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Reformation of the Deadbeat Noble – Capítulo 289

Incontáveis (3)

Embora a região central fosse conhecida como a mais segura do continente, junto com a região ocidental, esse conforto tornou-se coisa do passado assim que o diabo apareceu. O Reino Sagrado de Arvilius e os soldados dos outros reinos, que antes patrulhavam e lidavam com os monstros, agora precisavam focar em caçar os demônios. Isso significava que criaturas demoníacas surgiam das trevas todas as noites, enquanto as feras selvagens se tornavam cada vez mais agressivas, afetadas pelo caos. Viajantes e mercadores se encolhiam de medo.

No entanto, isso só valia para aqueles que não tinham habilidades. Um grupo de aventureiros veteranos, liderado por um especialista em espada e um mercenário de insígnia dourada, não precisava se preocupar.

— Hah!

Slash!

Ethan, o líder, desceu sua lâmina com força. Com um único golpe, o goblin caiu. Apesar de ter quase dois metros de altura, fortalecido pela escuridão, não teve a menor chance contra um especialista.

Clang!

Thud!

Clang!

Smash!

E Ethan não era o único. O inocente Giovanni, cuja bondade aquecia os corações, também era um guerreiro habilidoso. Ele bloqueava os ataques com seu escudo redondo e causava dano com sua maça. Quando a oportunidade surgia, ele a agarrava sem hesitar para finalizar a luta. De fato, seu nível fazia jus à insígnia prateada que carregava.

Jarin, a maga élfica, e Keenan Reyes, o cavaleiro errante de uma família caída, também não ficavam para trás. Com o uso eficiente de magia e espada, diminuíam constantemente o número de monstros.

— Phew. Acabou. Bom trabalho, pessoal! — gritou Ethan.

— Isso já faz quatro noites seguidas.

— Ugh, eu odeio isso! Tem sangue de goblin na minha armadura!

— Apenas limpe e aguente firme, certo? Amanhã chegaremos a uma cidade grande, então poderemos descansar alguns dias de verdade.

O grupo finalmente exterminou os monstros daquela noite.

Apesar de terem enfrentado vinte criaturas, incluindo goblins mutantes, e de estarem cansados após dias de constante vigilância, os membros não pareciam exaustos. Afinal, seria preciso muito mais do que isso para fazer um grupo experiente reclamar.

Jarin, a maga élfica, já preparava uma chama mágica para queimar os cadáveres. Os outros se moviam com a mesma diligência, jogando os corpos na fogueira e organizando a área.

Estavam terminando de limpar os resquícios da batalha quando Jarin se aproximou de Ethan, que recobrava o fôlego.

— O que acha? — perguntou ela.

— Hã? Do quê— ah, dele? — Ethan respondeu.

— Sim. O autoproclamado Airen.

— Bom, ele não diz mais ser Airen. Seu nome agora é Aron.

— Tanto faz! O que acha dele?

— Está falando das habilidades dele? Nada mal. Quer dizer, você mesma viu, não? Ele não se acovarda diante de monstros ou criaturas demoníacas. Não vomita ao ver sangue. Tem equilíbrio e força. Eu diria que conseguiria uma insígnia prateada sem dificuldades se acumulasse experiência suficiente, uma de verdade, quero dizer.

— Só isso…?

— O que você quer ouvir— não me diga…

Ethan franziu a testa. Ao ver sua expressão, Jarin desviou o olhar. Apressando-se para encerrar a conversa, ela se afastou. O líder observou suas costas antes de soltar uma risada baixa.

“Ela não queria perguntar se eu achava que ele era um mestre espadachim de verdade, queria?”

Mas ele entendia de onde vinha essa dúvida. Embora Jarin tivesse quase dez anos de experiência como mercenária, ainda era uma maga que pouco sabia sobre esgrima. Aos olhos dela, Aron, que mantinha a calma apesar de sua pouca idade e compostura inabalável, poderia parecer excepcional. De fato, Ethan diria que o jovem era, sim, excepcional.

“Talvez seja porque ele causou uma primeira impressão tão ridícula. Quero dizer, eu também fiquei surpreso…”

Mas ainda assim, a ideia era absurda. Ethan ergueu os olhos ao relembrar os movimentos de Aron. Sem depender de fintas ou improvisação, ele usava o peso da grande espada e a estabilidade de seu núcleo para pressionar os oponentes. Era impressionante, mas nada surpreendente.

Com outra risada baixa, murmurou:

— Eu diria que ele veio de uma academia de esgrima famosa, talvez até da Academia Real.

Era isso. Claro, só isso já era impressionante o suficiente. Ele até diria que invejava o jovem. Tendo crescido como mercenário desde pequeno, Ethan se sentia um pouco inseguro quando se tratava de esgrima formal. Chegou a pedir lições para Keenan Reyes, o nobre caído. No entanto, era impossível mudar seu estilo quando seu corpo já estava acostumado. Ainda assim, ele não deixava sua frustração virar inveja. Afinal, os cavaleiros invejavam suas habilidades tanto quanto ele invejava a técnica deles.

Sou um especialista, pensou.

Começando do zero, superou inúmeras situações de vida ou morte e desenvolveu um estilo próprio. Embora não fosse algo sistemático que pudesse ensinar a outros, funcionava perfeitamente para ele. Nem mesmo os cavaleiros dos Cinco Reinos do Oeste poderiam menosprezar suas habilidades. Isso era o suficiente. Ele talvez não fosse o melhor cavaleiro, mas possuía habilidades das quais podia se orgulhar diante de um.

— Esse sou eu, Keenan… — murmurou Ethan.

— Esse sou eu, entendeu?

— Que diabos você está falando? Está bêbado? — perguntou Keenan.

— Ei, não é assim que se fala com seu líder!

— Vou tratá-lo como líder quando começar a agir como um. Agora pare de resmungar e venha comer.

— Oh, janta!

Apesar das palavras ríspidas de Keenan, Ethan parecia feliz. Não conseguia evitar. Embora a comida antes não fosse ruim, ficou muito melhor depois que Aron se juntou a eles. De fato, o jovem não decepcionava.

Dando uma mordida animada na carne, ele disse ao loiro:

— Uau, isso está realmente bom! Como fez isso? Tem algo especial na carne?

— Ele tem jeito com o fogo. Você nunca será capaz de assar carne assim — disse Giovanni.

— Ei, eu estava falando com Aron. Por que você está me menosprezando?

— Porque nós assamos juntos.

— Juntos? Mais parece que Aron fez tudo sozinho. Antes dele aparecer, sua carne era tão dura quanto a sola de um sapato.

— Cale-se, ou vou te servir sapatos de verdade.

— De qualquer forma, está incrível. Está realmente delicioso. Isso é o que chamam de poder do amor?

— Sim. Carne bovina é a favorita de Illia e minha. — disse Aron.

— Haha, nesse ritmo, o Mestre Lindsay vai vir atrás de você. Ouvi dizer que ele se preocupa muito com a filha. — alertou Ethan.

— Também ouvi. Se sua história chegar ao Reino Adan, ele pode realmente aparecer.

— Tudo bem. Isso é algo que posso conversar diretamente com o Mestre Lindsay.

— Pfft! Esse cara tem mais coragem do que eu! Uau…

Aron sorriu. Embora não afirmasse mais ser Airen, ainda entrava na brincadeira quando faziam piadas sobre isso. Esse era outro ponto que Ethan gostava no jovem. Ele era de bom coração e não tão reservado quanto aparentava. Também era diligente, mesmo com as tarefas mais monótonas.

“Eu planejava me separar quando chegássemos ao Reino Sagrado… mas talvez possamos continuar juntos, se ele estiver de acordo”, pensou Ethan.

Talvez ele pudesse se aproximar do jovem se lhe ensinasse um pouco de esgrima. Embora seus estilos fossem bem diferentes, poderiam treinar juntos…

Ethan estava perdido em pensamentos quando…

— Puxa, eu estava me perguntando para onde toda aquela carne foi. Jarin comeu tudo. Que tipo de elfa você é?

— Besteira. Só porque elfos preferem viver nas florestas não significa que somos vegetarianos.

— Bem, deixe-me te contar uma besteira de verdade. Sou bom nisso. Que tal…

— Ei, parem de besteira. Por que estão todos falando asneiras sem nem terem bebido?

— Então proponha um assunto produtivo.

— Deveria? Que tal falarmos sobre o Festival dos Guerreiros?

— Festival dos Guerreiros?

— Sim. Quem vocês acham que vai vencer? — perguntou Keenan Reyes em um tom contido.

Todos, inclusive Jarin, a maga, ergueram a cabeça, atentos.

“Bom, acho que não há tópico melhor do que esse”, pensou Ethan.

Afinal, eles eram mercenários cujas vidas estavam entrelaçadas com batalhas. Nunca se cansavam de discutir sobre quem era o mais forte e qual espadachim era o melhor do continente. Frequentemente argumentavam sobre qual dos Três Espadachins era o melhor ou quem venceria se o rei de Runetell enfrentasse o Diretor Ian.

Foi então que anunciaram o torneio para determinar o maior guerreiro da próxima geração. Para espadachins e mercenários, esse era um evento que os deixaria enlouquecidos.

— Eu diria que Camrin Rey, da Casa Rey, é um dos candidatos — sugeriu Giovanni.

— Hmm. Ele é bem forte, não é? — respondeu Ethan com um aceno de cabeça.

Sendo um torneio para determinar o mais poderoso da próxima geração, o evento limitava a participação àqueles com menos de sessenta anos. Em outras palavras, os Três Espadachins e os líderes das Cinco Casas não poderiam competir.

Nesse sentido, Camrin Rey era um candidato digno ao topo. Como segundo em poder na Casa Rey, uma das Cinco Casas, ele ficava logo abaixo das dez figuras mais poderosas do continente. Com esse histórico e fama, a maioria dos ocidentais acreditava que ele, sem dúvida, ficaria em primeiro lugar.

— Ainda assim, a Capitã dos Cavaleiros Negros não levaria esse posto? Dizem que o Reino Sagrado está organizando esse evento justamente para exibir Ignet…

— Hmm, mas ela não é jovem demais? Está apenas no início dos trinta. Não acho que tenha chance contra mestres na casa dos cinquenta…

— Mas não podemos simplesmente ignorá-la. Afinal, ela é a maior prodígio que já tivemos na história.

— Bem, eu acho que ela chegaria ao top quatro. Mas…

— Mas?

— Acho que nem Camrin Rey nem Ignet ficariam no topo. O vencedor definitivamente será alguém do sul. Cem por cento de certeza.

— Tsk. Lá vem ele com o orgulho regional de novo.

— Não, não tem nada a ver com orgulho. Vai ser assim mesmo!

Giovanni provocou, e Keenan Reyes reagiu imediatamente. Embora sua família tivesse caído, ele sempre se orgulhara de ter nascido em uma família nobre do sul, e por isso reagia mal quando falavam dos espadachins do oeste e da região central. Aos seus olhos, os espadachins do sul apenas careciam de fama, não de habilidade.

— Para ser honesto, os velhos de mais de setenta anos não têm mais nada a oferecer. Pelo que ouço, estão mais ocupados bebendo e se divertindo com mulheres do que treinando. Mas os mais jovens são diferentes. Já ouviram falar dos Três Espadachins do Sul?

— Ah, nunca ouvi falar.

— Então ouçam bem, seus bastardos.

— Não, acho que na verdade não quero…

— Vamos começar com Jarod, do Reino Macan…

Keenan Reyes começou a falar, contando uma longa história sobre Jarod, o Tigre do Sul, Jaquan, seu melhor amigo e Rei dos Mercenários do Sul, e as lendárias aventuras dos dois homens de cinquenta anos.

Giovanni franziu a testa. Na verdade, ele já conhecia todas essas histórias.

“Esse cara tem orgulho demais de ser do sul”, pensou Giovanni.

Era por isso que ele tinha relutado em ouvir. Ele entendia um pouco de orgulho, mas Keenan exagerava demais. Em vez de apenas enaltecer os espadachins do sul, ele frequentemente rebaixava os das outras regiões. Giovanni especialmente detestava o modo como Keenan falava como se a região leste, sua terra natal, nem existisse.

Ethan logo percebeu o clima no grupo.

“Keenan, seu bastardo… Normalmente ele se segura, mas hoje está exagerando”, pensou com um suspiro.

Mas ele não tinha como parar Keenan, que continuava a falar apesar do clima cada vez mais pesado. Ainda assim, havia um jeito.

Ethan olhou para Jarin. Com um aceno, ela bateu no ombro de Keenan. Quando ele se virou, ela o socou no queixo com um baque.

Thud!

— Ugh, hã? Ah…? — ele gaguejou.

— Cala a boca, tá bom? — disse Jarin.

— O que você…

— Eu salvei sua vida há três meses, não foi?

— Você não pode retrucar isso, pode? Então cale a boca.

“Ugh, eu não queria que ela exagerasse tanto”, pensou Ethan, desconfortável.

Jarin era uma excelente suporte. Não havia um entre eles que não tivesse recebido ajuda de sua magia de apoio. Por isso, Ethan acreditava que, mesmo Keenan, com todo seu orgulho, a ouviria. No entanto, não esperava que ela fosse tão longe.

— Bando engraçado, não pe? — comentou o anão.

— Sabia que Keenan fica no seu melhor quando está apanhando de Jarin?

— Ouviu isso? Pode me agradecer agora por te fazer parecer impressionante.

— Hã? Ah, obrigado. Mas isso doeu mais do que eu esperava…

Mas, definitivamente, o clima melhorou. O anão que franzia a testa, Giovanni, que estava irritado, Jarin e até Keenan Reyes, que acabara de levar um soco, riram alegremente. Pareciam bobos, mas unidos.

Ethan olhou ao redor e viu Aron, que bebia chá com um sorriso caloroso, como se adorasse o clima do grupo. De repente, uma curiosidade cresceu dentro dele sobre o jovem, excepcionalmente habilidoso para sua idade, que ele acreditava que sairia vitorioso no torneio.

— O que acha? — perguntou Ethan.

— Hã? — Aron ergueu os olhos.

— O Festival dos Guerreiros. Quem você acha que vencerá?

— Hm…

— Oh, acho que deve ser difícil escolher um só. Então me dê uma lista de quem você acha que se sairia bem.

— Sim, também estou curioso.

— Você não escolheria Airen Farreira, certo? — perguntou Giovanni com um sorriso irônico.

Obviamente, ele estava brincando. Embora Airen Farreira fosse um dos maiores prodígios e a estrela do continente, ele estava competindo contra pessoas com o dobro de sua experiência. Era jovem demais para se exibir diante do topo entre os duzentos mestres espadachins. Era seis anos mais novo que até mesmo Ignet Crecensia, uma das participantes mais jovens.

— Ignet Crecensia — foi o primeiro nome que Aron declarou.

— Hmph.

Todos assentiram. Embora muitos duvidassem dela por causa de sua idade, outros tinham mais fé. Além de ser a única representante do Reino Sagrado, havia também a história que Jarin havia mencionado. Talvez ela não vencesse, mas certamente era uma candidata digna.

— Illia Lindsay — continuou Aron.

— Hã?

— Hmm…

O nome seguinte não gerou tanto entusiasmo. Illia Lindsay. Com um talento equiparável ao de Ignet, ela era considerada uma das estrelas da próxima geração que sustentaria o continente ocidental. No entanto, citá-la como candidata quando tinha apenas vinte e dois anos e nenhuma conquista além de sua derrota na Terra da Provação…?

Mas ele não parou por aí.

— Brett Lloyd.

— Judith — continuou Aron.

— E… Airen Farreira.

Ele citou mais três nomes. Todos eram conhecidos. Brett Lloyd também era um prodígio e o mestre espadachim mais jovem do Reino Gaveirra, enquanto Judith era uma talentosa ex-aluna da Academia de Esgrima Krono. O mesmo valia para Airen Farreira.

No entanto…

“Esses ainda são novatos comparados aos espadachins que Giovanni e Keenan mencionaram”, pensou Ethan.

Mas, por alguma razão, ele não conseguiu refutar a resposta absurda de Aron.

E não foi o único. Nem Giovanni, que poderia ter avisado Aron de que aquela piada não tinha graça, nem Keenan Reyes, que poderia ter se inflamado por não terem mencionado os espadachins do sul, nem mesmo Jarin, que não simpatizava muito com Aron, disseram nada.

Era como se…

“É como se ele simplesmente tivesse declarado um fato”, pensou Ethan, encarando o rosto de Aron.

Ele parecia tão dócil e gentil como sempre. Apesar de possuir uma grande habilidade com a espada, havia algo nele que fazia com que os outros quisessem protegê-lo.

No entanto, hoje… ele começava a parecer diferente.

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