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Reformation of the Deadbeat Noble – Capítulo 67

Reunião (2)

Airen e Lulu demoraram pouco para se acalmarem. Depois disso, conversaram por um longo tempo para colocarem os assuntos em dia. Airen começou a falar.

“Lembro-me do primeiro dia em que saí do mundo da feitiçaria.”

Naquela época, seu pai contou como a família havia passado durante sua ausência. Mesmo curioso para saber sobre o filho, o pai escolheu falar primeiro sobre si mesmo. Agora, Airen sentia que era hora de retribuir a mesma gentileza.

Reprimindo sua vontade de saber o que Lulu havia feito durante todo aquele tempo, começou a contar sua história. Relatou sobre o misterioso mundo que era igual ao de seus sonhos, mas onde ele podia moldar as coisas à sua maneira. Falou das dificuldades e provações que enfrentou e de como conseguiu superá-las. Contou também o que aprendeu e tudo o que aconteceu depois que saiu daquele mundo.

Lulu ouviu cada palavra atentamente, como se fosse sua própria história, e então comentou.

— Uau, isso foi muito divertido! Feitiçaria é realmente misteriosa! Eu nunca pensei que algo assim fosse possível!

— Sim. Eu também não esperava encontrar meus amigos da academia lá.

— E a parte depois que você saiu também foi divertida. Mas, bem, eu já sabia disso tudo.

— Então… Lulu, quando você começou a me observar? — Airen perguntou, curioso.

Ele imaginava que Lulu o havia seguido secretamente desde que recebeu o bilhete enquanto estava na expedição. Pensava que apenas Lulu poderia ter enviado aquela mensagem de forma tão discreta e que se importava tanto com ele.

“Talvez tenha vindo até mim antes de eu partir para a expedição?”

Não. Lulu flutuou pelo ar, pousou na cama, balançou a cauda e disse:

— Eu estive aqui o tempo todo.

— O tempo todo? — Airen perguntou, surpreso.

— Sim. Desde que você entrou no mundo da feitiçaria, fiquei com você o tempo todo.

— O quê…?

Airen ficou atônito. Lulu rapidamente se enfiou embaixo do cobertor, envergonhada, mas logo espiou para fora e explicou sua história.

— Desde que você foi sugado para o mundo da feitiçaria…

Não havia nada extraordinário nisso. Lulu tentou entrar naquele mundo durante o primeiro ano, e, ao perceber que não era possível, passou a orar todos os dias em frente à esfera de feitiçaria, torcendo para que Airen adquirisse o que buscava e retornasse logo à família. Isso significava que Lulu havia dedicado os últimos cinco anos inteiramente a Airen.

— Na verdade… — Lulu murmurou.

— Na verdade?

— Lembra da gata branca? Aquela era eu. Só mudei minha cor com feitiçaria.

— O quê?! Mas por quê?

— Eu me sentia culpada… E estava preocupada com a superstição sobre gatos pretos. Mas não me importo mais com isso! Não vou ficar triste por causa disso, e não vou pensar nessa superstição idiota! Você não quer me ver assim de novo, certo? Então, não vou pedir desculpas de novo! Entendeu?!

Lulu exclamou enquanto pulava de dentro do cobertor, fazendo Airen rir. Ele estava feliz. Sentia-se tolo por ter ficado deprimido com o dilema de antes. Claro, ele ainda precisava lidar com o problema, mas não estava mais tão triste. Com aquele olhar renovado, pediu conselhos sobre o sonho que havia mudado.

— Ah, então era isso. Você parecia estranho nos últimos dias. Mas isso é muito interessante — comentou Lulu enquanto voava pelo quarto após ouvir sobre o homem no sonho.

Apesar de ser uma feiticeira talentosa, Lulu não tinha muito a dizer. Nada sobre o sonho era certo. O homem era real? Qual era sua relação com Airen? O que ele queria? Nada estava claro. A única coisa que Lulu conseguiu sugerir foi sobre a última parte.

— Acho que o homem… tem um ódio profundo contra demônios. Ou talvez… ele odeie a origem deles, os diabos. Se ele realmente for alguém de 150 anos atrás, claro.

— Hmm…

— Mas isso não importa. Quem se importa com o que ele pensa? O importante é que você está sendo levado pelas emoções desse homem.

Airen assentiu. Na verdade, sentia-se um pouco amargo. Antes, achava que não havia problema em ser controlado pela vontade do homem, já que era inexperiente. Naquela época, passava os dias sem grandes reflexões. Mas agora entendia sua esgrima e se esforçava para torná-la estável. E foi nesse momento que pensamentos negativos começaram a dominá-lo.

— Não se preocupe — disse Lulu.

Ela voou até Airen e deu um tapinha em seu ombro com a pata macia. Apesar da expressão difícil de decifrar, os olhos de Lulu transmitiam sentimentos claros. Ela confiava nele.

— Você pode se deixar levar às vezes, até mesmo largar a espada por causa das dificuldades, mas vai empunhá-la novamente e se reerguer, certo? — Lulu perguntou.

— E se for muito difícil, eu te ajudarei! Trabalhei duro por cinco anos, então tenho músculos agora! Sou a gata mais forte de toda a propriedade Farreira.

Lulu flexionou os ‘músculos’ de maneira exagerada, inflando o peito. Airen caiu na gargalhada. Então, lembrou-se do que Lulu havia dito antes.

— Se não consegue confiar em si mesmo, confie em quem confia em você. E, quando chegar a hora de eles precisarem de você, retribua a confiança que recebeu.

Airen sentiu-se aliviado. Se não fosse por Lulu, suas preocupações teriam o deprimido a ponto de não conseguir suportar. Mas agora, ele tinha Lulu, seus pais e sua irmã, embora estivesse longe. Também tinha seus amigos da Academia de Esgrima Krono.

“Pensando bem, ainda tenho muito o que resolver.”

Ele se lembrou da promessa feita a Illia Lindsay e ao Diretor Ian. Muito tempo havia passado, mas ele não podia ignorar aquilo. Além disso, queria muito revê-los.

“Também sinto falta de Judith… E me pergunto como Brett está. Ele não estava bem da última vez que o vi…”

— Hmm.

Airen ficou sério ao pensar nos amigos da academia. Ele esteve com as versões deles no mundo da feitiçaria, mas na verdade não os via há cinco anos.

“Sou o único que os considera amigos?”

Ainda hesitava, o que tornava difícil acreditar que tinha matado um demônio sozinho. Mas esse era Airen Farreira, afinal. Ele tremia com a incerteza que o envolvia. Porém, havia alguém ainda mais incerto ali.

— Airen, Airen — chamou Lulu.

— Hã?

— Tenho um pedido…

— Sim?

— Eu… quero… falar com a Kiril, pedir desculpas a ela, er… e fazer as pazes… Pode me ajudar?

— Claro.

— Promete? Promete?!

Airen assentiu enquanto pensava na expressão atrevida de sua irmã. Suas preocupações não eram nada comparadas às de Lulu.


Após passar uma noite na propriedade Gairon, os Farreira partiram no dia seguinte para casa. A relação com os Gairon não era boa, e a situação não era propícia para ficar mais tempo.

— Que pena. Eu ficaria feliz em acompanhar vocês para conversarmos mais… Mas há muito trabalho para lidar aqui.

Hill Burnett ficou triste em vê-los partir, mas estava ocupado com suas obrigações. Contudo, eles tinham Lulu os seguindo. Claro, Lulu permaneceu escondida, sem querer aparecer diante da família de Airen ainda.

Mas isso não duraria para sempre. Um dia após o retorno à propriedade Farreira, Lulu foi ver o barão e a baronesa.

— Está tudo bem. Sei que você não queria que isso acontecesse. Na verdade, você ajudou meu filho a se tornar um adulto tão maravilhoso, então devo agradecer a você — disse o barão.

— Isso mesmo. Por favor, não se sinta mal com isso. Você realmente não precisa — acrescentou a baronesa.

E assim, eles deram as boas-vindas calorosas a Lulu. Embora tenha levado muito tempo, seu filho havia retornado em segurança do mundo da feitiçaria e voltado como um grande espadachim.

— Seu filho é incrível!

— Seu filho é um tesouro do reino! Não, um tesouro do continente!

— Vocês devem estar orgulhosos dele! Eu os invejo!

Harun Farreira ainda se lembrava claramente do que Hill Burnett e os Cavaleiros do Crepúsculo disseram a ele. Mal conseguiu conter a empolgação ao recordar-se e virou-se para Lulu.

— Considere esta casa como sua daqui para frente.

— Obrigada! Muito obrigada!

Lulu inclinou-se sobre a mesa em sinal de gratidão. Claro, o encontro com Kiril não foi tão tranquilo.

— Vai dizer alguma coisa? — Kiril perguntou, irritada.

— Eu… quero dizer… — Lulu gaguejou.

Kiril Farreira havia recebido permissão de seu professor para voltar para casa assim que a expedição terminou. No entanto, ela foi extremamente fria com Lulu. Não era exatamente ódio, mas uma mistura de desconforto e desconfiança. Mesmo assim, com a ajuda de Airen, ela trocou um pedido de desculpas desajeitado com Lulu, apertou a pata da gata e até deu um abraço.

Lulu ficou um pouco triste com o olhar ainda frio de Kiril, mas sabia que o resultado tinha sido melhor do que o esperado. O tempo resolveria o restante.

Enquanto Lulu e os Farreiras se concentravam em construir um amanhã melhor, o mesmo não podia ser dito para os Gairon.

— Este chá tem gosto de lixo! Quem trouxe isso? Quem fez isso?!

— E-Eu… bem…

— Foi você? Hein?

— A-ahiek!

Uma criada recuou, quase em lágrimas, enquanto o Visconde Gairon gritava com ela. Tremia de medo, mas o visconde não demonstrava nenhuma piedade. Ele a chutou com toda a força.

— Saia daqui! Nunca mais mostre seu rosto!

— Agh! S-sim, meu senhor! Eu sinto…

— Cale a boca e vá embora!

A personalidade maníaca de Phil Gairon tornou-se ainda mais evidente após a expedição. Não era de surpreender, já que seu filho mais velho, motivo de seu orgulho, foi humilhado, e sua família enfrentava uma crise. Hill Burnett continuava a pressionar para que eles fossem processados pelos eventos ocorridos na expedição.

Por sorte, a opinião pública não foi tão dura com os Gairon. Muitos acreditaram que Phil estava sob hipnose durante a expedição, e alguns acharam que causar mais problemas, quando a expedição havia terminado bem, era desnecessário.

Mas essa era a única coisa positiva que restava. As perdas financeiras sofridas pela família Gairon foram enormes. E isso não era tudo. Jack Stewart trancou-se em seu quarto e não saiu por dias, até que, finalmente, decidiu falar, tornando a situação ainda mais tensa.

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