“Vovô, eu quero ficar mais forte,” disse William com uma expressão séria. “Por favor, me ajude.”
William havia pensado muito e, finalmente, decidiu pedir ajuda a James para construir suas bases em Combate Marcial. Ele acreditava que, com a ajuda de suas habilidades passivas, seria capaz de preencher a lacuna deixada quando perdeu seus poderes mágicos.
“Você quer ficar mais forte?” James perguntou. “Ficar mais forte é sempre bom, mas qual é o seu propósito para querer ser mais forte?”
“Propósito para ficar mais forte?”
“Todos precisam ter uma razão para se tornarem fortes. Imagine-se como a espada mais afiada. Claro, você é afiada e poderosa, mas se não houver motivo para o seu portador usá-lo, você é apenas uma espada. Uma arma sem propósito não é nada comparada a uma faca de cozinha usada para preparar comida.”
William ficou atordoado com a explicação de seu avô. Ele sempre pensou em seu Vovô como um fanático por batalhas. Um homem de músculos, mas sem cérebro. Para James falar palavras tão eruditas fez o garoto de cabelos vermelhos perceber que ainda não conhecia o verdadeiro caráter de seu avô despreocupado.
‘Propósito? Qual é o meu propósito para ficar mais forte?’ William estava perdido. Ele não tinha pensado nisso quando decidiu pedir ajuda ao Vovô. Ele achava que a razão pela qual as pessoas buscavam força era simplesmente para ficarem mais fortes. O jovem garoto não considerava os motivos por trás desse desejo por poder.
James assentiu satisfeito ao ver a reação de William. Ele havia visto muitos jovens que desejavam ficar mais fortes, mas não tinham nenhum objetivo na vida. Sem um destino em mente, esses jovens eram desviados por outros que usavam sua força para seu próprio benefício.
James não queria que seu neto se tornasse uma peça no jogo de outra pessoa. Ele queria que William controlasse seu próprio destino e trilhasse o caminho que o permitisse alcançar seus próprios objetivos na vida.
“Volte para mim quando encontrar sua resposta,” James deu um tapinha no ombro de William. “Quando você finalmente encontrar seu propósito, eu prometo que farei tudo ao meu alcance para ajudá-lo a ganhar o poder que procura. Até lá, pense com cuidado.”
William balançou a cabeça e saiu do quarto de seu Avô sem um destino em mente. Logo, ele se viu na colina com vista para Lont.
Quando deixou sua cidade natal para ir ao templo, ele conheceu Est, Ian, Isaac, Herman e Nana. Eles o lembraram de que Lont era apenas uma pequena partícula de poeira no Continente Sul. Lá fora, no vasto mundo de Héstia, muitos reinos e impérios podiam ser encontrados.
Isso fez William se sentir tão pequeno. Como se ele fosse apenas um garoto insignificante em um mundo cheio de bilhões de pessoas. Como um grão de areia encontrado na praia, e uma estrela no céu estrelado. O que um garoto como ele poderia alcançar nesse vasto mundo repleto de gênios e especialistas que olham para o reino mortal como Deuses?
Foi nesse momento que o olhar de William pousou no anel em seu dedo.
“O Anel da Conquista,” William murmurou distraidamente para o anel que deu início a tudo. Se não fosse por esse anel, William não teria entrado na Cripta Goblin e desbloqueado a Classe de Trabalho de Pastor. Ele poderia ter vivido sua vida de forma diferente em comparação com a vida que havia levado até agora.
De repente, algo lhe ocorreu. O anel pertencia ao seu pai. Porque seu pai morreu, sua mãe não teve escolha a não ser enviá-lo para longe do Continente Prateado para protegê-lo.
Ela queria protegê-lo de quem? Quais eram as circunstâncias por trás da morte de seu pai? Por que houve a necessidade de separá-lo de sua mãe?
William já havia pensado nessas perguntas antes, quando era mais jovem. No entanto, ele as deixou de lado com a desculpa de “Vou encontrar a resposta quando ficar mais velho.” Ele não pensava muito sobre isso, mas agora que estava refletindo sobre o que realmente queria fazer na vida, seu foco estava voltado para esse mistério que assombrou sua infância.
O garoto de cabelos vermelhos saiu apressado da colina e voltou para a residência. Seu propósito era perguntar ao Vovô, James, sobre os eventos que haviam acontecido no passado. Ele queria saber a verdade sobre sua verdadeira identidade e a identidade de seus pais.
Ele foi direto ao quarto de seu Vovô, mas estava vazio.
“Will? Está procurando pelo seu avô?” Helen perguntou enquanto caminhava atrás dele, carregando uma vassoura.
“Tia, você sabe onde o Vovô está?” William perguntou.
“O Mestre foi até a casa do Owen para discutir algumas coisas,” Helen respondeu.
“Obrigado!” William deu a Helen um rápido abraço antes de se dirigir à casa de Owen.
Ella e o resto do rebanho de William estavam atualmente no vale com os outras cabras e ovelhas de Lont. Fazia um tempo desde que as cabras haviam retornado à sua área de pastagem, e William decidiu permitir que fossem ao vale para se alimentar da grama fresca que havia crescido em abundância desde o período da Maré de Bestas.
Ella estava lá para supervisioná-los, caso algo inesperado acontecesse.
Como Helen havia dito, James estava, de fato, dentro da casa de Owen. Os dois velhos estavam compartilhando uma garrafa de vinho tinto que Owen mantinha em sua adega havia muitos anos. William se sentiu um pouco desconfortável enquanto se sentava entre os dois homens que bebiam vinho tinto e mordiscava salsichas de cordeiro.
“Você encontrou seu propósito para ficar mais forte?” James perguntou. “Pode falar livremente. Owen é alguém que sabe guardar segredos. Além disso, meu propósito para vir aqui é convencer esse velhote a ajudá-lo no seu treinamento.”
“Quem você está chamando de velhote?” Owen resmungou. “Você vem aqui para beber meu vinho, comer minhas salsichas, e ainda me chama de velhote? Quer que eu te dê uma surra?”
James riu sem jeito e voltou sua atenção para o neto.
William deu uma breve olhada para Owen antes de limpar a garganta.
“Vovô, eu quero saber a verdade sobre mim e meus pais.”
A atmosfera animada na sala esfriou imediatamente, enquanto James e Owen encaravam William com uma expressão séria.
“Devo sair?” Owen perguntou. “Acho que é melhor vocês dois conversarem em particular.”
“Desculpe o incômodo,” James respondeu com um olhar apologético.
“Sem problemas.” Owen se levantou e deu um tapinha no ombro de William antes de sair da sala. Ele se certificou de trancar a porta corretamente e lançou uma barreira de silêncio para garantir que sua esposa não ouvisse acidentalmente a conversa deles.
O avô e o neto ficaram se encarando por alguns minutos antes de James suspirar e quebrar o silêncio.
“Eu estava planejando lhe contar isso quando você fosse um pouco mais velho, mas acho que agora também é um bom momento,” James disse, esvaziando o vinho em seu copo. “Você quer a versão longa ou a curta?”
“A versão curta, por favor,” William respondeu.
James assentiu. “Seu pai, Maxwell, foi um grande homem. Antes de você nascer, ele era aclamado como o homem mais poderoso do Continente Sul. Ele se ergueu como um fogos de artifício e brilhou intensamente como um cometa.”
James suspirou enquanto se lembrava do pai de William.
“Seu pai era um Conquistador de Masmorras. Ele tinha a habilidade de fundir os núcleos das masmorras ao seu corpo. Assim que ele conquistava uma masmorra, podia invocar os monstros que ‘pertenciam’ àquela masmorra. Basicamente, ele era um exército de um homem só, com milhares de monstros sob seu comando. Não é incrível?”
“Isso é tão OP…” William engoliu em seco.
“OP?”
“Significa Overpowered, Vovô.”
“Sim. Seu pai era Overpowered.” James riu e assentiu. “Talvez devido ao quão forte sua profissão era, os próprios Deuses colocaram um limite nela. Só pode existir um Conquistador de Masmorras em cada geração. Enquanto essa pessoa estiver viva, ninguém mais pode adquirir essa profissão incrivelmente rara.”
William se imaginou sentado na cabeça de um dragão enquanto legiões de monstros conquistavam terras sob seu comando. A visão era semelhante às grandes batalhas nos filmes de fantasia que ele assistiu na Terra. William estava quase tentado a perguntar ao sistema sobre os requisitos necessários para obter a Classe de Trabalho de Conquistador de Masmorras.
James não sabia o que William estava pensando enquanto continuava sua história.
“Seu pai era realmente muito forte, mas tinha uma fraqueza… Ele era muito vulnerável a mulheres bonitas. Naquela época, os elfos estavam perdendo a batalha contra o Lorde Demônio, que estava determinado a conquistar o Continente Prateado.
Por desespero, eles conceberam um plano para virar o jogo. Esse plano era usar uma ‘Armadilha de Mel’ para atrair seu pai ao Continente Prateado.”
James lançou um sorriso brincalhão para William, enquanto seus olhos brilhavam de alegria.
“Adivinhe quem foi a dama que eles usaram para atrair seu pai?”
“É claro que seria ninguém menos que a mulher mais linda do Continente Prateado,” William ergueu o queixo com arrogância. “Minha mãe.”
“Você está certo, e o Conselho Élfico se arrepende de sua decisão até hoje.” A risada de James ecoou pela sala, como se ridicularizasse os malditos de orelhas pontudas que pensaram que poderiam enganar seu filho com seus esquemas.