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Reformation of the Deadbeat Noble – Capítulo 351

A Espada dos Céus (1)

“Quem melhor te conhece é você mesmo”. Por mais próxima que uma pessoa seja de você, apenas você pode entender completamente seus próprios pensamentos, sentimentos e preocupações. Essa filosofia era o motivo pelo qual Lulu concedera aos quatro a liberdade de escolha.

Mas isso significava que eles não precisavam de mais ajuda? Não.

A gata preta observava atentamente o treinamento de Airen, Illia, Judith e Brett. Em seguida, assentiu com a cabeça e pensou: “Como esperado, parece que chegou a hora de eu intervir.”

“Repetindo: quem melhor te conhece é você mesmo.”

No entanto, quanto mais alguém mergulha em suas próprias preocupações e pensamentos, mais estreito se torna seu campo de visão. Deixam de ouvir ideias e opiniões externas. Aos olhos de Lulu, dois dos quatro, não, três deles, estavam exatamente nesse estado.

Felizmente, ela havia poupado energia prevendo essa situação. “Tenho… energia suficiente restante.”

E isso não era tudo. Os intensos desejos, anseios e esperanças de Kiril Farreira, os outros parentes dos quatro, Georg Phoibe, Anya Marta, Kubharu, Lance Patterson e ainda mais pessoas forneceram a Lulu muito mais poder do que ela esperava. Lulu precisava refinar esse poder da forma mais eficaz e confiá-lo à pessoa que mais precisava.

— Sim, você se esforçou bastante.

— Você fez o seu melhor.

— Agora pode deixar conosco.

— Só precisa manter este espaço.

— Uh-huh.

A gata preta balançou o rabo e olhou para as quatro novas figuras. Elas eram confiáveis. Sentia-se certa de que podiam guiar seus preciosos amigos na direção certa. Podiam ajudá-los a encontrar um caminho mais saudável e luminoso.

— A quem deveríamos visitar primeiro?

— Não podemos simplesmente nos dividir e ver cada um deles?

— Não! Dessa vez quero tomar minhas próprias decisões, não ser um clone. Hmm…

Lulu arregalou os olhos, espiando dentro dos espaços de treinamento dos quatro. Um continuava avançando com firmeza, assim como fazia desde o início. Em outro espaço, ela via um berserker envolto em chamas. Por outro lado, em outra área de treinamento, alguém estava submerso em uma água profunda e pesada, e ao seu lado havia alguém inquieto e ansioso.

— Parece que aquele é o mais urgente.

— Hoho, concordo.

— …Sim, parece que sim.

A feiticeira felina assentiu e balançou a varinha no ar. Com um — Hya! — um portal se abriu com um som vibrante.

Uma pessoa que observava os outros entrarem no portal murmurou:

— Aquele garoto tolo. Quero vê-lo agora.


O que é necessário para controlar a energia de fogo em fúria? Água. Ela resfria o calor do corpo e acalma a raiva e ansiedade da mente. Quando alguém se observa e se controla com clareza, até mesmo uma chama aparentemente incontrolável eventualmente perde sua intensidade.

Claro, isso só é verdade se a água subjugar o fogo de forma saudável.

Splash!

Splash!

Airen Farreira derramava água. Derramava, derramava e derramava. Fazia isso para controlar completamente as chamas que subiam incessantemente dentro de si. Queria eliminá-las por completo, e concentrava-se implacavelmente na energia da água.

Illia Lindsay o observava com um olhar dolorido.

“É demais.”

Ela não sabia muito sobre a Técnica Divina dos Cinco Elementos. Houve um tempo em que nem sequer conseguia controlar um único elemento adequadamente, ao contrário de Judith e Brett, que eram excepcionalmente fortes pelo menos no fogo ou na água. Mas mesmo assim, sabia que a direção atual de Airen era ruim.

Chamou seu amado com uma voz cautelosa:

— Airen.

Ele não respondeu.

— Airen.

Mais uma vez, sua voz não o alcançou. Não podia. O lugar em que estavam agora era vastamente diferente do início. As chamas haviam diminuído, mas a água se acumulava em um nível incontrolável. Illia e Airen, agora ambos residentes daquele campo de treinamento, não podiam escapar. Ela nem conseguia se lembrar de quando a conversa entre eles foi interrompida.

Mesmo sabendo disso, Illia não desistiu.

— Airen…

Ela não podia desistir. Assim como ele não havia desistido dela, ela precisava despertar Airen de algum modo. Precisava ajudá-lo a seguir na direção certa.

— Huu… — Ela inspirou profundamente. Água entrou em seus pulmões, não ar, tornando sua respiração ainda mais pesada, mas ela não podia parar. Sem Airen, ela também não existia.

Assentindo para si mesma, Illia se preparava para chamá-lo novamente quando uma luz intensa brilhou.

— Oi? — ela chamou. — Lulu!

Lulu apareceu repentinamente diante dela, e Illia exclamou de alegria. Airen parou o que estava fazendo e virou a cabeça.

Talvez o poder da feitiçaria permitisse que a voz de Lulu atravessasse a água que preenchia a área. Mas a voz de Illia não podia fazer o mesmo. Parecia que apenas ela conseguia ouvir sua própria voz.

— Você deve ter passado por muito — disse Lulu, olhando para Airen. Quando ele não respondeu, ela continuou: — Isso já aconteceu antes, sabia? Depois de conhecer Ignet, depois de encontrar Ian, depois de encontrar o Bufão…

— Dessa vez é diferente — disse Airen após um momento.

— Não. Acho que é igual.

— Lulu? Lulu? — Illia chamou, mas ninguém podia ouvi-la. Ela também não conseguia ouvir o que Airen dizia.

Se Lulu transmitisse suas palavras a Airen, então não haveria problema. No entanto, a gata preta parecia não ter a menor intenção de fazê-lo.

— Acho que usar água para controlar o fogo em seu coração é o método certo. No entanto, os problemas surgem quando as emoções por trás disso não são resolvidas — disse Lulu. — No passado, você pensava na espada como uma forma de controlar o excesso de competitividade, impaciência e ansiedade que sentia ao ver Ignet. Isso se transformou em obsessão e te aprisionou…

Lulu olhou ao redor, depois voltou seu olhar para Airen.

— Eventualmente, as emoções profundas, pesadas e estagnadas te esmagaram. Você não conseguiu lidar com isso — disse ela. — Você realmente acha que o Airen de antes é diferente do Airen que é agora?

Depois de ouvir as palavras de Lulu, Airen não teve como retrucar. Para controlar sua fúria incontrolável, ele tentava acalmar a si mesmo. Refletia constantemente sobre sua jornada até Godara, repensando tudo, repetidas vezes.

Olhando ao redor, notou que a água havia subido até o nível de seus olhos, preenchendo completamente sua visão. Percebeu que estava profundamente submerso em arrependimento e tristeza. Estava repetindo o mesmo erro.

— …Preciso deixar fluir — disse ele.

Lulu assentiu. — Sim. Deixe fluir.

— Como faço isso?

— Existe um jeito.

Whoosh!

Lulu balançou sua varinha, e um portal semelhante ao portão dourado de antes apareceu.

Zunn…!

Airen olhou para ela em busca de uma explicação, e a gata preta disse:

— Airen, você vai entrar nesse portal e cumprir uma missão.

— Uma missão?

— Sim. Trata-se de proteger um feudo de um diabo maligno que o invade.

Airen hesitou, o que era compreensível. O jovem herói ainda se lembrava dos homens arrogantes que roubaram o dinheiro do garoto e dos guardas que agiam movidos por subornos. Ele jamais poderia ser o mesmo de antes.

— Há alguém lá dentro que também vai te ajudar.

Ele inclinou a cabeça, confuso.

— Você não vai entrar?

— Sim, eu vou entrar — respondeu Airen com um sorriso forçado.

Era impossível para ele ver o mundo com a mesma luz de antes, mas não precisava mostrar esse lado para Lulu naquele momento.

“Proteger o feudo. Derrotar o diabo.” Airen assentiu e olhou para Illia uma última vez. “Eu voltarei.”

E com essa despedida silenciosa, dita apenas com os lábios, o herói desapareceu.

Zunn…

O portal também desapareceu completamente.

Fitando em silêncio o local onde Airen estivera, Illia gritou, um tanto irritada:

— Lulu!

— Sim, Illia?

— Por que fez isso?

— Fiz o quê?

— Por que ignorou tudo o que eu disse e mandou o Airen embora sozinho… — Illia bufou e balançou a cabeça com força. — Não, melhor parar por aqui.

Não havia por que se apegar ao que já havia acontecido. Era um desperdício inútil de energia.

Voltando o olhar para Lulu, ela disse:

— Me envie para ajudar o Airen também.

Lulu desviou o olhar.

— O Airen precisa de mim — insistiu Illia. — Assim como ele me ajudou, eu o ajudarei.

— Há outra pessoa para ajudar o Airen…

— Quem é…?

— Illia… — disse Lulu, com a voz incomumente suave.

Illia parou no meio da frase, mas não apenas por causa do tom de Lulu. Não, foi o olhar da gata, cheio de preocupação e inquietação por ela.

Assustada, ela tentou falar novamente, mas Lulu foi mais rápida:

— Illia, seu desejo de ajudar o Airen é importante, mas aos meus olhos, você também precisa de ajuda.

— O quê?

— Exatamente isso que disse. Sua situação não é tão grave quanto a de Airen, mas… está tudo bem — disse Lulu. — Eu trouxe alguém para te ajudar a se tornar mais forte.

— Ha, que…

— …besteira é essa que ela tá dizendo?

Assustada com a voz áspera, Illia virou-se rapidamente. Imediatamente, o ambiente ao seu redor mudou por completo. Diante dela havia uma vasta terra árida, com um tom avermelhado, e um céu azul. Um pouco adiante, um velho a observava, tendo como pano de fundo o horizonte que se estendia sem fim.

Os olhos de Illia se estreitaram. “Quem é ele?”

A voz de Lulu veio do céu acima.

— Ele vai te ajudar a partir de agora!

— …Me ajudar?

— Isso mesmo. Ele é uma pessoa incrível! Ah, certo, ainda não te contei. Tenho uma missão para você também, Illia. Se perguntar a ele, ele vai te contar tudo.

— Espere um minuto…

— Bom, tô indo! Tô um pouco ocupada!

Whoosh!

Com essas palavras finais, Lulu desapareceu.

Illia apenas encarava o espaço vazio onde a gata sumira. Sentia-se ao mesmo tempo confusa e frustrada. Ela precisava de ajuda?

Não conseguia aceitar aquilo. Não havia sido apenas uma parceira de conversa para Airen. Enquanto se esforçava para aplacar as chamas no coração de seu amado, ela também se empenhava para desenvolver sua própria esgrima. E não era apenas questão de esforço. Na sua própria opinião, estava muito mais forte do que quando entrou no espaço de feitiçaria. Aquela era a direção certa para ela.

Com esse pensamento, ela se virou para o velho e sacou sua espada.

Whoosh!

— Hmm.

Uma onda intensa de energia preencheu o local. O velho acariciou o queixo enquanto a enorme esfera se expandia ao redor de Illia Lindsay. Ele sentiu a esfera e percebeu o vento feroz que a preenchia.

Sua reação sugeria que estava bastante surpreso. Mas, ao mesmo tempo, sugeria certo desdém.

Irritada, Illia apontou sua espada para ele.

— Por favor, saque sua espada.

O velho nada disse.

— Se tem capacidade de me ajudar, então prove…

Whoosh!

Antes que pudesse sequer terminar, uma poderosa onda de energia irrompeu do corpo do velho.

Os olhos de Illia se arregalaram. A energia de seu oponente era incrivelmente intensa, e a aura de sua espada, extremamente afiada. Mas o que mais a surpreendeu foi que a aura do velho se assemelhava à sua própria.

— Hohoho… Antes de duelarmos, não deveríamos nos apresentar?

Illia estreitou os olhos.

— Não consegue me ouvir?

— Quem mencionou o duelo primeiro deve se apresentar antes.

O velho assentiu.

— Hmm, tem razão. Isso é o certo.

A expressão de Illia se tornou séria. Sentia algo no fundo. Mesmo em meio ao tufão furioso ao redor deles, a voz calma dele, seu olhar, e seus cabelos prateados transformaram sua suspeita em certeza.

— Sou Dion Lindsay, sua ingrata — disse ele — que nem consegue reconhecer o próprio ancestral.

Sua intuição estava certa, e Illia apertou com força a empunhadura de sua espada.

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