Roland decidiu fazer um discurso no teatro de Forte Cancioneiro três dias depois.
Para anunciar o discurso, ele pediu a Petrov para relatar os detalhes da rebelião a toda a cidade e também instruiu Maggie a trazer Eco de Vila Fronteiriça.
O público era menor do que Roland esperava. Embora já fosse primavera, a neve sem fim impedia que as pessoas saíssem de suas casas.
Felizmente, impulsionado pela promessa do Príncipe de que “soldados mortos em ação serão bem recompensados”, todos os membros do Segundo Exército e suas famílias foram ao teatro. Demoraria algum tempo para Roland ganhar a confiança do resto de seus súditos, mas ele acreditava que o melhor marketing era o boca-a-boca. Uma vez que a semente fosse semeada, ela espalharia suas raízes para mais pessoas. Esta foi a razão pela qual ele insistiu em um exército composto por civis.
Eles eram tão afiados quanto espadas, tão impenetráveis quanto fortalezas, e perfeitos modelos para publicidade.
— Bom dia, meus súditos. Sou o Lorde da Região Oeste, Roland Wimbledon. Acredito que a maioria de vocês já ouviu meu nome. — Roland examinou a plateia e continuou — Antes de mais nada, gostaria de expressar minha profunda tristeza e pesar por aqueles que foram feridos ou perderam suas vidas na rebelião. Essa foi uma conspiração tramada ainda na Cidade Real de Castelo Cinza. A fim de perturbar nossa pacífica Região Oeste, Timothy tem tentado guerrear contra nós numerosas vezes. Infelizmente, as quatro Famílias da Região Oeste não se aliaram ao povo, mas ajudaram os perversos a perpetuar os maus feitos, causando assim toda essa tragédia.
O Príncipe não demorou muito falando sobre os detalhes da rebelião. Em comparação com um discurso formal, as pessoas geralmente se interessavam mais pelos rumores que circulavam nas tavernas. Portanto, ele logo mudou para o tópico mais popular de compensação, após uma breve introdução.
— Durante a rebelião, cinquenta e seis dos cento e doze soldados do Segundo Exército foram mortos em ação. Além disso, rebeldes saquearam e incendiaram as residências, causando quarenta e oito mortes entre civis e reduzindo doze propriedades a cinzas. — Roland disse em voz baixa — Peço desculpas aos meus súditos de Forte Cancioneiro. Como Lorde deste território, não consegui cumprir minhas obrigações.
As palavras do Príncipe incitaram o público, que aparentemente nunca ouvira nenhum membro da Família Real se desculpar com os civis. Muitos deles ficaram chocados e assustados, mas Roland achou que essa era a atitude que um Lorde deveria ter. Ele não era tão impiedosamente arrogante quanto os outros nobres, que sempre tratavam os civis com um ar de desprezo e condescendência. A história ensinou-lhe que um governante não seria verdadeiramente aceito por seu povo, a menos que ele os visse como seus iguais.
— Eu prometo que essas pessoas não morreram em vão! Todos os soldados mortos em batalha receberão um enterro digno, e suas famílias receberão uma pensão de cinco peças de ouro. Além disso, as famílias destes bravos soldados podem solicitar comida e carvão à Prefeitura da cidade, como compensação adicional a cada mês daqui em diante. Este plano de pensão é exatamente o mesmo que o do Primeiro Exército, e eu garanto a vocês que se juntaram ao Segundo Exército que a partir de hoje vocês também serão igualmente recompensados!
Poucas pessoas se animaram com a promessa do Príncipe. Aparentemente, a maioria delas estava cética quanto ao alegado plano de pensão de Roland. Corrupção e subornos entre os oficiais eram normais nesta terra, por isso, mesmo as rações de inverno eram às vezes misturadas com areia e folhas. Então, como eles poderiam acreditar que receberiam peças de ouro?
No entanto, Roland já havia pensado em uma solução para maximizar os efeitos de sua publicidade. Ele bateu palmas e dois soldados do Primeiro Exército subiram ao palco com um cofre, seguidos por Petrov e Machado de Ferro.
— Eu tenho uma lista aqui comigo dos soldados que se sacrificaram em batalha. Agora o governante de Forte Cancioneiro, Petrov Hull, distribuirá as pensões para vocês pessoalmente!
Quando os soldados despejaram as peças de ouro reluzente na mesa, o público finalmente ficou um pouco mais entusiasmado.
— Ayat, do Primeiro Batalhão de Armas de Fogo do Segundo Exército!
— Demétrio, do Primeiro Batalhão de Armas de Fogo do Segundo Exército!
Enquanto Machado de Ferro lentamente lia os nomes da lista, os membros da família dos soldados subiam ao palco um a um e levavam as peças de ouro com muito entusiasmo, curvando-se e ajoelhando-se em gratidão. Durante algum tempo, o teatro ficou tão caótico que Roland sentiu Rouxinol colocar as mãos em sua cintura.
Felizmente, não houve acidentes. Quando todos finalmente conseguiram receber suas respectivas pensões, já era quase meio-dia. Roland acenou com o braço para silenciar o público que ainda conversava bastante.
— Aqueles que perderam suas casas durante a guerra também receberão abrigo e comida. Os alimentos serão entregues a vocês pelo pessoal designado até que os Meses dos Demônios terminem.
— Vo-Vossa Alteza, e depois dos Meses dos Demônios? — Alguém perguntou em voz alta. A voz, naturalmente, foi criada por Eco.
— Até os Meses dos Demônios acabarem, a Prefeitura já terá criado um grande número de empregos com salários e benefícios competitivos. Contanto que vocês estejam dispostos a trabalhar duro, não vão precisar se preocupar com comida! — Roland levantou sua mão direita até a altura da cabeça, como se estivesse fazendo uma promessa, e anunciou — A Região Oeste não esquecerá aqueles que contribuíram e nem eu me esquecerei!
Desta vez, seu discurso recebeu uma calorosa recepção e o público fez o mesmo gesto de promessa que o Príncipe. Enquanto o público aplaudia o discurso, Roland instruiu seus homens a distribuir o mingau, elevando o ânimo das pessoas ao máximo.
À tarde, muitas pessoas se reuniram no teatro. Como todos os assentos estavam ocupados, muitas pessoas agachavam-se no corredor, obviamente esperando para assistir ao julgamento.
Parece que todo mundo adora ver um prisioneiro ser julgado, tanto no meu antigo mundo quanto no atual. — Roland pensou e, então, pediu a Machado de Ferro e Petrov para conduzirem a execução, enquanto ele próprio se sentou no segundo andar do teatro como um dos espectadores.
O veredito foi anunciado rapidamente. Os prisioneiros foram levados para o palco e alinhados de joelhos na frente dos espectadores, com soldados armados de pé solenemente atrás deles. Machado de Ferro leu as acusações, e Petrov os vereditos. Logo após, os soldados os escoltaram até o local da execução, que era a praça de Forte Cancioneiro.
Ao verem os prisioneiros, alguns membros das famílias das vítimas se levantaram para xingá-los. O Primeiro Exército não interviu, pois os protestos não passaram dos limites. Ninguém tinha pena desses canalhas, que deveriam saber muito bem das consequências de seus atos no momento em que cometeram assassinato e pilhagem.
No final, cento e trinta e dois prisioneiros foram condenados à morte, seis dos quais eram grandes nobres. O resto eram mercenários, guardas e servos. Os métodos de execução variavam. Como as forcas eram poucas, apenas os nobres tinham o “privilégio” de serem enforcados, enquanto outros eram baleados. Foi também a primeira vez que armas de fogo foram usadas para execução.
As outras novecentas pessoas que participaram da rebelião, mas que não haviam cometido homicídio, foram presas, aguardando seu transporte em grupo para a mina da encosta norte.
Agora, Roland havia eliminado todos os nobres que desafiaram sua autoridade na Região Oeste.
No dia seguinte, ele convocou os nobres inocentes para o salão do castelo.
Como era apenas o começo da limpeza, ele ainda tinha muito trabalho a fazer antes que pudesse governar verdadeiramente esta região.
O passo mais importante era estabelecer uma nova ordem.