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Reformation of the Deadbeat Noble – Capítulo 98

Oferta Inesperada (3)
Havia quatro humanos, um orc e uma gata em uma planície com poucas árvores, algumas pedras e nuvens no céu. Era uma cena incomum, mas o que faziam era ainda mais estranho.

— Capitã! Capitã! Recolhi todos os corpos. Me elogie!

— Ótimo trabalho. Tu és cem… não, mil vezes melhor que aquele idiota do Gerog.

A jovem garota trouxe dois cadáveres horrivelmente esmagados em um piscar de olhos, enquanto a bela mulher a observava orgulhosa, e o homem grisalho olhava para elas com um semblante carrancudo. Ao mesmo tempo, um jovem loiro balançava sua espada larga, alheio ao que acontecia. Os outros dois chamavam atenção só por estarem ali: um orc com os dois braços cobertos de tatuagens e uma gata flutuando no ar, ambos seres extraordinários.

Um deles, Khubaru, o orc, murmurou:

— Espero que ele saiba o que está fazendo…

Ele parecia preocupado, e sua expressão confirmava isso. Ele viu a energia de Airen após ser exposto à aura maligna de Charlot e Victor, quase corrompida. Parecia muito mais ameaçadora do que na Fortaleza de Alhaad.

Como capitã dos Cavaleiros Negros, ela deve ter matado incontáveis demônios. Tenho certeza de que pode liberar uma aura demoníaca tão forte quanto a de demônios reais, pensou Khubaru. Será que Airen aguentaria tal energia? Ele não tinha certeza, mas Lulu lhe disse:

— Confie nele, Khubaru.

— Sei que o Airen pode ser frustrante e pensar demais às vezes, mas ele é um homem de palavra. Provavelmente só disse isso porque está confiante.

— Eu… entendo. Você está certa — Khubaru assentiu, então voltou seu olhar para Airen.

Agora parecia confiar nele.

Mas havia algo que eles não sabiam.

“Será que tenho o que é preciso para fazer isso?”

Airen não tinha tanta certeza de si. Era óbvio. Se tivesse, não teria iniciado sua jornada continental para começar. Mas então, por que desafiou Ignet para um duelo? Surpreendentemente, era porque estava com raiva.

“É estranho. Por que estou tão irritado?”

A princípio, ele achou que era por causa de Illia. Ainda se lembrava da história que ela lhe contou após o exame final. Illia, depois de dizer que finalmente encontrara seu caminho, ainda enfatizava Ignet como o objetivo a superar. E agora essa pessoa estava bem diante de Airen, oprimindo-o. Ele pensou que, se recuasse diante dela, não poderia encarar Illia com orgulho. Mas não. Enquanto se aquecia para o duelo e balançava sua espada, percebeu outra coisa. Ele não estava bravo por causa de Illia. Ele estava bravo com Ignet.

“Mas por quê?”

Airen se perguntou. Ele não era do tipo que se irritava facilmente. Não reagia muito, mesmo quando era zombado e insultado. Ele simplesmente se concentrava em seu treinamento quando seus colegas o ridicularizavam nos primeiros dias na academia. Ele só havia ficado com raiva de alguém uma vez, em relação às pessoas de Gairon. Mas isso era diferente. O incidente de Gairon resultou de mais de dez anos de ódio, sentimentos de culpa pelo pai e autodepreciação, nada parecido com o que sentia agora.

Então, mesmo depois de cinco minutos, Airen ainda não sabia por que estava com raiva.

Mas isso lhe trouxe uma realização diferente. Ele percebeu que essa raiva era a única maneira de controlar a vontade do homem.

A chama de Airen ardia fortemente, mas nada mudava por fora, pois era apenas o fogo dentro de seu coração. Contudo, todos na planície perceberam o que estava acontecendo. Khubaru, Lulu, Anya, Gerog e até mesmo Ignet o observavam com olhos estreitos.

Mas Airen não prestava atenção a eles. Ele fincou sua espada larga no chão, fechou os olhos e começou o treinamento mental que aprendera na forja de Vulcanus.

Cinco, não, seis anos atrás, uma fagulha acendera dentro dele enquanto perseguia Illia Lindsay. E aquilo, após ouvir o conselho de Khubaru em Derinku, se tornara uma chama. Foi o suficiente para fazê-lo querer ‘vencer’ Charlot e Victor, que eram obviamente mais fortes do que ele.

Mas isso não era suficiente. Nem chegava perto. A vontade do homem não era ferro comum, mas aço, e para moldar a estaca que suportara milhares de refinamentos em uma espada, ele precisava de muito mais calor. E agora, a chama, diferente de antes, queimava intensamente em seu coração.

De uma fagulha a uma chama, e agora algo muito maior, algo que podia ser chamado de uma muralha de fogo. Airen a colocou contra a estaca de ferro e começou a martelá-la com intensa concentração.

Clang! Clang! Clang!

Não era suficiente. A estaca de ferro era tão grande e densa que o trabalho inicial parecia insuficiente para transformá-la em uma espada. Mas Airen não desistiu. Continuou martelando o ferro aquecido, e, finalmente, ele começou a mudar, pouco a pouco.

Clang! Clang! Clang!

Em vez de martelar toda a estaca, ele focou em um ponto e continuou. Persistiu sem se cansar ou desistir. E, depois de um tempo, ela mudou. A parte inferior grossa, que ele nem conseguia segurar, tornou-se uma base romba, semelhante a um cabo, que ele podia pegar e balançar.

Fiuu.

Airen suspirou. O suor escorria por seu rosto, dos olhos às bochechas, ao queixo e ao chão. Ele não sentia, pois estava concentrado em agarrar o cabo recém-formado e erguer a gigantesca estaca de ferro.

“Nnnngh…!”

Ele sentiu um poder incrível. Achava que entendia a vontade do homem, mas estava errado. Parecia… como se estivesse erguendo uma montanha de aço.

“Ainda é difícil de controlar…”

Mas Airen balançou a estaca de ferro duas vezes. Não era fácil. Era tão pesada que seu corpo oscilava na mesma direção que a estaca. Mas isso não importava. Airen Farreira abriu os olhos e viu Ignet esperando, com a espada descansando no ombro. Ela parecia estar aguardando há um bom tempo.

— Estás pronto? — perguntou ela.

— Sim.

Airen assentiu. Era o suficiente. Uma confiança, diferente de qualquer outra, despertava seu corpo inteiro. Ele olhou para Ignet com um olhar ardente, que parecia capaz de queimar.

— Em um gesto de generosidade para com um espadachim mais jovem, concedo-te o privilégio do primeiro ataque. Emprega todos os artifícios ao teu dispor até que nossas lâminas se cruzem por três vezes. — disse ela.

— Entendido.

— O duelo terá início no momento em que eu liberar minha energia. Compreendes?

— Sim.

— Muito bem…

Ignet abaixou sua espada. Parecia relaxada demais para enfrentar um espadachim de nível especialista, mas ninguém comentou. Afinal, ela era uma das cem mestres espadachins do continente.

Mas Airen, ao enfrentar tal pessoa, também parecia confiante. Era como um gigante de aço, empunhando uma chama em seu corpo. Foi quando uma energia aterrorizante irrompeu do corpo de Ignet.

Medo, escuridão e terror, uma presença repulsiva se espalhou pelo local, como se um verdadeiro demônio tivesse surgido. Era um poder além da imaginação, mesmo para uma capitã dos cavaleiros do Reino Sagrado. Os olhos de Airen se contraíram. A energia do homem quase saltou de dentro dele, como um reflexo. Sua estaca de ferro interior, não, sua espada larga real, oscilava.

Mas Airen superou. Uma chama ardente e um vento poderoso trouxeram energia ao seu alcance. Seu aperto era forte o suficiente para esmagar uma rocha em pó, e ele segurou o cabo até que a oscilação parasse completamente.

Ele venceu. Finalmente venceu. Ele sorriu com a vitória após alcançar o que desejava, quando Ignet avançou contra ele a uma velocidade aterrorizante.

Com apenas um salto do chão, ela chegou bem à sua frente e começou a balançar sua espada. Um golpe angulado de baixo para cima o surpreendeu, forçando Airen a também balançar sua espada.

— Argh!

Airen estava usando as duas mãos contra uma adversária que lutava com apenas uma, mas mesmo assim o ataque o fez recuar. Ele deu cinco passos para trás tentando recuperar o equilíbrio e dizer algo, mas não teve tempo. O segundo ataque de Ignet veio imediatamente, e ele precisou cerrar os dentes para revidar.

Ela atacou mais três vezes em sequência, empurrando Airen para trás a cada golpe, quebrando seu equilíbrio. Sua mente, mãos e pés estavam em desordem, e ele não conseguia se recompor. Por isso, não conseguiu defender o soco vindo de sua mão esquerda.

— Argh…

O golpe no corpo foi tão forte que o levantou brevemente do chão. Airen caiu de joelhos, babando de dor, e então perdeu a consciência. Assim terminou o duelo.

Uma brisa antecipada do outono varreu as vastas planícies. O som pareceu estrondoso por causa do silêncio. Gerog, que servia Ignet desde seus dias como mercenária, quebrou o silêncio.

— Vamos levá-lo de volta? — perguntou Gerog.

— Pretendes fazer de mim uma mentirosa? Airen Farreira sustentou suas palavras. Não farei mais tentativas de recrutá-lo. — disse Ignet.

— Entendo. Mas já mentiste para ele — retrucou Gerog.

— Não menti!

— Disseste que permitirias o primeiro ataque.

— Só estava tentando ensinar algo a um espadachim mais jovem. Como alguém sobrevive neste mundo miserável acreditando em tudo com tanta ingenuidade e inocência? — respondeu Ignet casualmente, deixando Gerog sem palavras. — E… eu tinha outro motivo. Ele não estava apenas tentando provar seu ponto.

— Está dizendo que…

— Ele tentou me derrotar. Pra valer!

— O quê?

Nem Gerog conseguiu esconder sua surpresa. Ele realmente tentou vencer uma espadachim com sete anos de experiência como mestre e a terceira melhor espadachim do Reino Sagrado? Não havia palavras que pudessem descrever tamanha imprudência.

— Ele é insano — disse Gerog.

— Uhum. Ele é.

Ignet voltou seu olhar para Airen. Viu o orc e a gata correndo em sua direção com expressões de preocupação.

Após observá-los por um momento, acrescentou:

— Mas gosto de tolos assim.


— Nngh…

Airen gemeu e abriu os olhos. Há muito tempo não tinha um sonho tão diferente. Era sobre Ignet. No sonho, ela não o ouvia e continuava a espancá-lo. Ela o atacava enquanto ele se defendia, fugia ou até ficava parado. Isso o irritava tanto que ele tentou resistir a ela quando acordou.

Ele suspirou e olhou ao redor. Khubaru estava sentado à esquerda de sua cama, cochilando, enquanto Lulu roncava em seu colo.

“Eles me trouxeram aqui depois que desmaiei. Então… estamos de volta a Derinku?”

Airen pensou e então virou para a direita, onde viu Ignet sentada. Isso o assustou completamente.

— Ack!

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