1 ano atrás.
Quando Lulu percebeu que não era apenas uma gata estranha, mas sim um dragão, uma grande esperança se instalou no coração das pessoas. Algo como um raio de luz na escuridão.
E o dragão realizou um milagre incrível. Indo além do espaço, tocou também o reino do tempo e concedeu aos heróis do continente as melhores condições e oportunidade para crescerem.
Claro, se alguém perguntasse se 10 anos de tempo eram suficientes para derrotar o Rei Demônio, seria difícil responder…
“Agora, só nos resta acreditar.”
“Airen Farreira, Illia Lindsay, Judith, Brett Lloyd…”
“Esses quatro…”
Todos tinham visto como os jovens haviam se saído no Festival dos Guerreiros e, somado à presença do dragão, a esperança brilhava intensamente.
Porém.
“Airen Farreira não parece estar em boa forma.”
“Não deu certo?”
Pouco depois do término do período de treinamento dos quatro, más notícias se espalharam pelo continente. O motivo era que Airen Farreira, em quem depositavam a maior parte das expectativas, parecia ser o mais fraco entre eles.
Claro, era difícil avaliar o quão fraco ele era, já que todos eram Mestres poderosos.
No entanto, o clima geral não podia ser ignorado e a aparência instável de Airen não parecia promissora. Embora parecesse desesperador, todos pensavam que Lulu deveria ter feito algo para ajudá-lo até o fim. Ainda assim, algumas pessoas acreditavam que Airen não conseguiria atingir o crescimento que esperavam dele.
E agora…
— …
— …
— …isso é insano.
…ninguém mais duvidava da força de Airen.
Não havia mais motivo para preocupação.
Em apenas 10 anos, ele havia retornado como um monstro.
— Rainha de Runetell.
Havia tensão, choque e, acima de tudo, um pouco de alegria e esperança no coração das pessoas.
A voz de Brett ressoou naquele ambiente. Ele olhou diretamente para Gia Runetell, a Rainha dos magos, e perguntou:
— Precisa de mais provas?
— …
Ela ficou sem palavras. Com uma expressão rígida no rosto, olhou para Airen. Claramente, não conseguia acreditar no que havia acabado de acontecer.
E não era estranho.
Mas…
Não, seria certo dizer que era a força de Airen?
— …mesmo usando minha magia, tive que recuar.
A magia que Gia Runetell havia completado antes de Airen retornar… a magia do dragão que ela havia desenvolvido ainda mais após conhecer Lulu. Assim como um Mestre da Espada depende da Aura da Espada para bloquear ataques, ela lançou imediatamente o Dragão do Caos, confiante de que isso a livraria de qualquer ameaça.
Se ao menos pudesse enfrentar o Rei Demônio… era esse o nível de confiança que tinha em suas habilidades. Em seu estado atual, sentia-se confiante o suficiente para se considerar a pessoa mais forte do continente.
…mas, ter suas convicções abaladas dessa maneira pela atuação de Airen.
E era estranho.
A aura que ele havia mostrado no Festival dos Guerreiros certamente não era assim…
— …além disso, ele nem sequer mostrou tudo ainda.
O mais absurdo era que ele ainda não havia revelado todo o seu poder ali.
— Foi porque o homem de cabelo azul o deteve?
Poderia ser isso. Se ele não tivesse colocado a mão no ombro de Airen, o verdadeiro poder teria sido revelado ali.
Mas Gia Runetell não achava que isso fosse o verdadeiro poder de Airen.
Talvez…
— Tudo o que esse homem mostrou até agora foi apenas a preparação para uma verdadeira batalha…
— …Airen.
— Sim, Majestade.
— Você é incrível. Para ser honesta, eu gostaria de ver de novo.
A Rainha de Runetell pensou por um momento antes de dizer essas palavras. Airen abaixou a cabeça silenciosamente no momento de silêncio que se seguiu.
Ela ergueu seu cajado e dispersou o Dragão do Caos. Então falou com olhos sinceros:
— O dragão está buscando uma maneira de sair de seu sono. Ela já estava assim antes de você aparecer. Mas você não deve desistir no futuro, mesmo que ela permaneça aqui por um tempo. Ela não ficará presa. Vamos buscar a ajuda dos feiticeiros para libertá-la.
— Estou lhe dizendo isso para aliviar seus fardos. Derrote o Rei Demônio com o coração mais calmo possível.
Com essas palavras, Gia Runetell deixou o palco. Vendo-a recuar daquela forma, Cayden Slick e Ramon Corcoran murmuraram:
— Falando tão suavemente apesar daquela expressão fria.
— Ela está envelhecendo.
Era bastante desrespeitoso dizer isso sobre a Rainha de uma nação. Mas, como todos estavam focados no outro lado, ninguém ouviu suas palavras. As pessoas reunidas ali sentiam o sangue ferver e a empolgação transbordava.
— Ambos superaram nossas expectativas!
— Mesmo treinando por 10 anos… Se não fosse no espaço mágico, em qualquer outro lugar, será que teriam…
— Tornar-se tão fortes assim…
— Talvez, apenas esses quatro possam derrotar o Rei Demônio…
Certo. Não era apenas Airen Farreira que eles admiravam. Illia Lindsay, que havia demonstrado suas habilidades antes dele, também era poderosa o suficiente para chocá-los. Controlar a espada sem tocá-la?
Eles não conseguiam entender completamente. Mas sentiam vagamente. Aquilo era verdadeira esgrima.
Aquela não era uma força emprestada da magia ou feitiçaria. O que haviam visto era a forma final da Espada do Céu. O nível mais elevado que apenas Dion Lindsay era conhecido por ter alcançado.
E isso lhes deu confiança.
Não era uma força abstrata. Era a esgrima que havia derrotado o Rei Dragão Demônio, que esteve muito perto de se tornar um Rei Demônio. E isso lhes deu fé nos quatro heróis.
E, mais importante…
— Os outros dois…
— Não seriam menos poderosos do que esses dois.
Porque Illia e Airen haviam demonstrado tanto poder, a maioria das pessoas presentes estava concentrada neles. Mas outros, com mais experiência, tinham seus olhos voltados para Brett Lloyd e Judith… nenhum dos dois havia recuado diante da pressão de Airen.
— Brett até mesmo avançou. Como se não sentisse nenhum desconforto, ele foi gentilmente contra aquele ímpeto… e segurou o ombro de Airen.
Ian recordou a situação e sorriu. Foi uma cena que lhe provou que eles não precisavam mais de validação.
Claro, ainda era necessário. Era por seu discípulo. Os quatro haviam crescido tanto que esses velhos não tinham mais nada a ensinar. Pelo contrário, agora seriam eles que teriam de aprender com os mais jovens.
Certo, se tivesse que dizer…
— Ver a realização de nossas crianças e dar esperança a todos que estão lutando na linha de frente…!
Pensando nisso, Ian caiu na risada.
Normalmente, teria tentado não sobrecarregar esses jovens heróis ainda mais, mas agora, eram eles quem estavam confortando os velhos. Eram eles quem traziam esperança e alegria. Claro, os quatro sempre tiveram a capacidade de acalmar os outros. Pensando nisso, o velho empunhou sua espada.
Mas Judith, que até então permanecia imóvel, se moveu.
— Espere.
— …o que foi, Judith?
— Isso me lembra o passado. Você se lembra?
— Hm?
— Foi durante o período da avaliação final.
— …ah.
Ian assentiu mais uma vez.
Claro que se lembrava. Ele se lembrava de todos… todos os seus talentosos alunos. E entre eles, esses quatro brilhavam mais intensamente. E agora, aqueles jovens haviam crescido e estavam se preparando para derrotar o Rei Demônio. O velho percebeu o quanto o tempo havia passado rapidamente.
E essa não foi a única realização. Entendendo o que Judith queria dizer, ele sorriu.
— Vai fazer aquilo?
— Sim, obrigada.
Judith fez uma reverência, e Karakhum pareceu confuso.
“O que foi que ela pediu permissão? O que ela perguntou?”
Essas perguntas foram respondidas imediatamente.
Brett e Judith caminharam até o centro e se encararam. No mesmo instante, duas auras intensas, uma vermelha e outra azul, brilharam fortemente. Ian olhou para Karakhum e disse:
— Esses dois sempre brilham mais quando estão juntos. Então…
— …observe-os brilhar.
No momento em que disse isso.
Ching!
Os dois colidiram fortemente, e uma rajada de vento foi lançada para trás.
O teste dos quatro foi um sucesso. Nem era preciso dizer que Ian, Julius e Gia, que haviam administrado os testes, estavam muito felizes.
E não eram só eles. Todos que haviam presenciado os eventos daquele dia estavam com os corações repletos de esperança. Anya Marta, que teve de quebrar seu cofrinho para reunir todas aquelas pessoas, também não se sentia mal. Considerando as conquistas dos quatro, aquilo não era nada.
— Capitã… por favor, nossa capitã.
— Hum, é claro.
Woong!
Recordando o pedido de Georg Phoibe, Brett Lloyd brandiu sua espada.
Não foi intenso. Daqui a dez dias, eles entrariam na fenda dimensional do Rei Demônio. Como teriam os grandes sacerdotes à disposição para usar magia de cura, não precisavam forçar seus corpos agora.
Além disso, havia pessoas que precisavam encontrar.
— Quincy Meyers…
O comandante dos Cavaleiros Vermelhos, Quincy Meyers.
Ainda era difícil acreditar. O paladino que sempre exibia uma expressão orgulhosa havia perdido seu poder e se aposentado.
Claro, considerando que o homem já tinha cerca de 130 anos, estar na linha de frente já era um milagre. Lembrando-se da esgrima do Reino Sagrado que aprendera com ele há alguns anos, Brett sentiu-se um pouco abatido.
— Claro que seria ruim.
Era inevitável.
O que já havia acontecido não poderia ser mudado. O homem havia dado o seu melhor até o fim. Em vez de ficar triste, era preciso tentar preencher o vazio que ele havia deixado.
Talvez ir vê-lo agora fizesse parte disso. Mas Quincy Meyers não encorajaria que fossem até ele. Talvez precisassem usar como desculpa o pedido de conselhos para passar um tempo juntos.
Sem surpresa, assim que Brett o encontrou, foi imediatamente questionado.
— Conte-me sobre o treinamento que fez no mundo de feitiçaria, e seja o mais detalhado possível.
O significado era claro. Era para conhecer seu estado e fornecer a ajuda necessária. Brett sentiu suas emoções se acalmarem. Mesmo tendo perdido sua força e estando com o corpo visivelmente enfraquecido, aquele homem ainda se preocupava com o futuro.
— Sim, vou contar.
Não foi uma história curta. No entanto, não houve interrupções no fluxo. E Brett falou por duas horas sem sequer beber água. Quincy Meyers apenas assentia enquanto ouvia o jovem herói falar.
O encontro deu ao jovem e talentoso homem uma sensação estranha.
Quando estava prestes a perguntar algo sobre ele, o velho disse:
— A vida.
— …
— Para alcançar… para superar seus próprios limites… você abriu mão da sua vida?