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Reformation of the Deadbeat Noble – Capítulo 366

Crescimento (2)

Havia um ser maligno.

Esse ser não sentia culpa em tomar a propriedade de outrem, e a violência era algo comum para ele. Até situações de risco de vida aconteciam com frequência, então ninguém apoiaria uma pessoa assim.

Mas e se esse ser tivesse uma família?

A história mudaria nesse caso.

Alguns pensariam que não haveria como lidar com a pessoa, outros diriam que o homem estava manchando o nome de sua família.

No entanto, existem muitos casos contrários. Como a história de um sábio, respeitado por todos, que caminhava com um filho problemático, ou a história de uma velha que cometeu assassinato para alimentar seu filho. Qualquer coisa poderia acontecer.

Este era o laço de sangue.

Um vínculo inseparável, formado desde o nascimento.

“É difícil.”

Joshua Lindsay fechou os olhos. A promessa de Illia Lindsay de matar seu irmão lhe trouxe tristeza.

Ele sabia que era a coisa certa a se fazer. Não importava qual fosse a história ou o tipo de relação, era imperdoável. Era verdadeiramente triste nascer como humano e abandonar corpo e mente para a escuridão.

Mas Joshua Lindsay não conseguia afastar certos pensamentos.

“Eu preferia estar morto.”

Se não fosse pelo homem desaparecido que havia reaparecido, sua filha não precisaria carregar tal fardo.

— Está tudo bem, eu falo sério.

— …

— Eu… cresci. Não vou vacilar desta vez.

As palavras de Illia eram calmas.

Joshua sentiu as lágrimas arderem nos olhos. Sabia que sua filha estava dizendo a verdade.

Como podia a criança que ele prometeu proteger ter crescido tão maravilhosamente? Ela estava tão determinada a cortar o próprio sangue, que havia causado tumulto a milhares de pessoas. Ela não era menos que uma heroína.

O que tornava sua situação ainda mais triste.

A razão pela qual ela conseguia ser tão firme, a razão pela qual conseguia sustentar o próprio céu…

“É porque sua vontade forte e dolorosa e suas convicções estão em fúria dentro dela…”

— …

— …

O silêncio caiu.

Joshua Lindsay fechou os olhos. Era para controlar as emoções que subiam. A filha que se propunha a realizar uma tarefa tão difícil e o pai que precisava suportar isso… nenhum dos dois podia derramar lágrimas.

Mas, mesmo sem chorar, não conseguiam esconder suas emoções. Vendo a expressão rígida do pai, a filha que sentia tristeza falou.

— Quer treinar comigo? Faz tanto tempo.

— …

— Vou mostrar para você. Que não precisa se preocupar. Hm… será que é por causa dos ferimentos? Então talvez uma bebida? Ah, isso não soa bem. Uh, então…

Illia murmurava. Na verdade, estava um pouco desconfortável para ela. Sempre fora consolada pelo pai, mas agora era ela quem tentava confortá-lo. Suas palavras não saíam bem porque nunca tinha feito isso antes. Ainda mais por causa do olhar de Joshua Lindsay.

Vendo-a assim, Joshua sorriu amargamente.

Depois de finalmente conter suas emoções, olhou para ela e falou com a dignidade de um lorde.

— Meus ferimentos estão bem. Não me machuquei seriamente, então agora estou completamente recuperado. E vamos beber algo, faz tanto tempo. Quero ouvir o que aconteceu dentro do mundo de feitiçaria que o dragão criou.

— Lulu é uma gata.

— Sim, a gata… então, quero ouvir tudo.

— Você está bem, mas não quer treinar?

Illia perguntou.

Era natural querer ouvir a história dela dentro da esfera, mas, para um espadachim, a espada era importante. Por isso, ela pensou que o pai naturalmente escolheria o treino, independentemente da condição física, e não entendeu suas palavras.

E, como se entendesse o que ela pensava…

Joshua sorriu e disse:

— Não, é difícil para mim. Quero ver o quanto minha filha cresceu. Sei que você ficou forte, mas não sei o quanto. Meu corpo está coçando para saber.

— Então por que…

— Fiz uma promessa.

— Uh?

— Para ver as conquistas dos heróis que vão liderar a nova era juntos.

Recordando os rostos de alguns velhos amigos, Joshua Lindsay sorriu.

Depois de se libertar do mundo de feitiçaria, Airen se reencontrou imediatamente com sua família graças a Kiril. Ao ver seus pais sorrindo depois de dez longos anos, foi dominado pela emoção. Mas não chorou. Em vez disso, tentou mostrar-lhes seu lado calmo.

Como se os tivesse encontrado após pouco tempo, tentou passar bons momentos com eles.

— Achei que levaria mais dois meses, mas minha professora estava certa. Como se sente? Como foi lá dentro, no mundo de feitiçaria?

— Faz tempo, Khubaru. Gurgar ainda está neste mundo?

— Não, ele voltou há cerca de meio ano. Mas deixou uma premonição.

Conversou com Khubaru, que reencontrara depois de muito tempo.

— Faz tanto tempo, Airen.

— Lance? Você também está aqui? Pensei que estivesse na escola…

— Eu me formei, né? Quis experimentar a esgrima do Reino Sagrado, então estive treinando aqui por vários meses.

Falou com Lance Patterson por um tempo. Além disso, resolveu questões pendentes com várias pessoas que o aguardavam. Sua expressão, que se mantivera rígida após a luta com o bufão, foi gradualmente se suavizando. E, pouco a pouco, ele recuperava a estabilidade.

Mas.

— …Lulu.

Quando olhou para Lulu, que dormia sem perceber que Airen havia voltado, foi como se uma pedra tivesse criado ondas na água calma de seu coração.

Ele olhou para o enorme corpo dela e para as asas que podiam cobrir todo o seu corpo, junto com a longa cauda que se estendia pelas costas.

Mesmo piscando, não conseguia encontrar sua forma de gata. Mas Lulu sempre seria Lulu. Sempre pura e sábia, suas emoções se espalhavam até Airen.

— Olá.

Airen cumprimentou Lulu.

— …

Mas Lulu não pôde responder. Era natural, ela estava dormindo. Havia caído em sono profundo e não sabia que eles tinham voltado.

Quanto tempo?

Por quanto tempo?

Com aquele corpo encolhido e mal emitindo o som da respiração.

— Não há muitos registros sobre dragões, e existem muitos relatos divergentes, mas alguns pontos se repetem.

Kiril falou. Airen não olhou para ela; continuou olhando para Lulu. Vendo-o assim, Kiril continuou a falar com uma expressão triste.

— Dizem que dragões se assemelham a grandes lagartos e possuem asas enormes como as de morcegos. Sabe-se que usam magia além da compreensão dos humanos. Alguns feiticeiros afirmam que não é magia, mas feitiçaria, mas… é dito que possuem poderes grandiosos capazes de mudar o mundo, e, de qualquer forma, não acho que possam usar esse tipo de poder o tempo todo, então…

— …

— …a lenda de que dragões entram em um sono de cem anos provavelmente vem disso.

Dragões usam feitiçaria, ou uma magia tão grandiosa que parece mágica. Em troca, sacrificam parte de sua vida, que é substituída por sono.

Essa foi a conclusão a que Kiril chegou.

Rong…

Prong…

“Idiota!”

Vendo Lulu expandir e contrair suas narinas, Kiril cerrou os punhos.

Antes de os quatro entrarem na esfera, Lulu dissera para não se preocuparem, que realizar milagres não significava sacrificar algo grande. Que não pretendia ir a lugar algum, que, se quisessem vê-la, ela estaria lá.

Uma piada de mau gosto!

Cem anos.

Duzentos anos.

Talvez ainda mais, mil anos. Se ela não conseguisse acordar até lá, de que adiantaria?

— …Lulu.

Airen chamou novamente o nome da amiga.

Seu coração chorava.

Embora tivesse praticado feitiçaria por muito tempo e permanecido dentro do mundo de feitiçaria, sempre que se lembrava das escolhas de Karen Winker e Lulu, uma tristeza tomava conta dele.

Sua vida anterior havia sido marcada pelo afastamento de todas as pessoas, até mesmo daquelas que criou como se fossem seus próprios filhos, apenas para, no fim, levantar a espada por essas mesmas pessoas.

Lulu, a gata feiticeira, que queria fazer amigos apesar de ser uma gata preta, símbolo de má sorte, realizou milagres sacrificando sua vida pelo mundo.

Essas duas histórias passavam por sua mente.

Mesmo fechando os olhos, os pensamentos não desapareciam. Pelo contrário, cresciam mais intensamente, estimulando seu coração.

O espadachim loiro recordava seu passado.

Lembrava-se da primeira vez que Karen Winker apareceu em seus sonhos. Queria saber por que empunhava uma espada, e se lembrava do tempo em que vagou pelo continente em busca de um motivo para empunhá-la.

Lembrava-se de Lulu, que lhe ensinou o significado de ‘se esforçar de todo coração’, sempre ao seu lado.

Recordava-se dos momentos em que, apesar da difícil jornada, via Lulu sempre alegre e animada.

Foi assim por muito tempo.

Uma hora passou, depois meia jornada, depois um dia. Airen permaneceu imóvel, recordando a história do homem e da gata.

— I-Isso está certo? O que fazemos?

— Certo. Podemos deixá-lo assim…?

Vendo isso, alguns soldados de Arvilius ficaram preocupados.

Embora o jovem diante deles fosse apenas um rapaz, ele era o fogo para o futuro do continente. E se uma pessoa assim ficasse parada, imóvel, por dias, era natural que se preocupassem. Claro, não queriam agir por conta própria e acabar responsabilizados, então apenas reportaram aos superiores.

E um espadachim apareceu.

— Com licença…

— Está tudo bem. Não se preocupem.

— …

— Está tudo bem. Podem ir.

Foi só isso. O homem que se aproximou de Airen permaneceu em silêncio por muito tempo. Os soldados estavam inquietos, mas nada podiam dizer. Como ele pedira para ser deixado sozinho, eles apenas obedeceram.

Mais algumas horas se passaram.

Um dia passou.

Dois dias.

Nesse meio tempo, outro espadachim de atitude calma apareceu. Ele não saiu do lado de Airen, mas passou o tempo cuidando de suas próprias coisas, como verificar sua espada ou meditar.

Claro, nem todos eram assim. Agora, até os sumo-sacerdotes do Reino Sagrado estavam preocupados com Airen. A notícia chegou até os guerreiros na linha de frente da subjugação, e começaram a circular rumores de que o mundo de feitiçaria havia sido um fracasso.

O espadachim era forte.

Confiava em Airen, não duvidava dele.

E, quando despertou de seus pensamentos profundos, o espadachim falou com um sorriso suave.

— Muitas pessoas estão esperando.

— É mesmo?

— Uh. Parece que estão curiosos sobre nós. O diretor da escola, o comandante dos Cavaleiros Brancos, até a rainha de Runetel.

— Entendo, me desculpe.

Airen Farreira assentiu. E se moveu. Olhou para Lulu pela última vez. E, enquanto caminhava até a espadachim de cabelos prateados, disse:

— Obrigado.

— Não foi nada.

Illia Lindsay sorriu radiante.

Agora era a hora de partir e provar seu valor.

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