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Reformation of the Deadbeat Noble – Capítulo 96

Oferta Inesperada (1)
Diferente do passado, após lutarem contra demônios e diabos por centenas de anos, o mundo passou a ter uma hierarquia menos rígida entre as pessoas, pois perceberam que a habilidade individual superava amplamente a linhagem.

Os plebeus, ensinados pelos heróis de 400 anos atrás, fundaram academias de esgrima por todo o continente e avançaram em suas técnicas de forma única. As artes da espada que foram transmitidas através das gerações provaram seu valor contra as invasões demoníacas em larga escala, ocorridas 150 anos atrás, e os plebeus ascenderam em poder.

Claro, as realezas e a alta nobreza ainda ocupavam as posições mais altas na pirâmide hierárquica, mas homens como Ian e Khun deram esperança a muitos. O ápice dessa ascensão foi marcado pela Condessa Ignet Cresensia.

Ela recebeu o nome honorário de Cresensia do Reino Sagrado e tornou-se líder dos Cavaleiros Negros em uma idade tão jovem. Dotada de um talento divino, tornou-se uma mestre aos vinte anos. Também foi uma dos três espadachins promissores a quem Vulcanus confiou uma Espada Numerada há dez anos.

E a aparição de alguém assim mudou completamente a atmosfera.

Charlot e Victor, assim como Airen e seu grupo, pararam de se encarar com hostilidade e focaram em Ignet. Ela era uma mulher esguia, de aparência comum, caminhando levemente em sua direção, mas todos sentiam uma pressão avassaladora, como se uma atividade vulcânica estivesse em curso. Ela balançava sua lâmina, a Nona Espada Numerada, como se fosse um brinquedo, e a apoiava no ombro. Seus olhos estavam fixos em Charlot e Victor. Logo, ela falou com uma voz um pouco grave para uma mulher.

— Charlot. E Victor. Concedo-vos a oportunidade de proferir vossas palavras.

— O que… está dizendo? Falar o quê? — perguntou Charlot.

— Condessa Cresensia, veio por nós? Mas por quê… — disse Victor.

Charlot e Victor pareciam reconhecer Ignet. Mas isso era óbvio, já que apenas uma pessoa com tal presença usava uma espada de lâmina única naquela idade. Era ainda mais evidente se a espada, habilmente forjada, tivesse uma lâmina negra. Mesmo naquele momento tenso, os dois olharam para a espada com olhos cheios de cobiça. Contudo, Ignet não respondeu. Apenas bateu levemente o dorso da lâmina no ombro e perguntou novamente:

— Indago-vos uma última vez, Charlot e Victor. Se há algo que almejais dizer, pronunciai-o agora. Esta será minha derradeira concessão de generosidade.

Os irmãos mantiveram-se em silêncio, mas isso não foi tudo. Eles trocaram olhares com Airen, depois entre si, e apontaram suas espadas para Ignet. Mas isso era compreensível. Desde que ela surgira pelo misterioso portal dourado, carregava nos olhos uma evidente intenção de matar. Era tão óbvia que os irmãos, que haviam derramado sangue nos últimos dias, já estavam saturados disso.

Mas por que ela era hostil a eles? Não faziam ideia, mas sabiam que morreriam em vão se não reagissem. Enquanto se preparavam para a batalha, suas espadas emanaram uma energia branca e vaporosa.

Era o uso de aura e sua concentração. Uma técnica avançada que apenas aqueles no limite do nível de especialista podiam usar. Embora não fosse tão poderosa quanto uma Aura da Espada, ainda assim aumentava consideravelmente a força do ataque. Contudo, poucos espadachins a usavam em combate real, pois, diferente da Aura da Espada em sua forma completa, carecia de concentração de poder, fazendo com que apenas um ataque dissipasse toda a energia.

Era, literalmente, uma aposta de alto risco e alto retorno. Mas não tinham outra escolha senão usar a técnica, pois era a única maneira possível de se defenderem contra uma Aura da Espada. E era também o que possibilitava desafiar um ‘mestre’ em combate.

— Hoo…

A excitação e o nervosismo percorriam seus corpos, e mantinham um fio de consciência para controlá-los. Os dois veteranos mercenários, que haviam dedicado suas vidas à esgrima, encararam Ignet. Mas ela os olhou sem interesse, então jogou sua espada para trás. E, enquanto os irmãos se espantavam com sua ação inesperada, Ignet falou:

— Parece-me que, para vós…

Ela então pisou no chão. O solo explodiu como se magia o tivesse atingido, e a mulher de cabelos negros avançou explosivamente.

— Um desfecho ainda mais miserável seria apropriado.

Havia uma aura vermelha girando ao seu redor. Ao vê-la investindo contra ele, Victor desferiu sua espada com força. Foi um reflexo de surpresa, mas sua longa experiência tornou o ataque bastante ameaçador. Contudo, Ignet o rebateu com um tapa na parte de trás da mão esquerda.

Clunk!

— O quê…?! — Victor olhou incrédulo. Então…

Pow!

— Aargh!

Ela chutou o estômago de Victor com o pé direito. E não parou por aí. Saltou para perseguir Victor no ar, após o chute, e o atingiu novamente. Victor cuspiu sangue ao ser lançado para longe, e a cena se repetiu três vezes.

— Victor! — gritou Charlot com uma voz rouca.

Charlot os perseguiu. Era mais lento que sua inimiga, mas Ignet continuava chutando Victor enquanto se movia, permitindo que ele se aproximasse. Com apenas três saltos, Charlot conseguiu alcançá-la e desferiu um ataque desesperado para salvar seu irmão. Embora não fosse controlado com precisão, seu poder era forte o suficiente para ser comparado ao de um mestre espadachim. Mas foi tudo em vão.

Thud!

Ignet se virou e balançou os braços. Diferente do que aconteceu com Victor, o ataque a fez recuar um passo, e ela lançou a espada de Charlot à distância. O sangue jorrou de sua mão ferida, caindo como lágrimas. Os dois pares de olhos se encontraram.

Um breve silêncio se instalou até que Victor o quebrou. Ele vomitou sangue e algo mais, provando que já era tarde demais para salvá-lo.

Ignet virou-se calmamente e o chutou.

Crack!

Isso quebrou o pescoço de Victor, matando-o instantaneamente.

— Quão lamentável é perecer sob mãos despidas. — ela disse enquanto observava.

O silêncio retornou. Khubaru, Lulu e até mesmo Airen, que estava perdendo a consciência devido à sensação semelhante à energia demoníaca que Charlot e Victor emanavam, ficaram assustados e permaneceram em silêncio.

Charlot não foi uma exceção. Tinha um olhar vazio. E foi então que Ignet se virou para vê-lo de pé, mal se segurando, como se tivesse acabado de negar tudo o que ele desejava alcançar. Ele imediatamente caiu de joelhos, colocou a cabeça no chão e gritou desesperadamente.

Ele disse muitas coisas, mas a maioria era sobre o mesmo tema: seus atos malignos passados. Ignet apenas escutava calmamente, enquanto Khubaru e Lulu franziram a testa.

Airen apenas ficou parado, ouvindo sem reação. Finalmente, percebeu que Charlot e Victor haviam escolhido um caminho de maldade há muito tempo.

— Basta — disse Ignet. Sua voz era fria, mas carregava um calor estranho.

Charlot, que parecia estar em uma confissão interminável, parou imediatamente. No entanto, não ousou levantar a cabeça, e Ignet se agachou, ergueu o rosto dele e seus olhares se encontraram mais uma vez, mas em uma situação completamente diferente. Charlot olhou para a mulher de cabelos negros com um fio de esperança. Logo, Ignet fez uma pergunta.

— Que opinião tens sobre minha fala, Charlot?

— Perdão…? — perguntou ele, confuso.

— A forma como profiro minhas palavras e o som que elas carregam, indago-te, como te parecem?

— Uh… Sofisticado e majestoso? — Charlot pensou por um momento e respondeu exatamente como sentia. Estava exausto demais para pensar em outra coisa.

Ignet sorriu satisfeita, assentiu, levantou-se, ergueu o pé e o esmagou. Assim, Charlot encontrou seu fim. Em seguida, Anya, que estava esperando silenciosamente, pegou a espada de Ignet e correu em sua direção.

— Capitã! Capitã! Aqui está sua espada! — gritou Anya.

— Excelente — respondeu Ignet.

— Também vou limpar seus sapatos!

— Esplêndido. Serás devidamente recompensada em momento oportuno.

— Yay! Farei o meu melhor!

Ignet sentou-se em uma rocha, levantou o pé e Anya começou a limpá-lo cuidadosamente para ganhar sua recompensa. Então Ignet se voltou para Gerog, que apenas observava.

— Ouviste? — perguntou ela.

— Sobre o quê?

— Sobre o que Charlot proferiu. Indago novamente, ouviste?

— Sim, ouvi.

— Huhuhu… — Ela riu baixo diante da resposta relutante de Gerog. — Contemplai. Finalmente adquiri uma linguagem que me exalta como sofisticada e majestosa. Isso significa que estou à altura dos nobres do Reino Sagrado.

— Então, está feliz? Faz três anos desde que você começou a viver no Reino Sagrado. Já é hora de parar de falar como antigamente — disse Gerog.

— Haha… Hahaha… — Ignet riu.

— Haha, haha — Anya também riu.

Gerog parecia um pouco desconfortável, mas Ignet se deleitava em sua alegria, enquanto Anya ria ao lado dela com um riso brilhante e feliz. Era tão cômico que qualquer um riria delas, mas Khubaru não conseguia relaxar após tudo o que testemunhara.

“Ela é… poderosa.”

Era compreensível que Ignet fosse impiedosa ao lidar com os irmãos. Os Cavaleiros Negros eram um grupo organizado pelo Reino Sagrado para caçar demônios, criaturas demoníacas e qualquer um que o Reino considerasse maligno. Parece que Charlot e Victor haviam cometido inúmeros crimes por um bom tempo.

O que surpreendeu Khubaru foi que Ignet era muito mais poderosa do que os rumores indicavam.

“Nunca pensei que Charlot e Victor tivessem uma chance contra uma mestra espadachim, mas…”

Ainda assim, era um fato que eles eram mais fortes do que a maioria dos espadachins no nível de especialista. Eles deveriam ter uma boa sincronia como gêmeos, então Khubaru pensou que resistiriam por pelo menos alguns minutos.

Mas Ignet os massacrou com as mãos nuas. Provavelmente havia menos de trinta mestres espadachins capazes de fazer tal coisa.

“Bem, eu jamais entenderei o mundo dos mestres, mas ainda assim… Não, isso não é o mais importante agora.”

Khubaru mordeu o lábio inferior. Era bom que os irmãos estivessem mortos, mas agora eles tinham diante deles uma figura ainda mais aterrorizante, Ignet Cresensia. Sua decisão iria definir o destino deles. Ele acreditava que ela não os atacaria sem motivo, já que era uma das capitãs dos cavaleiros do Reino Sagrado.

Enquanto ele estava imerso em pensamentos, Airen, que tinha uma expressão séria, assim como Khubaru, começou a caminhar em direção a Ignet. Não houve tempo para detê-lo, pois, quando Khubaru despertou de seus pensamentos, Airen já estava diante dela.

— Como pôde fazer isso? — perguntou Airen.

— Hmm?

— Como pode estar tão certa ao tirar a vida de alguém? Não estou sendo sarcástico. Pergunto porque estou genuinamente curioso sobre isso… Peço desculpas se fui rude.

Ele estava tão confiante que Khubaru, Lulu, Gerog e até Anya arregalaram os olhos e observaram Airen. Mas ele precisava fazer a pergunta.

“Que pessoa incrível.”

Assim como Khubaru, Airen também ficou profundamente impressionado com ela. Mas o choque que sentiu não foi devido às habilidades dela. Foi pela ‘certeza’ que sentiu em cada uma de suas ações.

Ignet prosseguiu com o ato de matar, algo de que qualquer pessoa naturalmente se afastaria, sem hesitação alguma. Ela era tão confiante ao fazê-lo que Airen sentiu que aquilo era o ‘certo a se fazer’. Não era porque ela matou Charlot e Victor. Qualquer um concordaria que foi a coisa certa ao vê-la matá-los. Airen sentiu que Ignet, que tornava algo assim possível, não era humana.

“Eu não consigo fazer como ela.”

Por isso ele perguntou e a encarou. Diferente dele, que tinha milhares de dilemas, arrependimentos e hesitações em suas ações, ela era completamente diferente.

Então, como ela responderia à sua pergunta? Ela respondeu um pouco depois.

— Airen Farreira — disse Ignet.

— Você sabe meu nome…?

— A partir de hoje, nomeio-te cavaleiro dos Cavaleiros Negros do Reino Sagrado Arvilius.

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