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Reformation of the Deadbeat Noble – Capítulo 339

Uma Série de Infortúnios (2)

Há um ditado que diz: ‘Quando você compartilha a tristeza, ela se divide pela metade, e quando compartilha a alegria, ela se multiplica.’

A princípio, isso pode não parecer muito lógico, multiplicar a alegria significava que tanto quem recebia a bondade quanto quem a oferecia ganhavam algo. Como isso poderia ser possível?

E, no entanto, era verdade. Oferecer bondade e demonstrar boa vontade não eram ações dolorosas. Compartilhar o que se tinha poderia causar um pequeno fardo inicial, mas a alegria que vinha depois era muito maior. O sorriso de uma criança ao receber um pedaço de pão era mais precioso do que o valor do próprio pão. O mesmo acontecia quando um único golpe de espada abria caminho, iluminando os rostos de viajantes ansiosos.

No fim das contas, um pequeno incômodo não significava nada.

Airen Farreira olhou para a criança caída no chão frio do beco. “Eu deveria ter feito o mesmo desta vez.”

Sangue escorria da cabeça do menino, e seu peito não se movia. Ele morreu ainda agarrado à bolsa de moedas de Airen, e ninguém ali se importou. Viraram seu corpo com a mesma casualidade de quem vira um peixe em uma banca de mercado, mãos sem emoção vasculhando suas roupas antes de arrancar a bolsa de moedas e verificar o conteúdo.

— Ei, nada mal.

— Quanto tem aí? Oh… Parece que já temos dinheiro para a bebida desta noite.

— Tivemos sorte.

— Né? Foi fácil.

— Queria que fosse sempre assim.

“Eles queriam que fosse sempre assim? Dinheiro fácil? Sorte…?”

Ao ouvir suas palavras, Airen prendeu a respiração. Ele não conseguia entender. Não era nem mesmo uma grande quantia, apenas o suficiente para o garoto comer por alguns dias. E, claro, talvez desse para bancar uma rodada generosa de bebidas, mas aquelas moedas jamais poderiam se comparar a uma vida humana.

Por mais precioso que fosse o dinheiro, ele não podia ser trocado por uma vida. Era nisso que Airen acreditava, no que seus amigos acreditavam, no que seus pais amorosos acreditavam, no que seus mestres sábios acreditavam. Então como esses homens podiam tirar a vida de uma criança com tanta facilidade?

Era porque lutavam para sobreviver? Porque suas situações eram tão desesperadoras que precisavam roubar dos outros apenas para continuar vivos? Não parecia ser o caso.

Ainda encarando o cadáver da criança, Airen tentou, repetidas vezes, encontrar alguma justificativa para suas ações.

— Ei, Jack. Você tinha razão — disse um homem cheio de cicatrizes, olhando à frente.

— Sobre o quê? O dinheiro para a bebida? — outro homem respondeu, Jack, presumivelmente.

— Não, idiota, estou falando sobre termos tido sorte. Hoje foi realmente um bom dia.

Jack e os outros sorriram e assentiram. O homem estava certo. A presa deles viera até eles. O homem no fim do beco estava parado, de cabeça baixa, imóvel. Eles adoravam esse tipo, os que nem sequer conseguiam erguer a cabeça.

Jack se aproximou do jovem de manto.

— Ei, senhor. Ei, ei!

A presa continuava sem levantar a cabeça. Com um sorriso maldoso, Jack pressionou o indicador contra o peito do homem, aplicando bastante força.

Mas as coisas não saíram como Jack esperava. O homem não se moveu nem gemeu com a pressão. Não ergueu o olhar com olhos aterrorizados. Apenas permaneceu ali, calmo, imóvel.

Algo ali parecia… errado.

— Ei, o que você está fazendo? — um dos homens chamou.

— …Hã?

— Eu disse, o que você está fazendo, apalpando ele como se fosse sua esposa?

— Deixa ele. Talvez seja esse o tipo dele.

— Cala a boca, seus idiotas. Saiam da frente.

— Hã? Espera, ai, tá bom.

O homem cheio de cicatrizes empurrou Jack para o lado e avançou com uma expressão feroz. Normalmente, ele gostava de brincar com suas presas um pouco, mas hoje estava com pressa. Queria beber e extravasar. Também não tinha vontade de ficar perto do cadáver de uma criança por mais tempo.

Swish.

Uma adaga apareceu em sua mão, afiada e mortal sob a luz da lua. Mais do que suficiente para lidar com uma única pessoa. Ele não hesitou. Na verdade, não sentiu nada com isso.

Enquanto sua mão se movia rapidamente, os outros observavam sem preocupação. Para eles, não era nada demais.

Secrrch…

— Guh! Aaargh… urgh!

— Hã?

— O quê?

A despreocupação deles desapareceu instantaneamente.

Uma dor aguda percorreu o homem cheio de cicatrizes. Era como se tivesse acabado de atingir uma rocha. Cambaleou para trás, sangue pingando de sua mão.

Os outros ficaram boquiabertos de incredulidade, eles viram. O homem claramente desferiu um golpe com a adaga no pescoço do jovem de manto. Deveria ter acertado. Não havia razão para o homem cheio de cicatrizes estar sangrando, quem deveria estar sangrando era o jovem de manto.

Mas eles não sabiam, não sabiam que o silêncio daquele jovem não vinha do medo. Não sabiam que Airen havia baixado a cabeça tentando encontrar um motivo para suas ações. Ele se esforçava por eles.

Naquele momento, Airen Farreira finalmente falou:

— Agora eu entendo.

Ele ergueu a cabeça, lágrimas escorrendo pelo rosto. Embora parecesse vulnerável, nenhum dos homens ousou menosprezá-lo. Algo estava errado. Horrivelmente errado.

Eles não conseguiam se mover. Estavam todos presos naquela atmosfera sufocante.

O jovem herói falou novamente:

— Vocês agem assim porque nunca conheceram nada diferente. Todo mundo ao redor de vocês deve ser assim, não é?

Airen pensou no menino. Ele não escolheu ser ladrão porque nasceu mau. Cresceu vendo esse tipo de vida, preso a uma corrente de destino cruel em vez de um ciclo de bondade.

Talvez o mesmo se aplicasse ali. Aqueles homens foram expostos à maldade e aprenderam apenas maldade. Cresceram encarando o mundo com hostilidade e raiva. Se o menino tivesse crescido nesse ambiente, poderia ter se tornado um adulto tão cruel quanto eles.

Eles não eram inocentes. Mas Airen também não podia dizer que eram inteiramente culpados.

Foi por isso que ele não desembainhou sua espada. Ele tentou demonstrar misericórdia.

Com um suspiro profundo, virou-se para a direita e disse:

— Essas pessoas mataram uma criança.

— Hã? O q-quê?

— Peço que lidem com este assunto. — Airen curvou a cabeça educadamente.

Que sorte, se aqueles guardas não tivessem chegado a tempo, Airen poderia ter matado aqueles homens ali mesmo.

Não importava quais fossem suas circunstâncias, eles haviam cometido um crime terrível. Mas seria melhor que os guardas os levassem à justiça, e não ele.

“Estou instável agora”, ele lutava para acalmar suas próprias emoções e estava longe de fazer julgamentos racionais e justos.

Airen suspirou.

— Por favor.

— Uh, uhm… — O aparente capitão da guarda franziu a testa para os homens e começou a caminhar em direção a eles.

Ao ver isso, o jovem herói assentiu. Sim, isso deve bastar. Transferir a responsabilidade para outros porque ele não era forte o suficiente no momento talvez fosse a melhor escolha, considerando a urgência de Ignet Crecensia.

Não se esqueça dos acontecimentos de hoje. Guarde-os bem no coração. Como antes, nunca pare de buscar uma resposta melhor.

Justo quando Airen tomou sua decisão e se preparava para partir…

— Pare aí mesmo.

— …O que foi?

— Eu disse pare. Levante as mãos e fique contra a parede. — A voz do capitão da guarda era calma, mas gelada como gelo, destoando de sua expressão aparentemente branda.

— O que está acontecendo? — Airen exigiu.

Intimidado, o jovem guarda deu um passo para trás.

— Ugh. — O capitão suspirou e avançou. — Você matou uma criança inocente. Obedeça minhas ordens sem resistência.

Airen encarou o capitão sem reação por um momento, depois olhou ao redor. Alguns dos outros guardas evitaram seus olhos, claramente envergonhados. Enquanto isso, os bandidos riam e o apontavam. O homem cheio de cicatrizes praguejava sem parar. E quando Airen voltou seu olhar para os guardas, viu um deles, um veterano, segurando a bolsa de moedas ensanguentada da criança.

Swish.

Airen não conseguiu mais se conter. Nem o julgamento racional, nem a compaixão heroica podiam continuar sob aquelas circunstâncias. Tudo o que sentia era um vazio, e uma fúria incontrolável.

Dominado pela emoção, Airen Farreira girou sua lâmina imbuída de feitiçaria em um arco veloz.

— Ehh?

Whoosh!

Após o grunhido do capitão da guarda, nenhuma outra voz ecoou. Um silêncio sinistro caiu sobre o beco.

Naquela quietude, o guarda veterano, que havia esboçado um sorriso tão vil, perdeu a cabeça com um estalo surdo. Sua cabeça tombou no chão imundo com um baque.

Thud, thud.

Thudududududuk…

E isso foi apenas o começo.

Todos os outros guardas que tentaram encobrir o suborno com sorrisos cínicos, todos os bandidos de rostos grosseiros que o ridicularizaram abertamente, Jack, que percebeu algo errado e tentou fugir, todos tiveram suas cabeças rolando pelo chão sujo. Nenhum escapou.

— Aaaaah!

Uma mulher que chegou à cena gritou e correu ao ver tamanha brutalidade. Outros que se aproximaram logo recuaram, horrorizados. Depois disso, ninguém mais veio. Seja pelo fedor de sangue ou porque a notícia se espalhou rapidamente.

Woooooong!

Depois de ficar parado em silêncio por um tempo, Airen ouviu um zumbido em seu ouvido, a lâmina chorava. Era um chamado. Ele sentiu a espada larga instigando-o a seguir em frente.

Ele abaixou a cabeça.

— Há algo que preciso fazer antes de partir.

Pegou o corpo do menino. Assim que saiu da cidade, cavou uma cova sob uma grande árvore e enterrou a criança. Também colocou a bolsa de moedas dentro do túmulo.

“Que algo assim nunca mais aconteça.”

Após prestar suas homenagens aos mortos, Airen Farreira retomou sua jornada em passos firmes.


Após o encontro no beco, Airen encontrou muitos outros malfeitores. Nenhum foi capaz de realmente ameaçá-lo, mas tampouco eram completamente inofensivos.

Seria difícil encontrar lei e ordem no Continente Oriental? Ou ele apenas tivera sorte até agora?

Ele não sabia. Não queria saber. No momento, não tinha forças mentais para se aprofundar nisso.

Depois de um tempo, finalmente chegou ao lugar para onde a lâmina o guiara, a cidade livre de Godara, embora alguns a chamassem de cidade sombria.

Na superfície, parecia brilhante e glamorosa. E Airen Farreira adentrou-a com os punhos cerrados.

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