Switch Mode

Reformation of the Deadbeat Noble – Capítulo 225

Você Está Fora de Si (1)

Depois de conversar com Judith, Airen passou a noite na casa de Khun junto com os outros. Na manhã seguinte, tomaram café da manhã antes de seguirem direto para a propriedade Lloyd.

— Obrigado por nos deixar ficar — disse Airen, curvando-se.

— Claro que devem estar gratos. Não deixo ninguém ficar há dez anos. Agora, tenho meu treinamento matinal para fazer. Então, sumam daqui — respondeu Khun.

— Que horrível você é. Não se parece muito com o Diretor Ian — comentou Kiril.

— Aquele cara é bem pior se você o conhece de verdade. Você deveria ter visto o quão astuto ele era quando jovem…

Khun franziu a testa e resmungou, mas ninguém prestou atenção.

— Nos vemos da próxima vez — disse Airen, voltando-se para Judith.

— Sim. Não sei quando será… mas eu o encontrarei — respondeu Judith com um aceno de cabeça.

Foi uma despedida simples, mas parecia diferente. Airen tinha certeza de que, da próxima vez que visse Judith, ela estaria muito mais forte.

— Kiril — chamou Judith.

— Sim, Judith — respondeu Kiril.

As duas se olharam com afeto, como se não tivessem acabado de se enfrentar no dia anterior. Elas apertaram as mãos e se puxaram para um abraço.

— Estou torcendo por você — disse Kiril, exibindo um raro e suave sorriso.

— Você está torcendo por mim? Se fizer isso, seu irmão vai perder — respondeu Judith, incrédula.

— Não tem problema. Vocês dois podem se esforçar. Às vezes, ele vai ganhar. Às vezes, você vai. Isso deve ser o bastante…

— Bem, estou planejando vencê-lo todas as vezes… Mas vou deixar passar dessa vez, já que você é irmã dele.

Judith sorriu e se virou. Lulu pulou prontamente para seus braços.

— Podemos voltar? — perguntou.

— Não. Preciso focar no treinamento por um tempo — respondeu Judith.

— Eu só vou assistir. Tudo bem?

— Bem, tudo bem. Mas vai ser entediante.

— Não tem problema. Vou vir quando Brett vier. Vai ser divertido ver vocês dois conversando…

— Não venha com Brett. Ou estará morta.

— Hã? Ah?

Lulu olhou curiosa para a súbita mudança de humor de Judith.

Airen pegou a gata quando ela se jogou no chão.

— Prometo entregar a carta direitinho — disse ele com um sorriso.

— Entendi. Agora sumam… Ugh, é verdade. Eu disse que faria algo a respeito dos meus modos… — murmurou Judith, olhando para Airen com sua habitual aspereza.

Mas Airen achou aquilo cativante. Depois de apertar sua mão, ele montou no grifo. Os outros o seguiram.

— Então, estou indo. Obrigado pelo ensinamento, Khun — disse ele.

— Certo. Agora vão — respondeu Khun.

— Sim, senhor.

Swoosh!

Flap, flap!

Com uma poderosa batida de asas, o grifo alçou voo com Airen e seu grupo. Em segundos, desapareceram.

Khun imediatamente se virou e seguiu com seu dia como de costume. Assim começou seu treinamento feroz.

Judith observou por mais algum tempo antes de voltar a treinar como Khun.

Swoosh!

Para encontrar seu caminho…

Wooosh!

Para alcançar seu objetivo…

Swoosh!

O fogo de Judith queimava mais forte do que nunca.


Airen Farreira estava perdido em pensamentos enquanto seguia para a propriedade Lloyd sobre o grifo. As duas lutas do dia anterior o inspiraram bastante, fazendo-o repensar seu caminho como espadachim.

“Eu não posso ser como Judith”, pensou.

Khun e Judith buscavam o extremo. O que queriam era uma arma suprema que compensasse todas as suas falhas, uma lâmina frágil, mas mortal.

Airen não era assim. Como já havia admitido antes, ele buscava superar suas fraquezas interagindo com os outros, assim como os cinco elementos se complementavam. Por isso, a viagem até a propriedade Lloyd significava muito para ele. Afinal, Brett Lloyd era a pessoa mais próxima de ‘água’ que Airen conhecia.

“O problema é que estou distraído…”, pensou.

Ele se lembrou do que Judith dissera no dia anterior.

“Ele pode ter dito do jeito errado, mas Khun aprova você. Não faria diferença se você entrasse no grupo de incursão logo depois de entregar a carta.”

Era verdade. Antes de partir, Khun lhe deu uma velha moeda. Embora Airen não soubesse o que aquilo significava, tinha certeza de que Julius Hule não o rejeitaria depois de vê-la.

Mas…

“Eu poderia realmente entrar no grupo agora?”

O próprio Airen não tinha certeza de suas capacidades. Ele estivera confiante logo depois de escapar da masmorra do diabo bufão, seu coração ardendo com o desejo de exterminar todos os diabos do continente. No entanto, após encontrar Ian, o bufão renascido, Khun e Judith, sentiu que ainda lhe faltava muito, mesmo tendo aprendido tanto durante a jornada. Tinha a sensação de que não conseguiria acompanhar Ignet e os outros cavaleiros sagrados.

“O que devo fazer, então…?”, pensou Airen, gravemente.

Seus pensamentos vagaram. Seu objetivo era criar um mundo onde todos fossem felizes e ninguém sofresse. Derrotar os diabos era apenas uma das maneiras de alcançar esse objetivo. Mas, se pensasse no que mais poderia fazer pelo mundo, ele não tinha certeza.

— Hmph.

Airen abriu os olhos devagar e viu a paisagem familiar do céu. Respirando fundo, virou-se para Kiril.

— Você está bem? — ela perguntou.

— Estou — respondeu Airen.

— Você parece inquieto.

— Um pouco. As coisas são difíceis, sabe. E eu não sou bom o bastante.

— Hmm…

O rosto de Kiril se entristeceu. No entanto, ela não estava tão preocupada quanto estivera quando seguia para a Academia de Esgrima Krono. Naquela época, Airen parecia muito mais vulnerável e ansioso. Ela definitivamente preferia como ele estava agora, mesmo que ainda fosse atormentado por pensamentos. Além disso, o que ele lhe mostrara até então também a fazia ter confiança de que ele ficaria bem.

— Vamos deixar esses mesmos problemas de lado por um momento e falar sobre outra coisa — sugeriu ela com um aceno de cabeça.

— O que quer dizer? — perguntou Airen.

— Bem, sobre o seu amigo, por exemplo.

— Ah…

— Que tipo de pessoa ele é? Brett Lloyd, quero dizer…

Os olhos de Kiril brilharam de curiosidade. Agora, ela já havia conhecido Illia Lindsay e Judith. Além disso, conseguira ver um lado do irmão que nunca havia visto antes e ter um vislumbre de como ele se tornara tão capaz.

“Aquele Brett Lloyd também deve ter tido muita influência sobre ele…”, pensou Kiril.

Ela tinha certeza de que o jovem exercera uma boa influência. Ao pensar no fato de que ele até conquistara o coração de Judith, ficou ainda mais curiosa para conhecê-lo.

— Hmm, Brett é… maduro. Ele é calmo, inteligente e centrado — começou Airen.

— Sério? — perguntou Kiril.

— Sim! Brett é muito inteligente. Às vezes, ele lê livros para mim! — intrometeu-se Lulu, embora Kiril não lhe desse atenção. As palavras de Airen, no entanto, a intrigaram ainda mais. Agora, ela estava mais ansiosa do que nunca para conhecê-lo.

— Espero vê-lo em breve — disse ela.

— Sim. Eu também — respondeu Airen.

— Eu também! Kiril, podemos voar mais rápido? — perguntou Lulu.

— Normalmente, não posso. Mas acho que agora posso! Emoções podem impulsionar feitiçaria, sabia? — respondeu Kiril.

— E gatos! — brincou Lulu.

— De qualquer forma, vamos acelerar um pouco?

— Espera, já estamos rápido o suficiente… ugh! — gemeu Airen quando o grifo aumentou a velocidade.

O vento chicoteou contra seu rosto. Apesar do clima ameno da primavera, ele sentiu arrepios.

— Ah, isso é muito mais emocionante!

— É divertido! É rápido! Podemos ir ainda mais rápido?!

— Certo. Deixem-me me concentrar e…

Swoosh!

— Aaaah!

— Yay! Sinto vontade de gritar! Posso?!

— Sim!

— Yay!!

— Whoaaa!

Ao ver Lulu e Kiril gritarem alegremente, Airen sorriu em silêncio.


Graças à ação ágil de Kiril Farreira, Airen e seu grupo chegaram à propriedade Lloyd muito mais cedo do que o esperado. Eles olharam surpresos para o portão elegante e sofisticado.

— É… — murmurou Airen.

— Sim. Não sei como dizer, mas… parece muito diferente das outras cidades! — disse Kiril, de olhos arregalados.

Ela esperava que a propriedade fosse grande, considerando que o Reino Gaveirra era a maior nação do continente central, ficando atrás apenas do Reino Sagrado de Arvilius.

A Casa Lloyd era uma família nobre renomada, então fazia sentido que sua propriedade fosse muito mais desenvolvida do que as das terras Farreira ou do Principado de Cezar. No entanto, não era o tamanho que chamava a atenção de Airen.

“Eles parecem tão animados”, pensou, observando os transeuntes.

Tendo viajado por muitos lugares nos últimos dois anos, ele sabia quantas pessoas lutavam diariamente para sobreviver. Vira muitos rostos preocupados, mesmo nas cidades bem cuidadas do continente central. Nos caminhos para o oeste, era ainda pior, independentemente da riqueza da cidade. Embora Aisenmarkt fosse relativamente alegre, não era uma propriedade decente de forma alguma, pois muitos de seus cidadãos eram viciados em jogos de azar e álcool.

A propriedade Lloyd era diferente. A maioria das pessoas que passavam pelos portões parecia feliz, fossem guardas ou mercadores. Até os trabalhadores braçais tinham expressões alegres.

Ainda surpresos, Airen e seu grupo caminharam lentamente para dentro.

“É o mesmo por dentro”, observou Airen.

Todos, desde mercadores, garotos da estalagem e músicos de rua até meros transeuntes, pareciam confortáveis.

— O lorde deles deve ser um bom homem — comentou Airen.

— Sim — respondeu Kiril, sem muito interesse.

Embora tivesse ficado surpresa no início, a admiração não durou muito. O mesmo aconteceu com Lulu. Assim, Kiril e a gata voltaram sua atenção para encontrar hospedagem.

Airen, por outro lado, observava a propriedade Lloyd com atenção.

— Certo. Vamos para este lugar. Está bom para você, Airen? — perguntou Kiril.

— Hã? Sim, claro — respondeu Airen, finalmente desviando o olhar.

Kiril o puxou para uma estalagem de aparência cara — não que isso importasse, já que Airen, Kiril e Lulu eram bem abastados.

Eles abriram a porta sem hesitação e estavam prestes a ir até o balcão para reservar um quarto quando Airen parou no meio do caminho.

— O que foi? — perguntou Kiril.

— Você reconhece alguém ou alguma coisa?

Airen franziu a testa levemente. Não, ele não reconhecia aquele homem — um nobre de cabelos loiro-acinzentados e bigode, que aparentava ter pelo menos quarenta anos. Uma lágrima pendia de seu olho, como se algo terrível tivesse acontecido. No entanto, por algum motivo, aquele homem parecia familiar.

Talvez fosse pelas garrafas de bebida. Havia cinco garrafas de uísque forte, mas o homem não parecia nem um pouco embriagado enquanto tomava mais um gole.

Airen conhecia apenas uma outra pessoa que bebia tanto sem perder a compostura. Claro, isso não era o suficiente para afirmar nada, mas…

“Sua aura simplesmente parece a mesma…”

Os olhos de Airen, capazes de enxergar auras, diziam-lhe que aquilo que via era uma camuflagem mágica. Aquele homem era alguém que ele já conhecia.

Com um aceno de cabeça, Airen se aproximou do homem.

— Sinto falta dela… — murmurou o homem, servindo-se de mais uma dose, alheio aos olhares ao redor.

Airen teve a sensação de saber de quem ele sentia falta. Puxando uma cadeira, sentou-se com um sorriso.

— Brett — chamou Airen, e seu amigo olhou para ele com olhos arregalados.

Faça uma Doação e contribua para que o site permaneça ativo!
Conheça nossa Assinatura VIP e seus benefícios!!

Comentários

0 0 votos
Avalie!
Se Inscrever
Notificar de
guest
0 Comentários
Mais recente
Mais Antigo Mais votado
Inline Feedbacks
Ver todos os comentários

Opções

Não funciona com o modo escuro
Resetar