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Reformation of the Deadbeat Noble – Capítulo 386

O Lugar Certo para Estar (1)

Um dia na fenda é longo. Na verdade, é um lugar que faz você entender errado o conceito de tempo.

Um campo incolor e uma visão que se espalha ao redor. Uma paisagem que é a mesma, quer você olhe para frente ou para trás.

Um lugar terrível onde uma pessoa comum enlouqueceria, incapaz de sobreviver sequer um dia, mas Ignet conseguiu sobreviver e resistir.

Wheik!

Ela costumava saltar sobre as rachaduras quando era mais jovem.

Swish!

Woong!

— Huh, está bem grande desta vez.

Na fenda dimensional, ela até usava energia de feitiçaria. Humanos e demônios, que antes não se davam bem, agora eram bons amigos para aliviar a solidão.

Claro, os melhores oponentes eram diferentes.

— Bufão, vamos nos divertir hoje também.

Ignet disse enquanto afrouxava a coleira do bufão. Certo, essa criatura horrível e aterrorizante foi quem a mudou, mas também era seu parceiro na sobrevivência na fenda.

Era decepcionante que o bufão estivesse se tornando mais dócil do que antes; se ele realmente visse a possibilidade de escapar, ficaria em êxtase; para Ignet, nada era mais interessante do que lutar com ele. Ela sorriu enquanto estendia a mão direita e puxava sua espada negra, afiada e sombria.

E o bufão disse:

— Vamos para o Mundo Demoníaco.

— …

— Você deve saber, não há retorno para você.

Não…

Na verdade, seu destino já estava selado no momento em que perdeu seu corpo para o Rei Demônio. Ignet permaneceu em silêncio por um longo tempo depois de ouvir o bufão falar dessa maneira. Ela continuou olhando para seu corpo.

Ele não estava enganado. Seu corpo já não podia ser reconhecido como humano. Isso era assim desde o início. Foi há dez anos, ou mais, quando ela disse que esperaria Airen e os outros chegarem.

O bufão também sabia disso.

Ainda assim, permaneceu em silêncio.

Esperava pacientemente que Ignet revelasse suas fraquezas para que ele pudesse obter o melhor resultado possível.

Ela não era a única trabalhando duro.

Para o bufão retomar sua vida habitual, ele também suportou dias infernais ali.

— Não são palavras vazias. Você pode ser a rainha.

— Tenho certeza. Mesmo que aqueles no Mundo Demoníaco estejam mais fortes do que quando estive lá pela última vez, ninguém é mais digno do que você para ser a rainha.

— Claro, fazer isso sozinha será difícil, já que você não conhece como o Mundo Demoníaco funciona. As condições favorecerão os grandes demônios que construíram suas forças.

— Mas comigo, você pode conseguir.

— Com a minha ajuda, é possível. Rainha. Não vamos perder mais tempo aqui e vamos em frente.

Reine.

Domine.

Realize no Mundo Demoníaco o sonho que não pode realizar no mundo humano.

Embora ele fosse apenas um bufão, devotaria seu corpo para trabalhar como o mais leal servo da Rainha Demônio…

Kwak!

— Kuaaaak!

O bufão não pôde dizer mais nada, pois a espada de Ignet caiu como uma estrela cadente e despedaçou seu corpo e mente. E não terminou aí. Não bastava esmagá-lo, então o corpo foi queimado.

Wheik…

— Hmm, já estava ficando entediante.

Ignet permaneceu firme.

Ela já sabia disso. O bufão não era o único que sabia. Permanecer nessa fenda. Passar o que pareciam eras ali e não ser mais humana nem demônio, mas ainda assim sentir o coração sendo abalado pela maldição.

Não importava o quão esplêndido herói Airen fosse. Mesmo que Illia fosse descendente direta de Dion Lindsay. Mesmo que Judith possuísse chamas capazes de resistir à morte, e mesmo que Brett fosse altruísta.

Mesmo que as mentes e corações de pessoas de pensamentos mais puros e claros se reunissem para restaurá-la… Ela sabia que era impossível purificar um corpo corrompido. Se fosse seu antigo eu, teria se matado.

Se não fosse isso…

“…como o bufão disse, eu teria ido ao Mundo Demoníaco.”

Conquistar o veneno, tornar-se a Rainha Demônio, e exterminar os diabos do Mundo Demoníaco.

Pensando bem, isso seria até agradável. Ignet imaginou-se caindo no inferno. Por um momento, ela sorriu.

— Mas eu não posso fazer isso.

Ignet balançou a cabeça.

Certo. Ela não podia.

Ela não acreditava que Airen e os outros poderiam salvá-la, nem acreditava que pudesse superar essa escuridão. No entanto, também não seguiria o bufão nem tiraria a própria vida. Esperar sem se preocupar com a promessa, não ligando, sem ansiedade.

Porque ela havia compreendido.

O que é mais importante para você?

Em quem confiar, e se existe um lugar para onde voltar?

Recordar.

Refletir, refletir.

O tempo, como uma eternidade, passa novamente…

Finalmente, a hora chegou.

Ching!

Tak!

— …

— …

— …

— Quanto tempo.

— Demorou.

— …Me desculpe, de verdade.

Airen tinha o mesmo rosto inexpressivo.

E não era só ele. Illia, Judith e Brett também sentiam o mesmo; não podiam evitar. Já haviam se passado vinte e quatro anos. Eles sabiam que não seria fácil, mas também não imaginavam que demoraria tanto. Saber que ela estava sofrendo ali fazia com que se sentissem culpados.

“Ainda assim, ela está em um bom estado…”

O motivo disso, é claro, era que o que podia sobreviver ali já não era mais um humano. Não, ela estava pior do que vinte e quatro anos antes. A escuridão envolvia seu corpo como um tufão, tentando assustá-los. Ela não poderia ser trazida de volta ao mundo humano daquele jeito.

Mas estava tudo bem.

Eles tinham o fruto para transformar o impossível em possível.

Uma maçã da Terra da Fantasia foi passada para os feiticeiros, e diferente dos dragões, era a coisa mais preciosa que o mundo jamais havia descoberto.

— Então, isso é…

Airen disse.

Havia muitas coisas que ele queria dizer. Como conseguiram aquela maçã dourada, e que tipo de esforço fizeram.

O que mudou no continente ao longo de vinte e quatro anos, e o que não mudou. O que aconteceu com os quatro. Ele queria falar e também ouvir o lado dela.

Mas.

— Pare.

— Uh?

— Vou ouvir depois. Posso comer agora?

— Uh? Sim…

— Dê-me.

Snap

Nhoc!

Após cortar suas palavras, Ignet pegou a maçã dourada e mordeu. Então, a energia refrescante desceu pela boca, garganta e corpo dela. De olhos fechados, ela sentiu a escuridão em suas células sendo lavada.

Sentindo-se renascer, Ignet retornou à sua forma humana e disse:

— Vamos.

— Uh, uh…

— O que há com este homem? O que há com vocês?

— O que está dizendo?

— Não, bem. Tão… tão indiferentes na… fenda…

Judith também estava gaguejando, e Brett assentia. E seguindo eles, Airen e Illia também assentiram, pensando o mesmo.

“Esses dois… parecem ter ficado iguais depois do casamento.”

Era um milagre tê-la alcançado. No entanto, Ignet, sentindo-se estranha, não queria dar a eles a reação que esperavam.

Ela franziu a testa e disse:

— Não estou me sentindo bem.

— Eh? De repente?

— Chega. Vamos voltar.

— Uh, uh. Certo…

Ching!

O portal se abriu, e os humanos que pisaram na fenda retornaram ao lugar onde deveriam estar. Ignet pensou, caminhando atrás de Airen, Illia, Judith e Brett.

“Certamente, quero saber o que aconteceu com vocês todo esse tempo.”

As chamas de Judith estavam mais fortes, e o mar de Brett, mais vasto.

Illia parecia ainda mais o céu, e Airen emanava uma única energia em vez de cinco. As cinco energias dele não desapareceram. Parecia que se uniram em uma só. E essa realização não poderia ter vindo sem esforço. Muita coisa devia ter acontecido.

“Mas não há pressa; vou ouvir tudo com calma.”

Pisando no portal, Ignet fechou os olhos.

Olhando para trás, foi um dia terrível. A sensação de voz se espalhando pelo espaço rachado era difícil de suportar para uma mulher que tentava manter seu núcleo e permanecer como humana.

Então estava claro.

“Georg Phoibe”

“Anya”

“E os cavaleiros que me seguiram.”

Como uma criança de Macan, os laços que ela construiu. Os amigos com quem queria ter um futuro brilhante, compartilhando pão com eles, até que a dura realidade a atingiu.

Seus colegas dos tempos de mercenária. As promessas de mudar o mundo e criar um futuro melhor, para depois abandonar tudo quando os mercenários passaram a perseguir apenas dinheiro.

“…havia muitos mais.”

As pessoas que nunca a deixaram em milhares de recordações.

As pessoas que a seguiram sem sequer olhar para trás, que caminharam atrás dela apesar das situações odiosas.

O pedido de desculpas que devia a Airen, que trabalhou duro para cumprir sua promessa.

Para ela, eles eram a prioridade número um.

Eventualmente, Ignet abriu os olhos.

— …

— …

Sua atenção foi atraída pelo ambiente alterado.

O palácio real de Arvilius, que era muito familiar apesar das mudanças aqui e ali, e Anya Martha e Georg Phoibe, que haviam crescido bastante, indicavam que vinte e quatro anos haviam passado. E os homens atrás dela.

— …

Ela não conseguiu dizer nada. Não havia necessidade de expressar em palavras.

Olhando para os Cavaleiros Negros que a saudavam em lágrimas, os quatro permaneceram em silêncio.

Uma semana depois.

O Reino Sagrado de Arvilius anunciou o retorno do quinto herói.

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