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Reformation of the Deadbeat Noble – Capítulo 81

Os Espadachins Mais Fortes do Continente (1)

Lulu tinha uma pelagem longa, luxuosa e fofa, de um preto intenso, que a fazia parecer maior do que os gatos de rua comuns. Talvez fosse devido a uma criação cuidadosa ou simplesmente tivesse nascido assim. Contudo, só era maior em comparação aos gatos, continuando um animalzinho pequeno diante de humanos e orcs, o que levava Khubaru a provocá-la por ser minúscula.

Mas Lulu, como aparecia diante de Airen e Khubaru naquele momento, não parecia nada com seu habitual corpo diminuto.

“Está tão alta…? É pelo menos um pé mais alta que Khubaru.”

Airen não conseguia fechar a boca enquanto observava Lulu, que parecia mais alta que o quase dois metros de Khubaru. E a altura não era a única diferença. Seus ombros eram tão largos que poderiam acomodar três gatos de cada lado. Mas sua cabeça continuava do mesmo tamanho pequeno.

“Está vazio por dentro?”

Movido pela curiosidade, Airen se aproximou de Lulu. Ela tinha coberto o corpo com um manto e placas de armadura por baixo. Airen imaginou que a gata talvez estivesse usando feitiçaria para fazer a armadura flutuar ao redor enquanto voava. Porém, Lulu tinha um corpo, braços e pernas sob o manto, como um humano. Só que o corpo parecia tão malfeito que qualquer um perceberia que era falso.

Khubaru começou a rir.

— O que aconteceu com você? Isso é porque eu te provoquei por ser pequena? — perguntou Khubaru.

— Eu não sou pequena — retrucou Lulu.

— É sim. Você está usando um corpo de algodão falso.

— Isso é como uma roupa. Humanos não usam saltos e chapéus para parecerem mais altos? É a mesma coisa. Ou será que você é pequeno demais para entender isso, orc?

Lulu provocou Khubaru, mostrando a língua com uma velocidade que um humano jamais conseguiria. Airen balançou a cabeça.

“É mais infantil que as crianças do meu bairro.”

Mas parecia que Lulu tinha conseguido irritar Khubaru um pouco. O orc parecia tentar encontrar uma forma de responder, e Lulu, percebendo isso, riu.

— Hehe, o ar aqui em cima é tão refrescante. É bom — disse Lulu.

— Hah… Você não está tão mais alta que eu — murmurou Khubaru.

— Hã? Acho que ouvi alguém… Oh! Desculpe, não te vi aí embaixo. Talvez eu devesse olhar mais para baixo.

Lulu começou a andar com a cabeça inclinada para baixo. Ela controlava o corpo falso com feitiçaria, mas ele se movia de forma desajeitada, como uma marionete guiada por um mestre de fantoches inexperiente. Mesmo assim, Khubaru falou com uma expressão de derrota.

— Ugh. Vou ver por quanto tempo você mantém isso.

— Esqueça. Vou continuar assim durante toda a viagem, exceto quando estiver dormindo — respondeu Lulu.

— Então vou te provocar quando você estiver dormindo—

— Eu não vou ouvir você enquanto durmo, então faça o que quiser. Vamos, Airen.

Lulu virou abruptamente e começou a caminhar para frente. Seu andar desajeitado fazia as pessoas que saíam cedo pela manhã olharem com expressões confusas. Parecia que estavam assistindo a um espetáculo de circo. O curioso era que Lulu chamava menos atenção desse jeito do que em sua forma habitual.

“Parece menos estranho assim do que voando por aí…”

Airen lembrou-se do que aconteceu em Alcantra. Lulu voava pelo céu com uma fantasia de espadachim enquanto um grupo de espadachins musculosos observava ela e Airen.

Airen não se importava com a opinião dos outros, mas todos aqueles homens olhando com tanta intensidade foi bem embaraçoso. Claro, o fato de Lulu ter uma aparência única antes não tornava sua aparência atual mais normal.

Airen olhou para seus companheiros de viagem. Um era um orc verde, com os braços cobertos de tatuagens e um pingente em forma de pentagrama no pescoço que simbolizava os cinco elementos. O outro era um monstro em forma de torre, com rosto de gato, andando de forma desajeitada. Eles eram, no mínimo, incomuns.

“Não acho que vai ser entediante”, pensou Airen com um sorriso.

Não era ruim. Ele achava que seria mais divertido assim do que viajar sozinho. E, com um sorriso mais brilhante, deu o primeiro passo em sua jornada.


Cinco dias haviam se passado desde que Airen deixou a Propriedade Farreira. Como esperado, Lulu e Khubaru discutiam sem parar, criando toda a confusão possível. Normalmente, Lulu começava as brigas, mas às vezes o orc provocava a gata primeiro.

— Haha, de volta à nossa pequena amiga, agora? — disse Khubaru, rindo. — Você não disse que usaria aquilo para sempre?

Lulu parecia ofendida. Tinha voltado à sua aparência felina comum. Havia desistido do corpo falso porque não conseguia manter o controle enquanto caminhava. Mas Lulu não era do tipo que aceitava a derrota. Então, pulou nos ombros de Khubaru e escorregou pelas costas do orc como se estivesse rolando de um penhasco.

— Aaaaaah!

Khubaru gritou. Ao contrário do estereótipo de videntes itinerantes serem sujos, Khubaru se mantinha muito limpo. Ele até espanava as calças com frequência enquanto caminhavam por estradas empoeiradas. Para ele, pelos de gato preto e longos grudados em suas roupas brancas eram um tormento.

— Pelos Cinco Elementos! Minha camisa branca…

Khubaru arfou, tentando tirar os pelos das costas, mas não conseguiu se livrar deles como queria.

Lulu observava com uma expressão vitoriosa.

— São só pelos. Não precisa fazer tanto drama — disse Lulu.

— O quê? Você sabe o quão visível é ter pelos pretos numa camisa branca? Uma mente clara vem da limpeza…

— Mas você não tem uma mente clara. É o orc mais irritante que já conheci.

— Tenho que dizer o mesmo. Você é a pior gata falante que já vi.

— Ah, é?!

Airen suspirou enquanto os observava começarem outra discussão. Era bom que eles o tirassem do tédio, mas aquilo parecia interminável, e ele estava prestes a abordar algo importante.

— Khubaru — chamou Airen com um tom mais baixo.

— Hã? Ah… Certo. Vamos falar sobre nosso destino.

— Certo. Para onde vamos primeiro? — perguntou Airen, curioso.

Eles já tinham uma visão geral de como a jornada se desenrolaria. O plano era seguir para os Cinco Reinos do Oeste. Airen escolheu isso puramente pela influência de Judith e Brett Lloyd, mas Khubaru achou razoável. Um espadachim indo para os Cinco Reinos do Oeste, famosos pelo domínio da espada, era algo óbvio. Porém, Khubaru sugeriu passar por outro lugar antes de seguir para os Cinco Reinos.

— Derinku, a Cidade dos Artífices, você disse? — perguntou Airen.

— Isso mesmo. A cidade tem muitos ferreiros habilidosos, alguns deles anões. Fica um pouco ao norte do nosso caminho, então não será um grande desvio. O que acha?

— Mas Airen não precisa de uma nova espada — disse Lulu.

Como ela apontou, Airen não precisava de uma espada, já que podia conjurar sua espada larga com feitiçaria sempre que quisesse. Era velha e desgastada, mas isso não causava problemas, e Airen se sentia confortável em usá-la, pois a via incontáveis vezes em seus sonhos.

“Mas o fato de ser a espada daquele homem é o que me preocupa…” pensou Airen. Mas ele sabia que evitar o problema não resolveria nada.

Contudo, Khubaru recomendou visitar a cidade de Derinku por uma razão completamente diferente.

— A questão está em conhecer pessoas habilidosas que trabalham com fogo e metal — explicou ele.

O objetivo da jornada era ajudar Airen Farreira a crescer, fazendo o fogo em seu coração arder mais intensamente e derreter a estaca de ferro. Mas isso era apenas uma metáfora. O que estava em sua mente não era uma estaca de ferro, mas o homem misterioso e sua vontade, e Airen precisava de um coração apaixonado para dissolvê-lo.

“Senti aquele calor uma vez, cinco anos atrás, graças ao encontro com o chefe da Casa…”

Era uma memória ruim, mas a raiva ardente certamente o ajudara. Claro, tudo isso descrevia o lado mental da coisa. Não era um fogo real ou metal de uma forja. Mesmo assim, Khubaru dizia que assistir ao trabalho dos ferreiros ajudaria muito Airen.

— Você aprenderá muitas coisas ao observar o fogo ardente derretendo um metal espesso. Uma imagem poderosa e marcante do que é real pode ajudar muito no que você sente por dentro — explicou Khubaru.

— Concordo com ele, na verdade — disse Lulu, que parecia um pouco azeda, ao concordar com Khubaru. — Isso acontece muito durante o treinamento de feiticeiros. É melhor ter a imagem de um homem musculoso arrancando uma árvore e desejar essa força específica do que desejar isso de forma vaga.

Airen acenou com a cabeça, observando de um para o outro. Era difícil imaginar que eles estavam brigando como crianças minutos atrás, considerando o quão sábios e dignos pareciam agora. Isso deixou Airen confuso, ainda mais quando o garçom trouxe a comida para a mesa.

— O quê! Esse é o meu peixe! — gritou Lulu.

— Hã? Não íamos compartilhar tudo? — zombou Khubaru.

— Não! Eu queria isso só para mim!

— Haha, amiguinha. Você não vai fazer amigos se for gananciosa com comida.

— Eu não sou pequena! E não preciso de amigos além de Airen e Kiril!

Airen começou a comer em silêncio enquanto observava os dois brigarem novamente por algo insignificante.


Um mês se passou. Airen e seus companheiros chegaram em segurança a uma cidade, cerca de duas semanas de distância de Derinku. Durante a viagem, Airen percebeu que Khubaru era muito mais útil do que esperava.

— A distância pode ser menor por aqui, mas eu recomendaria o outro caminho. O Reino Rakarzhan despreza feiticeiros, então não seremos bem recebidos lá.

— Esta é minha terceira vez aqui. Conheço um bom restaurante. Por que não comemos lá?

— Senhor! A pousada do outro lado da rua era muito mais barata. Não deveria nos dar um desconto?

De guiar o caminho, recomendar restaurantes e negociar preços, Khubaru preenchia perfeitamente a lacuna deixada pela inexperiência de Airen e Lulu. Ambos perceberam o quanto pagaram a mais na curta viagem à Academia de Espadachins de Krono, ao ver Khubaru negociar com os lojistas. Eles não estavam sem dinheiro, mas isso não significava que gostavam de gastar mais do que o necessário.

Com isso, Lulu tornou-se menos hostil em relação a Khubaru. Mesmo agora, não reagia quando o orc a acariciava durante o sono. Três semanas atrás, ela provavelmente o teria socado umas vinte vezes.

— Então, sobre o que vamos falar hoje… — começou Khubaru, preparando-se para contar uma história.

Além disso, Khubaru sabia muitas coisas. Ele conheceu diversos clientes ao longo dos anos, o que o tornava muito bem informado, permitindo que ele contasse histórias enquanto caminhavam ou comiam. A maioria era fascinante, embora algumas fossem entediantes. Esta, no entanto, era do primeiro tipo.

— Vocês conhecem os dez homens mais fortes do continente?

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