Quando abriu os olhos, Roland sentiu um peso em seu braço.
Virando gentilmente a cabeça, ele viu o rosto sereno da adormecida Anna. Ela deitava-se ao lado, com a cabeça descansando no braço de Roland e com um sorriso no rosto. Ela parecia estar tendo um sonho bom.
Felizmente… ele ainda conseguia sair do Mundo dos Sonhos ao cair da escada.
Ele cuidadosamente puxou o braço e se sentou na beirada da cama. Após ajeitar o cobertor de Anna, ele saiu do quarto.
Ao descer as escadarias, os soldados que vigiavam a área rapidamente ficaram a postos e bateram continência, um após o outro.
Roland foi direto para o salão do castelo e, ao chegar lá, viu Phyllis.
Ela estava no centro do salão, com uma expressão triste no rosto. A cabeça dela estava abaixada, e ela olhava para as próprias mãos, como se estivesse se lembrando do momento em que havia recuperado os sentidos.
Pelo menos ela não ficaria presa no Mundo dos Sonhos para sempre.
O Mundo dos Sonhos ainda estava sob o completo controle de Roland.
Quando ele acordava, os invasores seriam expulsos.
— Vossa Majestade, eu… — Ao ver Roland, ela franziu os lábios, forçou um sorriso e disse: — Eu acordei do sonho.
Aparentemente, a Bruxa da Punição Divina queria ficar no Mundo dos Sonhos por mais tempo. Ela originalmente não havia tido outra opção senão se transformar numa alma imortal a fim de lutar contra os demônios. Mas diante do preço que ela vinha pagando com o passar do tempo, não foi surpresa ela ter ficado tentada com o Mundo dos Sonhos.
Mas, no final, ela suprimiu o desejo, talvez devido às bruxas de Taquila, ou ao ódio que ela sentia dos demônios, ou ambos. Independentemente do motivo, Roland ficou admirado com a compostura dela.
— Não temos certeza ainda. — Ele sorriu e respondeu. — Nós só terminamos metade do teste. Não sabemos se isso foi um acontecimento único ou algo que pode ser repetido. Vamos continuar… Podemos fazer aqui mesmo.
Phyllis ficou um pouco surpresa, perguntando:
— O senhor não vai voltar para o quarto?
— Isso poderia acordar Anna. — Roland balançou a cabeça e respondeu. — Enfim, temos aquecimento no castelo, e dormir neste salão não é diferente de dormir no meu quarto. — Em seguida, Roland deu algumas ordens ao guarda no local, que arregalou os olhos, surpreso, mas que ainda obedeceu sem falar nada.
Sete minutos depois, a mesa do salão foi coberta por uma colcha macia e almofadas.
Por esta razão, o salão foi cercado completamente por um grupo de soldados extremamente confusos ao verem Roland deitado na mesa. Phyllis, assim como os outros soldados, ficou no salão, esperando o aparecimento do feixe de luz.
Roland tinha que admitir que realmente era difícil dormir logo após acordar, especialmente quando ele estava curioso.
Roland virou e revirou na “cama” por vários minutos até que finalmente caiu no sono.
O Mundo dos Sonhos imediatamente voltou a operar.
Para a sua surpresa, no Mundo dos Sonhos, não era a manhã do dia seguinte. Pela janela, Roland percebeu que as luzes dos postes ainda estavam acesas. A escada tesoura ainda estava ao lado da cama. Os olhos de Phyllis ficaram cada vez mais claros. Ela de repente pareceu acordar de um estado de sonolência. Em seguida, levantou a cabeça e olhou para Roland, incrédula.
— Vossa Majestade, isso… isso é verdade? Estou sonhando?
Roland sorriu.
A resposta era óbvia.
Quer este mundo fosse real ou apenas um sonho, isso pouco importava para essa bruxa de Taquila.
O importante era que ela finalmente havia conseguido obter uma compensação após assumir tanta dor e responsabilidade por centenas de anos.
Desta vez, eles só ficaram no Mundo dos Sonhos por alguns minutos.
Roland havia pensado que Phyllis iria querer sair e dar outro passeio. Ele não esperava que ela iria ajoelhar-se, dobrando uma só perna, e implorar para que ele a deixasse compartilhar a notícia com as outras bruxas de Taquila. Ela prometeu que as outras bruxas de Taquila sempre se lembrariam da bondade dele e que trabalhariam em dobro para servi-lo.
Frente a essa súplica, Roland não respondeu imediatamente, como sempre fazia.
Nada contra as bruxas de Taquila, mas ele não fazia ideia de como alimentar tantas bruxas. Mais importante ainda, Zero já havia ficado um pouco desconfiada com a chegada repentina de Phyllis, e a garotinha com certeza não iria acreditar que todas as cem bruxas de Taquila eram parentes distantes dele.
Roland não queria envolver Zero, a segunda criadora do Mundo dos Sonhos, nesse tipo de coisa. Se Zero descobrisse alguma coisa estranha, Roland não sabia o que poderia acontecer. Por razões de segurança, as bruxas de Taquila não poderiam ficar no seu apartamento.
Então ele precisaria de um lugar para as bruxas morarem, por exemplo, um edifício inteiro de apartamentos. As despesas diárias, como alimentação, também seriam um grande problema para ele.
Após pensar um pouco, Roland decidiu deixar as próprias bruxas de Taquila resolverem esse problema.
O silêncio temporário de Roland provavelmente fez Phyllis entendê-lo errado. Ela mordeu o lábio e dobrou a outra perna, abaixou a cabeça e implorou novamente. Esse gesto, que só era empregado quando uma pessoa comum se deparava com as Líderes da Aliança, havia ultrapassado a saudação normal utilizada pelas bruxas de Taquila. Roland tentou levantá-la, mas ela insistiu. Ela implorou novamente para deixar as companheiras dela entrarem neste mundo novo.
Foi neste momento que ele percebeu o que ela estava pensando. Em seguida, ele explicou tudo a ela, não sabendo se ria ou chorava. Após ouvir a explicação de Roland, ela deu um longo suspiro de alívio.
Diferente do que ela havia pensando, não era uma escolha tão difícil para Roland aceitar as bruxas de Taquila.
No Mundo dos Sonhos, elas não seriam mais um grupo de Bruxas da Punição Divina que possuíam força brutal. Elas voltariam a ser bruxas normais, com diferentes tipos de habilidades.
Com a ajuda dessas bruxas, a eficiência na exploração do Mundo dos Sonhos seria fortemente aumentada. E elas também poderiam ajudá-lo a memorizar e copiar o conhecimento deste mundo. A longo prazo, elas também poderiam aprender a usar os equipamentos modernos para estudar a essência do poder mágico. Claro, o ponto mais importante era que, mesmo após o fim da Batalha da Vontade Divina, as bruxas de Taquila ainda teriam um lugar para viver no Mundo dos Sonhos.
Após sair do Mundo dos Sonhos, Phyllis não conseguiu esperar até o amanhecer. Ela se despediu de Roland e foi correndo até a Terceira Área Fronteiriça, contar as boas novas.
Roland bocejou e voltou para a cama.
Ele se deitou e abraçou Anna novamente. Ela abriu os olhos, sonolenta, e murmurou suavemente:
— Por que você acordou tão cedo?
— Bem, eu estava passeando pelo Mundo dos Sonhos… — Ele disse ao beijar a testa dela. — Daí me deparei com uma situação um tantinho inesperada. E isso me fez perder o sono.
— Oh? — A respiração de Anna era como um tecido macio que acariciava o pescoço de Roland. — Mas pelo menos foi um sonho bom?
— Claro. — Roland se ajeitou numa posição mais confortável e deixou a cabeça de Anna descansar em seu braço novamente. — Acabou sendo um sonho bom para todos.