Depois de fugir da barraca da Deusa Loli, William passeou pelas outras barracas do Templo dos Deuses. Após passar três dias dentro do templo, o garoto finalmente decidiu qual Deus Patrono ele seguiria.
“Bem-vindo!” Uma bela garota com orelhas de gato apertou a mão de William.
“Você fez a escolha certa em vir aqui. Nosso Deus é o melhor.”
“Eu sei.” William corou ao olhar para o Deus que estava em frente à barraca. Um homem bonito, com uma postura nobre, percebeu o olhar de William e assentiu em sua direção.
Gavin, o Deus de Todos os Ofícios, estava ao seu lado. William não o escolheu como seu Deus Patrono. Embora tivesse uma expressão de desapontamento, ele respeitava a decisão de William e decidiu ficar com ele até que assinasse seu contrato.
Muitas mulheres bonitas estavam distribuindo contratos para as pessoas que formavam uma fila em frente à barraca. Segundo a estimativa de William, havia pelo menos mais de quinhentos homens na fila dessa barraca em particular.
Por que essa barraca era tão especial, você pergunta? Naturalmente, era por causa do Deus que a administrava. Ele não era ninguém menos que o “Deus do Harém”, e muitos homens, tanto jovens quanto velhos, estavam mais do que felizes em adorá-lo e se tornarem seus seguidores.
“Eu ainda não entendo,” Gavin disse. “Será que todos os seus cérebros estão localizados na parte inferior do corpo?”
Todos na fila lançaram um olhar de desdém para Gavin.
William, por outro lado, desviou o olhar.
Ele havia morrido virgem. Esse era um dos arrependimentos que ele carregava de sua vida passada. Se possível, ele gostaria de compensar essa falha. Esse foi o principal motivo pelo qual escolheu o Deus do Harém como seu Deus Patrono.
Pode parecer egoísta e vergonhoso, mas, para aqueles que não conseguiram viver uma vida plena, essa era uma tentação difícil de resistir.
Gavin sabia como William havia morrido. Todo Deus dentro do templo tinha essa habilidade. Ele estava muito impressionado com o garoto por ter sido capaz de fazer aquele tipo de sacrifício para salvar a vida de alguém.
Não eram muitas as pessoas capazes disso. Talvez, essa fosse a razão pela qual os Deuses deram a William outra chance de viver uma vida melhor.
Uma hora se passou e finalmente chegou a vez de William assinar seu contrato.
“Irmão, estou honrado por você ter me escolhido como seu Deus Patrono,” o Deus do Harém disse com um sorriso sincero. Ele deu uma olhada no passado de William e viu o sacrifício que ele havia feito por seus irmãozinhos e irmãzinhas no orfanato.
Ele também admirava como foi determinado quando deu seu coração para salvar sua amada. Isso fez com que o Deus do Harém olhasse para William com bons olhos.
“William, além da bênção que você receberá de mim como seu Deus Patrono, também lhe darei um pedaço da minha divindade,” declarou o Deus do Harém de forma firme. “A partir deste momento, reconheço você como meu irmão mais novo.”
“Irmãozão!” William jogou fora toda a vergonha e abraçou o Deus do Harém sem pudor.
Gavin estalou a língua ao ver essa cena, mas não havia nada que ele pudesse fazer. A única coisa que lhe restava era assistir enquanto seu candidato favorito era levado dele.
“Certo, vamos ao que interessa. Vamos assinar o contrato.”
“Ok!”
O Deus do Harém acenou com a mão para invocar um contrato, mas nada aconteceu.
“Hã?” O Deus do Harém franziu a testa. Ele acenou a mão pela segunda vez, mas nenhum contrato apareceu em sua mão.
“Hm, você pode me dar um minuto?” o Deus do Harém pediu de forma constrangida. “Vou contatar o Serviço de Atendimento e ver o que está acontecendo.”
William acenou com a cabeça com um sorriso. Ele não estava preocupado, pois essas coisas aconteciam o tempo todo quando ele ainda estava vivo na Terra. Talvez a máquina que imprimia o contrato tivesse ficado sem tinta ou algo do tipo. Pelo menos, foi isso que William pensou na hora.
“Alô? Aqui é o Deus do Harém. Estou ligando porque fiquei sem contratos; você poderia me enviar mais?” O Deus do Harém explicou a situação.
“Hã? É mesmo…” O Deus do Harém franziu a testa. “Não dá para fazer algo a respeito? Só mais um contrato basta! Eu não pedirei mais que isso.”
“Desculpe, senhor, mas você atingiu seu número máximo de seguidores,” respondeu o Representante do Atendimento ao Cliente. “Mesmo que peça mais um contrato, não será possível. O Sistema Divino não permite que ninguém viole essa regra. Desista, senhor.”
O Deus do Harém suspirou ao desligar a ligação. Ele olhou para William com tristeza. Um bom irmão assim, e ele não poderia lhe dar a felicidade que merecia!
Gavin notou a mudança na expressão do Deus do Harém e imediatamente pensou em algo.
‘Será que…,’ Gavin pensou. Ele não ousou expressar seus pensamentos em voz alta, caso estivesse enganado. Mesmo assim, estava disposto a agarrar essa frágil esperança que surgira diante de seus olhos.
“Irmão, sinto muito!” O Deus do Harém inclinou a cabeça. “Eu atingi o número máximo de seguidores. Não posso adicionar mais, mesmo que eu quisesse.”
Gavin quase comemorou com um gesto de vitória ao ouvir a explicação do Deus do Harém. ‘Eu sabia!’
William ficou arrasado com a notícia. Era como fazer fila para comprar um jogo de edição limitada que ele queria jogar desesperadamente. Então, quando chegava sua vez de comprar, o atendente lhe dizia que o estoque havia acabado!
“Não se preocupe, irmão!” O Deus do Harém deu um tapinha no ombro de William. “Mesmo que você não assine meu contrato, ainda assim lhe darei minha divindade!”
“Hã?!” Gavin olhou para o Deus do Harém como se estivesse vendo uma criatura estranha. Conceder uma divindade a alguém era diferente de assinar um contrato. Um contrato só lhe dá a bênção regular de um Deus.
Uma Divindade, por outro lado, lhe concederia privilégios especiais que seriam pelo menos dez vezes melhores que um contrato regular. Os dois nem sequer podiam ser comparados.
“V-você tem certeza de que vai dar uma parte da sua divindade para o William?” Gavin perguntou.
“Não é contra as regras.” O Deus do Harém foi firme. “Ele é meu irmão! Meu irmão jurado! Eu não posso fazer mal a ele!”
“Você é um sortudo de…” Gavin deu um tapinha no ombro de William. “Isso é uma ótima notícia para você, William.”
William não entendia o quão importante era a Divindade de um Deus. A única coisa que ele entendeu da conversa foi que, de alguma forma, ele ganhou algo melhor que um contrato.
O Deus do Harém entregou a William uma peça de xadrez. O garoto a olhou e achou que era familiar.
“O Rei?” murmurou William. “Essa é sua Divindade, Irmãozão?”
“Sim.” O Deus do Harém assentiu. “Coloque-a dentro da sua alma, irmãozinho. Assim, ninguém poderá roubá-la de você. Além disso, a partir de agora, sinta-se à vontade para me chamar de Irmão Issei.”
William obedeceu e colocou o Rei sobre o peito. A peça de xadrez brilhou e entrou no corpo de William. Ele sentiu que sua alma se tornava mais forte, mas ainda não compreendia que tipo de habilidade ganharia com a Divindade que lhe fora dada.
“Certo, já que atingi meu limite, vou te acompanhar até que você escolha seu Deus Patrono.” O Deus do Harém bateu no peito com confiança. “Não se preocupe. Enquanto eu estiver por perto, ninguém ousará te enganar e forçá-lo a se tornar seu seguidor.”
“Obrigado, Irmão Issei.”
“Não precisa me agradecer. Isso é o mínimo que posso fazer por você, William.”
William mal havia terminado de acenar com a cabeça quando ouviu uma voz familiar gritando atrás dele.
“Aí está você, Irmãozão!” A Deusa Loli, Lily, pulou em seu abraço como uma bala de canhão.
Tudo aconteceu tão rapidamente que William não teve tempo suficiente para desviar do ataque da Loli. Lily segurou o corpo de William num aperto firme enquanto pressionava sua pequena cabeça contra o peito dele.
“Irmãozão, eu gosto muito de você,” disse a Deusa Loli. “Por que você não se torna meu seguidor? Estou disposta a te dar muitos benefícios. Tudo o que você precisa fazer é… ehehe, me dar um beijo.”
‘E-eu… Porra!’ William gritou internamente. ‘Eu preferia beijar um sapo a te beijar!’
Seu corpo tremia incontrolavelmente enquanto cada fibra de seu ser tentava se livrar do aperto da Vovó Loli. A pequena Loli não sabia que William já havia percebido sua verdadeira identidade. Lily continuou fazendo o seu melhor para agir fofinha e seduzir William para que ele se tornasse seu seguidor.
Gavin sorriu enquanto assistia à cena. Outra chance havia surgido diante dele, e ele seria tolo se não aproveitasse para virar o jogo.