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Reformation of the Deadbeat Noble – Capítulo 167

O Caminho de Judith (2)
O primeiro desafio estava concluído. Gunt, o honrado guerreiro de Durcali, perdeu rapidamente em combate e precisou ser carregado para fora do palco. Sua saída foi miserável em comparação à entrada ousada, e os orcs observaram com severidade o resultado inesperado. Contudo, havia uma exceção.

— Muito bem, Judith! Bom trabalho! Acabe com os outros!

— Brett, você está um pouco alto demais…

Brett comemorou, animado, ao contrário do que costumava fazer, e Airen olhou para ele em choque. Illia também arregalou os olhos de surpresa, mas nenhum dos dois tentou conter Brett, que estava tão empolgado que parecia até engraçado.

“Não importa o que façamos, eles já nos odeiam mesmo”, pensou Brett.

Além disso, ninguém parecia prestar atenção neles, pois o gesto de Judith, erguendo o punho direito ao céu, era muito mais provocativo. Os orcs odiaram a cena. Eles lançaram olhares furiosos para a garota humana no palco, mas o clima mudou imediatamente com a chegada do segundo desafiante.

— É Garam!

— O quê? Não era o Pahun o segundo?

— Acho que ele quer acabar com isso agora mesmo!

— Calem a boca! Vai começar!

Os espectadores murmuravam, e Brett sentiu que a expectativa dos orcs crescia rapidamente. Ele também ficou mais nervoso e murmurou enquanto observava o guerreiro orc, quase uma cabeça mais alto que Gunt.

— Esse não vai ser fácil — disse Brett.

— Concordo — respondeu Airen.

Não era apenas porque sabiam que o oponente era o filho mais velho do Mestre Halifa. Airen, com seus olhos despertados pela feitiçaria, podia enxergar a aura do orc. Ele possuía mais aura do que Judith. Claro, a quantidade total de aura não determinava a força de um guerreiro, mas…

“Essa luta não será fácil como a anterior”, pensou Airen.

Judith também percebeu isso? Ela abandonou o sorriso provocativo e assumiu uma expressão mais séria ao encarar Garam. Cuidadosamente, preparou sua postura. Garam fez o mesmo. Ele estava calmo, assim como o irmão mais jovem, Gunt, mas ainda mais sério enquanto observava Judith.

— Twkr!

Com o grito do árbitro orc, o segundo combate começou. Garam avançou imediatamente. Sendo mais alto que Gunt, ele tinha um alcance maior em seus ataques. Judith tentou circular para a esquerda, mantendo a distância.

Mas a estratégia não foi eficaz. Garam, como se já tivesse enfrentado oponentes que tentaram evitá-lo muitas vezes, bloqueou o movimento de Judith em poucos passos. Então, avançou para pressioná-la. Sua investida era aterrorizante, como uma parede de pedra opressiva se movendo em sua direção. Foi então que Judith mudou seu movimento.

Ela explodiu como fogo, enganando os olhos do inimigo, e avançou instantaneamente. A maioria dos orcs não conseguiu vê-la. Até Brett soltou um murmúrio de admiração com o lampejo de movimentos. Mas Garam reagiu imediatamente, estendendo suas pernas longas e grossas.

— Ugh!

Foi um chute frontal, usado principalmente para afastar o inimigo, mas, devido à diferença de altura, parecia que Garam estava tentando esmagá-la. O ataque foi rápido e tinha a força da gravidade por trás, deixando Judith frustrada. Ela o bloqueou com os dois braços, mas o impacto foi bastante poderoso.

Enquanto o golpe a empurrava para trás, Garam avançava novamente. Judith rangeu os dentes sob a pressão e tentou escapar da posição desfavorável. Mas…

— Ugh…

Seu oponente a chutou novamente, impedindo-a de alcançar seu objetivo. Garam a atacava impiedosamente à distância, e os espectadores gritavam de empolgação.

— Whoaaaa!

— Esmague-a!

— Acabe com ela!

As grossas cordas vocais dos orcs enchiam o ambiente com gritos profundos e graves, inflamando o calor da luta e fazendo o sangue de todos ferver. Mas Garam era uma exceção. Seus olhos frios observavam cada movimento de sua adversária.

“Não posso subestimá-la.”

Foi isso que ele pensou ao subir no palco. Ele não podia se dar ao luxo de fazer isso, depois do que aconteceu com Gunt. A humana, sem dúvida, tinha habilidades incríveis.

“Mas também não preciso superestimá-la.”

Garam soltou um leve suspiro e chutou Judith novamente. Ele assentiu ao ver sua oponente fazer uma careta de dor. Ela era forte. Tinha uma boa quantidade de aura dentro de si, sabia como se mover e como lutar corpo a corpo, algo difícil para um humano. Mas ela não era mais forte que ele. Essa era a verdade.

“A diferença de força é evidente.”

A diferença em suas habilidades já era grande, e a diferença física era ainda maior. Garam aceitou a realidade como era e a manteve fria e calculadamente para garantir que essa diferença permanecesse.

Ele não precisava correr riscos. Com seus ataques simples, mas eficazes, sua oponente certamente sucumbiria. Judith sentiria o desespero ao perceber que não havia nada que pudesse fazer para superar a situação, o que enfraqueceria sua mente primeiro. Garam poderia esperar pelo desfecho até então. Com esse pensamento, ele lambeu o lábio inferior.

“Isso não vai demorar.”

No início, ele pensou que precisaria de mais tempo para vencer. O palco era amplo, então imaginou que seria irritante se ela continuasse fugindo. Mas isso não aconteceu. A humana estupidamente tentou avançar após o primeiro chute. Não, aquilo nem parecia um avanço. Parecia apenas que ela pensava em acertá-lo ao se aproximar.

“Tão tola.”

Garam fez um sorriso sutil com os lábios. Um guerreiro sem uma mente fria era apenas uma besta. Se fosse assim, ele teria que caçar a besta rapidamente e de forma eficaz. Ele chutou o peito da oponente novamente.

— Hmph!

— Huh?!

Mas desta vez, algo diferente aconteceu. Judith resistiu ao chute. Como uma rocha pesada, ela suportou o impacto e foi empurrada apenas um passo para trás. Então, desviou a perna de Garam para o lado. Garam ficou surpreso ao vê-la avançando imediatamente. Pela primeira vez, o punho de Judith acertou-o.


“BOSTA!”

Judith xingou em sua mente. Estava furiosa, mas não porque a luta não estava indo bem. Desde que enfrentou Gunt, ou talvez até antes disso, ela vinha lutando para manter a cabeça fria.

“Guerreiro… Que piada. Eles agem como um bando de marginais!”

Claro, os orcs que incomodaram Judith foram aqueles que passaram pelo campo de treinamento e, principalmente, Gunt, seu líder. Ela não sabia muito sobre Garam, mas nem precisava de um motivo para estar brava. Judith nunca precisou de um motivo para se irritar.

— Nngh…

Com apenas aquele chute estúpido, Judith poderia xingar seu oponente por três dias seguidos. Claro, ela mesma não era uma guerreira. O que era, afinal, ser um guerreiro? Ela não fazia ideia. Mas tinha uma vaga noção de que era algo muito positivo, grandioso e incrível. Um guerreiro deveria ter fé, honra ou lealdade… E ela não tinha nada a ver com essas coisas. Mesmo agora, sentia-se perdida em relação a Brett e Airen. Ficava com ciúmes e raiva deles e, pior ainda, odiava a si mesma por sentir isso de amigos tão próximos… Ela não tinha nada de bom em si.

“Droga, esse chute dói.”

Naquela dor, ela refletiu, e continuou refletindo. Pensou na postura tranquila, mas graciosa de Brett; na força que vinha da bondade de Airen; no talento inato de Illia e em todas as outras coisas que ela queria, mas não podia alcançar. No final, concluiu que nunca seria como eles.

Ela era gananciosa, mesquinha e amarga. Não conseguia suportar ver os outros tendo mais do que ela. Era como se perdesse algo cada vez que via alguém à sua frente. Mesmo assim, não parava de sentir inveja. Essa era Judith. Por mais que tentasse, era assim que ela era. E, finalmente, decidiu aceitar essa verdade.

— Hmph!

Judith ergueu os braços e bloqueou o chute de Garam. Sua aura fervia como lava vulcânica dentro dela. No momento em que resistiu ao dano com sua força interna, avançou. Ela viu a expressão chocada de Garam. O orc não era um oponente fácil. Com os dedos ligeiramente curvados, ele mirou em seus olhos, atacando com a palma da mão em seu rosto, mas Judith desviou o golpe. Ao se aproximar dos braços do orc, ela desferiu um soco certeiro com a mão direita.

— Argh!

— Ugh…!

Ao mesmo tempo, o joelho de Garam atingiu o rosto de Judith. Ela rapidamente levantou a mão esquerda para se defender, mas ainda assim sofreu um grande impacto. Enquanto ela atacava com o punho, ele atacava com o joelho. Ela mirava no estômago, ele no rosto. O resultado era óbvio. Porém, Judith não recuou e avançou novamente. Ela não tinha medo dos chutes.

Desviou de outro chute frontal enquanto se aproximava. E então trocou golpes com Garam. Assim como antes, o joelho de Garam acertou seu rosto, e ela foi empurrada para trás. Dói. Dói muito. Judith esfregou o queixo dormente e cuspiu uma bola de sangue. Ela sentia inveja. Inveja da constituição física do oponente. E essa inveja alimentava suas chamas, que agora ardiam intensamente dentro dela.

Qualquer humano comum teria perdido o controle de si mesmo, mas Judith não. Ela havia vivido com essa dor por toda a vida e sabia como suportá-la. Usava a inferioridade como combustível, e a inveja e a ganância como fonte de energia. Ela sorriu enquanto as chamas a consumiam. E então, avançou.

Karakhum, um guerreiro e elementalista, observava em silêncio. Sem perceber, apertava com tanta força o apoio da cadeira que o esmagava, enquanto pensava.

“Ela está usando a Arte dos Cinco, sem nunca tê-la aprendido.”

Karakhum se lembrou da luta nas planícies. Judith era a segunda pessoa a fazer isso, depois de Airen Farreira.

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