Switch Mode

Reformation of the Deadbeat Noble – Capítulo 387

Epílogo (1)

24 anos após a queda do Rei Demônio nas mãos dos heróis, o mundo certamente se tornara muito mais pacífico.

Não havia mais medo de ser aterrorizado pelos diabos. Qualquer aumento no número de demônios também era difícil de encontrar, e os ataques de vários monstros que se alimentavam de bondade haviam diminuído muito. Alguns aventureiros errantes se aprofundavam nas florestas e exploravam masmorras para então sofrerem, mas não havia o que se pudesse fazer por eles.

— Você ouviu? A Comandante dos Cavaleiros Negros, Dame Ignet Crecensia, retornou do Domínio Demoníaco.

— O quê? Ela não estava morta?

— Voltou do Domínio Demoníaco? Achei que ela tinha sido controlada pelo demônio…

— Então por que a manteriam no Reino Sagrado? Pelo contrário, ouvi dizer que ela está formando um grupo para subjugar todos os possíveis Reis Demônios.

— É mesmo?

Além disso, outra boa notícia foi transmitida. O retorno de Ignet Crecensia, mas não se falava sobre a fenda. Apenas se falava sobre a bela recompensa que seria concedida a ela pelo sacrifício feito.

Naturalmente, o retorno da heroína não era a única alegria para Arvilius. Em todo o mundo, incluindo a região central, festivais eram realizados para celebrar outra conquista.

Mercadores distribuíam dinheiro alegremente, mercenários se embriagavam e brindavam com seus copos, e até mesmo os agricultores assobiavam enquanto aravam os campos. Louvores aos Deuses ecoavam das bocas dos sacerdotes. E as crianças nos becos gritavam os nomes dos quatro heróis enquanto brincavam.

Claro, o mundo não era completamente brilhante.

Pelo menos aos olhos da espadachim de cabelos negros que viajava pelo sul do continente.

— …

Um túmulo em um pequeno jardim próximo à cidade. Ela olhava para o menino sentado diante dele.

Olhos fundos.

Não parecia possuir a inocência de sua idade, tampouco tristeza. A espadachim observava a criança.

Uma hora passou.

E duas.

Ficar parada assistindo parecia estranho, então ela se sentou ao lado do menino por mais 30 minutos.

— Obrigado, mas você não precisa ajudar.

O garoto, que estava em silêncio até então, falou.

— Já aconteceu algumas vezes antes, pessoas tentando ajudar.

O menino não contou toda a história, mas o pouco que falou foi dito com calma.

Não era uma explicação amigável. Conforme a espadachim de cabelos negros tentava compreender, parecia que a vida dos órfãos não era nada confortável. O homem que fora um agiota explorador, dono daquele túmulo, era alguém que falecera sem conseguir sustentar tal vida.

O ponto é que as ações de alguns mercenários, que sentiam pena, não ajudavam a situação. Pelo contrário, causavam ainda mais danos às crianças.

A espadachim, que entendeu isso, apenas assentiu.

“Não estou interessada.”

O menino não conhecia seus verdadeiros sentimentos. Era apenas, ‘agora que falei, vá embora…’

O garoto se levantou, bateu as mãos para limpar a sujeira e fez uma reverência enquanto dizia:

— Obrigado por me ouvir.

— …

Após essas palavras, o menino começou a se afastar. A espadachim de cabelos negros o observou. Fitou-o até que não pudesse mais vê-lo.

Ainda não interessada. Mas pensou em alguém que poderia se interessar pela criança, e ficou curiosa para saber qual seria a reação.

O mais importante era que ela não tinha muito o que fazer no momento. A antiga comandante dos Cavaleiros Negros murmurou enquanto olhava para a cidade.

— Parece um pouco semelhante.

Antes do cair da noite, o coração de Kai estava pesado enquanto voltava para a cidade.

Ele não gastara dinheiro, mas desperdiçara tempo. Não apenas o dele, mas até sua irmãzinha seria afetada por isso, e quanto à comida que sobrara? Ele resmungara demais para a estrangeira.

“Perdi tempo demais com alguém que nunca mais verei.”

…claro, a verdadeira razão para o peso no coração do menino era outra.

Era o fato de não se sentir confortável ao passar o aniversário de morte de seu melhor amigo.

O fato de que o dono do lugar para onde ele voltava tinha uma parcela de culpa na morte de seus amigos.

Apesar disso, ele não podia abandonar o orfanato, e esse sentimento era o principal motivo pelo qual a vida de Kai parecia tão difícil.

“…Ainda assim, estou feliz por não ter pedido ajuda.”

Kai assentiu.

Certo, o careca Jack, dono do orfanato, era um bandido dos becos. Se as coisas pudessem ser resolvidas com um duelo um contra um, o menino talvez tivesse implorado à mulher que conheceu.

Mas a vida não é fácil. E há muitas pessoas que falam mal de Jack pelas costas e rezam diante dele.

E o fato de que o orfanato que ele dirigia era legalizado, e que envolvê-lo com terceiros causaria ainda mais problemas, era bem conhecido.

Mesmo que alguém conseguisse superá-lo, mesmo que sua cabeça fosse derrubada e ele desaparecesse do mundo…

“…outro bandido ocuparia o vazio e o estranho que me ajudou partiria.”

Era isso que aconteceria.

O garoto, mais esperto que seus colegas de idade, escolheu viver sua vida com segurança.

“Certo, isso é o melhor.”

Apenas se esforçar um pouco mais.

Trabalhar um pouco mais duro. Satisfazer a ganância de Jack e então proteger os outros.

Em vez de deixar todos infelizes, era melhor sofrer um pouco todos os dias.

— …

Para isso, Kai correu para o orfanato.

E percebeu imediatamente. Algo havia acontecido.

— Ahhhhh!

— Irmão! Ugh!

— Irmãããão!

— O quê! O que houve? O que aconteceu? Jenny, onde está a Jenny?

As crianças chorando.

A sensação de que algo ruim acontecera. Era triste, mas também irritante, o mesmo tipo de situação novamente. Ele já estava farto dessa realidade e era difícil suportar aquele chilique.

Mas não durou muito.

Aquilo era algo familiar. No máximo, algumas crianças tinham dois ou três anos a mais que Kai, mas ele não podia exigir que fossem como ele.

Ao recordar disso, o menino consolou as crianças e chamou por Jenny, que era um ano mais velha que ele. Ela era a pessoa em quem Kai mais confiava ali, querida pelas crianças, gentil e alegre. E graças a seus gestos adoráveis e palavras ágeis, às vezes conseguia acalmar Jack e impedir que os espancasse.

E então.

— A irmã Jenny não está! Ela não está! Ughhh…

— O quê? Como assim…

— O careca a levou! Ele disse que ela tinha pais nobres e que iria comer com eles e vestir roupas bonitas com eles, mas é mentira, eu vi!

— Eu não aguento mais! Eu não aguento mais!

— …

Olhos cheios de lágrimas e narizes escorrendo. Alguns tinham hematomas pelo corpo. Ele pensara que era bom que não tivessem sido espancados de novo, mas a sensação de impotência tomou conta ao perceber que todo o fardo recaía sobre Kai.

Jenny havia sido vendida para uma guilda e não havia nada que ele pudesse fazer.

Mesmo que pudesse, não tentaria.

Kai sabia melhor que ninguém como isso afetaria as outras crianças ali, e todas eram reféns de Jack.

— Uhhhhh!

— Ugh, uhhhhh!

— Ehhhhhh!

— …

Kai fechou os olhos.

Precisava se acalmar. Tentou esfriar a cabeça e pensar no melhor desfecho, mas ignorou os choros. E se esforçou para ignorar.

Mas não conseguiu pensar em nada.

Não, havia uma coisa.

No entanto, não era a solução para a situação atual.

A imagem de seu amigo que morrera um ano atrás, sofrendo com as surras que Jack lhe dera enquanto bêbado.

A expressão de Kai, ao recordar disso, tornou-se calma.

— …

— Irmão?

— Irmão?

— …está tudo bem, eu estou bem.

As crianças pararam de chorar.

Ainda com os olhos cheios d’água e rostos molhados. Mesmo assim, ao ver os rostinhos olhando para ele, o coração de Kai vacilou.

Mas…

— O irmão vai sair por um tempo.

— …Para onde?

— Ver o tio Jack.

— Não! Não vá!

— Você não pode ir! Por favor, não vá!

— Está tudo bem. Não é nada. Só vou perguntar algo.

Ele sabia que sua escolha não era a certa. Para o bem das crianças, deveria ser paciente e, como no ano passado, suportar também este ano.

“Eu não consigo mais.”

Kai não podia mais aguentar. Não era inteligente o bastante para isso.

O menino, cujo coração ardia em chamas, caminhou com passos largos pelo beco escuro, carregando a espada que vinha escondendo havia muito tempo.

— …

— …

As pessoas pareciam surpresas.

Até mesmo os adultos que costumavam estar por ali e os garotos mais velhos, que observavam esses adultos, não conseguiram desprezar a ação de Kai. Pelo contrário, afastaram-se com expressões assustadas. Após percorrer uma longa distância, ele moveu seus pés rígidos.

Ele não se importava.

Não estava ansioso.

Jack era um bandido.

Além disso, considerando o amigo do homem que viria, havia uma grande chance de o que ele estava fazendo ser estupidez.

“E daí.”

Kai balançou a cabeça, afastando os pensamentos que surgiam. Sentia seu coração se acalmando, mas o fogo permanecia.

— Phew.

Finalmente, ele chegou ao local.

Bafo de Dragão. Um lugar onde bandidos como Jack se reuniam todos os dias.

Dessa vez ele não hesitou. O garoto assentiu e abriu a porta do bar com uma expressão determinada, erguendo a espada.

E após algum tempo.

A cena dentro era diferente do que ele esperava, o que o deixou chocado.

— Meu corpo não gosta de pessoas que pensam demais.

Corpos mortos espalhados. E o rosto familiar em meio à poça de sangue.

O careca Jack.

Não apenas ele.

— …

Ao lado dele, estavam as cabeças de inúmeras pessoas que faziam outros tremerem de medo.

Engolindo em seco, Kai ergueu o olhar e observou ao redor.

Ele não podia perguntar por que ela havia se intrometido. Mas isso não era importante, a imagem dela sentada à mesa central, sorvendo sua bebida, era forte demais para ele.

O garoto perguntou:

— …pensar demais?

— Isso mesmo. Pessoas que se acham espertas. Isso não pode acontecer, aquilo não pode ser assim. Pessoas que acham normal que coisas que não deveriam acontecer aconteçam e não fazem nada.

— …

— Talvez nunca saibam, pelo resto da vida, que o caminho que escolheram não é o correto, apenas o mais fácil.

— Então quer dizer que a escolha que fiz está certa?

O garoto perguntou.

Essa não era uma pergunta simples. Kai estava irritado, com raiva, e uma enxurrada de outras emoções que não conseguia esconder vinham à tona.

Ele conseguia sentir as coisas acontecendo. A pessoa diante dele era alguém que ele não podia questionar. Uma pessoa tão elevada que não havia motivo para estar numa cidade tão miserável.

Então ele não entendia. Não conseguia aceitar.

Diferente dela, que elogiava sua escolha atual, ele não conseguia afirmá-la. Era impossível julgar o que ela havia feito.

Ele não podia dizer que sua decisão de suportar era correta.

O garoto sabia disso.

Como a espadachim disse, ele estava apenas escapando daquela crise.

Isso significava que nenhum esforço feito até então resolveria o problema, e que, mesmo vivendo de cabeça baixa, eles apenas se destruiriam mais.

“O que devo fazer?”

“Qual é a resposta certa? Existe mesmo uma resposta certa para isso?”

“Essa pessoa sabe a resposta?”

Dúvidas corriam em sua mente. O garoto, cuja cabeça parecia em chamas, ousou abrir bem os olhos e encarar a espadachim de cabelos negros.

Ainda assim.

Uma resposta inesperada veio.

— Não estou interessada.

— …

— É o seu problema, você pensa, age e responde conforme sua vontade, você faz suas próprias escolhas e decisões, certo?

— Isso…

— …se fosse a antiga versão de mim, eu teria dito isso. Não, talvez tivesse sido ainda mais rude…

A espadachim de cabelos negros suspirou e olhou para o garoto, que se encolheu.

Parecia que seu verdadeiro eu estava sendo exposto.

Parecia que estava sendo despido, e ele ouviu:

— Não se preocupe com o orfanato.

— …

— Talvez a maioria dos problemas que você imaginou já tenha sido resolvida. A garota chamada Jenny, o orfanato e outras coisas… coisas que não poderiam ser solucionadas apenas com seu esforço. Eu resolvi.

— Então escolha.

— Você deseja levar uma vida comum com as crianças no orfanato?

— Ou deseja algo um pouco mais difícil, desenvolver força para encontrar suas próprias respostas diante das situações em vez de fugir? Seguir seu próprio caminho?

Não era uma pergunta fácil.

Normalmente, Kai, sendo o mais velho e mais inteligente do orfanato, pediria um tempo para pensar.

Mas agora ele não podia.

Ele não se importava.

O garoto, ainda olhando para a espada, olhou para a mulher e disse:

— Eu vou seguir.

A mulher sorriu.

Claro que ele não tinha a menor intenção de apenas suportar a dor.

Dois meses depois, Ignet Crecensia e Kai chegaram a Krono.

Faça uma Doação e contribua para que o site permaneça ativo!
Conheça nossa Assinatura VIP e seus benefícios!!

Comentários

0 0 votos
Avalie!
Se Inscrever
Notificar de
guest
0 Comentários
Mais recente
Mais Antigo Mais votado
Inline Feedbacks
Ver todos os comentários

Opções

Não funciona com o modo escuro
Resetar