pensava menos nos três amigos da Academia de Esgrima Krono.

Eles foram os únicos, além de sua família, que depositaram confiança nele. E, mesmo sendo apenas criações de sua mente, o ajudaram a treinar.

E havia mais uma pessoa… não, um ser de quem Airen gostava. Era a Feiticeira Lulu. Sua professora acreditou nele enquanto o ensinava a não duvidar de si mesmo e a confiar naqueles que depositavam confiança nele.

Airen examinou rapidamente debaixo de sua cama, ansioso por se reencontrar com sua mestre. Estava escuro lá embaixo, mas isso não importava mais. Sua força aumentada permitia que enxergasse bem através da escuridão. Mas…

Meow!

O gato embaixo da cama era branco, não preto. Airen ficou desapontado.

— Hah…

Pegou o gato branco que saía debaixo da cama. Seu corpo se alongou enquanto Airen o levantava, com uma pelagem bem cuidada e uma expressão difícil de ler. Tudo no gato lembrava Lulu, exceto pela cor. Mas isso não significava que fosse ele.

“O que aconteceu com Lulu depois que entrei no mundo da feitiçaria?” pensou Airen enquanto segurava o gato nos braços.

Lulu provavelmente não imaginava que isso aconteceria. Ela confiava em Airen, mas também advertiu que a feitiçaria levaria muito tempo para ser despertada e exigiria paciência. Deve ter ficado chocada com o que aconteceu.

“E… tenho certeza de que não terminou apenas com uma surpresa.”

As coisas devem ter ficado difíceis para ela. Sua família não gostava muito de Lulu por causa dos rumores em torno dela, e Airen ter sido levado para o mundo da feitiçaria por tanto tempo, tempo precioso para Airen, provavelmente não ajudou. Sua família pode ter pensado que o havia perdido e talvez culpado Lulu por isso.

“Espero que ele esteja bem.”

Será que Lulu sabia que Airen havia saído? Onde ela estaria? O que aconteceu entre ela e a família Farreira? E se houve algum problema? Talvez o fato de Airen estar seguro amenizasse os sentimentos de sua família, mesmo que tivessem desenvolvido algum ressentimento pela gata.

“Sim, vou ver minha família primeiro.”

Meow!

O gato miou como se concordasse com os pensamentos de Airen. Esse gesto o deixou ainda mais adorável. Airen acariciou sua cabeça quando ouviu alguém se aproximando do lado de fora, e a porta se abriu.

— Maldito gato! Como você conseguiu entrar com todas as portas trancadas… Hã?

Marcus entrou com um olhar irritado, mas ficou em silêncio ao ver Airen. Ele estava ali apenas para pegar o gato, então nem sonhava que alguém além do gato estaria no quarto do jovem mestre, que estava vazio havia anos. Por isso, ficou sem palavras.

Airen também ficou sem saber o que dizer. Marcus o ajudara mais do que qualquer outra pessoa na propriedade, fora sua família. Ele ficou muito feliz em ver o servo novamente, mas não pôde cumprimentar sua família de imediato por causa da mudança no semblante do homem.

“Ele… ficou com mais rugas.”

Airen sentiu-se um pouco confuso e incerto, mas acalmou-se respirando fundo antes de perguntar:

— Marcus.

— Hã? S-sim?

— Quanto tempo se passou desde que eu parti?

— Uh… Cinco anos?

“Cinco anos!” Airen Farreira ficou aflito ao saber que mais tempo havia passado do que ele imaginava.


— Oh, estou tão feliz! Que bom tê-lo de volta! É tão bom!

Airen teve que acalmar o servo, que quase explodia em lágrimas de tanta emoção, antes de seguir para o quarto de seus pais. Marcus deveria guiá-lo até lá, mas o servo não estava em condições de fazê-lo, então Airen o deixou para trás.

Sentiu olhares das pessoas enquanto caminhava sozinho. Alguns pareciam assustados, como se tivessem visto um fantasma, enquanto outros se mostravam confusos, perguntando-se se haviam visto algo errado. E havia aqueles curiosos, que nunca o tinham visto antes.

“Há muitos trabalhadores novos aqui. E os que conheço envelheceram. Então… realmente se passaram cinco anos.”

Airen pensou que estava preparado para isso, já que sentia que o tempo havia sido longo, mesmo sem contá-lo. Mas cinco anos era tempo demais. Pensar em sua irmã, que tinha doze anos e agora estaria com dezessete, o fez sentir-se mais sério sobre a situação.

“E… eu não cumpri minhas promessas.”

Ele prometeu a Ian que retornaria à academia em um ano e a Illia que a visitaria antes disso. Ele também perdeu a Expedição de Caça aos Monstros. Pensar em todas essas coisas que deixou para trás o deixava deprimido. Mas todos esses pensamentos foram esquecidos assim que ele viu os rostos de seus pais.

— Meu filho! — Harun Farreira gritou.

— AIREN! — Amelia também gritou.

Seu pai e sua mãe saltaram de seus assentos enquanto Airen corria para abraçá-los, e todos choravam. Sua família geralmente não era de chorar muito, mas hoje era diferente. E por um tempo, eles se entregaram à alegria do reencontro.

— Nós… conseguimos.

Harun Farreira começou a falar depois que se acalmaram. Estava curioso pela história de seu filho, mas queria primeiro aliviar as preocupações dele.

— A expedição correu bem, como todos os anos, e não tivemos problemas desde então. Nossa propriedade também melhorou muito. A Guilda de Vidraçaria ficou famosa e atraiu mais comerciantes, e nossos novos cavaleiros e soldados são muito competentes. E…

O que Harun dizia era verdade. A Propriedade Farreira tinha um futuro brilhante, mas seu crescimento havia se tornado rápido. Agora, superava o de muitas propriedades de viscondes.

— Todas as outras famílias, incluindo a Gairon, estão mais cautelosas conosco — disse Harun.

— Isso é… bom de ouvir.

Airen assentiu com um olhar animado. Não acreditava em tudo o que seu pai dizia, pois sabia que Gairon não os deixaria em paz só porque sua família havia ficado mais rica. A longa hostilidade entre eles não tinha motivo algum para ser esquecida.

“Provavelmente me usaram contra minha família.”

Era provável. Quanto mais brilhante a luz, mais escura a sombra se tornava. E mesmo que a Propriedade Farreira tivesse crescido, provavelmente ainda não era poderoso o suficiente para superar a influência de três famílias, incluindo os Gairon.

Seu pai talvez tenha exagerado um pouco para aliviar suas preocupações. Airen estava pensando nisso quando sua mãe falou desta vez.

— Sua irmã está no Principado de Cezar.

— Sério? — Airen ficou surpreso.

— Sim. Ela se tornou aprendiz de uma feiticeira impressionante. Já ouviu falar de uma feiticeira chamada Skeena Kitten?

Ele conhecia o nome. Skeena Kitten era uma poderosa feiticeira, considerada uma das cinco mais fortes no Principado de Cezar, o país conhecido pela feitiçaria. Mas Airen sabia disso apenas porque Kiril lhe falara dela uma vez.

Eu não gosto dela, mas ela continua me atormentando.

Skeena tentou arduamente recrutar Kiril mais do que Lulu, mas sua irmã recusava a cada vez. Airen nunca entendeu o motivo, pois não conseguia compreender o gosto de sua irmã.

Por isso, ficou curioso. Se era assim, por que Kiril se tornou aprendiz de alguém que ela considerava tão irritante? Então, sua curiosidade se desfez, pois ele havia adivinhado o motivo de sua escolha.

“Foi por mim.”

Era muito provável que ela pensasse que, tornando-se aprendiz de uma feiticeira poderosa, conseguiria força suficiente para tirar Airen daquele mundo onde ele estava preso há anos. Era muito provável. E o fato de ela não ter considerado Lulu como opção… significava que o relacionamento deles não terminou bem.

“Eu falhei com eles de novo.”

Airen abaixou a cabeça. A autocrítica e a tristeza o invadiram, mas duraram apenas um breve momento. Airen mudou seus pensamentos e prometeu a si mesmo.

“Está tudo bem.”

Seus pais passaram muitos dias tristes por ele ter sido um filho ausente. Sua irmã estava no Principado de Cezar contra a própria vontade porque ele não foi um bom irmão. Então, o que ele deveria fazer? Continuar se afundando na culpa? Não.

“Eu devo tentar consertar as coisas a partir de agora.”

Não havia uma resposta certa, mas ele estava no caminho correto desta vez. Se sua família havia passado por momentos difíceis por sua causa, ele precisava fazê-los felizes. Se havia desonrado o nome da família, tinha de recuperá-lo.

Ele não precisava se preocupar com sua promessa ao diretor ou a Illia. Poderia ir até eles agora e explicar o que aconteceu. Planejava visitá-los assim que resolvesse tudo ali. Agora, um jovem homem, começava a pensar da maneira correta. Estava diferente de seus dias como o Nobre Preguiçoso.

— Pai, Mãe.

Airen ergueu o olhar com determinação. Harun e Amelia Farreira ficaram surpresos. Ele havia crescido muito em cinco anos, mas, mais importante, sua atitude, expressão e aura ao seu redor haviam mudado. Eles finalmente perceberam que, embora não soubessem o que acontecera, os últimos cinco anos mudaram profundamente seu filho.

— Sei que devem ter se preocupado. Vocês disseram que estava tudo bem, que não havia motivo para preocupação… mas eu sei que devem ter ficado muito angustiados por terem um filho preso em um lugar estranho por cinco anos. Mas não precisam se preocupar mais. A partir de agora, serei o orgulhoso primogênito dos Farreira.

Uma lágrima escorreu dos olhos de Amelia, e o mesmo aconteceu com Harun. O pai tentava segurar as lágrimas, mas seu rosto estava contorcido e seus olhos, vermelhos.

Não era por ouvirem um excelente discurso, mas porque estavam felizes em ver a ‘confiança’ de seu filho, algo que nunca haviam presenciado antes. Isso os emocionou enquanto o jovem continuava.

— Ah… e eu não sei se Lulu, a gata feiticeira, contou, mas eu não fiquei apenas preso lá por cinco anos. Eu quis treinar mais do que qualquer pessoa, e esse desejo se tornou realidade de uma forma especial… Na verdade, foi uma boa experiência. Tive sorte de estar lá.

— Treinar… você quer dizer treinamento de esgrima? — perguntou Harun.

— Sim, e fiz mais do que me esforçar. Conquistei o bastante.

Essas palavras surpreenderam Harun. Era uma afirmação e tanto vinda de seu filho, que sempre carecera de confiança. Isso o deixou curioso. Não entendia muito sobre esgrima, mas queria confirmar se seu filho realmente havia conquistado algo. E, se fosse verdade, queria contar ao mundo. Queria se orgulhar, especialmente diante do Barão Lester, de Russell e do Visconde Gairon. Não era de se gabar, mas eles o humilharam por tempo demais.

“Não, o que estou pensando?”

O Barão Farreira fechou brevemente os olhos e os abriu novamente. Estava orgulhoso do crescimento de seu filho. A confiança era incrível, e ele provavelmente estava falando a verdade sobre sua esgrima. Se fosse o caso, o que deveria fazer? Só precisava elogiar o filho com palavras gentis, dizendo que ele fez um excelente trabalho e que estava orgulhoso. Esse era o primeiro passo.

“Eu me tornei tão tolo”, Harun pensou.

Não importava o quanto Airen tivesse crescido. Só o fato de ele ter adquirido confiança e se dedicado tanto já era valioso. Parecia que estava excitado demais com a confiança do filho, então se preparou para elogiá-lo quando Airen continuou, hesitante.

— Então, para compensar a Expedição de Caça aos Monstros que perdi… E como estamos em abril, quero me juntar à expedição no próximo mês. E lá… eu me apresentarei e cumprirei meu dever como primogênito dos Farreira.

Ao ouvir isso, Harun ficou mais do que animado. Não sabia como conter sua empolgação. Mas não houve necessidade, pois a porta se abriu bruscamente, e uma voz afiada foi ouvida antes que ele pudesse falar em lágrimas e com um sorriso.

— Você quer participar da expedição? Quem disse que pode?

Uma ‘garotinha’ que havia mudado tanto que já não podia ser chamada assim entrou no cômodo. A prodígio da feitiçaria, famosa em todo o continente, havia chegado. Era Kiril Farreira.

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