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Reformation of the Deadbeat Noble – Capítulo 6

Espectadores (3)

Era cedo pela manhã. Os soldados da Mansão Farreira estavam reunidos no salão de treinamento, com aparência cansada. Eles desejavam poder dormir mais em suas camas confortáveis, mas hoje era o treino formal semanal. Os soldados bocejavam enquanto se alinhavam.

— Comecem a se mexer! Parem de enrolar! — gritou um cavaleiro. — Seus preguiçosos! Nesse ritmo, até um goblin vai derrotar vocês!

O cavaleiro estava tão irritado por ter que comparecer ao treino quanto eles. Ele agora tinha quarenta anos, com sua paixão, vigor e uma cabeleira cheia. Estava ali apenas por obrigação.

— Ugh, essa ressaca está me matando— pensou o cavaleiro.

Ele não gostava deste trabalho. Apenas o irritava. Ele procurava uma forma de liberar sua frustração e encontrou um velho observando à distância.

— Você aí! — gritou o cavaleiro.

— Está falando comigo? — perguntou o velho.

— Sim! Você! O que pensa que está fazendo? Não tem permissão para assistir ao nosso treino!

— Mas não tem nada de especial nisso. Não é só um treino físico comum?

— Mesmo assim…

— Além disso, o próprio barão disse que está tudo bem. Vou ficar quieto e só observar, então não se preocupe.

— Argh… VOCÊ! Atrás! Se mexa! — gritou o cavaleiro, descontando sua raiva em um soldado, pois não encontrou outra desculpa para implicar com o velho. O soldado estremeceu com o grito e começou a treinar mais duro.

O velho sentado no canto do salão era Bran Sommerville, o cavaleiro errante.

— Que soldados patéticos. Nenhum deles tem disposição para treinar por conta própria— ele pensou, estalando a língua.

Bran Sommerville havia enfrentado demônios aterrorizantes quase quarenta anos atrás, mas agora tinha mais de setenta anos e havia sido esquecido. Com tanta experiência acumulada, não suportava ver soldados tão fora de forma.

No entanto, a Mansão Farreira não era o único lugar com soldados assim. A maioria dos locais por onde ele havia passado tinha o mesmo problema.

Hunf, “A paz cobrou seu preço. As crianças hoje em dia…”, pensava Bran Sommerville, balançando a cabeça.

Contudo, o problema não era realmente a paz. A paz trazia sorrisos aos rostos e permitia que um velho como ele fosse respeitado como herói de guerra. A paz o mantinha sob o teto da mansão Farreira.

Mas Bran não podia simplesmente relaxar e desfrutar disso. A paz precisava durar o máximo possível.

“Mas as crianças hoje não vão ouvir as lições de um velho.”

O velho cavaleiro errante sorriu amargamente. Em seguida, virou a cabeça em direção à entrada do salão de treinamento. Um garoto loiro e de aparência brilhante estava entrando. Bran franziu a testa ao notar a pele branca do menino.

“Então, este é o infame Nobre Preguiçoso”, pensou ele. Embora estivesse ali há apenas um dia, já havia aprendido muito sobre Airen e os rumores que o cercavam. Levando uma vida nômade, Bran era um homem sagaz. Ele até sabia que o menino havia começado a praticar esgrima recentemente, após ser insultado pelo filho de um nobre vizinho.

Bran Sommerville achou aquilo ridículo e começou a rir.

— Haha… Hahaha!

— O que aquele velhote está aprontando agora? — disse o cavaleiro enquanto treinava seus soldados.

O velho não deu atenção. Ele apenas observava o Nobre Preguiçoso contornando o canto com uma espada de madeira. Mas não estava impressionado.

“Esse garoto subestima a esgrima.”

Não havia motivo para levar tão a sério o aprendizado da esgrima. Com essa mentalidade, apenas um membro de uma prestigiosa família de cavaleiros poderia aprender.

Mas isso não significava que a esgrima era fácil. O velho pensava que o menino estava se metendo em encrenca por começar a treinar apenas porque havia sido insultado.

“Ouvi dizer que ele está treinando há mais de duas semanas. Está tentando de verdade, dou isso a ele. Mas está na hora de desistir. Hoje provavelmente será o último dia dele.” Pensou Bran.

Era assim que as coisas funcionavam quando se começava algo sem paixão verdadeira. O fogo que faz tudo possível arde por um tempo, mas acaba se apagando quando o combustível termina. E, quando isso acontece, a chama não se acende novamente.

Bran havia visto muitos jovens, até mesmo gênios, desistirem no meio do caminho. Foi assim que ele soube que o garoto não tinha chance. Não era porque ele havia começado tarde. A verdadeira razão para o fracasso era a falta de motivação.

Hmph. “Vou observar de qualquer forma.”

Apesar de suas reservas, Bran Sommerville observava cuidadosamente o Nobre Preguiçoso. Ele não tinha nada melhor para fazer. Agora que estava velho e prestes a se aposentar, não podia participar do treino de esgrima do jovem nem dos exercícios físicos dos soldados.

Então, o velho se sentou em uma cadeira, na sombra de uma árvore e observou o garoto loiro.

Ele observou enquanto os soldados terminavam sua sessão matinal e iam embora. Ele observou enquanto o garoto terminava seu almoço e começava a treinar novamente. Ele ficou de olho até o sol se pôr e a maioria das pessoas voltar para dentro do prédio.

Bran Sommerville observou até o garoto terminar seu treino. Depois que o menino deixou o salão de treinamento, o velho finalmente se levantou da cadeira e massageou as costas enquanto se afastava.

— Ele não estava brincando nas últimas duas semanas — ele murmurou.

“Mas ele se esforçou demais. Não vai treinar amanhã. Sua juventude o torna imprudente.”

O velho continuou resmungando sozinho, mas voltou no dia seguinte. O Nobre Preguiçoso também apareceu no mesmo horário do dia anterior. Logo, dez dias se passaram, enquanto um treinava e o outro observava.


Swoosh! Swoosh! Um objeto cortando o ar encheu o silencioso salão de treinamento. Era o Nobre Preguiçoso, Airen Farreira, balançando sua espada de madeira. Mas ninguém parecia surpreso. O choque do primeiro dia já tinha passado há muito, e ninguém mais prestava atenção no treinamento matinal do jovem nobre. Ninguém achava que ele pudesse tirar algum proveito daquele treinamento, de qualquer forma. Foi bom que as pessoas começassem a perceber que ele não era preguiçoso, mas foi só isso. A esgrima não era uma área em que um garoto frágil pudesse facilmente alcançar seus colegas.

Mas havia alguém que pensava diferente. Pelo menos uma pessoa acreditava no potencial de Airen Farreira: Bran Sommerville. Ele não era da propriedade dos Farreira, então observar o garoto por dez dias deu a ele uma impressão diferente.

“Eu estava… completamente enganado sobre ele.” Não se tratava apenas do talento do garoto. Ele estava errado sobre o menino em todos os aspectos. Essa percepção aprofundou as rugas do velho.

“Eu pensei que o fogo em seu coração vinha apenas de seu orgulho ferido e patético…”

Ter esse tipo de fogo era bom. A maioria dos jovens prodígios desenvolvia suas habilidades através desse fogo. Eles usavam sua paixão, talento e desejo como combustível para arderem ainda mais. Esse era o privilégio da juventude, algo que não era permitido ao velho, que tinha pouco tempo de vida restante.

Bran havia pensado que o Nobre Preguiçoso estava usando seu orgulho ferido e inferioridade como combustível. Ele sabia que essas razões não seriam suficientes para manter a chama acesa por muito tempo, então não tinha expectativas em relação ao Nobre Preguiçoso.

Mas Bran estava errado. O Nobre Preguiçoso… não, Airen Farreira, não era um fogo passageiro. Ele era diferente dos outros prodígios, que consumiam sua juventude brilhante rapidamente. A cada dia, ele treinava como um ferreiro que martela aço com devoção religiosa.

“Como isso é possível?”

O velho não conseguia entender Airen. Não havia maneira de entendê-lo. Martelar aço e treinar como se estivesse trabalhando com metal era uma tarefa árdua. Exigia uma dor que nenhum homem comum conseguiria suportar. Era apenas uma repetição do mesmo ciclo todos os dias, sem nenhum combustível, e que fazia com que ele perdesse as alegrias espetaculares proporcionadas pelo fogo.

Bran tinha vivido mais de setenta anos, algo que apenas um punhado de pessoas conseguiu alcançar. O resto envelhecia rapidamente e perecia.

“E aquele garoto… Eu sinto a mesma coisa nele.”

Embora parecesse impossível, estava acontecendo bem diante de seus olhos. O garoto praticava sua esgrima sem ser perturbado por nada. Era como se ele estivesse fazendo aquilo há décadas.

Um arrepio percorreu a espinha de Bran Sommerville. Ele se levantou e começou a pensar. Aquilo era uma força de vontade de aço, algo que até mesmo um herói experiente dificilmente manteria após envelhecer. Mas se um garoto de quinze anos já carregava aquilo e continuava seguindo o caminho da espada… Onde isso o levaria?

“Se for assim, seu talento não importará. Seu início tardio também não será um problema”, ele pensou.

Só faltava ao garoto o professor certo para guiá-lo no caminho adequado. Se ao menos…

Hmph!, o velho ofegou.

O responsável pelo salão de treinamento ficou confuso quando o velho, que havia se mantido discreto nos últimos dez dias, de repente começou a agir de maneira estranha. E isso não era tudo. O cavaleiro errante procurava por algo, então correu até ele e perguntou: — E-ei, Sr. Guardião! Posso fazer uma pergunta?

— Sim, senhor. Pergunte.

— O jovem lorde que está treinando ali… Ele tem algum tutor de esgrima?

— Ah…

O guardião hesitou. Não sabia se era apropriado falar sobre assuntos da propriedade com alguém de fora. Mas sua hesitação não durou.

“Não é nada importante, de qualquer forma”, pensou o guardião.

— Na verdade, o barão disse que logo providenciará um — ele respondeu. — Ouvi dizer que o jovem mestre disse que não precisa de um, porque não está tentando alcançar nada com isso. Mas ele está treinando tão duro que seria uma pena se ninguém o ensinasse. E ele pode se machucar sem um professor adequado.

— Certo. Então você poderia me dizer quem será o tutor?

— Não é segredo, na verdade. Será Sir Orlin Jukran…

— NÃO!! O-o quê?! — Bran Sommerville gritou ao ouvir o nome do tutor. Assustado, o guardião deu um passo para trás.

Mas o velho não se importou. Ele deixou o salão de treinamento rapidamente e foi para seu quarto. Assim que chegou, pegou duas folhas de papel. Uma era para uma carta ao Barão Farreira, na qual ele escreveu que escolher Sir Orlin Jukran era um erro. Também mencionou que deixar aquele tutor patético ensinar o jovem lorde arruinaria seu potencial.

“Orlin Jukran… É ele. O mesmo que gritou com os soldados enquanto estava de ressaca após beber na noite anterior ao treinamento formal.”

Aquilo precisava ser impedido. O precioso garoto precisava ser protegido de ser tutorado por um imbecil como aquele. Bran agora se importava com o futuro de Airen Farreira mais do que qualquer outra pessoa na propriedade. Então ele escreveu a segunda carta com verdadeira preocupação e expectativa.

— Pronto! Terminei! — disse o cavaleiro errante. Ele se levantou com um sorriso e rapidamente correu para pedir uma reunião com o barão.

O Barão Farreira leu as cartas que Bran Sommerville trouxe com um olhar severo. Levou mais tempo para ler a segunda.

“Meu filho… realmente tem esse tipo de potencial?” pensou o barão, fechando os olhos.

A segunda carta era uma recomendação para a Academia de Esgrima Krono, a mais prestigiosa do continente.

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