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Reformation of the Deadbeat Noble – História Paralela – Fantasia 4

Fantasia (4)

— Hoo… Impressionante.

As duas figuras colidiram com um estrondo tremendo. A aura azul do humano exalava uma energia solene, em contraste com a aura roxa profunda e aterrorizante do diabo de alta patente.

O Lorde do Castelo da Gula sorriu com interesse.

— Pensar que um mero humano é capaz de tanto.

Seu elogio era genuíno. O simples fato de um humano estar vivo no Reino Demoníaco já era prova de sua força. Assim como o reino humano limitava o poder dos diabos, os humanos mal conseguiam respirar ali. Aquele humano provavelmente era um dos mais poderosos de toda a história da humanidade.

“É só isso.”

Com um sorriso mais amplo, o Lorde avançou com a espada. O golpe lançou Brett para trás a uma velocidade incrível, mas o diabo foi mais rápido. Já havia se posicionado atrás de Brett, e então brandiu sua enorme espada com uma das mãos.

Mas Brett não caiu. Distribuindo sua aura para a parte inferior do corpo para manter o equilíbrio, rapidamente inverteu a postura e desferiu um corte diagonal. O golpe desceu de cima, e força bruta não era o bastante para resistir. A esgrima precisa e delicada redirecionou os ataques poderosos do diabo.

“Incrível. Verdadeiramente incrível.”

— Mas lembre-se: foram sempre vocês, humanos, os invadidos — disse o Lorde, ainda com expressão inabalável.

O diabo lançou uma enxurrada de ataques. Cada golpe era forte o suficiente para despedaçar montanhas e dividir mares, e vinham com uma velocidade incrível, sem um momento de respiro. A habilidade de Brett era notável, mas até uma criança podia perceber quem estava em vantagem.

O Lorde da Gula, um dos sete Arquiduques que governavam o Reino Demoníaco, carregava sua certeza como um manto. Continuava no ataque, cobrindo sua espada com energia demoníaca mais intensa que aura.

Ele pressionava Brett sem trégua. Após centenas de trocas, cada uma mais rápida que o piscar de olhos, Brett percebeu algo estranho.

“Parece que isso vai durar para sempre.”

Aquilo era estranho. Não devia ser assim. Aumentou o ritmo. O impacto contido em sua espada acelerada sacudia lentamente o interior do diabo. Como resultado dos golpes, os movimentos do inimigo deveriam ter diminuído, mas não diminuíram.

Aparentemente ainda cheio de força, o diabo permanecia calmo. Não recuava, tampouco vacilava. Desviava, aparava e contra-atacava todos os golpes da grande espada de Brett vindos de incontáveis ângulos. Era como lutar debaixo d’água… não, como lutar em um pântano.

Antes que percebesse, Brett já estava afundando no ritmo do diabo, submergindo até os tornozelos, os joelhos, a cintura… No momento em que percebeu, os olhos do Arquiduque arderam com as chamas do inferno.

Brett mal conseguiu deter o próprio avanço e encarou o vazio. Uma explosão o atingiu. Se tivesse esperado mais um segundo, o poder concentrado teria arrancado sua cabeça do corpo.

Aquilo não era esgrima. Era magia… Magia negra.

Mas Brett era Brett. Mesmo que o oponente revelasse um poder oculto, ele não perdia a compostura.

— O quê? Não conseguiu guardar isso por mais tempo?

— Admito. Estava errado. Você é claramente o maior herói da história humana — disse o Lorde. — O bastante para que eu use todo o meu poder.

— Na verdade, permita-me corrigir — disse Brett. — Sou tão grande e extraordinário que nem todo o seu poder será suficiente.

— Garoto arrogante. Vamos ver se ainda consegue falar depois de ver cem por cento do meu poder.

As chamas nos olhos do Lorde cresceram, indo além de um mero lampejo. Era uma energia demoníaca altamente concentrada, com aparência líquida, e não estava apenas nos olhos, fluía por todo o corpo, deixando claro o quanto estava furioso e sério ao liberar seu poder.

Como se para provar ainda mais, sua espada se transformou. Incontáveis coisas repulsivas brotaram da energia demoníaca que formava uma lâmina afiada e lisa como uma Aura da Espada. Era coberta de olhos, dentes, mãos, tentáculos e outras partes corporais não identificáveis de criaturas… Parecia que almas sendo assadas em enxofre saltavam para fora.

Como resultado, a arma parecia mais um porrete do que uma espada. No entanto, parecia muito mais perigosa do que antes, especialmente porque demonstrava um poder de corte imenso. E isso não era tudo.

Creeeek!

Creeeek! Creeeek! Creeeek! Creeeek! Creeeek! Creeeek!

Fsss… Crack!

Fsss… Crack… Fsss… Crack… Fsss… Crack…!

Mesmo enquanto falavam, criaturas de aparências variadas emergiam do chão. Algumas pareciam cadáveres em decomposição, outras como quimeras costuradas com partes de diferentes seres. Algumas tinham aparência normal, mas olhos tão abissais que despertavam um medo primal. Outras usavam carapaças indescritíveis… Todas exalavam uma escuridão horrivelmente pútrida.

— Isso não é o seu poder.

— Não, mas é mais próximo do meu poder do que qualquer outra coisa. Devorar e reutilizar as habilidades do que é devorado é a base do meu ser, então não fale bobagens — disse o Arquiduque. — Ah… Está com inveja, talvez? Você não é burro o suficiente para não entender, então deve estar só implicando, certo?

Brett cerrou os dentes.

— O que foi, acertei um nervo?

As criaturas continuavam a surgir, preenchendo o sexagésimo sexto andar, mas Brett permanecia em silêncio, sem fazer nada. Parecia que as palavras do Arquiduque o haviam atingido de verdade.

O Arquiduque ponderou sobre o próximo movimento. Atacar enquanto o humano parecia abalado não seria mais eficaz?

“Não, melhor não.”

Não havia necessidade de pressa. Quanto mais o tempo passasse, mais vantagem teria; seria melhor esperar que o oponente falasse. Ele podia lidar com aquele humano, mas não tinha poder suficiente para enfrentar os outros três. A situação era pior do que havia previsto, então precisava ganhar o máximo de tempo possível para liberar cem por cento do seu poder.

Assim que chegou a essa conclusão, Brett finalmente quebrou o longo silêncio.

— Não gosto de admitir, mas não vou negar. Se eu tivesse que me encaixar em um dos sete pecados… seria a Inveja.

— Hah, é mesmo? Quanta tolice. Sofrer por uma vida inteira…

— …Quando vi sua espada pela primeira vez, eu ainda… ainda me lembro. Me lembro de como tudo era naquela época — disse Brett, interrompendo as palavras do Lorde da Gula.

Era absurdo. Como ousava um mero humano, por mais forte que fosse, ignorar ele, um dos sete nobres Arquiduques do inferno? Mas ele não conseguia se mover. Não podia reagir de forma precipitada, mesmo com o oponente de olhos fechados, completamente perdido em memórias distantes. Não conseguia dar um passo para romper aquela postura arrogante. Aquilo não o dizia respeito.

Os pensamentos de Brett voltaram ao passado distante. Ele pensou no momento em que Airen Farreira brandiu a espada durante a avaliação final antes de se tornar um recruta oficial da Academia de Esgrima Krono.

“Eu estava com inveja. Com muita inveja.”

Desesperou-se diante do talento brilhante de Airen e sentiu frustração por seus próprios passos insignificantes. Ao mesmo tempo, o admirava. Cada vez que via os rastros da espada cruzando o grande salão de treinamento, o desejo de alcançá-lo de alguma forma preenchia sua mente. Essa inveja, esse sentimento de inferioridade e aspiração persistiam até hoje, mesmo depois dos trinta anos.

A técnica que Brett se preparava para usar jamais teria existido se não fosse sustentada por emoções tão feias, e ao mesmo tempo tão belas.

— Sabe o que é bom na água? — perguntou Brett, finalmente abrindo os olhos.

O Arquiduque estreitou os olhos. Do que ele estava falando? É claro que a espada do humano continha a energia da água, mas suas palavras não faziam sentido, considerando que suas criaturas cobriam os arredores. Aquele humano parecia calmo demais.

Era normal sentir raiva diante dessa indiferença, era normal querer despedaçar o corpo arrogante daquele humano… Mas estranhamente, o Arquiduque não sentia fome. Sentia tensão e ansiedade.

Para dispersar aquelas emoções negativas, ergueu a espada. Ou tentou. Mas não conseguiu. Sentia uma energia pesada e sufocante o pressionando. Olhou para o próprio corpo e, com esforço, levantou a cabeça para encarar o humano.

— A água pode preencher qualquer coisa.

— Você…

— Obrigado por me dar tempo — disse Brett. — E por me ajudar a preencher este espaço com a minha energia.

Brett sorriu e ergueu a espada, exatamente como o Arquiduque havia tentado fazer instantes antes. Ele a desceu com força, da mesma forma como Airen Farreira fizera há muito tempo. O golpe liberou um poder incrível, a precisão afiada de um ataque refinado por muitos anos.

Todas as criaturas pereceram. Cada uma se desfez instantaneamente, esmagada e despedaçada como se atingida por uma imensa rocha. O Arquiduque não foi exceção. O Lorde da Gula, que governava uma das sete maiores regiões do inferno, encontrou seu fim sem oferecer resistência.

Foi uma vitória limpa.

— Ufa…

— Você está bem, Brett? — perguntou Judith, aproximando-se do amante cambaleante.

Brett assentiu.

— Fui incrível?

— Droga.

— Pode ser sincera.

Judith suspirou.

— É. Não foi ruim.

— E os subordinados…?

— Cuidamos deles. Eram bem fortes — disse Airen.

— Para uns inúteis — completou Illia.

Juntos, os quatro heróis aniquilaram completamente o sexagésimo sexto andar da casa de leilões subterrânea no interior do Castelo da Gula.

Olhando para o céu através do imenso buraco que haviam criado, Brett murmurou enquanto observava a paisagem nada convencional:

— Estou me sentindo um pouco melhor agora.

Judith lançou um olhar fulminante para ele.

— O quê? Você que disse para eu não ficar com raiva — disse Brett. — Desculpa, achei que ia passar mal se segurasse.

— Tudo bem, senti o mesmo. Também não vou me conter a partir de agora.

— Sério? Então vai procurar as outras seis regiões que o diabo mencionou e virar tudo de cabeça para baixo?

— Não preciso procurar… mas se vir uma, vou. Afinal, nosso objetivo é o fruto dourado.

— Vocês dois parecem ter trocado de papel… — murmurou Illia. Todos caíram na risada.

Claro, não permaneceram ali por muito tempo. De qualquer forma, era perigoso permanecer no Reino Demoníaco por tempo demais, então precisavam se mover com rapidez. O grupo apoiou Brett enquanto deixavam o Castelo da Gula às pressas.

Do lado de fora, a Torre do Orgulho surgiu repentinamente diante de seus olhos. Atrás dela, a Árvore Diabo parecia nitidamente mais próxima do que antes. Eles entenderam: para conseguir o que desejavam, teriam que passar pelas sete grandes cidades do Reino Demoníaco.

— Parece que também teremos que virar as outras seis áreas de cabeça para baixo.

— É verdade.

— Então vamos.

E assim, passou-se um mês.

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