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Reformation of the Deadbeat Noble – Capítulo 357

Sonho (2)

Antes do retorno de Lulu após sua longa ausência, por volta do início do Torneio dos Heróis — Judith não recebia muita atenção do continente. Não era porque ela fosse fraca. No entanto, em uma reunião das figuras mais poderosas do continente, não havia lugar para uma jovem mulher de pouco mais de vinte anos.

Na verdade, aqueles que almejavam vencer só se preocupavam com Ignet Cresensia, prestando pouca atenção à geração mais jovem. Claro, não demorou para perceberem que isso foi um erro de julgamento. Judith mostrou que não se deixaria intimidar em uma batalha de vontade contra Jakuang, o Rei Mercenário do Sul, o favorito de todos para vencer.

Durante o torneio, ela demonstrou habilidades avassaladoras contra aqueles conhecidos por serem Especialistas. Chegou até a quase derrotar a Capitã dos Cavaleiros Negros, que supostamente possuía habilidades comparáveis às dos dez maiores espadachins. E ela conquistou tudo isso sem ser uma Mestre.

Exato, Judith era apenas uma Especialista. Para se tornar a lutadora suprema do continente, era preciso dominar os seis conceitos da manipulação de aura: armazenamento, fortalecimento, endurecimento, aprimoramento, concentração e manifestação. Em todas essas categorias, Judith era significativamente inferior a um Mestre Espadachim.

Apesar disso, superava seus oponentes porque abrigava uma chama extraordinária em seu coração. Essa chama lhe dava vantagens que compensavam suas deficiências. Judith manejava uma esgrima verdadeiramente bárbara e explosiva, portanto, não se importava com o título de Mestre. A Aura da Espada não significava nada para ela.

E agora, diante de seu mestre em um duelo, chamas intensas consumiam sua espada. Judith olhou para sua própria arma. Não havia chegado intencionalmente a esse nível. Já fazia muito tempo que abandonara a obsessão pelo título de Mestre. O que ela realmente desejava era se tornar mais forte, e a forma mais eficiente de fazer isso era concentrar-se em sua energia de fogo.

Isso era tudo que importava, e tudo pelo que trabalhou.

Apesar disso, o fato de ter manifestado uma Aura da Espada significava que suas habilidades fundamentais haviam subido a um grau inacreditável. Ela conseguia fazer isso sem nem tentar. Uma aura densa e quente dançava sobre a lâmina.

A Especialista que superava Mestres finalmente havia alcançado o nível de Mestre. Mesmo que tivesse demorado um pouco mais que os outros, a recompensa era incomparavelmente maior. No entanto, a tensão ainda enchia seu coração ao olhar para seu oponente.

Judith engoliu em seco. “Será que consigo vencer?”

Khun, um dos três maiores espadachins do continente, e o mais rápido espadachim vivo, havia buscado um tipo diferente de força da mesma forma que ela. Seu mestre provavelmente já superava Mestres mesmo quando ainda era um Especialista. Apesar disso, alcançou o nível de Mestre, e foi provavelmente por isso que era considerado um dos mais fortes do continente.

Sua discípula sabia melhor do que ninguém o quão incrível era esse feito. Ao contrário dela, seu mestre nem sequer tinha um marco de referência. Foi um milagre inacreditável.

Judith cuspiu com força. Parou de se preocupar, jogando a ansiedade, a dúvida e todas as emoções negativas dentro das chamas. A aura sobre sua lâmina se inflamou ainda mais.

Fwoosh!

Ela concentrou sua energia.

Bang!

E a liberou. Com uma explosão, disparou à frente em uma velocidade aterrorizante.

Khun não tentou evitar o golpe. O Mestre observou calmamente sua discípula se aproximando, então pisou com força no chão e avançou para encontrá-la.

Boom!

Slash!

A espada de Judith cortou o ar, cortou o nada. As chamas que cobriam o mundo inteiro não chegaram nem a chamuscar as roupas do velho. Por outro lado, as vestes da jovem espadachim traziam uma marca clara da derrota. Ela observou sua manga, cortada com precisão, cair no chão.

Enquanto a discípula olhava fixamente para o tecido rasgado, Khun perguntou:

— Quer continuar?

Judith hesitou por um instante.

— Claro.

— Você sabe que não pode vencer.

— Isso não importa…

Boom!

Antes que Judith terminasse a frase, Khun apareceu diante dela como um fantasma e a socou. A espadachim ruiva voou por mais de cem metros e colidiu com uma rocha, sem saber o que tinha acontecido. Uma enorme nuvem de poeira se ergueu onde ela caiu, com um estrondo ensurdecedor.

— Já imaginava. Você é ainda mais teimosa que eu.

Judith tossiu várias vezes, tentando expulsar a poeira dos pulmões.

— Mas não se esqueça: não sou do tipo que pega leve com as pessoas — disse Khun. — Além disso, este é um espaço de feitiçaria. Um espaço místico que vai reviver você mesmo que morra.

A espada de Khun gradualmente começou a se tornar translúcida. Na verdade, não era apenas a espada, logo, todo seu corpo se tornava translúcido. Lutando para se levantar, Judith viu aquilo e ficou tomada pelo choque.

Sua energia não estava enfraquecendo, ele estava transcendendo os limites da carne. Ela percebeu instintivamente que não havia como derrotar seu mestre naquele estado atual. Seu corpo tremia com um medo desconhecido.

— Não vou terminar com alguns golpes leves — ele disse. — Então desista.

Judith tremia de medo.

— Qual é sua resposta? — Foi o aviso final, indicando que talvez fizesse algo terrível à sua discípula caso ela insistisse.

Seu corpo voltou a tremer e seus pelos se arrepiaram.

Fwoosh!

Mas ela ergueu a espada mais uma vez.

O silêncio caiu enquanto seus olhares se cruzavam. O Mestre leu a expressão e os pensamentos de sua discípula. Ela queria passar mais tempo com ele, mesmo que para isso tivesse que abraçar o medo da morte.

Boom!

Tais sentimentos não abalariam um Mestre como ele. Khun sacou a espada e deu um passo à frente. A expressão surpresa da oponente era claramente visível, como se estivesse ao alcance da mão. Ele brandiu a espada, cortando-a.

Slash!

— Muito bem. Vamos ver quem vence e segue até o fim — murmurou Khun.

Judith se aproximou com uma chama ainda maior, emanando um calor ainda mais intenso.

— Claro. Eu vou vencer.

— Como?

— Existe algum pai no mundo que consiga vencer seu próprio filho?

Khun fechou a boca, e Judith não disse mais nada. Eles não eram ligados por sangue, mas nenhum dos dois questionou isso. Em silêncio, ergueram suas espadas e as brandiram sem parar um contra o outro.


Muito tempo se passou. Judith sofreu incontáveis derrotas nas mãos de Khun. Isso também significava que ela experimentou incontáveis mortes. Mas o abismo intransponível entre suas habilidades não foi o motivo pelo qual ela parou de lutar…

— Finalmente percebeu — ele disse. — Percebeu que aquilo que você quer não pode ser conquistado assim.

Seu mestre estava certo. A espada que Judith forjou no espaço de feitiçaria em Godara apenas pisoteava os outros. Era uma espada que a feria enquanto a usava. O que ela desejava agora era família, amor, e laços próximos.

Judith deixou cair sua lâmina vermelha com um tum. — Então o que devo fazer? — murmurou baixinho. — Como podemos ficar juntos?

— Isso é…

— …Não me diga que é impossível. Você me disse antes para não sacrificar todos os meus laços… para ser gananciosa. E que eu não deveria deixar nada para trás, mas sim agarrar tudo.

Quando era criança, ela podia tomar o bolo que queria à força. Podia conquistar o status dos nobres que a olhavam com desprezo com sua espada. A maioria dos outros desejos podia ser conquistada por meio de competição. Mas não desta vez. Ela não queria admitir isso.

Chorou de forma feia, como uma criança, mas com sinceridade.

Seu mestre suspirou ao olhar para a discípula.

— Eu perdi.

— …O quê?

— Eu disse que perdi. Ridículo. Quando foi que eu disse isso antes? Eu disse para não sacrificar seus laços pela espada. Eu disse isso… disse para chorar na frente de um morto? — Suspirou novamente. — De qualquer forma, está feito. Vou conceder seu desejo. Não era minha intenção…

Ao ouvir a voz de Khun enfraquecendo aos poucos, Judith ficou confusa. Como seu mestre dissera, ela estava sendo irracional. Ela havia percebido a importância dos laços, mas aquele ensinamento não era sobre vínculos com os mortos. Era para as pessoas preciosas que ainda estavam vivas, como Brett, Airen e Illia.

“Provavelmente foi por isso que ele me mandou acordar desse sonho. Mas ele admitiu derrota? E disse que realizaria meu desejo? Como?”

A feitiçaria poderia trazer os mortos de volta?

— Venha comigo. Vamos tomar um drinque antes de partirmos — disse Khun.

Ainda com uma expressão confusa, Judith seguiu seu mestre. Aos poucos, o campo destruído se restaurava da mesma forma que o coração cansado e exaurido de Judith se estabilizava. E assim, depois de muito tempo, eles seguraram copos, e não espadas.

Finalmente, tiveram uma conversa de verdade. Nem tudo o que Khun dizia era do agrado dela, mas nada era insuportável.

— Como esperado…

— Como esperado?

— Não importa o que seja, você não consegue ficar parada. Tem que bagunçar tudo… é assim que as coisas vão dar certo.

Judith não disse nada.

— Concorda comigo? Hah?

— Digamos que você esteja certo — ela começou.

Khun soltou um longo suspiro. Judith olhou para ele com um sorriso caloroso e abaixou lentamente a cabeça. Suas pálpebras se fechavam cada vez mais, como se estivesse sendo arrastada para o sono. Ela não queria isso. Queria aproveitar aquele momento só um pouco mais.

Sacudiu a cabeça com força e gritou:

— Hya!

Naquele instante, a cena ao seu redor mudou. Judith olhou em volta com uma expressão confusa. Mas não durou muito.

Seres demoníacos preenchiam o ambiente. Ainda mais demônios estavam atrás deles, de braços cruzados. E os seres mais poderosos a observavam de um lugar mais sombrio, que ela não conseguia ver.

Finalmente desperta, a espadachim ruiva murmurou com tristeza:

— Saí do sonho.

Contudo, o que sentia não era avassalador. Expulsando seus sentimentos distorcidos, Judith começou lentamente a desfazer o entendimento que havia alcançado durante o treino em seu sonho.


Em um novo mundo, Airen fechou os olhos suavemente, e uma onda de informações lhe veio. O território que precisava proteger parecia real, como se pudesse segurá-lo nas mãos. Infelizmente, ele não conseguia identificar o diabo.

“Não importa quem seja.”

Airen abriu os olhos e olhou para o castelo e para o centro do território. Por fim, seus olhos se voltaram para a propriedade do lorde e para uma pequena vila um pouco distante do castelo.

O herói escolheu a segunda opção. “Ainda não quero encontrar muitas pessoas.”

Esperava que houvesse uma casa vazia por lá. Ele se isolaria e esperaria o aparecimento do diabo. Tendo tomado sua decisão, Airen caminhou rumo à vila, sua missão havia começado.

Enquanto isso, uma nova pessoa chegava à vila.

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