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Reformation of the Deadbeat Noble – Capítulo 76

Academia de Esgrima (8)
O diretor da Academia de Esgrima Krono explodiu em uma gargalhada. Ele não tinha a intenção de usar a Aura da Espada, mas isso não significava que subestimava Airen Farreira. Ele apenas confiava em sua própria capacidade. A diferença de habilidade entre eles era tão grande que era impossível descrever em palavras.

Mas Ian, ao perceber o ataque de seu aprendiz se aproximando, notou que o golpe era forte o suficiente para danificar sua espada. Por isso, utilizou a Aura da Espada. Era impressionante.

“Ele poderia ter danificado minha espada, mesmo sendo apenas uma lâmina barata de ferro…”

Ian teve que se conter para não sorrir. Ele não se importava com os convidados da academia, pois não era do tipo que ligava para a opinião alheia, mas se importava com seus aprendizes. Então, disse a Airen:

— Esplêndido. Você encontrou sua esgrima, afinal.

— Sim, mas…

— Eu sei. Sua mente está instável. Presumo que queira me perguntar sobre isso.

Ian olhou para Airen. O rapaz parecia mais enigmático do que antes, mas também mais claro agora. Parecia ter encontrado sua cor, diferente de quando estava vazio no passado.

“Antes, não conseguia entender o que ele pensava. Bem… Gosto mais dele assim”, pensou Ian, antes de falar em voz alta.

— Me acompanhe. Agora que terminamos de trocar nossa esgrima, vamos conversar.

— Sim, senhor — respondeu Airen.

— Posso ir com vocês? — perguntou Lulu, virando-se para Ian.

— Bem… Pode. Mas não sei como deveria chamá-lo…

— Oh, pode me chamar de Lulu! Também sou mestre de Airen. — Lulu voou para a frente do mestre e estendeu a mão. — Sou professora de feitiçaria, a propósito. Prazer em conhecê-lo, outro professor!

— Ha… Haha! O prazer é meu!

Ian riu. Ele já esperava que a gata tivesse um caráter peculiar, e isso se confirmou. Limpando as lágrimas da risada, ele continuou.

— Vamos conversar lá dentro… Lance?

— Sim, senhor!

— Bom trabalho no Dia dos Hóspedes. Pode ir descansar por hoje.

— Sim, senhor.

Lance assentiu e saiu, sentindo-se sortudo. Não estava cansado, mas sentia-se abalado por causa de Airen. Ele deixou o campo de treinamento cabisbaixo, enquanto Ian também não ficou por muito tempo. O diretor virou-se para a multidão e falou:

— E quanto aos hóspedes… Peço desculpas, mas o Dia dos Hóspedes termina aqui. Espero que compreendam.

Ian foi educado, mas deixou claro que era hora de partirem. Então, saiu do campo de treinamento com o jovem loiro e o gato preto, deixando os convidados sozinhos. Os hóspedes foram deixados sozinhos, sem o dono da casa. Considerando que o Dia dos Hóspedes acontecia uma vez a cada duas semanas, a multidão poderia ter se irritado, mas nenhum deles parecia sequer incomodado.

Todos estavam atônitos com o que haviam visto e ouvido naquele dia. Eles tiveram a chance de duelar com um dos aprendizes ilustres da academia, da famosa Geração Dourada, e testemunharam um jovem espadachim misterioso ainda mais impressionante. Embora não pudessem medir com precisão a força de Airen devido à falta de habilidades, vislumbrar algo assim já era suficiente para inspirar seus próprios treinamentos.

E ainda havia mais. Alguém na multidão suspirou e murmurou:

— Meu Deus… Nunca pensei que veria uma Aura da Espada em toda minha vida…

Espadachins de nível máximo podiam criar um poder misterioso ao focarem sua força interior, seu universo interno, e transformá-lo em uma aura que revestia a espada. Presenciar isso era algo que acendia um fogo no coração.

— Preciso voltar e começar a treinar — disse um homem na multidão.

Eles sentiam emoções confusas: empolgação, paixão ardente e uma sensação estranha que fazia o sangue ferver. Era como se fossem vomitar algo desconhecido. A urgência de treinar sua esgrima era inevitável. O homem saiu, parecendo alucinado.

— E-Eu também!

— Vou também!

— Não consigo mais ficar parado!

Todos os outros fizeram o mesmo. Nem todos vieram aqui hoje com o mesmo propósito. Alguns estavam determinados a conseguir algo que ajudasse em seu treinamento, enquanto outros vieram apenas em busca de entretenimento. Alguns também vieram para ganhar fama com o duelo. Mas, no fim, todos eram espadachins. Apenas assistir aos duelos impressionantes de espadachins excepcionais acendia o fogo em seus corações.

— Vamos… — disse Gilbert ao amigo.

— Sim, irmão. Voltar para a hospedaria?

— Não. Vamos para o terreno vazio atrás da Guilda dos Mercenários.

— O quê? — perguntou o amigo de Gilbert.

Mas ele não respondeu e começou a andar. Logo estava correndo, temendo que o lugar ficasse lotado.

“Agora é pra valer. Pra valer…”

Gilbert, um espadachim anônimo, foi casualmente à academia e saiu com um fogo ardente em seu coração.


Enquanto isso, o diretor e os outros passeavam pelo interior da Academia de Esgrima Krono. Ian oferecera a Airen um tour pela academia, já que era sua primeira visita, e o jovem aceitou de bom grado. Estava cansado dos duelos, e explorar a academia o ajudava a recuperar as energias.

— O que acha da academia? — perguntou Ian.

— É limpa e prática. E… é menor do que o local regional — respondeu Airen.

— O local regional? Ah, você se refere ao local dos aprendizes preliminares? Aquilo não é nosso local regional. Nós alugamos aquele espaço a cada poucos anos para selecionar aprendizes.

— Entendi.

— Bem, acho que este lugar é grande o suficiente para cerca de cem pessoas, não acha?

Ele tinha razão. Embora o local anterior fosse imenso, esta academia era perfeitamente adequada para cerca de cem pessoas. Depois de explorar por algum tempo, eles chegaram a uma sala de hospitalidade. Airen tentou fechar a porta após Ian e Lulu entrarem, mas havia mais uma pessoa atrás dele.

Era uma mulher de meia-idade, com cabelos brancos. Airen deu um salto, surpreso por encontrá-la ali.

— O quê?!

— Oh, a Keira te assustou? — perguntou Ian.

— Não o assustei — respondeu a mulher friamente.

— Então deveria ter falado com ele para evitar isso. Você nos seguiu por um bom tempo.

— Não tinha nada a dizer.

“Ela esteve conosco o tempo todo…?”

Airen ficou surpreso. Seus sentidos haviam sido aprimorados significativamente após o despertar no mundo da feitiçaria, mas ele não ouvira nem respiração nem passos. Quem era essa mulher de cabelos brancos? Foi quando Lulu, olhando para ela, falou:

— Ela é tão forte. Você é uma mestre?

Lulu parecia surpreender a mulher desta vez. Sua reação não foi tão evidente quanto a de Airen, mas o franzir de testa foi suficiente para chamar a atenção.

— Impressionante… para um gato — disse Keira.

— Como assim, “para um gato”? Gatos são tão vivos quanto humanos! Não, na verdade, gatos são melhores que humanos! Somos mais rápidos, conseguimos escalar lugares altos e somos muito mais adoráveis!

— Lulu… era assim que se chamava? Deixe-me pedir desculpas em nome da nossa subdiretora. E você — Ian virou-se para a mulher — deveria pensar melhor no que diz. Isso foi rude.

— Aceito. Desculpe-me — respondeu Keira, pedindo desculpas a Lulu.

— Então está tudo bem. Retiro o que disse sobre gatos serem melhores que humanos — Lulu aceitou a desculpa e fez o mesmo.

Tudo aconteceu rapidamente, desde a ofensa até o pedido de desculpas. Foi caótico, mas Airen não se importou. O que o intrigava era o fato de Lulu perguntar se Keira era uma ‘mestre’ e o modo como Ian a chamara de subdiretora. Foi então que ele percebeu quem ela era.

“Keira Finn, a subdiretora da Academia de Esgrima Krono.”

Ela era a segunda espadachim mais forte da academia, o que explicava por que ele não a havia notado os seguindo. Mas Airen também ficou surpreso com o quão jovem ela parecia.

“Ouvi dizer que ela tem quase a mesma idade do mestre…”

Ainda assim, ela parecia trinta anos mais jovem, ou mais. Airen não expressou seus pensamentos em voz alta, porém. Ele sabia que o diretor era sensível à aparência envelhecida, algo evidente até mesmo para Airen quando ele era um aprendiz preliminar, sem interesse nos outros.

— Céus, isso está virando uma bagunça. Por que não nos sentamos? Subdiretora, tem algo que queira discutir? — perguntou Ian.

— Não.

— Pura curiosidade, então. Airen?

— Sim, mestre.

— Sei que é um pouco tarde, mas deixe-me apresentá-la a você. Airen, esta é Keira Finn, nossa subdiretora. Keira, este é Airen Farreira, um aprendiz formal da 27ª turma… Mas ele está quatro anos atrasado em relação à data prometida.

— Me desculpe, senhor…

— Não, não. Não disse isso para ouvir um pedido de desculpas. Só quero uma explicação. Recebi uma carta de seus pais há quatro anos dizendo que você chegaria atrasado, mas não esperava que fosse tanto tempo. Então, o que aconteceu nos últimos cinco anos?

Ian os apresentou rapidamente e voltou sua atenção para Airen. Ele tentava parecer calmo, mas estava ansioso para ouvir o que havia acontecido com seu misterioso aprendiz, especialmente depois de testemunhar sua esgrima. O que o levou a adquirir as técnicas de Judith, Brett e Illia? E o que o deixava tão sobrecarregado e preocupado mesmo tendo se tornado tão impressionante? Os olhos de Ian estavam repletos de perguntas.

— Antes de começar… Tenho algo para lhe contar, senhor — disse Airen.

— Hmm?

— É sobre o meu sonho.

Airen então revelou a história que guardara em segredo por muito tempo, algo que nem seus pais nem sua irmã sabiam. Apenas Lulu conhecia o sonho inexplicável.

Ele detalhou tudo, explicando o máximo que pôde. Contou sobre Lulu, os conflitos que enfrentou com outras famílias, o mundo da feitiçaria, sua busca para despertar a feitiçaria e proteger sua mente, e seu encontro com Illia Lindsay, Judith e Brett Lloyd. Ele também descreveu a luta contra a demônio e como seu sonho mudou novamente, afetando sua mente.

Demorou bastante para contar tudo, especialmente porque Airen não era bom em falar.

Mas ninguém percebeu o tempo passar, nem mesmo Keira Finn, conhecida por ser extremamente rigorosa com horários. Ela ficou fascinada pela história do jovem, chegando até a demonstrar surpresa em alguns momentos. Agora que Airen terminara, Keira voltara ao normal, esperando o que Ian, seu amigo de longa data, diria ao aprendiz.

Logo, Ian falou.

— Tenho muito a dizer, mas deixe-me aconselhá-lo primeiro. Ah, mas só para esclarecer, não tenho solução para o sonho. Sou apenas um espadachim, e não sei como resolver algo que nem uma feiticeira conseguiu.

— Que pena. Achei que um espadachim do seu nível teria alguma ideia — disse Lulu, genuinamente desapontada. Ele até subiu na mesa com sua espada e a balançou. — Tipo assim, hah! Achei que você pudesse cortar o sonho ou algo assim.

— Haha. Tenho certeza de que posso cortar muitas coisas no mundo, mas acho que um sonho não é uma delas. Obrigado por me ensinar a não ser arrogante. Agora, de volta ao tópico.

O diretor levantou a mão e dobrou três dedos na direção de Airen.

Ele deixou apenas o indicador e o médio erguidos e continuou.

— Há duas maneiras de estabilizar sua mente. A primeira é treinar aqui na Academia de Esgrima Krono.

Ian explicou, e Airen assentiu. O diretor estava certo. A academia tinha Ian, Keira Finn e muitos outros espadachins excepcionais. Eles treinavam suas mentes e técnicas, tornando-os melhores em encontrar sua própria esgrima do que Airen. Se ele ficasse, duelando, aprendendo e absorvendo sua sabedoria, encontraria rapidamente um caminho para estabilizar sua mente, em vez de tentar sozinho e sofrer.

— Mas o que recomendo é o segundo caminho.

Airen ficou confuso. O diretor da academia não recomenda a primeira opção? Por quê? E qual era o segundo caminho? Ian respondeu imediatamente.

— Encontre um professor melhor do que eu.

E essa resposta gerou outra pergunta.

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