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Reformation of the Deadbeat Noble – Capítulo 185

Chocante (2)

Era tarde da noite quando Sevion Brooks, o maior cavaleiro de Palanke, saiu para o campo de treinamento e desembainhou sua espada.

Ele havia cogitado pular o treinamento naquele dia, já que tinha acabado de chegar a Lavaat naquela manhã e ainda tinha muito a fazer. No entanto, acabou decidindo contra isso, pensando no jovem que conhecera naquela tarde.

“Nunca vi um jovem observando tão intensamente seu interior”, pensou Sevion.

A meditação em si não era nada especial. Embora os espadachins antigamente focassem apenas em treinar seus corpos e técnicas de espada, as tendências mudaram quando os sacerdotes e os cavaleiros sagrados do Reino Sagrado começaram a interagir com os orcs. Hoje em dia, era possível encontrar pessoas sentadas de pernas cruzadas apenas por isso, até mesmo em campos de treinamento no interior.

No entanto, o jovem loiro era diferente. Mantendo uma respiração uniforme e uma postura reta, ele se concentrou em si mesmo por duas horas seguidas, um feito que um jovem comum não conseguiria realizar.

Mas não era apenas sua concentração que impressionava Sevion.

“Seu olhar e seus sentidos… também são excelentes”, refletiu ele.

O fato de o jovem refletir sobre si mesmo com um foco singular já era louvável por si só. Mas isso não era tudo. Apesar de estar tão concentrado, o jovem também estava ciente de seu entorno, tanto que percebeu a presença de Sevion em apenas vinte minutos. Considerando sua aparência juvenil, isso era bastante impressionante.

“Como eu era na idade dele?” Sevion Brooks riu com desdém.

O que ele poderia dizer? Naquela época, ele era um desastre em comparação com o jovem, que era tanto focado quanto vigilante. Agora, ele queria aquele jovem ainda mais.

Sevion havia se tornado um especialista ainda em seus vinte e poucos anos, o que significava que o jovem que ele conhecera à tarde também havia alcançado o nível de especialista. Ele era, de fato, um dos poucos no continente.

“Bem, isso pode ser questionável, mas preciso persuadi-lo durante a expedição a se juntar ao nosso lado”, pensou Sevion.

Pelo que percebera da reação de Perry Martinez, o jovem não era de Lavaat, o que significava que vinha de Calvin. Calvin devia estar treinando-o em segredo antes de deixá-lo sair para ganhar experiência nesta expedição, onde muitas mãos habilidosas estavam reunidas.

Mas Sevion não podia permitir isso. Era um desperdício que um jovem tão talentoso ficasse preso a uma cidade-estado minúscula como Calvin, onde não era possível encontrar mais do que três especialistas, mesmo que procurassem. O continente merecia mais.

“Apenas um mestre poderia guiar essa alma talentosa. De fato…” pensou Sevion Brooks com um sorriso.

Ele sentia que estava apenas se elogiando, mas, ainda assim, acreditava que isso era o certo a fazer. Habilidades à parte, ele sempre sentiu que ensinar lhe caía melhor. Como alguém que formara quatro especialistas, podia se dar ao luxo de ter um pouco de orgulho.

— Sir Brooks, posso entrar? Acabei de verificar o que o senhor pediu — disse uma voz.

— Hmm! Entre — respondeu Sevion.

Bem na hora! Sevion havia acabado de pedir a seu subordinado para investigar os detalhes da equipe de expedição de Calvin, curioso para saber mais sobre o jovem loiro.

O homem entregou um maço de documentos respeitosamente antes de sair. Sozinho na sala, Sevion folheou os nomes familiares até encontrar o jovem em questão, apenas para parar bruscamente ao notar um nome que não esperava.

— Illia Lindsay… — murmurou ele.

“O que está acontecendo?”

Sevion duvidou de seus próprios olhos. Ele não entendia por que a mestre espadachim do oeste, a mestre mais jovem que havia causado um alvoroço no continente inteiro, estava ali, na região central.

Contudo, sua confusão não durou muito.

— Ignet Cresensia — murmurou ele, lembrando-se de quem era a líder do Reino Sagrado Arvilius.

Mais de dez anos atrás, o que aconteceu entre a Casa Lindsay e a Capitã dos Cavaleiros Negros havia chocado o continente inteiro. A mente de Sevion fez as conexões enquanto pensava na rivalidade entre os Lindsays e Ignet. Ele começava a entender por que Illia estava ali.

“Que confusão”, pensou ele, franzindo a testa.

A jovem da Casa Lindsay devia ter decidido por conta própria se juntar a Calvin. Não havia como Joshua Lindsay, o chefe da família Lindsay, permitir que sua filha fizesse algo que pudesse causar problemas políticos.

Qualquer que fosse a verdade, o importante era que Illia estava ali, e todos precisariam considerar como isso poderia afetar seus respectivos países.

— Bem, suponho que ser mestre não significa ser maduro. Ela é jovem demais — disse Sevion.

Priorizar seus próprios sentimentos apesar das possíveis consequências diplomáticas… Será que sua derrota na Terra da Provação influenciou a decisão de Illia Lindsay?

Talvez. Até Sevion ficara surpreso ao receber a notícia, então não podia imaginar o quão chocada Illia devia ter ficado.

“Ainda assim, se fosse comigo, eu teria escolhido treinar sozinho para compensar minhas falhas, em vez de vir atrás de Ignet por capricho… Espere…”

Sevion franziu a testa, sua mente vagando de Illia e Ignet para a estrela em ascensão do continente que derrotara Illia na Terra da Provação.

Lembrando-se dos rumores sobre idade, aparência, modos e outros detalhes triviais sobre essa pessoa, ele rapidamente folheou os documentos até parar bruscamente, soltando uma risada amarga.

Airen Farreira.

Finalmente percebendo quem era o jovem loiro, Sevion Brooks fechou os olhos em silêncio e lembrou-se do que aconteceu naquela tarde.

“Isso é loucura…”, pensou ele, balançando a cabeça.

Ele agora via que tinha sido orgulhoso, ao perceber o quão mais jovem o rapaz era.

Ao rever a tarde de forma objetiva, ele pôde ver o quanto Airen Farreira era superior à sua avaliação inicial. Ele era tão calmo, mesmo percebendo a presença de Sevion, e assustadoramente controlado em sua respiração.

O jeito como ele se afastou ou olhou para os arredores com gravidade não era algo que um mero especialista conseguiria.

— Que irritante… — murmurou Sevion Brooks, o maior cavaleiro de Palanke.

Ele estava chocado. Além disso, estava ligeiramente ofendido, sentindo-se enganado, embora o jovem talvez não tivesse essa intenção.

Mas, acima de tudo, sentia vergonha.

“Que constrangedor.”

De fato, Sevion estava vermelho como um tomate. O fato de não ter conseguido avaliar adequadamente o outro, apesar de ser um mestre, o envergonhava profundamente. Mesmo agora, ele não sabia o quão forte o jovem era, apesar de saber sua identidade.

“É verdade que ele é um mestre espadachim?”

“Provavelmente. Afinal, eu vi com meus próprios olhos.”

“Quão forte ele seria, então? Será que acabou de se tornar mestre ou algo mais?”

Sevion Brooks ponderava enquanto fechava os olhos novamente. Illia Lindsay e os problemas políticos já não o interessavam. Ele era um cavaleiro e espadachim antes de ser um nobre de alto escalão de Palanke.

Airen Farreira.

Illia Lindsay.

Sevion se perguntava com seriedade o quão fortes esses dois deviam ser.


— Droga. O que está acontecendo? — Perry Martinez, o mago de batalha que era o orgulho de Lavaat, resmungou com uma carranca ao receber a notícia repentina que o pegou de surpresa no meio da noite.

Calvin, a quem ele nem dava atenção, havia conseguido recrutar não um, mas dois mestres espadachins.

E, ainda pior, um deles era a talentosa jovem da renomada Casa Lindsay, a mais jovem mestre espadachim. Embora ela tivesse apenas chegado aos vinte e poucos anos, não era menos influente no continente do que ele.

“Talvez a Casa Lindsay e o Reino Adan também queiram explorar a masmorra.”

Perry Martinez estava sendo sério. Ele achava que a rivalidade entre Ignet e a Casa Lindsay era apenas uma fachada e que o verdadeiro objetivo da família era esse.

— Haha, você está enganado. Foi uma escolha pessoal da Srta. Illia Lindsay juntar-se à expedição. Naturalmente, ela tem direitos limitados. Ela e Airen Farreira estão participando da expedição como simples mercenários, e receberão apenas as recompensas que lhes foram prometidas. Claro, Calvin cuidará de todos os custos — disse Gregory Griffin.

— Mas… — protestou Perry.  

— Chega. Vamos parar por aqui, a menos que queira sugerir que Calvin esta tão desesperada que permitiria a influência de uma única família em suas decisões.  

Claro que Perry não podia fazer muita coisa a essa altura. Não apenas a expedição estava prestes a começar, mas também o Capitão Gregory Griffin, dos Cavaleiros de Calvin, não era alguém com quem se devesse mexer. Embora o homem já tivesse passado seu auge físico, ele facilmente subjugava Perry com suas palavras.  

— Ugh. Nada está ao meu favor — reclamou Perry.  

No fim das contas, tudo que Lavaat podia fazer era ficar de olho em Calvin caso tentasse mais alguma jogada e dar uma contribuição significativa na expedição à masmorra, para assim poder exigir uma maior parte do saque.  

Por sorte, Lavaat superava os outros três países quando se tratava de magia.  

Nada é mais importante do que magia em expedições a masmorras, pensou Perry.  

Diferente dos espadachins, que podiam lutar consistentemente em qualquer situação desde que tivessem acesso às suas espadas, os magos precisavam de muito mais preparação. Isso incluía vários processos e ferramentas.  

Por outro lado, uma vez que tais preparativos exaustivos fossem concluídos, o poder da magia tornava-se duas ou até três vezes maior, o que fazia dela a arma mais eficaz em um ambiente versátil como o de uma masmorra.  

Sim. Não é tão ruim, disse Perry a si mesmo com um aceno de cabeça.  

Ele havia convidado muitos especialistas em masmorras do leste e inventado várias ferramentas para a expedição.  

De fato, não era tão ruim. Conseguindo se confortar, ele suspirou e se virou, decidido a voltar para seus aposentos, já que o ar da noite estava ficando frio. Mas os esforços de Perry foram em vão.  

Woooosh!  

De repente, sentindo uma forte vibração mágica por perto, Perry Martinez usou toda sua força para voar até o epicentro.  

Swish.  

Swish.  

O corpo de Perry cintilava, movendo-se em saltos de nove a dez metros de cada vez, um feito que impressionaria até outros magos. Nem mesmo os habilidosos magos do leste conseguiam lançar magia de forma consecutiva como Perry fazia.  

No entanto, a magia que agitava o acampamento surpreendeu o grande Perry Martinez.  

“Quem pode ser?  

“Alguém de Palanke, talvez? Será que aquele sujeito, Sevion, encontrou um mago?”

“Mas como? Um mago capaz de manejar uma magia dessa escala…?”

“Isso é impossível, a menos que seja um dos líderes das Três Casas do Reino Runetell…!”

A mente de Perry trabalhava rapidamente enquanto ele lançava magia sem parar. A conjuração contínua começava a cobrar seu preço. Seu rosto se enchia de suor, mas o mago curioso não conseguia parar.  

Ele conseguiu chegar a tempo de ver a figura misteriosa em questão. Agora, o problema era que o detentor daquele grande poder era algo além de sua imaginação mais selvagem.  

— Um dragão…? — murmurou Perry.  

— Hã? Eu? — respondeu a figura à pergunta do mago de meia-idade.  

Era Lulu, uma garota vestindo uma roupa de maga de batalha, com chifres e asas adoráveis.  

Inclinando a cabeça, ela se virou para Perry Martinez e falou:  

— Eu não sou um dragão, sabe. Eu sou uma gata!  

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