Ela já havia sentido antes mesmo de chegar. Judith estava ficando mais forte.
Não era apenas o corpo, mas também a mente. Sua espada de aura que brilhava intensamente parecia capaz de derreter o espaço. Seu corpo aquecido, ardendo como se estivesse abraçando um vulcão. Compreensões sobre a esgrima, que antes não surgiriam, fluíam em tempo real, enquanto centenas de possibilidades se abriam em sua mente.
Judith estava transcendendo os limites humanos em tempo real.
Ainda assim, ela se sentia ansiosa.
“Pensei que fosse por causa do espaço da fenda.”
Um lugar que não era nem o mundo humano nem o Domínio Demoníaco. Era algo incerto, fora do caos, que ela não conseguia definir. O poder da feitiçaria que surgira de repente embaralhava sua mente.
Mas ela entendeu no momento em que viu Brett Lloyd prestes a cruzar o rio da morte.
Era por causa disso. Esse era o momento que ela havia recebido para escolher.
Para salvar a vida de seu amado, teria que abrir mão da onda de poder que invadia seu corpo.
— …haha.
Seus dilemas não duraram muito.
O espírito venenoso, a inveja, o ciúme e o espírito combativo que carregava desde a infância foram descartados e afastados por um tempo. Ela recuou da vontade de se expandir e focou em algo mais precioso.
Wheik!
Um fogo que ardia pelo bem dos outros.
À medida que as chamas por seu amor se elevavam, felicidade e um sentimento de promessa para o futuro passaram pela mente de Brett. Mas, ao mesmo tempo, Judith sentiu algo deixando seu corpo.
— Ah…
O sol de Ignet desapareceu de sua mente.
O céu de Illia Lindsay recuou, a aura do elemento fogo de Airen e algo ainda mais elevado… tudo desapareceu rapidamente.
Mas estava tudo bem. Ela olhou para seu amado com um sorriso. Murmurou algo ao sentir a terrível escuridão que manchava aquele lugar recuar levemente.
— Eu não vou desistir.
“Eu não vou perder.”
Ela faria o que queria ao lado dele. Seriam amantes, amigos e família no futuro. Fariam tudo juntos.
Ela assentiu e olhou para sua espada.
— …também não vou abandoná-la.
Ela apenas teria que reconstruí-la.
Por um breve instante, ela havia presenciado. Um reino acima do mestre. Por um momento fugaz, empunhou uma espada capaz de derrotar todos os demônios dali. Desde que não esquecesse aquela sensação, seria capaz de se erguer novamente. E seria capaz de alcançá-lo.
E aquele que estaria ao seu lado… seria sempre esse homem.
Com um sorriso suave, Judith acariciou o cabelo de seu amado por um longo tempo.
Illia Lindsay pegou sua espada de volta.
Não havia lugar onde as ondas não varressem. Nada podia impedir Illia nem seu oponente. Uma espada sombria, com uma aura ainda mais escura, que parecia ter sido feita de sombras, foi erguida.
Wooo.
Um fedor de caos emanava dela. O ar ficou úmido por causa disso.
Wooong!
Uma aura prateada subiu da espada de Illia. Parecia como se a luz do luar dançasse sobre ela. Parecia sagrada e divina, como um novo vento sendo criado. Gradualmente, a escuridão se dispersava.
A luz brilhou intensamente.
Um novo mundo se abriu no espaço. Tendo construído seu próprio céu, ela avançou.
Era uma caminhada suave que lembrava uma brisa. Era acompanhada de movimentos delicados e suaves de espada, como asas de borboleta batendo.
Era a Esgrima Básica que ela havia aprendido ainda na época da Krono.
Whooo!
Whooo!
Whoooo!
Borboletas nem sempre eram gentis. Elas podiam se tornar violentas se quisessem, usando suas asas que mudavam o curso do vento. E não demorou para que uma tempestade se formasse. Afinal, essa borboleta havia renascido em aço.
No entanto, havia um limite.
Não podia ser negado que aquilo era a Espada do Céu, mas também era verdade que era uma esgrima básica que até uma criança de 13 anos poderia executar. No geral, era uma esgrima muito simples e com poucas brechas. Illia sabia disso.
Ainda assim, ele não conseguia superar a esgrima básica.
Ching!
Kwakwakwakwang!
Uma aura negra irrompeu da espada do Demônio. Era uma visão irreal de tão enorme que não podia ser comparada à anterior… era como se empunhasse o braço de um gigante. O chão por onde a espada passava se transformava em um caos. Uma enorme quantidade de desespero e medo se espalhava.
Mas não a alcançou.
Não podia tocá-la.
A escuridão que havia florescido por um instante desapareceu num sopro de vento. Illia caminhou levemente pelo espaço limpo.
Com uma expressão amarga no rosto, ela se recordou do passado.
— …a esgrima que acabei de mostrar foi da época em que estava na Krono.
Kwaaang!
— A esgrima que vou mostrar agora é a que aprendi enquanto viajava para treinar após o desaparecimento do meu irmão. A esgrima depois disso…
Kwang!
Kwang!
Kwaaang!
— …é da arena da Terra da Provação. Foi lá que consegui liberar pela primeira vez a Aura da Espada. Claro, pensando agora… eu achava que era forte.
Bang! Bang! Bang!
A espada continuava devastando todo o local. No entanto, era apenas a terra que se despedaçava. Illia Lindsay evitava os ataques direcionados a ela e bloqueava alguns.
O inimigo diante dela não era um oponente à altura.
Nem mesmo chegava a ser um confronto equilibrado.
Isso era natural. Era uma espada que havia desistido de si mesma em troca de um poder maior e que havia sucumbido à escuridão. Tendo perdido o mundo, Karl não teve escolha a não ser ser derrotado por Ignet, e seria o mesmo com Illia.
Na verdade, era até um pouco absurdo o duelo ter se arrastado por tanto tempo.
Mas a batalha continuava apenas porque Illia Lindsay queria.
Como já dito antes, o que ela via era o mal sendo libertado. Em resposta, ela também havia liberado a perigosa esgrima que seguia quando esteve na Terra da Provação.
A esgrima cheia do sentimento de errância, adquirida durante suas viagens por Durkali, também foi revelada. Como se estivesse contando a alguém que não via há muito tempo, ela mostrava tudo sobre si, em detalhes.
No entanto, ela não parecia envergonhada. Após muito tempo, ela sorriu. Sua esgrima já havia mudado novamente. Tudo aquilo era para este momento. Era para mostrar no que havia se transformado após vivenciar um crescimento tão incômodo.
— Esta é a Espada do Herói que aprendi com Ignet.
A espada que carregava a vontade de proteção bordou o céu. Como resultado, a aura da espada que antes corria desenfreada como um monstro selvagem parou. A partir daquele momento, ela apenas oscilava.
— Esta é a esgrima que percebi depois de receber conselhos de meu pai… é o que encontrei quando decidi amar a mim mesma.
Woong!
Outro vento frio varreu o local. Foi provavelmente a partir daí que tudo começou. Foi daquele momento que ela começou a ser honesta com seus sentimentos e fiel às suas emoções. Ela decidiu valorizar mais a si mesma.
E isso não foi o fim. Não era como se tudo tivesse dado certo imediatamente apenas por ter decidido. Mesmo depois disso, Illia continuou vagando e passando por muitos altos e baixos. Os ensinamentos de Dion Lindsay a ajudaram a alcançar o estágio final da Espada do Céu. O motivo pelo qual manejava a espada com tanto cuidado não era para se vangloriar. Era porque ela genuinamente valorizava o esforço de seguir em frente para um amanhã melhor.
— Isso é satisfatório.
Kwakwakwang!
— Realmente, estou feliz agora. Meu coração está se curando.
Kwakwakwang!
Illia murmurava.
Lágrimas desciam de seus olhos. Lágrimas de arrependimento, enquanto emoções complicadas surgiam dentro dela.
Ela ergueu sua espada enquanto olhava para o demônio que destruía os arredores.
Woong!
Wooong!
As duas espadas, a feita de ar e a sua própria, brilhavam intensamente. Ela exibia um sorriso triste enquanto encarava a criatura diante dela.
Ela havia amado aquele homem tanto quanto amava Airen.
Era um ser que uma vez havia amaldiçoado e ressentido Ignet. Mas justamente por isso, ela precisava fazer aquilo.
— Adeus, irmão.
— …
— Esta será a última vez. O que mostrarei agora…
Um enorme tufão se ergueu do corpo de Illia Lindsay.
Crack!
Crash!
O chão se abriu.
Até mesmo o caos que preenchia a fenda desapareceu, recuando de medo. A espadachim de cabelos prateados, que havia tingido o lugar de prata, flutuava. Sua segunda espada mirava de uma posição mais alta.
Mas o demônio não fugiu.
Apesar de dar alguns passos para trás, permaneceu firme. Ergueu a cabeça e olhou para o céu. E então olhou silenciosamente para a mulher diante dele.
“Que luz tão bonita.”
A luz era tão bela que ele quis desfazer todos os erros que cometera. Naquele momento, tudo o que queria era largar sua espada e caminhar até ela.
Mas não o fez.
Não podia. Ao perceber que não poderia mais se unir ao céu, Karl decidiu permanecer como um demônio até o fim. Era a única maneira para que sua irmã mais nova se libertasse dele e seguisse adiante. E então, a escuridão se ergueu de seu corpo novamente.
E então.
Nos olhos de Karl, ele viu algo que não deveria existir.
— …
Illia Lindsay, a espadachim de cabelos prateados com duas espadas, olhava para baixo.
Uma visão lamentável captou seu olhar. A metade superior do demônio havia sido destruída e parecia que ele não seria capaz de se recuperar, independentemente de quanta magia tentasse usar.
Esse era o resultado esperado. Essa era a espada que ela havia usado com toda sua força para superar seus companheiros de Krono.
Ignorando a fenda, ela sabia que seu oponente não poderia bloquear a Espada do Céu.
…a princípio, ele nem pensou em detê-la.
Recordando a espada do oponente que passou por ela, Illia olhou para trás.
— Ku… uh… ack…
Havia escuridão ali também.
O demônio soltava gemidos repulsivos de dor que faziam-na querer tapar os ouvidos. Um líquido negro e espesso escorria pela máscara do demônio. E seu rosto, agora exposto devido à máscara destruída, era tão horrível que mal se podia olhar para ele. Ela baixou o olhar e observou o peito do bufão.
Ela viu uma espada sombria.
Uma arma criada ao ignorar a luz do mundo e até mesmo sacrificando o futuro brilhante que havia pela frente. Ver a espada do demônio a fez franzir a testa.
E então…
A última espada que havia sido empunhada por seu irmão Karl Lindsay se dissipou em fumaça.