William vagava pela Floresta Silenciosa no meio da noite. Para ele, não havia muita diferença entre dia e noite, já que possuía Visão Noturna. Seu primo mais velho, Matthew, havia lhe ensinado como encontrar os pontos cardeais usando as estrelas como guia. Qual era seu plano? Ir até o centro da floresta, onde encontraria seu próximo instrutor.
Eventualmente, ele chegou ao lago no centro da floresta. O jovem tirou suas roupas esfarrapadas e pulou na água para lavar a sujeira que havia se acumulado em seu corpo.
Os Ruídos Fantasmagóricos continuavam ressoando em seus ouvidos enquanto o silêncio ensurdecedor o envolvia. Após um mês na floresta, William havia se acostumado com o silêncio insuportável. No entanto, como Meio-Elfo, seu senso de audição era mais aguçado do que o dos outros.
Seu estado atual às vezes o fazia sentir tontura e náusea. Quando estava sendo caçado por Trent, William precisara de alguns dias para se acostumar ao desconforto. O silêncio também o fazia sentir-se desequilibrado, como se não pudesse mover o corpo adequadamente.
Levando em conta o peso crescente das pulseiras, William sentia que estava constantemente em desequilíbrio.
O jovem suspirou enquanto olhava para as estrelas, flutuando na superfície do lago.
‘As estrelas são realmente diferentes das que eu via na Terra’, pensou William. ‘Ainda assim, este mundo é lindo.’
William olhou para as duas luas que brilhavam no céu. A maior delas, Ainar, tinha uma cor azulada. A outra, Artem, possuía um tom roxo-claro. Segundo Matthew, uma grande guerra entre os Deuses de Héstia havia ocorrido quando o mundo ainda era jovem.
A batalha foi tão intensa que muitos deuses caíram, incluindo o Deus do Sol, Liane. Quando o Deus do Sol morreu, a luz do mundo desapareceu, e Héstia foi envolvida pela escuridão perpétua.
Foi então que os deuses perceberam seu erro. Após uma trégua, a guerra finalmente terminou. Mas o dano já estava feito.
Anos se passaram, e a extinção da humanidade estava próxima. Em uma tentativa de evitar a extinção, as deusas gêmeas, Ainar e Artem, sacrificaram-se para encerrar a Era das Trevas da humanidade.
As duas belas luas banharam o mundo com sua luz suave, e com isso, os humanos ganharam o poder de lutar. Poucos anos depois, nasceu o novo Deus do Sol, Felix. Sua luz perfurou a escuridão da noite e iluminou a terra com seu brilho.
Esses três deuses passaram a vigiar a humanidade: um durante o dia, dois durante a noite. Foi assim que a Era das Trevas terminou, e a humanidade floresceu novamente.
William suspirou ao lembrar-se dos Deuses que haviam lhe concedido suas bênçãos: Gavin, Issei, Lily e David.
Como se estivesse esperando esse momento, ele recebeu uma notificação do sistema.
< Ding! >
< Parabéns! O anfitrião recebeu um cupom de desconto de 90%! >
< Este cupom dará 90% de desconto em qualquer item da Loja Divina! >
< Ding! >
< Missão Especial Adquirida! >
< Missão Especial: Nascimento de um Guerreiro [1] >
– Esta é uma Missão em Cadeia. A próxima missão aparecerá após o anfitrião concluir as condições da missão atual.
< Complete o Treinamento Básico de uma Classe de Profissão>
< Recompensa: 1.000 Pontos Divinos >
‘Missão Especial?’ William franziu o cenho. Ele demorou alguns minutos para se lembrar de que realmente havia desbloqueado essa nova função após encontrar os Deuses e concluir a Prova de Coragem1.
William abriu a Loja Divina e viu inúmeros itens à venda. Era muito semelhante a um site de compras online, onde você podia encomendar qualquer coisa e recebê-la diretamente na porta de casa com apenas um clique.
Por um breve momento, o zumbido em seus ouvidos desapareceu, seguido por uma onda de empolgação. Ele passou a noite navegando pela Loja Divina em busca de itens que poderiam ser úteis para sua jornada neste novo mundo de Héstia.
Dwayne chegou à clareira e viu William dormindo ao lado do lago. O garoto tinha um fio de baba escorrendo pelo canto da boca, o que fez o monge dar uma risada. Ele caminhou em direção ao garoto desavisado e estava prestes a chutá-lo para o lago quando os olhos de William se abriram.
O garoto de cabelos vermelhos rolou para o lado e imediatamente se levantou do chão. Ele então invocou seu cajado de madeira e assumiu uma posição defensiva.
Dwayne assentiu em aprovação enquanto olhava para o garoto que o encarava com vigilância. “O treinamento de Trent não foi desperdiçado em você.”
O monge observou William, avaliando sua força atual. ‘Sua resistência está no Rank Prata, e sua percepção está pelo menos nos estágios iniciais do Rank Ouro. Nada mal para um garoto de dez anos.’
Dwayne deu um passo à frente, e William recuou. O pastor olhou para o monge com atenção e se preparou para fugir ao menor sinal de perigo.
“Relaxe, eu não estou aqui para machucar você,” Dwayne levantou ambas as mãos em rendição. ‘Pelo menos, não ainda.’
William ainda não abaixou a guarda. Ele reconheceu Dwayne. Sabia que ele era um dos homens de confiança de seu avô, mas não era próximo dele. O instinto do garoto dizia que aquela pessoa era muito perigosa.
“Deixe-me me apresentar formalmente. Meu nome é Dwayne,” disse ele com um sorriso. “Estou aqui para ensinar você os fundamentos das Artes Marciais. Espero que nós dois nos demos bem.”
“William,” respondeu o garoto com a voz rouca. “Espero aprender com seu ensinamento.”
Dwayne assentiu com a cabeça. “Agora, para nossa primeira lição, guarde esse pedaço de madeira que você está segurando. Você não vai precisar dele. O que eu vou te ensinar é combate desarmado. Isso significa que você não precisará de armas. Vou treinar seu corpo para se tornar uma arma.”
William relutantemente retornou o cajado para seu anel de armazenamento, mas não abaixou a guarda. Ele tinha se tornado um pouco paranoico devido aos ataques implacáveis que havia sofrido durante um mês inteiro.
“Ok, como já terminamos as apresentações, você vai começar a me chamar de Mestre a partir de agora,” declarou Dwayne.
“Mas eu já tenho um Mestre.”
“Então, você pode me chamar de Segundo Mestre.”
“… Eu já tenho um Segundo Mestre,” respondeu William de forma constrangida. Oliver, o Macaco-Papagaio, havia lhe dito para chamá-lo de Segundo Mestre durante o treinamento, e o Meio-Elfo já tinha se acostumado a isso.
Dwayne acenou com a mão como se aquilo não fosse grande coisa. “Então, apenas me chame de Terceiro Mestre. O que estou prestes a ensinar a você são as artes secretas da minha Seita. Ou melhor, as artes secretas da minha Ex-Seita.”
Apesar de Dwayne ter sido excomungado da seita, ele já havia dominado tudo o que precisava aprender enquanto estava no Templo dos Monges.
William franziu o cenho, mas ainda assim assentiu. Oliver já tinha explicado a ele que, às vezes, um único discípulo tinha vários mestres. Isso não era incomum em Héstia. Além disso, Celine sabia que William só seria limitado se ela o impedisse de aprender com os Mestres de Lont.
Com a habilidade de aprender qualquer tipo de Ofício, era inevitável que William tivesse vários Mestres para guiá-lo no caminho certo.
“William saúda o Terceiro Mestre,” disse William, colocando a mão sobre o peito e fazendo uma reverência.
“Bom!” Dwayne riu ao se aproximar do garoto. “Não se preocupe. Vou garantir que você não se arrependa de me chamar de Mestre.”
E assim, o Treinamento de Monge de William começou.
Dwayne havia brincado, dizendo que William deveria raspar a cabeça de acordo com o costume. No entanto, William rejeitou essa ideia de forma impetuosa. Ele realmente gostava do seu cabelo e não queria ficar careca como Dwayne.
“Ok, quero avaliar o seu nível atual em combate marcial,” disse Dwayne, parando a dez metros de distância de William. “Venha até mim e não se segure.”
William rugiu e correu em direção a Dwayne, usando sua técnica de movimento. Ele circulou ao redor do monge, usando sua velocidade como vantagem. Fiel à sua palavra, o monge permaneceu completamente imóvel, esperando que William iniciasse o ataque.
Vendo que o monge não dava abertura, William decidiu arriscar e atacou o lado do corpo dele com um chute giratório. Surpreendentemente, Dwayne não bloqueou nem desviou do ataque. O golpe acertou em cheio a cintura do monge.
Dwayne olhou para William e franziu o cenho. “Hum, esse é o seu ataque mais forte?”
“Sim,” respondeu William. Ele olhou para o monge, tentando avaliar se ele estava apenas aguentando a dor. Embora William não fosse muito forte, seu chute era suficiente para fazer um goblin deslizar alguns metros no chão.
“Hah~ isso não vai funcionar,” Dwayne coçou a cabeça careca. “Você é muito fraco. Seu ataque é ineficiente e há muitos movimentos desnecessários. Isso não vai dar certo. Preciso ensinar a você o básico.”
William sentiu-se um fracasso ao ver a expressão desapontada do monge. O que ele não sabia era que essa era a estratégia de Dwayne para fazer com que William o levasse a sério.
“Não se preocupe. Quando eu terminar o seu treinamento, você nem vai se reconhecer,” assegurou Dwayne. “Agora, vamos começar. Primeiro, vou te mostrar como dar um soco adequado. Vou demonstrar primeiro. Preste atenção.”
William estreitou os olhos e focou toda a sua atenção na postura de Dwayne. Ao perceber que o garoto estava observando seus movimentos, o monge desferiu um simples soco.
O soco do monge foi lento o suficiente para que William o analisasse. Ele podia dizer que seu novo Mestre havia se limitado para ensinar a forma correta de um soco.
De repente, uma explosão alta reverberou no centro do lago. A água explodiu, e William ficou encharcado com os respingos que ela criou.
“Agora é a sua vez,” Dwayne sorriu. “A primeira coisa que precisamos treinar é a sua flexibilidade.”
“Flexibilidade?” William perguntou confuso. “Não soco?”
William ficou perplexo com o método de ensino de seu novo Mestre. Depois de mostrar um soco tão impressionante, o garoto de cabelos vermelhos estava ansioso para praticar golpes como aquele. O que ele não sabia era que essa era outra estratégia de Dwayne para fazer com que William se interessasse pelo treinamento de Monge.
“Por que treinaríamos socos se você dá socos como uma garotinha?” Dwayne olhou para ele como se estivesse dizendo algo óbvio. “Vamos começar com o básico. Treinamento de flexibilidade e equilíbrio. Podemos passar para os socos depois que você dominar os exercícios que vou te passar.”
Nota:
[1] Eu sei que mudei o nome desse teste mil vezes mas quando revisar vou padronizar como Prova de Coragem perdão sei que essas mudanças incomoda.