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Reformation of the Deadbeat Noble – Capítulo 346

O Ser Grandioso (1)

O vento cortante e gélido do inverno soprava enquanto uma batalha feroz se desenrolava, uma que a maioria das pessoas desconhecia. Mais de cinquenta diabos e poderosos magos das trevas haviam descido sobre Godara, a cidade sombria. No entanto, o que os heróis encontraram ali era ainda mais aterrorizante do que sua infame reputação sugeria.

Talvez fosse assim que o inferno na Terra se pareceria. O estado da cidade após a batalha era tão grotesco, tão verdadeiramente imundo, que qualquer pessoa comum vomitaria só de olhar.

— Agora entendo por que os diabos eram tão fortes. A cidade inteira… é como se fosse um domínio demoníaco — disse o Rei Sagrado. — Por um momento… chegou até a parecer que o próprio reino dos demônios havia se manifestado no mundo humano.

— De fato. Lutar uma batalha dessas em um local semelhante ao reino demoníaco… é um milagre que os danos não tenham sido ainda piores — respondeu Ashlin Godeverta, o sacerdote de mais alto escalão em Arvilius.

— Você tem razão.

Vários sacerdotes de alto escalão e alguns Mestres Espadachins perderam a vida, e muitos outros ficaram feridos na batalha. O Rei Sagrado também havia recebido informações de que as forças dos reinos dos Orcs e de Runetell sofreram perdas consideráveis. No entanto, erradicar tanto mal do continente já era um milagre por si só. Seria impossível se Arvilius estivesse sozinho nessa luta.

Lembrando-se dos heróis de outros países que sacrificaram suas vidas pelo futuro do continente, o Rei Sagrado ergueu uma oração.

— Que os heróis que deram suas vidas para salvar o mundo encontrem descanso nos braços de Deus…

Ashlin Godeverta e os muitos sacerdotes de alto escalão, que até então permaneceram em silêncio, juntaram-se à oração do rei. Honrar o sacrifício dos heróis jamais poderia ser exagerado. Todos rezaram com um único coração pela paz dos mortos e pelo bem-estar dos vivos.

Porque ainda não havia acabado.

Ciente da ameaça ainda maior que pairava no horizonte, o Rei Sagrado mergulhou em um profundo silêncio.

O Rei Demônio.

Esse nome não era apenas um título para um ser das trevas poderoso. Ele se referia a um indivíduo com ambição, carisma e a capacidade de unificar os caóticos demônios sob uma única bandeira. Por isso, ninguém chamava o Bufão de Rei Demônio. Em termos de força, ele certamente se qualificava, mas seu comportamento não condizia com o de um rei.

Entre os diabos registrados na história, apenas o Rei Dragão Demônio chegou mais próximo de ser um verdadeiro Rei Demônio. Ele liderou inúmeros subordinados e corrompeu a região oeste do continente. Mas agora, após quatrocentos anos, outro ser digno desse título havia surgido.

Khun. Aquele que roubou o corpo do espadachim mais veloz, que sequestrou Ignet Cresensia sem esforço e que desapareceu facilmente dentro de uma fenda no espaço. Khun não agia simplesmente por desejo de destruição ou por prazer pessoal. Não, com os eventos em Godara, suas intenções finalmente ficaram claras, ele queria demonizar todo o mundo humano.

Ele queria criar outro inferno.

— Existe alguma contramedida que possamos tomar? — o Rei Sagrado perguntou ao Capitão dos Cavaleiros Brancos, Julius Hule.

— No momento, não há uma solução eficaz — Julius respondeu.

Ele estava certo. A demonização de Godara servia em parte para fortalecer os diabos, mas seu verdadeiro propósito provavelmente era criar uma fenda no espaço. O caos insuportável desestabilizava o mundo humano, criando falhas nele. Seguir o Rei Demônio pela fenda anterior já era uma tarefa extremamente difícil, com ou sem outra fenda.

— Claro, também não será fácil para o Rei Demônio retornar ao mundo humano… — Julius disse.

— Não, não é fácil, mas isso apenas significa que ele definitivamente voltará. A história já nos ensinou isso — respondeu o rei.

Julius refletiu sobre as palavras do rei.

— Além disso, quando ele retornar, terá um poder ainda maior.

Julius não conseguiu se opor, pois sabia que o Rei Sagrado estava certo. Desde o Torneio dos Heróis, todo o continente conhecia o nome de Ignet e se agarrava à sua mensagem de esperança. A Capitã dos Cavaleiros Negros não era apenas uma Mestre qualquer, ela simbolizava a estabilidade do continente.

O prazer de corrompê-la completamente… e o desespero que tomaria conta dos humanos ao perdê-la… Julius imaginou o Rei Demônio absorvendo todo esse desespero e acrescentando-o ao seu próprio poder. Ele imaginou, calculou e colocou na balança junto ao poder acumulado durante os cento e sessenta anos de paz.

Não seria fácil. O momento em que a vontade de Ignet de resistir ao Rei Demônio se quebrasse… esse seria o verdadeiro início do inferno.

“Me desculpe, mas aguente o máximo que puder.” Essa era a única mensagem que o Capitão dos Cavaleiros Brancos poderia enviar à sua discípula. Sua testa se franziu, e sua expressão carregava um pesar profundo.

Nesse momento, Quincy Meyers, que estivera em silêncio até então, falou.

— Não é como se não houvesse nenhuma outra opção.

Imediatamente, todos voltaram sua atenção para ele. Em meio a todo o desespero, será que ele acreditava que havia uma forma de resolver essa crise? O Rei Sagrado e Ashlin aguardaram sua resposta, tomados por uma leve expectativa. No entanto, um instante depois, suas expressões se fecharam. A proposta de Quincy era absurda.

— Anya Marta, Georg Phoibe, Illia Lindsay, Judith, Brett Lloyd e… Airen Farreira — Quincy disse enquanto todos o encaravam em silêncio. — Se eles puderem crescer rapidamente…

— Pare. Já basta — o Rei Sagrado o interrompeu, levando uma mão à testa e soltando um suspiro profundo.

É claro que ele entendia. Questões envolvendo espaço e outras dimensões estavam além até mesmo dos magos mais talentosos do Reino Runetell, e era por isso que não podiam simplesmente perseguir o Rei Demônio. Eles não acreditavam que fosse impossível encontrá-lo dentro da fenda, mas sabiam que levaria muito mais tempo para encontrá-lo do que para o Rei Demônio retornar.

No entanto, seis pessoas estavam completamente livres desse problema, os que receberam um sinal de Ignet Cresensia. Se assim desejassem, poderiam alcançar imediatamente o covil do Rei Demônio. Era um fenômeno bizarro que desafiava o senso comum, mas o poder incompreensível da feitiçaria o tornava possível.

Em outras palavras, se os jovens heróis acumulassem poder suficiente para derrotar o Rei Demônio antes que ele quebrasse a vontade de Ignet…

“Então a crise atual poderia ser completamente resolvida. Mas…” O Rei Sagrado suspirou novamente. Havia algo que ele não conseguia entender. “Por que Ignet confiou o futuro do continente a esse jovem grupo de amigos, em vez de aos indivíduos mais fortes?”

“Dez anos. Vinte anos. Trinta anos. Será que ela acredita que eles podem superar Ian, Julius Hule e Gia Runetell se ela resistir por ainda mais tempo? Ou será que ela não considerou algo assim e simplesmente confiou nas pessoas que lhe vieram à mente em seu momento de crise?”

Ele não sabia, mas uma coisa era certa… “Ignet, um espaço em outra dimensão será muito mais cruel do que você imagina.”

A aposta da Capitã dos Cavaleiros Negros tinha uma probabilidade de sucesso extremamente baixa. Em um mundo desconhecido, sem deuses, era difícil manter o senso de si mesmo. Da mesma forma, mesmo os jovens heróis que tiveram performances extraordinárias no Torneio dos Heróis teriam dificuldades em alcançar o nível de Julius Hule.

Cruelmente, simplesmente não havia tempo suficiente.

Em meio à ansiedade e preocupação, o silêncio caiu, e ninguém mais voltou a falar.

Então, um ano de esperança e desespero se passou.


Whoosh!

Após experimentar o inferno do mundo mortal, Airen Farreira dedicou-se ao treinamento todos os dias. Ele sempre fora diligente, mas agora se obcecava por sua espada como se algo dentro dele houvesse se quebrado. Ele mal comia ou bebia, e não dormia.

Dez dias se passaram assim. Ele sabia que esse não era o caminho certo, mas não conseguia parar. Precisava se tornar mais forte, rápido.

Precisava atravessar a fenda no espaço. Precisava libertar Karl Lindsay, derrotar o Diabo Bufão e impedir o poderoso Rei Demônio. Somente então poderia salvar Ignet e o continente.

Sua impaciência é como fogo.

Ao se lembrar dessas palavras, Airen repousou a espada e fechou os olhos. Era algo que Ian lhe dissera antes, e era verdade. Ele tinha uma falha séria. No fim do Torneio dos Heróis, seus cinco poderes cresceram de forma equilibrada, criando um ciclo virtuoso. As energias interagindo constantemente, fogo, terra, metal, água e madeira, uma vez o levaram a um nível mais alto, mas agora não era o caso.

E a razão era clara, o fogo.

O desastre que se abateu sobre Ignet, o desastre que os diabos trouxeram ao mundo, e a jornada que ele empreendeu para corrigir tudo… E toda a raiva ardente, hostilidade, inveja e malícia que ele viu nas pessoas ao longo do caminho fizeram com que o fogo no coração de Airen se inflasse de maneira incontrolável.

Isso não era apenas impaciência ou nervosismo. Não, era um problema muito mais fundamental, o mundo parecia diferente. Era muito mais cruel do que quando ele brilhava intensamente no passado e recebia a boa vontade de muitas pessoas virtuosas.

Ele não teve escolha senão admitir. Ele fora protegido e cresceu vendo apenas coisas boas. Tendo vivido no ambiente mais confortável e acolhedor possível, ele não tinha o direito de se orgulhar. Não merecia isso.

Airen abriu os olhos. O mundo que via através dos olhos avermelhados era tão vermelho quanto sangue. Tudo parecia estar em chamas. Ele precisava controlar isso, precisava acalmar-se.

Mas era impossível. Sua mente constantemente sugeria soluções racionais, mas o que o movia era seu coração, seu coração em chamas. Não havia como detê-lo. Nem seu Mestre, nem seus amigos, nem sua amada poderiam extinguir o fogo que se espalhava dentro dele. A menos que um milagre acontecesse, seria impossível para Airen superar seu Demônio Interior rapidamente.

Tap!

Mas então, um milagre aconteceu.

Ao ouvir um som repentino de batida, Airen se virou, e sua expressão se endureceu. Era um rato, um roedor dourado e brilhante, sorrindo para ele com uma expressão quase humana. Ele o pegou e ficou ali parado, em silêncio, antes de erguer a cabeça.

Uma longa fila de ratos estendia-se diante dele. Eles se alinhavam como se quisessem guiá-lo a algum lugar, então Airen começou a caminhar lentamente, sem pensar, para frente.

— Olá? — uma voz feminina chamou. Quando Airen não respondeu, ela perguntou — Me desculpe, fiz você esperar demais?

Era exatamente como ela dissera, havia sido uma longa espera. Mas ele não conseguia odiá-la ou culpá-la, não sua velha amiga.

Segurando uma esplêndida varinha, ainda melhor do que a que tinha antes, Lulu assumiu uma pose animada e declarou energicamente:

— A garota mágica chegou!

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