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Reformation of the Deadbeat Noble – Capítulo 178

Partindo Caminhos (1)

Brett Lloyd olhou para Airen com curiosidade. Ele talvez não conhecesse tudo sobre seu amigo, mas sabia que tipo de homem Airen Farreira era. Embora de bom coração, Airen não era muito extrovertido, então não poderia ter feito muitos amigos.

O fato de Airen querer ver alguém despertava a curiosidade de Brett.

“É fascinante que ele ache que ainda tem mais a aprender aqui”, pensou Brett.

Claro, Airen teria muito a aprender treinando com Tarakhan, Khalifa e Karakhum, o maior guerreiro dos orcs, mas talvez tivesse mais a ganhar retornando à Academia de Esgrima Krono. O Diretor Ian certamente lhes daria conselhos valiosos sobre as conquistas da viagem, assim como os havia ensinado sobre a dança da espada durante os anos como aprendizes preliminares. Brett mal podia esperar por esse momento.

Agora, Airen estava dizendo que havia algo ainda mais importante!

Mas ele não precisou esperar muito por uma resposta.

— Hmm, entendi — murmurou Brett.

Airen havia refletido seriamente sobre o que viu, ouviu e sentiu, assim como sobre sua nova determinação. Ele agora entendia o que era mais importante para ele. Sua decisão refletia essas recentes epifanias. Brett não pôde deixar de assentir enquanto ouvia a história de Airen.

A conversa não terminou aí. Quando Airen lhe lançou um olhar como se passasse a vez, Brett contou sua própria história.

— Bem, como você sabe, meu objetivo é me tornar um bom Senhor. Sempre foi assim desde que entrei na academia — começou Brett.

Brett falou abertamente sobre o que significava ser um bom Senhor, o que um verdadeiro nobre deveria aspirar e em que deveria se esforçar. Airen tentou dar sua opinião da melhor forma possível, mesmo que esse não fosse exatamente o seu forte.

Sonhos e objetivos não foram os únicos tópicos da conversa. Os dois amigos trocaram muitas reflexões sobre o que aconteceu durante a jornada, memórias de seus dias como aprendizs, histórias de Illia e Judith, bem como sobre outros relacionamentos.

Embora os dois tivessem vagado pelo continente por mais de um ano, essa foi a primeira vez que conversaram por tanto tempo. E havia uma razão para isso finalmente estar acontecendo.

“Será que devemos dizer adeus?” pensou Brett antes de se conter.

Parecia frio dizer isso em voz alta.

Após um momento de hesitação, ele se virou para Airen e murmurou — Então… devemos nos despedir por um tempo.

— Acho que sim — respondeu Airen com um aceno de cabeça.

“Podemos nos separar, mas nos veremos novamente.”

Tendo se tornado inseparáveis, os dois amigos conversaram um pouco mais.


Cinco dias depois da longa conversa entre os dois homens, Judith e Brett se prepararam para deixar Drukali.

Muitos vieram se despedir, incluindo Airen, Illia, Lulu, Khubaru, Karakhum, Tarakhan e Gurgar, o fantasma.

— Você está mesmo morto? Não está apenas nos pregando uma peça, certo? — perguntou Judith desconfiada.

— Hoho… Você parte meu coração… Isso acabou de reduzir meu tempo na terra dos vivos em três dias — respondeu Gurgar.

— Ah, vá. Não faça piadas assim. Dá nervoso.

Judith franziu a testa, mas não reclamou mais. Embora pudesse ver os outros amigos vivos novamente, essa seria a última vez que veria Gurgar, que já estava morto.

Ela estendeu a mão. Gurgar fez o mesmo. Por algum motivo, ela conseguiu sentir sua mão, apesar de ele ser um fantasma.

— Obrigada por tudo. Cuide-se — disse Judith.

— Vamos nos encontrar de novo, se for possível — respondeu Gurgar. Judith não sabia dizer se ele estava brincando ou não.

Ela mostrou a língua enquanto ele sorria antes de se virar para Lulu.

Em vez de um aperto de mãos ou um abraço, as duas fizeram algo mais dramático.

Tap, thud, tap!

Judith e Lulu bateram as mãos, patas dianteiras, rabo e cabeças em um elaborado cumprimento que mostrava o quanto haviam trabalhado juntas, arrancando sorrisos de todos.

Brett, no entanto, foi um passo além.

— Ela é tão fofa — comentou ele.

Há algum tempo, Brett parou de esconder seus sentimentos por Judith. Ninguém sua honestidade achava ruim. Pelo contrário, todos sinceramente torciam pelos dois.

No entanto, eles, incluindo Judith, não podiam evitar de se encolher um pouco sempre que Brett soltava palavras tão açucaradas.

Embora no início o comportamento de Brett deixasse Judith desnorteada, ela acabou se acostumando após um ou dois meses. Começou a sentir que Brett não apenas queria expressar seu carinho, mas também gostava de brincar consigo mesmo.

Parecendo mais irritada do que quando se despediu de Gurgar, Judith virou-se silenciosamente para Illia.

A espadachim de cabelos prateados enfrentou Brett.

— Cale a boca, seu tolo — disse calmamente.

— O que está olhando?

Embora as palavras fossem muito diferentes do usual de Illia Lindsay, ninguém ficou surpreso. Até mesmo Brett, que acabara de ser repreendido, apenas franziu levemente a testa.

Todos sabiam que Judith vinha ensinando diversos insultos a Illia por meses. Além disso, essa não era a primeira vez que ela soltava algo do tipo. Desde um mês atrás, Judith delegava a tarefa de repreender Brett para Illia. A jovem da Casa Lindsay achava isso difícil no começo, mas acabou quase gostando da tarefa.

— Eu sabia. Você tem talento, Illia. Só precisa de mais prática — aplaudiu Judith.

— Obrigada — respondeu Illia.

— De nada.

“Como ela conseguiu isso?” pensou Airen silenciosamente.

O que Judith fez para transformar a outrora calma Illia nisso? O que aconteceu entre aquelas duas mulheres?

Não que Airen achasse isso ruim, afinal, Illia, que antes era tão distante, agora se aproximara bastante dos dois, mas…

— No que está pensando? — perguntou Judith, aproximando-se de Airen enquanto ele ponderava.

— Ah — respondeu Airen.

Ele estendeu a mão com um sorriso. Judith riu e estendeu a sua. Os dois apertaram as mãos levemente. Seus olhos, no entanto, ardiam.

— Não baixe a guarda. Treine muito. Vou derrotar você e Illia na próxima vez que nos encontrarmos — disse Judith depois de um momento.

— Então é melhor nos vermos logo para que isso não aconteça — rebateu Airen.

— Tanto faz… Boa sorte e se cuide — murmurou Judith.

— Tão legal — disse Brett, animado.

— Cale-se, Brett. Tem algo a dizer? — disparou Judith.

— Não muito. Nos veremos em breve de qualquer forma.

Airen e os outros assentiram simultaneamente. Brett estava certo. Os quatro haviam crescido muito e estavam mais próximos do que nunca.

A distância não importava. Se quisessem, poderiam se encontrar a qualquer momento. Mas isso não tornava o momento da despedida menos doloroso…

— Estou indo. Passarei por aqui de tempos em tempos, Khubaru — disse Judith.

— Obrigado por todos os seus ensinamentos, Lorde Karakhum, Lorde Tarakhan e Lorde Gurgar. Khubaru, trarei um pouco de uísque de casa da próxima vez — disse Brett.

— Certo. Estarei preparado com algo bom, então — respondeu Gurgar.

— Bem, então…

Brett curvou-se graciosamente como o nobre que era, assim como Judith. Embora fosse mais desajeitada que seu amigo, podia-se perceber que havia praticado.

Airen e os outros observaram suas costas por um longo tempo.

— Adeus, Judith! Adeus, Brett!

Embora a despedida se prolongasse graças a Lulu, que gritava adeus a cada dez segundos, Judith e Brett inevitavelmente partiram. A planície já sentia a ausência deles.

— Vamos… — chamou Karakhum, virando-se. Os outros orcs o seguiram. Afinal, não podiam se permitir perder-se na melancolia.

Lulu ainda olhava na direção para onde Judith e Brett haviam ido quando Illia a pegou nos braços. Airen também se virou para o castelo de Drukali.

Assim, os amigos se despediram, sentindo-se mais nostálgicos do que quando disseram adeus seis anos e meio atrás.


História Paralela – Brett Lloyd

Antes de Airen Farreira chegar à Academia de Esgrima Krono, Brett Lloyd estava treinando intensamente quando Ahmed se aproximou.

— Vejo que está se esforçando bastante — comentou Ahmed.

— Ah, Ahmed. Gostaria de treinar comigo? Já faz um tempo — cumprimentou Brett.

Ahmed riu enquanto o calouro muito mais jovem perguntava com confiança se queria treinar. Mas ele de forma alguma estava rindo do rapaz. Ahmed sabia bem o quão talentoso era aquele maluco. Também sabia o quão paciente e determinado Brett era.

“Ignet Cresensia e Illia Lindsay são excepcionais, mas este aqui também é talentoso”, pensou Ahmed, acreditando que esse calouro talvez se tornasse um espadachim renomado um dia.

Claro, ele não disse isso em voz alta, pois achava Brett um pouco irritante demais para oferecer elogios abertamente.

Se quisesse aplaudir alguém, preferia encorajar Judith ou Lance Patterson de vez em quando.

— Não, vamos treinar em outro momento. Isso é importante — disse Ahmed, indo direto ao ponto.

— Por importante, você quer dizer… — murmurou Brett.

— O diretor está chamando você.

— Acho que sei o que está acontecendo… Vou agora mesmo — disse Brett com um aceno de cabeça.

Ele seguiu para os chuveiros com uma expressão que parecia gritar: ‘Finalmente!’.

“Sim! Exame de graduação! Sou o primeiro! Está vendo, Brett? Sou o primeiro! Hahahahaha!”

Brett se lembrou de como Judith o provocara no dia anterior, zombando dele o dia inteiro sobre como Ian lhe dissera para sair e explorar o mundo.

Embora pudesse não parecer muito, aquilo era na verdade o último passo para a graduação. Finalmente se poderia se formar oficialmente após viajar pelo vasto mundo, superar suas limitações e receber o reconhecimento do diretor na academia.

Embora se formar mais cedo ou mais tarde não importasse tanto no fim das contas…

“Ainda assim, me irrita quando ela fala comigo desse jeito”, pensou Brett.

O fato de ser Judith a provocá-lo o incomodava ainda mais.

Sentindo-se aliviado, Brett tomou um banho rapidamente e se dirigiu à sala do diretor, sua mente já cheia de pensamentos sobre a jornada que estava por vir. Para onde deveria ir para crescer? Quem deveria conhecer? Não seria melhor ir com Judith?

Mas o que Ian disse a seguir limpou completamente a mente de Brett.

— Parabéns. Você se formou — disse o diretor.

— Não preciso fazer o teste…? — perguntou Brett.

— Que teste?

— Tenho que sair e explorar o mundo…

— Isso é apenas para aqueles que ainda carecem de algo. Aos meus olhos, você está mais do que qualificado. Um teste não seria necessário. A partir de agora, Brett Lloyd não é mais um aprendiz, mas um graduado da Academia de Esgrima Krono.

Ian então se virou para Keira Finn, a vice-diretora. Ela assentiu e tirou de seu bolso uma placa de metal. A placa estava gravada com um emblema mágico intrincado, incomparável ao de um aprendiz.

No topo dela, estava gravado o nome, ‘Brett Lloyd’.

— Estenda sua mão. Precisamos de sangue como selo.

Brett Lloyd ficou atordoado por um momento. O diretor e a vice-diretora o observavam com carinho, como se entendessem.

Brett tinha apenas dezenove anos. Seria uma honra impensável mesmo para um gênio se formar na Academia de Esgrima Krono antes dos vinte. Brett provavelmente nunca imaginou que se formaria tão cedo, então devia estar cheio de emoções. Os dois decidiram dar a ele tempo suficiente para processar tudo.

Mas o que ele disse a seguir os surpreendeu.

— Desculpe, mas posso adiar o recebimento da placa de graduação? — perguntou Brett.

— Hmm? — questionou Ian.

— Eu vou… recebê-la depois que Judith voltar da jornada e completar o teste — não, eu vou com ela.

— Hmm.

Ian e Keira se entreolharam, chocados. Ninguém jamais recusava a placa de graduação da Academia de Esgrima Krono. Embora Brett tivesse apenas adiado a graduação, na prática estava recusando a oferta. Quem poderia responder assim ao reconhecimento do maior espadachim do continente?

Ian estava incerto.

“Entendemos o que está acontecendo”, pensou Keira.

Os dois sorriram.

Brett parecia ainda inconsciente do motivo de ter feito tal escolha ou das emoções que o levaram a decidir viajar com Judith. Mas, para os dois mais experientes, a verdade era clara como o dia.

— Você mudou muito. É uma pessoa completamente diferente de quando se tornou aprendiz. Ah, não me entenda mal. Estou dizendo que mudou para melhor — disse Ian.

— Certo. Vou adiar a entrega da placa. Por favor, fique ao lado de Judith — disse Ian.

— É trabalho dela encontrar suas próprias respostas. Estou planejando trabalhar em mim mesmo ao lado dela — respondeu Brett antes de acrescentar: — Bem, suponho que também poderia atormentá-la um pouco…

Ian e Keira sorriram novamente enquanto Brett murmurava. Esse seria o segredo deles, algo que Judith jamais saberia.

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