Dion Lindsay, uma figura verdadeiramente lendária. Ele decapitou sozinho o Rei Dragão Demônio, o demônio mais poderoso registrado na história. Não precisava de mais nenhum adjetivo. O motivo pelo qual a história considerava a família Lindsay a melhor entre as cinco grandes famílias de esgrima era por causa de seu legado, apesar da família existir há apenas 400 anos.
E agora, aquela grande figura estava diante de Illia, seus cabelos prateados e o símbolo da família esvoaçando ao vento. Ele emanava uma aura familiar, mas intensa.
Illia teve dificuldade para encontrar sua voz.
— Você é… realmente o Primeiro Patriarca…?
Ela não conseguia afastar as dúvidas de imediato. Dion Lindsay era muito diferente do que havia imaginado.
“Um pouco… não, bem pior.”
Cerca de 400 anos atrás, a engenharia mágica não era tão avançada, mas artistas renomados haviam feito diversos retratos. Por causa de suas obras, todos conheciam a aparência imponente de Dion Lindsay até os dias atuais. Mas o velho diante de Illia, mesmo sob o olhar mais generoso, era apenas mediano. Seu físico ainda era impressionante para sua idade, mas só isso.
Ela falou novamente:
— Então, hum…
— É verdade.
— Perdão?
— Os retratos da família. Eles realmente me deixaram um pouco… só um pouquinho mais bonito… — disse ele, rindo.
Illia parecia confusa.
— Um pouco?
Queria perguntar se ele não tinha vergonha, mas deixou isso claro apenas com sua expressão. No entanto, Dion Lindsay não se abalou. Pelo contrário, estufou ainda mais o peito com orgulho.
— Foi uma escolha inevitável — explicou ele.
— O quê foi?
— Ora, a mesma pessoa pode parecer diferente dependendo do comportamento, da atmosfera, do estado emocional, das conquistas e de vários outros fatores. Você sabe disso, certo?
— Do que está falando…?
— Só responda a pergunta. Estou errado?
Illia assentiu.
— …Acho que está certo.
Dion Lindsay tinha razão. Havia dias em que ela se sentia bem e, ao ver seu reflexo, se achava bonita. Por outro lado, havia momentos em que parecia horrível.
O mesmo valia para os outros. Brett ficava insuportável, especialmente quando falava bobagens. No entanto, durante o Torneio do Herói, ele parecia um verdadeiro herói. Havia, sim, diferença dependendo da situação.
“Mas e daí?”
Como se lesse seus pensamentos, o velho continuou:
— Eu sou um herói — disse ele. — Um grande herói que o mundo raramente vê duas vezes.
— Hum, sim. Mas…
— Existe um certo charme natural que acompanha ser um herói, mas… infelizmente, nenhum artista, ao menos no meu tempo, conseguia capturar totalmente esse aspecto em uma pintura.
Illia não sabia o que responder àquilo.
— É por isso.
— É por isso… o quê?
— Acabei de dizer. O motivo de parecer um pouco mais bonito nos retratos.
— Não, o que você disse mesmo?
— Que o charme de Dion Lindsay! O grande herói, não podia ser totalmente capturado, então, para compensar essa perda, precisei ser retratado como um pouco mais bonito.
Eles se encararam por um momento.
— Parece que você não está convencida… — murmurou ele. — Que pena, se ao menos eu fosse uma semana mais jovem…
Illia balançou a cabeça. Ele era um desastre. O respeito que nutria por ele desde a infância virou pó. Mas isso não foi a única coisa que desapareceu.
“Pelo menos ele realmente parece o Primeiro Patriarca.”
A aura majestosa e avassaladora que ele emanava mesmo enquanto brincava. Quanto mais ela observava sua aura infundida de vento, mais percebia como se assemelhava às espadas dela e de seu pai.
Sem dúvida, aquele era Dion Lindsay diante dela.
Finalmente dissipando suas dúvidas, assentiu.
— Sou Illia Lindsay, sua descendente.
— Hoho, sim. Permita-me apresentar-me novamente. Sou o grande herói que varreu a escuridão do continente, um herói raro na história, Dion Lindsay.
Illia o olhou, exasperada.
— Por que essa cara?
— Não. Não é nada. — Após esfregar as pálpebras por um momento, Illia perguntou: — Então qual é a missão que devo cumprir?
— Hmm.
— Tenho que derrotar o Primeiro Patriarca da família Lindsay?
Whoosh!
Illia se envolveu com o vento, olhando com determinação. Se tivesse que lutar contra Dion, não seria fácil, mas não achava que fosse impossível. O que havia dito a Lulu não era mentira. Estava mais forte agora. Muito mais forte.
Claro, isso não significava que não tinha nada a aprender com Dion Lindsay. Afinal, ele era o fundador da Espada dos Céus. Poderia adquirir percepções muito mais ricas e profundas com ele do que com um livro. Lutando contra ele, também ficaria mais forte. Mas havia uma coisa que a incomodava…
“Não posso deixar o Airen sozinho.”
Isso era mais importante que qualquer outra coisa.
Assentindo, Illia disse com calma:
— Parece que lutar contra você é minha missão aqui, então vamos começar agora mesmo.
Ela assumiu uma postura ofensiva. Não havia medo, nem hesitação em seus olhos. Mesmo diante de um homem conhecido como um dos espadachins mais fortes de toda a história, Illia não vacilou. Não se curvou.
Ela faria isso por seu amado, por Airen Farreira.
Ela não podia perder. Se conseguisse derrotá-lo, Lulu não teria mais como separá-la de Airen.
Missão: Derrote Dion Lindsay.
Decidida, a espadachim de cabelos prateados se preparou. No mesmo instante, o outro espadachim prateado deu um passo à frente, despreocupado.
Swish!
“Ninguém percebe o vento até que ele toque a pele.” Os movimentos de Dion eram assim. Mesmo sem se mover rapidamente, Illia cedeu a distância entre eles com facilidade demais. Claro, ela não entregou a vitória de bandeja. Percebendo o que havia acontecido um segundo tarde demais, balançou a espada.
Swish!
Um corte diagonal rasgou o ar, um golpe que ela havia aperfeiçoado mais de dez mil vezes. A técnica não era apenas fruto de esforço, mas também de talento. Ela estava entre os melhores do continente, e a fama de sua família era conhecida em todo o mundo. Como resultado, seu golpe era tão preciso e poderoso que evocava não apenas admiração, mas reverência.
Clang!
O ataque de Illia alcançou o alvo, mas foi ineficaz. Dion o bloqueou instantaneamente. Sua expressão se endureceu diante dos reflexos defensivos surpreendentes dele.
Dion sorriu e recuou sua espada com calma.
— Pois bem, vamos avaliar as habilidades da minha descendente?
— Faça o que…
Bang!
Antes que pudesse terminar, Dion atacou. Illia recuou rapidamente do golpe que parecia perfurar o espaço. Ela estreitou os olhos. O corte arrancou alguns fios de seu cabelo, que flutuaram diante de seus olhos, levados pelo vento. Se tivesse hesitado um segundo, teria um buraco na cabeça.
“É a primeira vez que sinto medo desde o Torneio do Herói?”
Não, era exatamente o oposto. Aquilo era sua primeira luta real em muito tempo. A primeira vez em que sentia verdadeira empolgação e adrenalina durante o combate. Além disso, seu desejo de não perder despertou um certo espírito competitivo, levando suas habilidades a um nível sem precedentes.
Finalmente, a talentosa mulher da família Lindsay encontrava seu verdadeiro eu.
Whoosh!
Illia lançou uma estocada tão poderosa quanto o ataque anterior de seu ancestral, não, ainda mais poderosa.
— Ho! — Dion exclamou com admiração. Ele recuou com elegância, os olhos brilhando com uma luz estranha.
Mas Illia não parou.
Bang!
Sua aura ameaçava despedaçar o chão. Um golpe, depois outro, e outro. Dion se viu forçado a responder à barragem avassaladora. Ela estava praticamente envolta por uma tempestade.
Clang!
Clang!
Clang! Clang! Clang! Clang! Clang!
Dezenas de ataques ocorreram num piscar de olhos. E a luta deles não permanecia em um só lugar. Moviam-se em direções imprevisíveis, golpeando um ao outro, e os impactos devastavam a paisagem ao redor. Rochas vermelhas sólidas se reduziam a pó. Nada além dos dois podia resistir às suas espadas, suas auras ou sua força.
Um minuto se passou assim, e nesse tempo, os dois trocaram incontáveis ataques e defesas.
Whoosh!
Whoosh!
Como se tivessem combinado, afastaram-se ao mesmo tempo. Em meio à pausa na batalha, Illia encarou o oponente. Ele ainda parecia completamente relaxado.
“Ele está acima de mim.”
Bem acima dela, na verdade.
Mas ela não podia ter certeza absoluta. Até aquele momento, não havia uma diferença clara entre os dois. Sua aura e esgrima eram inferiores às dele, mas compensava um pouco com sua capacidade física. A situação não era desesperadora.
E, ainda assim… “Não sinto que posso vencer.”
Illia expirou. Não conseguiria derrotá-lo por meios normais. Precisava usar a técnica mais poderosa que podia invocar.
Ela não gostava daquilo. Forçar um poder além de sua habilidade criaria uma brecha inevitável, que seu oponente certamente não deixaria passar. Mas mesmo sabendo disso, não mudou sua escolha.
Whoosh!
Whoosh!
Whoooooosh!
Sua técnica secreta final: Espada dos Céus. Era a aura avassaladora que Joshua Lindsay mostrara a Airen. Uma habilidade que dominava o céu, e a aura que emanava de Illia agora era ainda mais aterradora. Mas para Dion, a instabilidade momentânea era claramente visível.
— Hmm. — Dion Lindsay ignorou aquilo. Em vez disso, assentiu, como se esperasse que ela continuasse. Apesar da aura feroz girando ao redor dela e da violência do vento, ele permanecia relaxado.
Illia não gostava daquilo, mas suportou. Se pudesse engolir o orgulho por um instante, poderia alcançar a vitória. Se conseguisse completar a missão, poderia voltar para o lado de Airen. Se conseguisse…
“Eu posso fazer qualquer coisa.”
Whoooooosh!
Uma tempestade rugia. Rapidamente, tornou-se um vendaval maciço, tentando engolir tudo ao redor. Os ventos fortes ergueram Illia até o céu.
Ela olhou para baixo, e Dion olhou para cima.
Um momento depois, Illia iniciou seu golpe devastador. O vento se intensificou, seguido por um rugido. O poder total da mulher talentosa era tremendo. Ela destruía tudo em seu caminho com facilidade. Rochas vermelhas e qualquer outra coisa não conseguiam detê-la nem por um instante, apenas desapareciam.
Mas a espada de Dion era uma exceção.
Whoosh!
Whoosh!
Whoooooosh…!
O vento cessou, o vendaval perdeu sua força. O avanço de Illia, que parecia esmagar o oponente, perdeu velocidade, e o silêncio caiu. No entanto, não foi um silêncio completo. A mulher talentosa encarava a espada diante de si.
Whoooooosh!
Uma espada prateada, emanando uma aura brilhante e fluida, flutuava diante dela, não mais nas mãos de Dion. Emitia uma aura afiada com orgulho e parecia prestes a avançar a qualquer momento.
Sem conter a curiosidade, Illia perguntou:
— O que é isso?
— O que quer dizer?
— Como… você consegue mover a espada sem segurá-la? E ainda bloqueou a técnica secreta final da Espada dos Céus…
— Hoho, essa não é a técnica secreta final.
— Então?
— O que estou mostrando agora — a capacidade de controlar livremente uma espada sem usar as mãos.
Quando Illia não respondeu, Dion Lindsay olhou para sua arma. Um brilho prateado envolvia a espada, e ela se movia elegantemente pelo ar. Movia-se completamente livre das limitações do corpo. Era a forma mais libertadora de qualquer esgrima que ela já havia visto.
Enquanto Illia encarava a espada em silêncio, a voz do velho ecoou mais uma vez em seus ouvidos:
— Esta é a etapa final da Espada dos Céus: a Espada Soberana.