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Reformation of the Deadbeat Noble – História Paralela – Fantasia 3

Fantasia (3)

A Aura da Espada era uma técnica simbólica de um Mestre Espadachim e a forma mais poderosa e desafiadora de esgrima que um espadachim podia empregar. No entanto, essa afirmação era apenas meia verdade.

Para um espadachim comum, dominar a Aura da Espada podia parecer atingir o ápice da esgrima. Mas, para um verdadeiro Mestre, era apenas uma habilidade fundamental; os verdadeiramente poderosos manejavam técnicas muito mais impressionantes com a mesma naturalidade com que respiravam.

A Membrana de Aura era uma dessas técnicas. Consistia em cobrir uma área específica com uma camada delicada e fina de aura, e alguns Mestres experientes a usavam para manter conversas privadas. Airen, Illia e Brett também tiveram grandes dificuldades para dominá-la durante a juventude, o que demonstrava o controle de aura tremendo que exigia.

Judith, no entanto, nunca se importou com isso. Mesmo sendo uma das quatro pessoas mais fortes do continente, ainda não via necessidade nessa técnica.

— Uau!

— Judith?

— Hmm, estão tentando ter uma conversa secreta? Esse é um jeito bem óbvio de fazer isso.

A súbita aura flamejante de Judith assustou Airen e Illia. Era inevitável. Uma esfera de aura, mais espessa e intensa que a maioria das Espadas de Aura dos Mestres, cercava os quatro, fazendo-os sentir como se estivessem no meio de um mar de lava. Brett, porém, permaneceu calmo. Sabia que Judith havia liberado aquela aura avassaladora apenas para bloquear o som.

— Quantos anos você já é Mestre e ainda faz isso? É um desperdício de aura.

— Me sinto mais confortável assim.

— Mesmo assim…

— Chega! — disse Judith, cortando Brett. Virou-se para os outros dois, olhando-os diretamente nos olhos. — É isso mesmo que vamos fazer? Só seguir em silêncio desse jeito?

Um leilão de carne no Reino Demoníaco, e o antigo superior do diabo de terno preto seria um dos produtos em destaque.

Judith lançou um olhar de total repulsa para além da membrana flamejante. Ela não conseguia entender. Para eles, aquilo podia ser apenas um bando de diabos vis, mas para o diabo de terno, não eram seus semelhantes? Seus companheiros?

“Como podem fazer isso? É como humanos devorando humanos!”

Era insuportável. Apesar de toda a experiência acumulada em incontáveis batalhas, ela achava difícil conter o nojo crescente dentro de si. E, na verdade, não queria conter. Claro, os outros três compartilhavam sentimentos semelhantes. No entanto, suas ações não correspondiam às palavras.

Após observar a amada por um momento, Brett disse com calma:

— Por enquanto, vamos observar.

— Observar? Aquela nojeira?

— Sim. Não sabemos exatamente o que acontece dentro da casa de leilões — explicou. — Não sabemos se devemos interferir nos assuntos dos diabos , e o mais importante… vocês sabem por que realmente viemos aqui.

A boca de Judith formou uma linha fina.

— Não viemos para exterminar todos os diabos do Reino Demoníaco, viemos para salvar Lulu e Ignet — disse Brett, enfatizando deliberadamente a última frase. Também misturou uma aura fresca e aquosa para acalmar a mente dos que estavam ao seu redor.

Judith mordeu o lábio. Embora já estivesse na casa dos trinta, ainda era intensa, mas não podia descontar aquela fúria em Brett. Esfriando a cabeça com algum esforço, ela finalmente retraiu a aura flamejante. O cenário ao redor voltou à vista, revelando o diabo que os esperava.

O diabo de terno preto mantinha a postura neutra, mas ainda assim eles viram surpresa, confusão e medo em seus olhos. Ele permaneceu em silêncio por um bom tempo, como se buscasse as palavras certas, até finalmente falar com dificuldade:

— Peço desculpas. Não esperava alguém vindo do Mar da Ira… Hm… O que eu disse antes eram as intenções do meu antigo superior…

Judith se moveu rapidamente e socou o diabo no estômago. A ação surpreendeu os outros três, mas ela deu de ombros como se não fosse nada. Achava que aquilo seria mais eficaz para dissipar qualquer suspeita.

— Ugh!

— Chega. Apenas nos guie.

Como esperado, o diabo não desconfiou. Em vez disso, sentiu um leve senso de gratidão por alguém do Mar da Ira, e ainda por cima, alguém tão poderoso, tê-lo deixado ir com tão pouco.

O diabo tossiu.

— Peço desculpas. E obrigado. Me esforçarei, ugh, para garantir que um incidente tão infeliz não ocorra novamente.

— Ótimo.

— Então continuarei a guiá-los.

Cerca de cinco minutos depois, chegaram a uma grande casa de leilões com quatro andares acima do solo e sessenta e cinco abaixo.

Mesmo para os olhos humanos, o exterior era bastante luxuoso, mas o interior era ainda mais. Havia lustres ornamentados, estátuas, obras de arte e dispositivos mágicos por toda parte. Viram vários itens de leilão bizarros e intrigantes tendo seus lances atualizados.

E… diabos . Havia muitos diabos.

Percorrendo os quatro andares da casa de leilões, os quatro observaram em silêncio. Vestidos com roupas elegantes e refinadas, os diabos conversavam educadamente entre si. Eram surpreendentemente parecidos com humanos, até mesmo os assuntos horríveis e repulsivos de que falavam lembravam os humanos.

Aquele lugar causava uma estranha inquietação nos quatro heróis. Dava a sensação de que aqueles seres não eram totalmente diferentes dos humanos, apenas haviam dado um passo além no lado sombrio da humanidade.

— Há algo que não seja do seu agrado? — perguntou o guia.

— Apenas continue — disse Judith.

— P-Peço desculpas. Parece que não estive à altura das suas expectativas.

Diante da repreensão de Judith, o diabo começou a suar frio. Enxugou a testa com um lenço já encharcado. No entanto, ao chegarem ao elevador mágico, sua expressão se iluminou novamente. Parecia um artista prestes a revelar sua obra-prima, com um evidente orgulho no semblante.

Apertando o botão para o andar B65, ele se virou para Airen e os outros.

— Peço desculpas por tê-los entediado. Mas… o sexagésimo quinto andar será interessante.

— Esse é o leilão de carne de que você falou antes?

— Sim, exatamente. É onde oferecemos os seres mais preciosos e valiosos de toda a casa de leilões como produtos. Normalmente, a entrada durante um leilão não é permitida, mas como são convidados ilustres do Pântano da Preguiça e do Mar da Ira, faremos uma exceção especial…

— Seres preciosos, você disse… De quem está falando?

— Você disse que seu superior é um dos produtos, certo?

— Por que se chama leilão de carne? Você disse que estão vivos. Mesmo que não fossem para consumo… não poderiam simplesmente comprá-los e usá-los como escravos?

— Ah, o método do leilão pode ser incomum para vocês. Seria difícil usá-los com essa finalidade. Os produtos são vendidos em partes separadas.

— O quê?

— Permitam-me explicar.

O diabo começou a explicar com paciência, respondendo à enxurrada de perguntas de Illia, Brett e Judith. Primeiro, os itens do leilão chegavam ao palco ainda vivos. No entanto, o corpo inteiro não era vendido a uma única pessoa; em vez disso, era dividido em partes menores, cada uma vendida a um licitante diferente, o que impossibilitava seu uso como escravo.

— A desmontagem ocorre após o fim do leilão. Isso garante que entregamos o produto mais fresco. E… — o diabo sorriu levemente e disse com significado — são eles que decidem quais partes vender, assim como quem conduz o leilão…

— O quê?

— Significa que o produto decide quais partes vender. Eles podem vender apenas um dedo, abaixo do cotovelo, ou até mesmo uma perna inteira. Globos oculares e órgãos internos também podem ser vendidos. Claro, o resultado final será o mesmo.

Os números do elevador continuavam a descer, e os quatro permaneceram em silêncio. Apenas encaravam o diabo. Estavam surpresos, mas também profundamente confusos.

Brett foi o primeiro a romper aquele estado.

— Eles vendem os próprios corpos?

— Perdão? Ah, sim, isso mesmo.

— Por quê?

— Porque estão enterrados em uma montanha de dívidas que não conseguem pagar. Entre morrer por não conseguir quitá-las e sobreviver deformado, qualquer um escolheria a segunda opção, não?

— Então o que você quis dizer com aquela frase antes?

— Perdão?

— Que o resultado final será o mesmo.

— Ah, isso… Não é óbvio? Os produtos eventualmente não conseguirão pagar a dívida. Terão que vender tudo. Os licitantes já decidiram isso.

A expressão de Airen escureceu. Ele entendeu as palavras do guia. Um produto vinha vender seu próprio corpo e subia ao palco do leilão. O visor mágico acima dele mostrava o valor necessário para quitar sua dívida. Para conseguir mais do que aquilo, tentando minimizar suas perdas, o produto se apresentava da melhor forma possível. Mas era inútil.

Eles não sobreviveriam, pois os licitantes já haviam decidido que não sobreviveriam. Por mais desejável que fosse o produto ou suas partes, os licitantes jamais cruzavam o limite. Reprimiam o desejo de comprar e controlavam o apetite com paciência desesperada.

Quando os licitantes abriam a carteira apenas até certo ponto, o produto não tinha escolha a não ser vender-se aos poucos, parte por parte, um dedo, um globo ocular, um braço, a parte inferior do corpo. Eventualmente, teria que vender o cérebro, a coluna, o coração. Só depois que a dívida fosse totalmente quitada é que os licitantes se davam por satisfeitos, acariciando seus ventres cheios…

A chegada ao sexagésimo quinto andar interrompeu os pensamentos de Airen. Aquele era o andar oculto, o sexagésimo sexto, e dez diabos emergiram do elevador. O diabo de terno preto parecia confuso, pois também não sabia o que estava acontecendo. Estava prestes a falar quando uma objeto translúcido em forma de palma o pressionou de cima.

Crunch.

— Aproveitaram o passeio pelo castelo?

O grupo de Airen desviou o olhar do cadáver esmagado. O grupo de diabos emanava uma aura poderosa. Um deles, em especial, se destacava, um diabo com dois chifres enrolados como os de uma ovelha, exalando uma aura de dignidade.

— Não sei como meros humanos pisaram no Reino Demoníaco, mas isso é muito bem-vindo — disse o diabo de chifres. — Crianças, lidem com eles, mas mantenham-nos vivos. Serão nossos próximos itens de leilão…

Antes que o diabo pudesse terminar, um espadachim avançou contra ele, incapaz de conter a fúria. Não era Airen, nem Illia. Tampouco era Judith, que ardia em raiva o tempo todo. Era Brett Lloyd, aquele que todos achavam ser o mais calmo e centrado entre eles.

Como uma onda devastadora, a espada de Brett varreu o sexagésimo sexto andar.

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