Switch Mode

Reformation of the Deadbeat Noble – Capítulo 361

Retorno (4)

Aproximadamente mil anos atrás, o poder do antigo reino humano era fraco. Naquela época, eles não haviam desfrutado de cento e sessenta anos de paz para acumular força como agora. As academias de esgrima nem sequer existiam, então os plebeus não tinham oportunidade de treinar.

Mesmo entre a nobreza, as interações eram raras, e famílias renomadas de esgrima como os Lindsay eram quase inexistentes. Além disso, os seis conceitos de manipulação de aura ainda não haviam sido descobertos, e a relação entre humanos e orcs era extremamente hostil.

As fendas dimensionais se estendiam como teias de aranha por todo o continente. A quantidade de diabos e seres demoníacos emergindo delas era incomparável à dos dias atuais. Então por que o continente não caiu diante de tamanha desvantagem? Se as forças do inferno se unissem para invadir o reino humano, nem mesmo o reino mais poderoso resistiria por muito tempo.

Sim, mas um cenário assim era improvável.

— Os diabos cooperando? Isso é impossível. Puhuhu… — murmurou o Diabo Bufão, empoleirado sobre uma pilha de inúmeros cadáveres demoníacos.

Naturalmente, os demônios não se uniam como uma força só. Não era humanos contra diabos, mas sim humanos contra diabos contra outros diabos. Claro, os humanos também brigavam entre si por território, mas sob a liderança de um grande herói ou uma causa nobre, podiam se transformar em seres completamente diferentes.

O Diabo Bufão acreditava que era por isso que os diabos não conseguiam conquistar o reino humano.

— Isso mesmo. Uh-huh. É isso. Vou me divertir com moderação, certo? Mastigar, rasgar e aproveitar dentro de limites seguros. Não devo querer mais que isso. Você também não acha?

— Urg, gah…

Crunch!

— Ah, está difícil para você responder. Tudo bem, apenas descanse.

Ele esmagou o último diabo. A maldição final da criatura se agarrou a ele, mas o Diabo Bufão não se importou. Não estava interessado no motivo pelo qual o atacaram. Eram mal-humorados, ambiciosos ou apenas entediados. Ele já fora assim também, mas não mais. Agora encontrara um jogo muito mais seguro e divertido do que lutar contra outros diabos.

— Hmm, sim. Onde era aquele lugar que me chamou a atenção antes… Ah, certo, o Feudo de Gasco!

O Diabo Bufão sorriu com expectativa e se moveu rapidamente. O rosto benevolente do barão surgiu em sua mente enquanto avançava, usando as sombras durante o dia e a escuridão à noite para se ocultar.

Ultimamente, lutar contra oponentes fortes o cansava, a emoção havia desaparecido. Desistira do sonho de unir as trevas, conquistar o reino humano e se tornar o Rei Demônio. A forma mais eficiente de entretenimento, para ele, era encontrar uma pessoa bondosa que valesse a pena destruir, lhe impor provações e tribulações, e observar tudo se desenrolar de um lugar seguro.

O lorde do amplamente elogiado, e fraco, Feudo de Gasco era o brinquedo mais adequado.

O Bufão riu. Não conseguia evitar. Se o lorde tivesse de escolher entre a segurança de seu território e a vida de sua família, qual decisão tomaria? Quanto tempo aguentaria as traições subsequentes e as ondas intermináveis de escuridão que se seguiriam?

A antecipação pelo jogo cresceu. O êxtase escorria sob sua máscara e se alojava entre suas coxas. O diabo esperava silenciosamente por sua hora, em uma vila pacata de Gasco.

— Qualquer coisa… Farei como ordenar…

— Sério?

— S-Sim… de verdade, de verdade…

Duas horas após enfrentar Karin Winker, o Bufão se rendeu da forma mais humilhante possível.

“O que caralhos aconteceu?” pensava o Bufão espancado. Mas por mais que tentasse entender, não conseguia. O lorde não era tão forte assim quando o verificou há alguns meses. Estava longe de ser um Mestre, muito menos um Especialista.

Mas e agora? Ele sequer conseguia respirar direito na frente daquele velho.

“Pensando bem, quando foi que ele ficou tão velho? O que diabos aconteceu? Alguma feitiçaria despertou nele enquanto eu estava fora?”

Enquanto esses pensamentos confusos continuavam, o velho o encarava com olhos afiados. Num movimento ágil, soltou sua gola e estalou os dedos.

Whoosh!

Surpreendentemente, a força do Bufão retornou e seu corpo começou a se regenerar. Até sua máscara, que estava prestes a se despedaçar após a surra unilateral, foi restaurada.

Após um momento de silêncio, o Bufão se ajoelhou diante de Karin.

— Eu obedecerei absolutamente — disse. — Juro por meu verdadeiro nome, Geis. E-Ele é um nome humilde, mas…

A humilhação em seu coração se dissipou, e toda resistência desapareceu por completo. Diante de um poder imensurável, o Diabo Bufão se tornou infinitamente cortês. O velho apenas assentiu, com uma expressão indiferente.

“Esse homem é um deus, ou comparável a um.”

Então Karin voltou o olhar para o jovem herói ao seu lado.

— Você já se aqueceu no caminho até aqui, então pode lutar agora, certo?

— Agora?

— Isso mesmo.

— Com quem…? Com esse cara?

— Sim, com ele mesmo.

Olhando para seu eu passado, a mente de Airen Farreira girava. O Diabo Bufão era poderoso, mas Karin o destruiu unilateralmente. No entanto, isso acontecera porque Karin era forte demais. Talvez alguma feitiçaria explicasse por que ele exibia habilidades quase divinas naquele lugar.

E quanto a si mesmo?

“Em termos de força pura, estou melhor do que antes.”

Comparado ao Torneio dos Heróis, a quantidade total de sua aura havia aumentado claramente, e ele progredira tanto em esgrima quanto em manipulação de aura. Mas enfrentar o Bufão em plena força sem a Técnica Divina dos Cinco Elementos era um golpe e tanto.

A raiva e a tristeza eram como a energia do fogo e da água. Será que ele conseguiria derrotar um demônio aterrorizante que viveu por mais de mil anos apenas despejando essas emoções de forma imprudente? Será que conseguiria almejar um reino superior apenas confiando nas emoções, sem convicção?

Com esses pensamentos amargos, Airen recordou os ensinamentos da Técnica Divina dos Cinco Elementos pela primeira vez em muito tempo. Fechou os olhos e observou calmamente seu interior. E, após um momento, sentiu-se surpreso.

Estava diferente, o estado dos Cinco Elementos estava muito diferente. O equilíbrio ainda estava rompido, mas, ao contrário de antes, ele sentia as energias da terra e do metal. Antes, só conseguia sentir duas energias.

Nesse momento, o velho que esperava pacientemente disse:

— Não se sinta pressionado.

Airen se virou para olhá-lo. Então sentiu, a energia cortante e sólida do metal. A energia vasta e estável da terra. Era um presente precioso de seu eu passado para seu eu presente.

— Isso é…

Karin o interrompeu:

— …Está tudo bem. Apenas aceite sem reclamar.

Airen se calou. Ele não sabia o que dizer desde o início. Deveria agradecê-lo? Ou pedir desculpas? Embora as energias tivessem aumentado de duas para quatro, ele ainda se sentia confuso. Era inevitável. Enquanto os Cinco Elementos não estivessem todos presentes e o ciclo de geração mútua não voltasse a fluir, sua angústia continuaria.

Ele precisava alcançar o equilíbrio e fazer sua árvore crescer novamente.

Whoosh!

Terminando seus pensamentos, Airen assumiu uma postura de combate. Apontou a espada de feitiçaria contra o grande mal.

Ao ver isso, o Bufão inclinou a cabeça na direção de Karin e perguntou:

— Como… até que ponto devo lutar contra ele?

— Com toda a sua força, é claro.

— Sério, tudo bem?

Crack!

Crackle!

Vários sons ecoaram pelo corpo do Bufão. Era muito mais ameaçador do que um lutador apenas estalando os dedos. Era como se os sons amplificassem seu poder e escuridão reprimidos. Um arrepio percorreu a espinha de Airen.

Mas ele estava bem. A nova energia do metal cortava os pensamentos negativos em sua mente. A energia da terra sustentava as emoções turbulentas em seu coração. As quatro energias se reuniram, e ele lançou os alicerces de sua convicção e vontade.

Airen olhou para Karin com um olhar profundo. O velho o encorajara depois de ele ter ficado sentado no chão por anos.

— Está tudo bem. Vá com tudo.

Whoosh!

Como se estivesse esperando a permissão do velho, a energia demoníaca do Diabo Bufão se intensificou. Dez metros, vinte, depois cem metros. O diabo, tão gigantesco quanto uma montanha, bloqueava o caminho do jovem herói. Era um oponente aterrorizante.

Mas Airen não se desesperou. Em vez disso, ao encarar a escuridão crescente, tentou alcançar a iluminação.

“A árvore em meu coração não é algo que apenas um herói pode plantar. Mesmo que não seja uma causa grandiosa para todo o continente, há inúmeras vontades preciosas no mundo que são igualmente importantes.”

Era como um mantra. Ele queria pedir uma resposta clara, mas sabia que isso não seria a melhor escolha. Agora Airen conhecia a diferença entre entender algo com a cabeça e realizar algo com o coração, como aprendeu ao dominar a Espada da Água. Deveria almejar se levantar por conta própria, não ser arrastado por outra pessoa.

— Em que está pensando tão profundamente?

Boom!

Boom!

O Bufão se aproximava dele. A escuridão, grande o suficiente para cobrir o mundo inteiro, avançava, ameaçando engoli-lo a qualquer momento. Airen estabilizou a respiração. Durante essa provação difícil e árdua, o jovem herói precisava encontrar uma árvore que fosse mais alta e grandiosa do que o mal diante de si.

Então ergueu o olhar, buscando enxergar mais longe, um mundo mais amplo. Sob os pés de Airen, algumas flores silvestres balançavam de forma instável.

E assim, mais alguns anos se passaram.


Quatrocentos anos atrás, um arqui-demônio mergulhou o mundo em terror. Era uma criatura comparável a um dragão lendário, que reuniu inúmeros males para formar uma força. Essa criatura se tornou uma escuridão aterrorizante, e chegou-se até a discutir se aquele demônio deveria ser chamado de ‘rei’ pela primeira vez na história.

Felizmente, o nascimento do primeiro Rei Demônio não ocorreu. Em vez disso, um ser de luz dissipou as trevas do continente caótico, o grande herói, Dion Lindsay. No momento em que sua espada brilhante caiu do céu, todos o homenagearam colocando-o na primeira página da história.

E agora, em um lugar que ninguém conhecia, o segundo raio de luz atravessou a escuridão e desceu.

Swip!

O som foi tênue, como se o vento apenas tivesse passado. Mesmo os elfos de ouvidos aguçados mal conseguiam ouvi-lo. Mas o resultado daquele som era além da imaginação.

Boom!

Boom!

A cabeça de um dragão gigantesco caiu no chão. O corpo do ainda maior Rei Dragão Demônio também tombou. Enquanto isso, a espada prateada subiu aos céus e voltou à mão de Illia Lindsay.

Ela se virou para olhar o velho.

Ele não desviou o olhar. E após um momento, Dion disse com um sorriso profundamente satisfeito no rosto:

— Parabéns por formar seu céu.

Faça uma Doação e contribua para que o site permaneça ativo!
Conheça nossa Assinatura VIP e seus benefícios!!

Comentários

0 0 votos
Avalie!
Se Inscrever
Notificar de
guest
0 Comentários
Mais recente
Mais Antigo Mais votado
Inline Feedbacks
Ver todos os comentários

Opções

Não funciona com o modo escuro
Resetar