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Reformation of the Deadbeat Noble – Capítulo 192

Enfrentando seu Passado (1)

Há dois anos, em uma caverna ao sul da Propriedade Gairon, Airen Farreira realizou um grande feito ao eliminar um demônio, resistindo a seus truques mesmo quando a criatura sequestrou a maioria do grupo.

Aquilo não era diferente.

Ninguém ousava se mover, alguns até mesmo cedendo ao demônio e batendo palmas junto com ele. Até mesmo Sevion Brooks, o mestre espadachim, e Perry Martinez estavam paralisados. Mas Airen avançou rapidamente contra o demônio bufão, determinado a derrubá-lo.

Ele tentava destruir o inimigo como fizera no sul? Não era o caso. Lágrimas encheram os olhos de Airen enquanto ele avançava com uma expressão sombria.

“Isso é o melhor que posso fazer!”

Dois anos atrás, Airen Farreira não pensava assim. Ele não se importava com as vidas dos reféns nem considerava os danos que poderia causar se deixasse o demônio escapar.

Ele simplesmente permitiu que o homem que ele havia sido no passado assumisse o controle e empunhasse sua espada. Seus ataques impensados eram afiados, mas leves naquela época.

Agora, ele era diferente. Sabia que poderia estar colocando em risco muitas pessoas da equipe de expedição e que sua decisão aparentemente precipitada poderia acabar ferindo essas pessoas e suas famílias para sempre. Na verdade, ele sabia que as famílias poderiam culpá-lo e odiá-lo pelo que fez. Ele não se importava.

Bem, ele se importava… mas agora tinha a força para suportar tais consequências, se viessem.

“Me desculpem” pensou em silêncio.

Airen queria um final feliz em que ninguém se machucasse. Contudo, ele não podia se permitir ignorar a realidade e cair em uma miséria ainda maior. Um acordo com um demônio era assim. Seguir suas palavras inevitavelmente levaria a um futuro horrível.

Claro, isso não significava que avançar contra o demônio com reféns fosse uma decisão sábia. Mas, diante da ausência de uma escolha ideal, Airen tomou sua decisão e agiu sem hesitar, temer ou negar.

A espada do herói, que superava o peso de sua decisão, emitiu uma aura dourada enquanto caía sobre o demônio bufão.

Craaash!

— Ah?

O ataque lançou o demônio para longe pelo espaço. No entanto, Airen não sentiu a lâmina cortar. Em vez disso, parecia pesada, como se tivesse atingido uma montanha.

De fato, o bufão não sofreu muitos danos quando emergiu de uma nuvem de poeira. Airen podia sentir que a criatura estava perturbada, mesmo que escondesse seu rosto atrás de uma máscara.

Ele não se importava. Avançou novamente.

Crash!

Crash!

Crash!

Airen golpeou três vezes a cabeça do inimigo. O bufão bloqueou os ataques com as mãos nuas, mas parecia muito menos confiante do que antes. Sua mão esquerda rachou no primeiro ataque, enquanto o segundo esmagou sua mão direita. No terceiro golpe, seu corpo inteiro rachou miseravelmente enquanto cruzava os braços para se proteger.

Mas o bufão não contra-atacou. Abrindo suas mãos mutiladas, implorou — Ei, ei! Espere um momento! Já não nos encontramos antes?

Swish!

— Eeek!

Swish!

— Eek! Será que vi errado? Mas por que você parece tão familiar? Oh, espere… — balbuciou o demônio.

Crack!

Crash!

Enquanto o bufão tentava distraí-lo, Airen deu um chute em seu corpo e brandiu sua espada para cortar sua cabeça.

No entanto, o bufão não cedeu dessa vez, embora Airen pudesse sentir um leve ‘crack’. Com uma expressão firme, ele avançou novamente contra o inimigo.

Wooosh!

— Você ousa… — rosnou o demônio enquanto a escuridão emergia para curar as rachaduras em seu corpo. Logo, estava completamente recuperado, exceto pela máscara trincada.

Mas isso não preocupava Airen. Ao ver uma nuvem negra formar-se sobre as cabeças dos reféns, ele se moveu, mesmo sabendo que talvez não fosse rápido o suficiente. Contudo, mesmo sendo um mestre espadachim, não conseguiu deter o bufão.

Clang!

— Hã? — questionou o bufão, falhando em seu ataque.

— Airen! Não se distraia. Apenas lute! — gritou Lulu, levantando sua varinha adorável e estendendo os braços, protegendo os reféns com sua energia. Apesar de parecer bastante chocada, sua barreira azul permanecia firme diante do bufão, guardando os reféns.

O demônio bufão estava prestes a dizer algo quando…

Wooosh!

Todos engoliram em seco ao ver uma enorme Aura da Espada, maior e mais brilhante do que antes, que ardia mais intensamente do que qualquer coisa que Sevion Brooks, mestre espadachim há dez anos, poderia conjurar.

Agora, Airen parecia um arauto divino empunhando uma lendária espada sagrada.

Contudo, o demônio bufão não concordava.

— Isso é… — murmurou ele.

Aquilo não era uma lenda ou um mito, nem Airen era um subordinado de um deus. Nenhuma ajuda divina poderia criar um homem assim. O bufão sabia, por experiência, que aquela espada era algo criado com grande tempo e esforço, além da imaginação humana. Era fruto de um ser inacreditável que se manteve fiel ao seu credo apesar de décadas de malícia o atormentarem.

Era a mesma espada que fez com que ele, que vivia há milênios, sentisse medo pela primeira vez…

Wooosh!

Mas o bufão não teve mais tempo para pensar. A aura dourada quase o havia engolido por completo. A energia dourada emanava do jovem que empunhava a espada flamejante, que mais parecia fogo puro.

— Haha — riu o bufão.

Por algum motivo, achou graça enquanto a espada do jovem herói mergulhava rapidamente.

Slash.

Assim que a espada perfurou seu plexo solar, o demônio bufão pensou:

“Finalmente te encontrei!”


Airen Farreira empunhou sua espada larga e avançou ferozmente contra o demônio. De fato, era inegavelmente um demônio.

Encarando o demônio com aparência de bufão, Sevion Brooks sentiu seus pensamentos correrem por sua mente.

“Isso é… inacreditável”, pensou.

A primeira coisa que sentiu foi uma perda. Sevion tinha, de tempos em tempos, um pensamento fugaz que jamais ousou expressar em voz alta. Ele desejava encontrar alguns demônios neste mundo. Pensava nos feitos heroicos dos caçadores de demônios que há muito haviam se tornado história!

Jamais imaginou que não seria capaz de fazer o mesmo. Afinal, ele era um grande espadachim, um dos mais poderosos do continente. Derrotar meros demônios não satisfazia sua fome.

“Agora entendo o quão tolo fui”, pensou Sevion Brooks enquanto lançava um olhar a um grupo de cavaleiros.

Eles haviam aplaudido quando o bufão ordenou. No entanto, ele não queria repreendê-los. Afinal, ele próprio estava petrificado, tomado pela escuridão pura que emanava do bufão.

Por isso foi surpreendente ver o jovem mestre espadachim, que ele considerava abaixo dele, enfrentar sozinho o demônio.

Crash!

Crack!

Crash!

Sevion estava impressionado, mas não era apenas pela esgrima. Embora os movimentos poderosos e fluidos de Airen o tivessem impressionado, suas próprias habilidades não ficavam atrás.

Também não era pela aura. Apesar de surpreendente para alguém da idade de Airen, a aura dele não o superava.

O que maravilhava Sevion Brooks não era algo visível, mas algo que permanecia oculto, a menos que se enfrentasse o mal.

“Aquela determinação!”

O que realmente estava impedindo Sevion, Perry Martinez e os outros? Os reféns? Talvez, para alguns, mas não para ele. Sevion sabia que sacrifícios seriam inevitáveis se quisesse derrotar o demônio.

De fato, ele estava honestamente assustado, tão assustado que sequer conseguia justificar sua paralisia. Instintivamente, temia se aproximar daquele bufão e sua escuridão repugnante e maliciosa.

O jovem provavelmente sentia o mesmo. Mas, apesar do medo e da dor, ele avançava corajosamente. Não hesitava em encarar o coração da escuridão.

Quantos esforços, experiências e reflexões seriam necessários para alcançar tamanha determinação?

“Ele está em um nível completamente diferente do meu… Eu, que invejava e subestimava um espadachim muito mais jovem”, pensou Sevion.

Crash!

Crack!

Clang!

A luta entre Airen Farreira e o demônio continuava. Mesmo assim, Sevion permanecia refletindo sobre seu próprio medo, sua admiração por Airen e a vergonha que sentia de si mesmo.

Para sua vergonha, ele nunca conseguiu se mover enquanto o jovem enfrentava o demônio sozinho. Assim, o maior cavaleiro de Palanke soltou um suspiro de alívio quando o espadachim dourado derrotou o bufão demoníaco com sua Aura da Espada, que parecia feita sob medida para ele. Ele agradeceu aos deuses por não precisar tomar a liderança.

Foi então que ouviu passos atrás de si e se virou surpreso.

— Ainda não acabou — disse Illia Lindsay, seus cabelos prateados brilhando na escuridão.

Ela parecia completamente livre da energia sombria.

Ainda petrificado de medo, Sevion olhou para cima.

“Consigo entender Airen se libertar, mas agora Illia também?” pensou, se perguntando como ela superara a escuridão mais rápido do que ele.

É claro que Illia não sabia o que Sevion estava pensando. Em vez disso, expressou-se com calma.

— Ainda não acabou. Precisamos ajudá-los…

— Encontrei você! Finalmente, encontrei você, seu maldito…!

Boom!

Uma forte explosão interrompeu Illia.

Airen e todos os outros se viraram para ver o bufão demoníaco. Sangue escorria debaixo da máscara.

O demônio começou a murmurar palavras sem sentido. No entanto, todos na equipe conseguiam entender o que ele dizia. Calafrios percorreram suas espinhas. Alguns dos membros mais sensíveis desmaiaram, espumando pela boca. Até Gregory Griffin, que era de nível especialista, tossiu violentamente e caiu para frente.

Mas Airen Farreira permaneceu firme, assim como Illia Lindsay, cuja espada agora emitia uma aura prateada.

— Droga…!

— Ufa…

Sevion Brooks finalmente recuperou a compostura. Perry Martinez se juntou a ele. Atrás deles, estava Lulu, tentando desesperadamente proteger a equipe da escuridão.

A tensão era palpável. Um passo em falso e tudo poderia desmoronar. Três mestres espadachins e um mago de combate encaravam o bufão demoníaco com intensidade.

Bem, um deles desviou o olhar.

Sentindo algo estranho no olhar de Airen, Illia Lindsay virou-se.

Ela não sabia como aquilo passou despercebido, mas tinha certeza de uma coisa.

Woooosh…

Aquela esfera de aura vermelha…

Screee…!

Aquela aura, junto com a feitiçaria de Anya Marta, seria incrivelmente poderosa.

— Anya acabou de usar tudo o que guardou por três anos… — comentou a jovem garota.

— Ei! Fique quieta! — repreendeu uma voz.

O bufão demoníaco se virou ao ouvir a voz de Anya, sua expressão ainda oculta pela máscara trincada. Mas Airen sabia que o demônio, que nunca perdera a compostura, agora se sentia ameaçado.

— Agora! — gritou Ignet Crecensia.

A esfera vermelha disparou da ponta da espada de Vulcanus, movendo-se tão rápido que apenas os mestres podiam acompanhar. Até mesmo o bufão demoníaco não conseguiu desviar.

Splat!

O bufão inclinou a cabeça enquanto o ataque o atingia novamente no plexo solar.

— Sou louca… — murmurou ele, levantando o olhar enquanto fogo, ossos e carne explodiam.

Craaash!

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