Illia Lindsay.
Brett Lloyd.
Judith.
Airen Farreira.
Os quatro espadachins haviam se reunido. Ao longo dos anos, superaram as provações que lhes foram dadas, e finalmente se reencontraram ali.
Não havia clima de estranhamento.
A relação entre eles era forte demais para que houvesse constrangimento depois de uma separação de dez anos, e mesmo que existisse algum senso de distância, não seria problema. Brett se encarregaria de reduzi-la.
Swish!
Swish!
Enquanto ele balançava a mão de um lado para o outro, a velha casa caindo aos pedaços se transformou de forma ordenada. E não era só isso. Agora havia música e comida deliciosa sobre as mesas.
E ele disse aos três:
— O quê? Vocês não usam as habilidades no mundo de feitiçaria para fazer o que querem?
— …não, é que pareceu natural demais.
— Esse pirralho, você só descansou e não treinou?
— Judith, por mais fofa e adorável que você seja, não deveria dizer isso.
— Bastardo louco.
— Illia, sua boca ficou muito mais suja desde a última vez que nos vimos. Foi tão difícil lá dentro?
— Você é quem está tornando as coisas difíceis para mim.
— Por quê? O fato de que a Judith é fofa não mudou…
A expressão de Illia piorava. Judith, olhando para seu namorado, calou a boca dele com um beijo.
— …
— Illia.
— Mm.
— Eu também posso fazer isso?
— Já chega.
Illia respondeu a Airen com um sorriso. Era verdade que os dois se sentiam desconfortáveis no meio do amor ousado dos amigos, mas, graças a isso, o abismo do tempo que havia surgido entre eles estava desaparecendo.
E o mesmo acontecia com Judith.
Antes de soltar os braços de Brett, Judith beijou a bochecha do amante mais uma vez, pegou uma coxa de frango do prato e começou a comer.
E perguntou com uma expressão travessa:
— Parece que todos têm muita coisa para contar.
— Bem.
— Hmm.
— …
— Certo? Tenho certeza. Estou morrendo de vontade de contar tudo sobre a missão e o ajudante que tive. Para ser sincera, estou muito orgulhosa de tudo o que aconteceu. Mas não acho que seja só comigo.
Judith olhou para cada um deles.
Ela tinha certeza. Mesmo com Illia, o clima havia mudado. Se ousasse usar uma expressão, diria que era algo majestoso, mas também misterioso. Não era desconfortável. E tal crescimento não podia ter acontecido de forma simples.
O loiro ao lado dela era ainda mais interessante. Além da excelência em esgrima, ele sempre passara a impressão de ser alguém muito realizado como pessoa. Conversando casualmente, era um bom amigo, mas em momentos importantes, ela o via como um adulto que vivera muitos anos.
“Mas agora, tudo mudou completamente.”
Judith olhou para Airen.
Ele havia mudado definitivamente. Mesmo que ela ainda tivesse alguma deficiência na operação e percepção básica de aura em comparação aos outros, não havia como não sentir nada vindo desse homem. De qualquer forma, ela também havia se tornado uma Mestre Espadachim e superado suas inexperiências.
Ainda assim, não sentia nada como…
— Judith.
Enquanto pensava nisso,
Brett, que permanecia em silêncio desde o beijo, chamou-a e Judith se virou para ele. Então ele disse:
— Hoje, não olhe para o outro lado. Quero seus olhos apenas em mim.
— …
— Huhu, às vezes eu amo demais esse seu olhar frio.
…dessa vez, nem Judith conseguiu responder com um beijo.
Mas, apesar do olhar fulminante, ela também estava interessada em Brett Lloyd. E um pouco confusa.
Dos três, dois haviam alcançado um crescimento tangível, mas o outro parecia estranhamente mais fraco do que antes, longe de desenvolvido. Além disso, ela nem conseguia sentir energia dele. Nesse caso, de quem ela sentia mais curiosidade?
Do último.
Romper com o senso comum entre pessoas fortes como eles significava que algo extraordinário havia acontecido. Claro, poderia ser apenas uma impressão errada, mas ela descartou essa possibilidade. Airen era alguém que sempre superava tudo.
“Mas por que o Brett continua chamando minha atenção?”
Porque ele é seu namorado?
Não. Namorado e isso eram coisas diferentes. Judith, que encontrara um pouco de paz em sua mente, agora sentia seu corpo esquentar com o espírito competitivo ardendo. E isso a fazia…
O quê?
Um espírito mais forte do que antes?
Um sorriso confiante que não desaparecia de seu rosto?
— …tudo bem, me conte.
— O quê?
— Seu ajudante. Sua missão.
No fim, Judith desistiu de suas preocupações e perguntou diretamente a Brett.
E não apenas a ele. Ela olhou para os outros e disse:
— Vocês também devem contar. A propósito, eu encontrei Khun.
— …!
— Hmm.
— Khun?
Todos ficaram surpresos.
Até mesmo Airen, que permanecera em silêncio até então, mostrou-se chocado, e isso deixou Judith feliz.
“Tanto faz. Não importa quão forte alguém seja.”
Afinal, ela era a mais forte. E Judith sorriu, pensando nisso.
Seria porque sua promessa com Khun aliviou seu coração?
Ao contrário de como se sentia dolorosamente há dez anos, agora parecia uma pessoa saudável com uma paixão saudável.
— …ótimo. Então, Judith, Airen, Illia e eu. Vamos por essa ordem. Quantas grandes pessoas vocês encontraram? E quão difíceis foram suas missões?
— Bom. Eu estava na cidade escura de Godara…
E Judith começou a falar com entusiasmo.
Illia ficou cativada pela história interessante, e o mesmo aconteceu com Airen. Brett apenas assentia de tempos em tempos.
Era um momento divertido.
Mas as mentes dos quatro não estavam em paz. Enquanto riam, conversavam e comiam, as preocupações dentro deles permaneciam intactas.
Acima de tudo, havia trabalho a fazer.
Woong…
Dududud!
Quando Brett terminou sua história, o chão tremeu e tudo derreteu. Como se tudo não passasse de uma mentira, tudo voltou ao nada.
Um espaço branco se espalhou ao redor deles.
Havia uma enorme porta no centro. Ao olhar para ela, Illia ficou com uma expressão séria.
“…é difícil.”
E assustador.
Essa não era uma porta comum. Era o último obstáculo. Ela era alguém capaz de derrotar até mesmo o Rei Dragão Demônio, mas isso estava além da imaginação. Sua primeira sensação foi de que jamais conseguiria romper aquilo.
Mas estava tudo bem.
Ela olhou ao redor.
Os outros tinham os mesmos pensamentos que ela.
Os quatro heróis sabiam que seria impossível fazer isso sozinhos, mas que juntos seria possível.
E ela assentiu, fazendo uma aura prateada aparecer.
Pouco depois, uma aura azul e outra vermelha também surgiram.
woong!
E uma dourada também.
A última energia, que floresceu no silêncio, não era tão intensa quanto as três primeiras. Pelo menos, não neste momento. Sentindo isso, Judith olhou para o lado um pouco confusa.
No entanto, tudo desapareceu ao olhar para o rosto de Illia.
— …
Está tudo bem.
Vendo seus olhos, Judith parou de se preocupar. Era natural. Não importava o quanto ela se importasse com Airen, não poderia ser como Illia. Voltou a olhar para frente com uma aura ainda mais forte, e o mesmo fizeram Illia e Brett.
Wooong!
A luz dos quatro brilhou mais forte do que nunca.
A porta colossal e o espaço branco de feitiçaria não podiam suportar os quatro. O mundo desmoronou antes mesmo que o ataque começasse.
Mas não havia terminado. Aquilo era apenas o começo.
Finalmente, os jovens heróis que superaram o longo treinamento surgiram no continente.
— Hmm, parece bom.
Já se passavam três dias desde que saíram do mundo de feitiçaria de Lulu.
Brett conferia seu traje enquanto caminhava pelas ruas de Arvilius. Estava indo tomar um drinque leve.
Claro, poderia desfrutar de tudo no palácio, mas naquele momento queria um pouco de liberdade. Ao sair, dirigiu-se a um bar e sentiu seus ombros e pescoço relaxarem.
— Ei, Brett.
— Lance, quanto tempo!
Mas ainda mais agradável foi o fato de poder passar um tempo com seu melhor amigo, Lance Patterson.
Embora houvesse apenas um dele naquele mundo, Brett estava vendo Lance pela primeira vez em dez anos, e ficou feliz em beber com ele.
— Cinco garrafas de uísque aqui, por favor.
— …você não saiu da esfera só para beber, certo?
Dito isso, Lance também não era um beberrão fraco. Suas palavras haviam sido apenas de cortesia, e ele também esvaziava os copos sem nem colocar gelo.
— Excluindo minha família e os orcs, você é o melhor companheiro de bebida.
— Isso foi um elogio ou um insulto?
Sentindo o clima honesto, Lance continuou.
Falou sobre suas histórias pessoais. Compartilhou algumas notícias dos colegas de Krono.
Além disso, contou algumas histórias que apenas amigos do mesmo sexo saberiam. Era um momento divertido e relaxante.
Até que, de repente, Brett tomou a iniciativa.
— Lance.
— Uh?
— Me desculpe.
— …pelo quê?
— Meus olhos veem. As coisas que você está dizendo, eu não acredito nelas.
— …
— É um pouco desagradável, mas a culpa maior é minha.
— O que é que você…
Ele tentou perguntar que bobagem era essa, mas Brett começou a liberar uma energia poderosa.
Kwakwakwakwa!
“Louco!”
Lance xingou, mas apenas em pensamento. A operação da aura de Brett foi tão rápida que ele nem teve tempo de gritar. Por um momento, muitas coisas passaram pela sua mente.
A tensão e ansiedade que sentia desde antes e a preocupação pelo amigo desapareceram.
As emoções negativas foram todas varridas. Sumiram sem deixar vestígios nas ondas da energia de Brett.
Lance Patterson, que recobrou os sentidos, olhou à frente. Como da primeira vez.
Não, o rosto de Brett Lloyd enquanto o encarava era bem desagradável, mas mesmo assim, Lance não conseguia odiá-lo.
Lance engoliu em seco e perguntou:
— Você, ficou tão forte… não, talvez… você tenha ficado mais forte? Não, ha…
— Muito forte. Aliás… agora você sabe, não precisa mais ser gentil comigo. Aqui, mais três garrafas da mesma!
Brett respondeu e pediu mais bebidas. E o dono do bar as trouxe com um sorriso amigável. Contudo, não conseguia esconder sua ansiedade.
Não era apenas a história dele.
As pessoas da cidade.
As pessoas na rua.
Havia preocupação no rosto de todos que Brett encontrava, mas ninguém lhe dava uma resposta.
Pensando nisso, Brett Lloyd perguntou:
— Pode ser honesto comigo? Quero ouvir isso do meu melhor amigo.
— …
— Neste último ano, me conte o que aconteceu no continente.