“Venham, venham todos! Aproximem-se e não sejam tímidos!”
“Eu nunca acreditei em amor à primeira vista, mas isso foi antes de ver você.”
“Espero que você saiba fazer respiração boca-a-boca, porque você acabou de tirar meu fôlego!”
“Se ser sexy fosse crime, você seria culpado com certeza.”
“Você é artista? Porque conseguiu me capturar com perfeição.”
William olhava a cena à sua frente, atordoado. Depois de passar pelos portões do templo, ele se viu em algo que parecia um bazar.
Belos e Belas comerciantes, vestindo roupas únicas, chamavam as pessoas que entraram no templo junto com ele. Seus companheiros foram imediatamente atraídos pela bajulação desses homens e mulheres.
O garoto estava impressionado, pois esses comerciantes conseguiam dizer as cantadas mais cafonas sem nem mesmo suar uma gota. Além do grupo de William, havia outras pessoas vagando pelas diversas barracas como se estivessem apenas olhando as vitrines.
William se divertiu ao ver que alguns desses comerciantes até brigavam entre si para atrair esses “clientes” para verificar as coisas que tinham a oferecer.
Enquanto ainda tentava entender o que estava acontecendo ao seu redor, um homem gordinho usando um manto elegante se aproximou dele com um sorriso.
“Bom dia, jovem amigo,” cumprimentou o homem gordinho. “Está interessado em se tornar o homem mais forte do mundo?”
William olhou para trás. Ao ver que não havia ninguém ali, ele olhou de volta para o homem gordinho e apontou para si mesmo.
“Está falando comigo?” William perguntou.
“Sim.” O homem gordinho assentiu afirmativamente. “Permita-me apresentar. Meu nome é Gavin e eu sou o Deus de Todos os Ofícios. Se você está procurando o Deus Patrono mais incrível deste templo, então sou eu.”
De repente, uma maçã acertou a parte de trás da cabeça de Gavin, fazendo-o gritar de dor.
“Seu bastardo, como se atreve a mentir na frente das crianças?!” Uma linda mulher, usando um “chapéu de árvore” cheio de pequenas maçãs, rugiu de raiva. “Como ousa chamar-se de o Deus Patrono mais incrível deste templo? Garoto, esqueça esse homem sem graça. Venha aqui e me escolha como sua Deusa Patrona.”
A mulher fez um gesto de “venha até aqui” e William sentiu seu corpo flutuar em direção à sua barraca. Ele tentou ao máximo retomar o controle do próprio corpo. No entanto, por mais que tentasse, não conseguia nem mover os dedos.
No fim, ele se resignou ao seu destino e foi levado à barraca da Deusa.
“Meu nome é Lulu e eu sou a Deusa das Maçãs,” Lulu deu um tapinha no ombro de William com um sorriso. “Já ouviu o famoso ditado sobre maçãs?”
“Uma maçã por dia mantém o médico longe?” William respondeu, incerto.
“Você está apenas meio certo.” Lulu sorriu.
“Ei, Lulu! Eu o vi primeiro! Não roube meu garoto!” Gavin correu em direção à barraca de Lulu com uma expressão determinada.
Os Deuses dentro do Templo eram todos concorrentes. Toda vez que um grupo de “escolhidos” aparecia, todos faziam o possível para torná-los seus seguidores antes de reencarnarem em sua próxima vida.
“Saia!” Lulu gritou, de forma nada digna de sua beleza.
Ela então pegou uma das pequenas maçãs em seu chapéu e a lançou em Gavin. A pequena maçã cresceu em pleno voo até se tornar tão grande quanto uma bola de basquete. Ela acertou Gavin bem no peito, lançando-o a cem metros de distância de sua barraca.
“Viu isso, William?” Lulu sorriu. “Uma maçã por dia mantém todos longe, se você a lançar com força suficiente!”
“C-Certo…,” William respondeu, enquanto recuava lentamente da Deusa das Maçãs.
“Ah, não seja assim.” Lulu saiu da barraca e segurou a mão de William. “Por que não nos conhecemos melhor primeiro? Sabe, se você me escolher como sua Deusa Patrona, você terá muitos benefícios!”
“Hum, que tipo de benefícios?”
“Por exemplo, posso lhe dar o poder de cultivar macieiras em qualquer lugar. Seja em um deserto, uma tundra gelada, debaixo d’água, ou qualquer lugar que você quiser plantar uma maçã. Você pode até mesmo cultivá-las em seu próprio corpo!”
“I-Isso parece ecologicamente correto,” William gaguejou.
“Eu sei, né!?” Lulu sorriu. “Agora, basta assinar este contrato e estamos prontos.”
Lulu gerou um contrato e uma caneta do nada. Ela até entregou a caneta nas mãos trêmulas de William e o incentivou a assinar o contrato.
William não queria assinar, mas o aperto firme em seus ombros o impedia de fugir.
Felizmente, Gavin voltou e tirou o braço de Lulu dos ombros de William.
“Ei! Jogue conforme as regras!” Gavin ficou entre William e Lulu. “Você não pode forçar ninguém a assinar um contrato!”
“Tsc! Eu estava tão perto… seu miserável,” Lulu murmurou.
Gavin ficou ao lado de William e deu um tapinha em seu ombro. “Não se preocupe, irmão. Enquanto eu estiver por perto, ninguém pode forçá-lo a assinar um contrato! Já que você acabou de chegar, permita-me ser seu guia.”
Gavin então lançou a Lulu um olhar de “tem algum problema com isso?”, fazendo a Deusa das Maçãs lançar-lhe um olhar furioso.
Lulu bufou e voltou para seu estande, mas antes de fazê-lo, chamou William e disse que ele poderia voltar se não encontrasse um Deus que lhe agradasse.
Gavin caminhou lado a lado com William enquanto passeavam pelo Bazar. Ele respondeu às perguntas de William e até corrigiu algumas de suas ideias erradas sobre os Deuses.
“Existem três tipos de Deuses,” explicou Gavin enquanto caminhavam.
“Os Deuses Primordiais, os Deuses da Personificação e os Deuses da Nova Geração. Os Deuses Primordiais consistem nos Deuses que nasceram quando o multiverso foi criado. Você deve conhecê-los como o Deus do Fogo, Deus da Água, Terra, Vento, Relâmpago, etc.”
“Os Deuses da Personificação são Deuses nascidos das emoções e profissões. Deus do Medo, Deus da Luxúria, Deus da Vaidade, e Deus do Orgulho, são exemplos de Deuses nascidos das emoções. O Deus da Guerra, o Deus Ferreiro, Deus dos Caçadores, Deus da Música, Deus da Arte, são Deuses nascidos das profissões.”
Gavin fez uma pausa antes de continuar sua explicação. “Quanto aos Deuses da Nova Geração, esses são Deuses que nasceram recentemente e têm características muito únicas.”
“Características únicas?” William perguntou.
“Em breve veremos um desses Deuses da nova geração,” Gavin respondeu. “Você vê aquela longa fila de pessoas ali? Elas estão esperando para assinar o contrato dessa ‘Deusa da Nova Geração’.”
Vendo a curiosidade de William, Gavin sorriu de lado e levou o garoto para ver a Deusa que estava na barraca.
Uma menina que parecia ter no máximo doze anos apertava a mão de um jovem com um grande sorriso no rosto. Seus cabelos cor-de-rosa, olhos vermelhos e lábios fofos a faziam parecer extremamente adorável.
“Irmãozão, eu te amo!” A pequena Deusa beijou a bochecha do garoto. “Agora, por favor, assine seu nome bem aqui.”
O garoto assinou o contrato com alegria, enquanto as pessoas na fila gritavam slogans como “Liso é Justiça” e “Não Toque na Lolita!”
William congelou enquanto olhava para a menina e para Gavin. Ele tinha um palpite de quem era a Deusa, mas não tinha cem porcento de certeza absoluta.
Como se estivesse lendo seus pensamentos, Gavin assentiu. “Essa barraca pertence à Deusa Loli, Lily.”
“Deusa Loli?”
“Sim. Ela é uma Deusa da Nova Geração que nasceu das crenças de… pessoas com gostos peculiares. William, não me diga… você é uma dessas pessoas escórias– quer dizer, com gostos únicos?”
“Claro que não!” William negou com todas as fibras do seu ser.
Como se percebesse que estavam falando sobre ela, Lily olhou para William e Gavin. A fofa loli sorriu e acenou para William.
‘Sou um homem simples,’ William pensou enquanto acenava de volta. ‘Eu vejo uma fofinha acenando para mim, eu aceno de volta.’
Gavin sorriu e tirou um par de óculos do seu armazenamento dimensional.
“Não se deixe enganar pelo que você vê,” Gavin sussurrou. “Use isto.”
“O que é isso?” William perguntou.
“Este é um artefato divino chamado Óculos da Verdade,” Gavin explicou. “Ele pode ver através de qualquer disfarce e ilusão.”
William olhou com ceticismo para Gavin antes de colocar os óculos. Ele então olhou para a garotinha acenando para ele e congelou de choque.
A fofa loli não estava mais ali. Em vez disso, um anão com rosto enrugado e nariz grande olhava para ele. O anão sorriu e William viu os três dentes que saíam de suas gengivas. Um dente na parte superior e dois na parte inferior.
A Loli-Vovó piscou e mandou um beijo para William. Um coração rosa com asas materializou-se do nada e voou em direção ao jovem. Instintivamente, William afastou o coração voador, enviando-o para o chão.
Determinado a cumprir sua missão, o coração rosa se levantou lentamente do chão. Ele então tentou bater suas asas para voar. Infelizmente, William não deu chance para que ele se recuperasse. Ele pisou no coração e o esmagou em pedaços. Depois de ter certeza de que o coração estava completamente destruído, ele correu como se o capeta estivesse atrás dele.
Gavin riu enquanto seguia o garoto em pânico, que corria como se estivesse fugindo pela vida. Em seus olhos, William era uma pessoa muito interessante. Se possível, ele queria que ele se tornasse seu seguidor.