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Reformation of the Deadbeat Noble – Capítulo 186

Chocante (3)

Dragões eram incríveis, não apenas por suas habilidades físicas, mas também por seus tamanhos gigantescos e o poder que vinha com eles.

Mas o motivo pelo qual as pessoas reverenciavam tanto os dragões era a crença de que suas habilidades mágicas superavam as dos maiores magos.

Não apenas eles possuíam uma quantidade imensa de mana que os humanos só podiam sonhar, mas também dominavam uma miríade de magias que os humanos não poderiam replicar. Além disso, usavam magia com mais rapidez e eficiência comparado aos humanos. Essa era a crença popular sobre os lendários dragões.

Claro, os magos humanos não acreditavam em tais criaturas. Não havia nenhum registro de dragões datando de 150 anos atrás, quando o diabo desapareceu, ou mesmo de 400 anos atrás. O mais próximo disso era o Rei Dragão Demônio, que assumia a forma de um dragão. Nunca se encontrou um dragão que usasse magia e pudesse se transformar em humano.

Por isso, era incomum um grande mago como Perry Martinez mencionar dragões. Afinal, Perry era cético quanto a seres fantásticos e não mencionava tais coisas nem como piada.

“Qualquer um pensaria em dragões ao ver um ser manipulando magia nessa escala!” pensou Perry Martinez ao ver Lulu pela primeira vez, o que tornava a situação ainda mais ridícula.

Ali estava um ser em um traje de maga de batalha, completo com chifres na cabeça e asas de morcego nas costas, manipulando uma quantidade incrível de mana que nem mesmo ele, o maior mago da região central, poderia sonhar.

E esse ser estava dizendo… o quê? Que era uma gata?

— O que quer dizer…? — perguntou Perry.

— Hã? Do que está falando? — respondeu Lulu.

— Perguntei o que quis dizer quando disse que era uma gata — disse Perry gravemente.

Ele ainda assim foi educado, consciente de que, apesar de parecer uma garota, a criatura poderia ser inimaginavelmente antiga. Além disso, era formidável o suficiente com todo aquele poder.

“Parece bastante travessa, mas já deve saber que estou falando sério” pensou Perry.

Mas a garota com chifres não cedeu.

— Significa que sou uma gata, claro. Preciso repetir? — perguntou Lulu.

— Não estava brincando…? — questionou Perry.

— Não. Não estava brincando. Confie em uma gata, vai.

— Ah, a propósito, meu nome é Lulu! Prazer em conhecê-lo!

— Sou Perry Martinez…

— Eu realmente gosto de estar em forma humana porque posso apertar as mãos! Mas não gosto de como minha língua fica!

Perry olhou para Lulu, que estendeu a mão com um sorriso, e a apertou de forma desajeitada.

É claro que ainda tinha muitas perguntas. Franzindo o cenho como se tivesse acabado de encontrar um monstro desconhecido, escolheu cuidadosamente as palavras antes de perguntar novamente, com o objetivo de descobrir por que era uma gata e não um dragão.

— Ah, céus! Magos são tão terrivelmente desconfiados! — reclamou Lulu.

— Tudo bem. Gosto de conversar com um mago como você. Tenho passado muito tempo com espadachins ultimamente, sabe. Vou te dar essa colher de chá! — disse Lulu, sorrindo, apontando para si mesma com os polegares e girando de forma extravagante, como se não tivesse acabado de resmungar com a pergunta de Perry.

Uma luz brilhante envolveu Lulu, e ela milagrosamente se transformou em uma gata, uma obvia e inquestionável gata.

— Viu só? — perguntou Lulu, orgulhosa.

— Espero que confie mais nos outros a partir de agora. Fica cansativo quando você questiona tudo desse jeito.

— Entendi… Foi feitiçaria. Agora está claro — murmurou Perry Martinez ao olhar para a gata preta que o encarava com orgulho.

Ele já tinha ouvido falar disso antes, uma feiticeira que acompanhava Airen Farreira, o jovem que derrotou Illia Lindsay, a mais jovem mestre espadachim. Diziam que a feiticeira não era humana, mas sim uma gata. Ela sabia falar e flutuava no ar.

Claro que ninguém tinha dito que a gata feiticeira podia mudar de forma ou que conseguia usar mana após se transformar. Tudo isso estava além de sua razão e compreensão.

No entanto, uma palavra talvez explicasse tudo: feitiçaria. Afinal, feiticeiros eram figuras estranhas que realizavam coisas malucas.

— Hmm…

O fato de Lulu não ser um dragão, mas sim uma gata feiticeira, não diminuiu em nada o interesse de Perry. O ponto era que essa criatura podia usar magia. Quer convertesse seus poderes de feitiçaria em mana ou adquirisse as habilidades de um mago por meio da feitiçaria, Lulu poderia contribuir grandemente para a força mágica de Calvin.

Perry sentia que não conseguiria descansar em paz até descobrir mais. Tendo decidido, lambeu os lábios antes de chamar Lulu com uma voz amigável.

— Lulu.

— Sim, Perry. É Perry, certo? Seu sobrenome era muito longo, então esqueci — respondeu Lulu.

— Não tem problema. Só quero pedir um favor…

— Sobre o quê?

— Pode me mostrar a forma de antes?

— Por quê?

— O que você usou naquela forma parecia muito com magia. Fiquei pensando se você conseguiria usar magia naquela forma…

— Ah, entendi.

— Pode mostrar? Se puder, vou te tratar com um prato especial de peixe que talvez goste.

— Tudo bem! — assentiu Lulu inocentemente.

Com um movimento rápido, ela girou três vezes no ar e voltou à forma de garota com chifres e asas.

O rosto de Perry Martinez ficou sério. Ele podia perceber que Lulu lembrava muito um grande mago em sua forma alternativa. Como alguém que treinara em magia por muitos anos, ele estava convencido.

“Não está abaixo de mim. Talvez…” pensou Perry.

A gata poderia até superar os líderes das Três Casas do Reino Runetell!

— Certo. Estive praticando isso por dias e vou te mostrar só desta vez — disse Lulu, orgulhosa, enquanto Perry estava perdido em seus pensamentos.

Wooosh!

O próprio ar ficou imóvel. A mana agitava-se com uma leve vibração que só magos conseguiam sentir. Perry Martinez ficou ainda mais tenso. O velho mago, que estava quase nos sessenta anos, tinha os olhos brilhando de excitação.

A mana flutuou, condensou-se e se espalhou para criar uma mudança. Uma luz brilhante como a explosão de uma estrela no céu noturno.

Lulu olhou orgulhosa para o feitiço concluído.

— Ufa! Isso foi difícil. Está feito! Desenho de feitiçaria! — disse ela.

— O da esquerda é Airen e o da direita é Illia. O do centro sou eu em forma de gata! Ah, Airen e Illia são meus amigos. Eles são muito legais, e nós nos damos muito bem…

Perry Martinez olhou para a garota mágica, ou melhor, feiticeira, se gabando de Airen Farreira e Illia Lindsay antes de voltar-se para o desenho.

Parecia estranho, como se tivesse sido feito por uma criança da vila. Era quase impossível acreditar na quantidade de mana que foi usada para aquele desenho insignificante, embora fofo.

“Está brincando ou está falando sério?” perguntou-se Perry.

Ele não sabia dizer.

— Vejo que você tem bons amigos… — conseguiu dizer antes de decidir que precisava saber mais sobre aquela feiticeira estranha.


Já fazia dez dias desde que Airen e sua comitiva chegaram a Lavaat, quando um banquete foi organizado para aliviar a tensão antes da expedição à masmorra. Embora aqueles do Reino Sagrado de Arvilius ainda não tivessem chegado, o evento prosseguia como planejado, em parte porque as nações envolvidas não queriam se curvar ao reino.

Claro que Lavaat e Palanke não amavam Calvin mais do que o reino sagrado. No entanto, Calvin não era mais o que costumava ser, tendo recentemente recrutado membros incrivelmente poderosos.

“Você parece tão tranquilo como sempre, Airen Farreira” pensou Sevion Brooks, o maior cavaleiro de Palanke, enquanto observava Airen com atenção.

Embora ele não tentasse truques infantis, como enviar sua energia, a maioria dos espadachins ficaria tensa ou se encolheria diante de seu olhar.

No entanto, Airen não vacilou. Pelo contrário, ele manteve seu ritmo como sempre.

“De certo modo, ele é mais impressionante que Illia Lindsay do oeste.”

Mesmo enquanto Sevion conversava com vários cavaleiros e magos, sua atenção nunca se desviava do jovem loiro.

Por outro lado, Perry Martinez tinha seus olhos não em Airen Farreira, mas em Lulu, que vestia um vestido chamativo.

“Eu simplesmente não entendo essa criatura” refletiu Perry.

Todos os feiticeiros desafiavam a razão, mas Lulu exagerava. O fato de ela se parecer tanto com um mago e ser capaz de manipular quantidades incríveis de mana, enquanto era tão ineficiente em controlar e conjurar magia em sua forma alternativa, intrigava Perry.

— E aquela magia… — pensou Perry, lembrando-se do que aconteceu anteontem.

Lulu, que até então só havia mostrado truques estranhos, exibiu magia de fogo pela primeira vez. Embora não fosse nem de longe sofisticada, era poderosa o suficiente para alterar completamente o ambiente ao redor. Perry engoliu em seco ao relembrar…

“Pode desenvolver novas habilidades a qualquer momento, então preciso manter meus olhos nela.”

Mas, se alguém estava sob mais escrutínio do que Airen e Lulu, que já eram observados pelas maiores potências de Palanke e Lavaat, essa pessoa era Illia Lindsay, como era de se esperar.

Todos, exceto Sevion Brooks e Perry Martinez, lançavam olhares desagradáveis para Illia.

Airen olhou ao redor discretamente. Ele também sabia que Illia não tinha boa reputação. A maioria dos nobres de Lavaat e Palanke a considerava uma política gananciosa ou uma encrenqueira imatura. Por isso, olhavam para Illia como se ela estivesse tentando se intrometer na masmorra com o apoio de sua família ou resolver assuntos pessoais com Ignet, incomodando os demais.

“É simplesmente demais” pensou Airen.

Para ser justo, ela havia decidido participar por motivos pessoais. No entanto, Illia deixara claro, em nome de sua honra, que não estava interessada no saque, nem queria atrapalhar a equipe de expedição com seus problemas pessoais com Ignet.

Airen não gostava dos nobres que olhavam feio e falavam mal de Illia, apesar de seus esforços para se manter discreta.

“Ela vai ficar bem” pensou Airen, sem se preocupar muito com sua amiga.

Embora Illia pudesse estar passando por uma pequena crise pessoal no momento, ela ainda era uma mulher forte. Se não fosse, não teria vindo até ali para enfrentar Ignet.

De fato, Illia não parecia muito perturbada, sua expressão permanecendo tão calma quanto sempre.

Airen voltou a olhar para Lulu, assentindo com um sorriso.

Todos se viraram ao ouvir uma voz clara e bela proferir insultos inacreditáveis.

Sevion Brooks, Perry Martinez, Airen Farreira e Lulu olharam para Illia Lindsay, que parecia tão inexpressiva quanto sempre.

A espadachim de cabelos prateados observou os arredores em silêncio antes de abrir a boca para falar novamente.

Lulu deixou sua varinha cair.

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