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Release that Witch – Capítulo 657

Um Segredo Compartilhado por Duas Garotas

Roland encheu uma xícara de chá para si e olhou para Rouxinol.

— Quer um pouco?

— Sim, obrigada.

Sentada no sofá, ela estava lendo a nova peça escrita por May, e parecia bastante entretida. Ela segurava o livro numa mão, e um pedaço de peixe seco na outra.

Desde que Anna havia conversado com ela, Rouxinol havia desaparecido por dois dias. Quando ela retornou, parecia aliviada, livre e tranquila, como sempre esteve antes. Desde o retorno dela, Roland sentia que ela toda hora sorria para ele, e que às vezes o espiava com olhos repletos de vitalidade.

Tome o que ela estava fazendo agora como um exemplo.

Ela havia colocado os pés em cima da mesinha e movido o vestido dela para o lado, revelando suas pernas esbeltas com meias longas e pretas. Ela não o evitava, e só se ocultava no Mundo da Névoa quando alguém entrava no escritório. Essa postura sedutora dela o fazia ter dificuldades para se concentrar. Ele não conseguia conter seus olhos de involuntariamente dar uma “espiadinha” de vez em quando. Como resultado, já era quase meio-dia e ele não havia concluído um único projeto.

Ele se queixou em seu coração: — Eu sabia que eu não deveria ter pedido pra Soraya desenhar essas meias longas.

Ele encheu uma xícara de chá para ela e disse:

— Aqui está seu chá.

Ela abaixou o livro e pegou a xícara com ambas as mãos. Após sentir o aroma do chá, ela disse:

— Ah… Ótimo chá. Você poderia, por favor, adicionar um cubo de açúcar pra mim?

Ele descobriu que ela gostava tanto de comida salgada quanto de comida doce, e não importava o quanto ela comia, nunca engordava. Quando ele estava em coma, ela havia perdido muito peso e parecia mais magra que antes, mas após ele acordar, ela rapidamente voltou ao seu peso original. O peso dela parecia ter um limite máximo. Quando ela alcançava esse limite, parava de ganhar mais peso.

Ele havia brincado com ela dizendo que se ela comesse muito, ficaria gorda; mas agora ele percebeu que isso não era lá um problema para ela.

Ele adicionou um cubo de açúcar na xícara de Rouxinol e retornou à sua mesa. Após desenhar algumas linhas de contorno no papel, ele não conseguiu conter sua curiosidade e falou:

— Rouxinol…

— Hum?

— O que… Anna falou com você?

— Bem… — Ela se levantou habilmente do sofá e apareceu imediatamente na frente da mesa. — É um segredo.

— Você não pode me contar?

Após uma pequena hesitação, ela balançou a cabeça e disse:

— Não, eu prometi a Anna. Se fosse algo que só me envolvesse, eu te contaria, mas isso… Ela me pediu pra não contar.

— Bem, entendo. — Roland tomou um gole de chá e parou de perguntar. Ele poderia perguntar para Anna diretamente, mas sendo uma pessoa de Q.E. normal[1], ele sabia que devia parar de mencionar esse assunto repetidamente.

Pelo menos, pela reação de Rouxinol, ele poderia dizer que Anna não ficou furiosa.

Quando ele pegou a pena de escrever novamente, Rouxinol de repente disse:

— Obrigada.

— O quê? — Roland ficou atônito e olhou para cima; seus olhos se encontraram com os dela.

Sob a luz do sol de outono, os cabelos longos e dourados de Rouxinol pareceram brilhar; a pele dela reluzia, e seu rosto irradiava uma beleza sem igual. O tempo pareceu parar naquele momento.

— Obrigada por contá-la o que você sente.

À tarde, boas notícias vieram do Ministério da Construção (Infraestrutura). A primeira usina siderúrgica[2] da Cidade de Primavera Eterna, uma instalação de fabricação de aço recentemente desenvolvida por Roland, foi concluída na Montanha da Encosta Norte.

Apesar de ser chamada de “Usina Siderúrgica”, a instalação se parecia mais com um simples galpão de ferro com equipamentos novos e grandes dentro. Diferente dos fornos anteriores, esses equipamentos eram feitos de puro aço e cobertos por um revestimento resistente ao calor. Sua superfície era cinza-escura e fosca.

Quando Roland chegou na nova Área de Fornos com os oficiais da Prefeitura, esse novo forno já estava cercado por uma larga quantidade de trabalhadores curiosos e experientes.

— Vossa Majestade, esse forno pode mesmo produzir aço? Eu não vejo o local de aquecimento. Como é que vamos esquentá-lo? — Lesya do Ministério da Construção havia feito a mesma pergunta antes, mas ainda assim havia construído o forno rigorosamente de acordo com o projeto de Roland. Os componentes do Conversor a Oxigênio foram todos processados por Anna[3]. Com a ajuda de Beija-Flor, o grande peso do equipamento não havia causado nenhum problema durante a construção, que foi finalizada em apenas uma semana.

Roland sorriu e disse:

— Na natureza, o fogo não é a única coisa que produz calor. Prepare os trabalhadores para conduzir o primeiro teste do equipamento.

Roland havia comparado os três tipos de fabricação de aço mais usados: Forno Siemens-Martin[4]; Conversor a Oxigênio; e Forno Elétrico a Arco[5]. Ele primeiramente eliminou o Forno Elétrico a Arco devido à carência de condições necessárias, e decidiu optar pelo Conversor a Oxigênio depois de ponderar bastante.

Com a estrutura mais simples entre as escolhas, um Forno Simens-Martin era similar aos fundidores tradicionais em termos de operação, mas também possuía uma desvantagem significativa, que era o consumo de energia. Esse tipo de forno necessitava de uma grande quantidade de combustível[6] para fabricar o aço, o que definitivamente representava uma ameaça ao suprimento limitado de recursos de energia da Cidade de Primavera Eterna. Já que as minas de carvão mineral ficavam localizadas próximo a nascente do Rio Vermelho e a coqueria[7] havia sido colocada em operação há pouco tempo, mal podendo suprir a demanda dos altos-fornos, instalar um Forno Siemens-Martin ocasionaria rapidamente uma forte escassez de combustível.

Escolher um Conversor a Oxigênio evitaria esse problema, já que o processo quase não precisava de combustível. Esse forno mantinha o ferro líquido numa temperatura elevada a fim de dar continuidade ao processo de fundição, usando o calor gerado pela oxidação das impurezas contidas no ferro gusa, tal como o manganês, silício e carbono.

As outras desvantagens do Forno Simens-Martin incluíam: grande ocupação de espaço; tempo longo de fundição. Para fazer o melhor uso do combustível, o Forno Simens-Martin também precisava de um regenerador[8] para pré-aquecer o ar, e consequentemente, uma única remessa de aço líquido demoraria mais da metade de um dia para ser produzida. Em comparação, um Conversor a Oxigênio ocupava menos espaço, já que não precisava de equipamentos adicionais, e sua órbita poderia funcionar como uma linha de transmissão para o aço líquido. Ele também era mais eficiente. Cada processo de fundição demorava apenas algumas dezenas de minutos, sendo que o tempo poderia ser reduzido para quinze minutos quando a tecnologia amadurecesse.

Com base nesses dois pontos, Roland decidiu escolher os Conversores a Oxigênio para serem os equipamentos principais na produção de aço da Cidade de Primavera Eterna.

Por meio de uma esteira rolante movida a vapor, os trabalhadores colocaram os lingotes de ferro bruto dentro do forno, que tinha a forma de uma pera.

— Anna, faça o fogo.

Ela assentiu com a cabeça e subiu pela escada até o topo do Conversor a Oxigênio. Em seguida, ela invocou o Fogo Negro e derreteu os lingotes de ferro num curto espaço de tempo. O líquido vermelho e quente iluminou o rosto dela.

Claro, ele não teria Anna o tempo todo para fazer isso, então ele planejava usar o ferro líquido produzido pelos altos-fornos para suprir a produção em massa dessa Usina Siderúrgica. Foi por esse motivo que ele havia construído essa usina na Área de Fornos.

Ele disse para o líder do time de produção de aço:

— Agora, siga minhas instruções. Insira o cano de sopro[9] na boca do forno.

Essa era a primeira vez que esses trabalhadores operavam um Conversor a Oxigênio, mas como eles já tinham experiência em operar equipamentos similares, manejar esse cano de sopro era tão fácil quanto tirar doce de uma criança. Com o barulho estrondoso do motor a vapor, o cano de aço lentamente entrou na boca do forno.

A outra ponta do cano estava conectada a um tubo de revestimento flexível, que fazia ligação com uma bomba de ar alimentada por um motor a vapor. Quando o ar rico em oxigênio foi propulsado para dentro do Conversor a Oxigênio, chamas violentas foram cuspidas da boca do forno, acompanhadas de uma enorme quantidade de faíscas, parecendo fogos de artifício. As chamas eram tão fortes que as pessoas ao redor nem conseguiam olhar diretamente.

Todos os oficiais ficaram maravilhados com essa cena espetacular.

Roland ficou com uma sensação de dever cumprido, sentindo o ar quente soprar seu rosto.

Ele enxergava essas chamas como um símbolo dos seres humanos entrando numa nova era.


[1] – Q.E. significa “Quociente Emocional”. Segundo o site SBIE (sbie.com.br), “QE nada mais é do que o conjunto de habilidades emocionais — como autocontrole, empatia, autoestima, autoconfiança, afabilidade, automotivação, resiliência, autoconhecimento e outros traços pessoais — que ajudam no desempenho individual e facilitam os relacionamentos interpessoais.”

[2] — Uma usina siderúrgica é um local onde o aço e ferro gusa são criados a partir do aquecimento do minério de ferro bruto e outros materiais em caldeirões enormes, que possuem outros nomes, dependendo da etapa de produção, o ferro gusa é produzido através dos altos-fornos e o aço através dos conversores.

[3] — O Conversor a Oxigênio ou Processo Linz-Donawitz (“Convertedor LD”) é o processo mais comum para a produção de aço. Nos conversores a oxigênio são fabricados mais de 50% da produção mundial de aço. A carga desse conversor é constituída de ferro gusa líquido, sucata de ferro, minério de ferro e aditivos (fundentes). Com uma lança refrigerada com água, injeta-se oxigênio puro a uma pressão de 4 a 12bar no conversor. A oxidação do carbono e do silício presentes no metal líquido que é carregado dentro do conversor LD gera grande quantidade de energia, pois são reações exotérmicas (Liberam calor). Ficou curioso? Dê uma olhada nesse vídeo sobre Conversor a Oxigênio: CLIQUE AQUI (PORTUGUÊS)

[4] — O Forno Siemens-Martin é um tipo de forno para produção de aço. Tal processo foi inventado visando a utilização de combustíveis como óleos e gás, ao invés de aquecimento elétrico como é nos outros fornos utilizados em aciarias. Estes fornos eram carregados com ferro gusa líquido vindo dos altos-fornos ou da redução direta do minério de ferro, sucata de ferro (40-60%) e aditivos (fundentes). A principal diferença de funcionamento dos fornos Siemens-Martin para os conversores e fornos a arco ou indução usados nas aciarias é que a oxidação das impurezas não se dá através do oxigênio injetado, seja pela injeção de ar ou gás oxigênio puro no interior do líquido, e sim pela redução dos óxidos de ferro das sucatas sob altas temperaturas que liberam oxigênio capaz de oxidar tais impurezas. As impurezas que resultam da reação química com os fundentes adicionados, são eliminadas da forma convencional, como nos outros fornos, através da formação de escória que pode ser retirada pela separação física por diferença de densidade. Ficou curioso? Dê uma olhada nesse vídeo sobre o Forno Simens-Martin: CLIQUE AQUI (INGLÊS) PS: Pule pro minuto 17:30.

[5] – “O Forno Elétrico a Arco (ou FEA) é um reator metalúrgico que tem a capacidade de transformar sucata em aço de alta qualidade, reciclando este material. Um arco elétrico é estabelecido entre cada eletrodo de grafite e a própria carga metálica (sucata). Ele (arco elétrico) é controlado por corrente e tensão, através de um sistema de reguladores. Esse arco chega a temperaturas acima de 5000ºC localmente e serve como a principal fonte de calor para fundir o aço. Em fornos modernos, utilizam-se também lanças de oxigênio, queimadores a gás e injetores de carbono para fornecer energia adicional por meio de reações químicas. Após a fusão, podem ser adicionados elementos de liga, ajustando a composição química do novo aço de acordo com as especificações do produto desejado.” Fonte: GERDAL (CLIQUE AQUI PARA VISITARFicou curioso? Dê uma olhada nesse vídeo sobre o Forno Elétrico a Arco: CLIQUE AQUI (SEM COMENTADOR)

[6] – Esse combustível se refere ao de natureza fóssil. Combustíveis fósseis são combustíveis formados por meio de processos naturais, como a decomposição de organismos mortos soterrados. Os combustíveis fósseis contêm alta quantidade de carbono, usados para alimentar a combustão. São usados como combustíveis, o carvão mineral, gás natural e o petróleo.

[7] – Para saber o que é coqueria, vocês, queridos leitores da 3Lobos, precisam saber o que é coque. Coque é um subproduto do carvão mineral que é obtido através do processo denominado de coqueificação, onde o carvão mineral é submetido a altas temperaturas na ausência de oxigênio. O coque aparece ao final da queima, na forma de um resíduo sólido e poroso. Coqueria é o local onde será feita a coqueificação (produção de coque). Esse coque, então, pode ser usado tanto como combustível quanto para produzir ferro-gusa nos altos fornos. Esse ferro-gusa poderá, portanto, ser transformado em aço.

[8] — Um regenerador é um tipo de trocador de energia térmica. Para saber o que é trocador de energia térmica: CLIQUE AQUI. Para aquecimento, o fluido quente atravessa a superfície de transferência de calor e a energia térmica é armazenada na matriz. Posteriormente, quando o fluido frio (ou seja, o ar frio) passa pelas mesmas passagens, a matriz “libera” a energia térmica. Acompanhe esta explicação, vendo ESTA IMAGEM.

[9] – Cano se sopro foi um termo leigo usado por Roland. O nome correto é Lança de Oxigênio. Ela é usada para inserir oxigênio dentro do forno. Você pode vê-la NESTA IMAGEM. Aqui também tem um desenho de onde ela é colocada: CLIQUE AQUI.

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Carlos Eduardo
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Carlos Eduardo
16 dias atrás

As explicações foram maior que o cap kkkkkkk vcs são fd, obrigado

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